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SUCOT – AS NUVENS DE GLÓRIA E AS QUATRO ESPÉCIES. Sucot, festa de sete dias que
se inicia no dia 15 do mês judaico de Tishrei, celebra a proteção que D’us
ofereceu ao Povo Judeu durante sua jornada de 40 anos a caminho da Terra
Prometida. Em nossas orações, nos referimos a Sucot como Zman Simchateinu –
“Época de nosso júbilo” – porque o tema da festa é o amor Divino por nós e Sua
preocupação com nosso bem-estar. O nome dessa festividade, Sucot,
literalmente significa “cabanas”. Alguns comentaristas explicam que a Torá nos
ordena habitar nas Sucot durante a festividade para relembrar
as tendas nas quais o Povo Judeu habitou durante os longos 40 anos em que
viveram no deserto, e que lhes deu abrigo e proteção. Outros afirmam que as
cabanas nas quais habitamos durante a festa de Sucot simbolizam
as milagrosas Ananei HaKavod, as Nuvens de Glória, que conduziram,
abrigaram e protegeram os Filhos de Israel durante aqueles anos. Quer o
nome Sucot se refira às tendas, quer às Nuvens de Glória ou a
ambas, trata-se de uma festa que recorda a proteção e o abrigo provido por D’us
ao Povo Judeu no Deserto de Sinai. O Gaon de Vilna (1720-1797) pergunta: se o
tema de Sucot é a celebração da proteção de D’us aos judeus
após o Êxodo do Egito, por que razão essa festa cai no mês de Tishrei e
não em Nissan – mês em que celebramos Pessach? E
ele responde que se Sucot comemora as Nuvens de Glória – uma
visão aceita por Rashi em seu comentário no Chumash –, a data
de 15 de Tishrei para o início da festividade está correta. E
explica: ainda que as Nuvens da Glória tenham acompanhado o Povo Judeu na saída
do Egito, elas desapareceram após o pecado do Bezerro de Ouro. Somente quando
D’us concordou em novamente residir em meio ao Povo Judeu e se iniciou o
trabalho da construção do Mishkan, o Tabernáculo, as Nuvens
voltaram. A cronologia dos eventos é a seguinte: em Yom Kipur, dia
10 de Tishrei, D’us perdoou nosso povo pelo pecado do Bezerro de
Ouro e concordou em voltar Sua Presença ao nosso meio, no deserto. Naquele
mesmo dia, Moshé desceu do Monte Sinai trazendo as Segundas Tábuas e informou
ao povo sobre a ordem de construir o Mishkan. No dia seguinte, dia
11 de Tishrei, Moshé ordenou ao Povo Judeu que trouxesse os
materiais para a construção do Tabernáculo. Eles o fizeram durante os dois dias
seguintes (v. Êxodo 36:3). No 14o dia de Tishrei,
Moshé disse ao povo que não mais trouxesse material para o Mishkan.
E finalmente, em 15 de Tishrei, começaram a construir o
Tabernáculo. Foi então que as Nuvens de Glória retornaram. Como Sucot também
celebra as Nuvens de Glória que abrigaram nosso povo no Deserto do Sinai, faz
todo o sentido que essa festa se inicie em 15 de Tishrei –
data em que esse abrigo Divino sobrenatural voltou a proteger o Povo Judeu,
permanecendo com eles durante sua longa jornada pelo deserto. As Quatro
Espécies – Arbaat HaMinim. Os dois mandamentos principais da festa de Sucot são
habitar na Sucá e segurar as Quatro Espécies. O Midrash encontra
muitos simbolismos no mandamento das Quatro Espécies. Um deles é o seguinte:
o Etrog (cidra amarela ou citrus medica) se parece
ao coração; o Lulav (folha de palmeira), à coluna vertebral;
o Hadass (murta), aos olhos; e o Aravá (ramo
de salgueiro), aos lábios. Ao utilizar as Quatro Espécies em conjunto, estamos
simbolizando a necessidade que temos de fazer bom uso de nossas faculdades a
serviço de D’us. Lulav. O Midrash compara o Lulav à
coluna vertebral devido a seu comprimento e formato. Chama a atenção o fato de
que a bênção que recitamos ao cumprir o mandamento das Quatro Espécies apenas
mencione o Lulav. Não mencionamos nenhuma das outras três espécies
nessa bênção. Isso indica que, de certa forma, o Lulav é a
espécie destacada. O Lulav lembra a coluna vertebral, tão
importante para o corpo humano já que sem ela, cérebro e corpo não se poderiam
comunicar. A coluna é o caminho para os impulsos do corpo ao cérebro e
vice-versa. Junto com o cérebro, a coluna vertebral controla as funções do
corpo humano, inclusive seu movimento e comportamento. O Lulav nos
transmite várias lições. Uma delas é a importância de um relacionamento
saudável entre o cérebro e o restante do corpo. Nossos Sábios ensinam que se o
ser humano deseja ser justo e íntegro e viver uma vida com moralidade e
propósito, sua mente deve comandar seu corpo. A racionalidade deve prevalecer
sobre nossos instintos e impulsos. A sabedoria deve ditar nosso comportamento. Hadass.
As folhas do Hadass, a murta, se parecem com o olho humano.
Essa espécie nos ensina o quão importante é ver os outros com um olhar bondoso
e generoso. As obras sagradas do Judaísmo usam o olho como metáfora para
descrever as percepções humanas, os sentimentos e desejos em relação aos
demais. Por exemplo, o Ayin HaRá, o “olho gordo”, é um famoso
conceito que denota inveja e ciúme, e que, como ensina o Talmud, é um fenômeno
real – veículo de poder espiritual que pode afetar a vida de outras pessoas.
Por outro lado, ter um “olhar bondoso” significa desejar o bem dos demais e
julgá-los favoravelmente. Muitas pessoas de boa índole podem ser dominadas por
sentimentos de ciúmes, inveja e ressentimento ou mágoa. O Ayin HaRá,
infelizmente, é um fenômeno comum entre os seres humanos. Além do mais, temos a
tendência de julgar erroneamente aqueles de quem não gostamos. É comum não
darmos aos outros o benefício da dúvida. Quem não combate a inveja e o ciúme e
é rápido em julgar os demais deve ter em mente que a energia espiritual
negativa se volta contra quem a carrega. O Talmud ensina que os Céus julgam as
pessoas da mesma forma como esta pessoa julga os demais. Quem julga os outros
favoravelmente é julgado também favoravelmente pelos Céus; e o oposto também é
verdadeiro. De forma semelhante, o Baal Shem Tov, mestre da Cabalá e fundador
do Movimento Chassídico, ensinava que “um suspiro emitido em virtude da dor de
um outro rompe todas as barreiras impenetráveis dos acusadores celestiais. E
quando a pessoa se alegra com o júbilo de seu amigo e o abençoa, ela é tão
querida a D’us e por Ele aceita como as preces de Rabi Yishmael, o Sumo
Sacerdote, no Kodesh HaKodashim”. Em outras palavras: o Altíssimo
está mais aberto às preces daqueles que sentem a dor de outras pessoas e se
alegram com a felicidade e o sucesso delas. Aravá. As folhas alongadas
do Aravá se parecem com os lábios. Os ramos do salgueiro nos
transmitem um dos mais sábios ensinamentos do mais sábio dentre os homens, o
Rei Salomão, que escreveu em seus Provérbios: “A vida e a morte estão sob o
poder da língua (...)”. (Provérbios 18:21). Nossos Sábios ensinam que uma das
razões para a Torá usar a metáfora da fala para descrever a Criação Divina do
Universo é mostrar que as palavras podem construir mundos. No entanto, podem
também os destruir. Uma ou outra palavra errada, mesmo se dita, por vezes, de
forma descuidada, pode destruir um casamento, uma antiga amizade, o bom nome de
uma pessoa e a reputação e solidez de uma empresa. Palavras maldosas já
destruíram muitas esperanças, sonhos e vidas. Palavras maldosas já resultaram
em guerras e genocídios. Ensina o Talmud que não há pecado maior do que o
de Lashon HaRá – “a má língua”. Aos olhos da Torá, assassinar
um caráter ou assassinar uma pessoa são atos que guardam incrível semelhança.
Por outro lado, palavras que expressam sabedoria e bondade têm o poder de
erguer vidas e mundos – criando novas realidades. Uma palavra animadora pode
curar um coração ferido e restaurar uma alma desprovida de esperança; pode
instilar fé e coragem; pode levar a pessoa a seguir seus sonhos e realizar
grandes feitos; pode restaurar relacionamentos rompidos e construir novos. Não
surpreende o fato de que alguns dos principais mandamentos do Judaísmo sejam
cumpridos com palavras: a leitura e o estudo da Torá e a recitação de orações e
bênçãos, para citar apenas alguns. O Aravá nos ensina que
devemos escolher com muito cuidado nossas palavras. A pena é de fato muito mais
potente do que a espada – assim como o são as palavras que saem de nossos
lábios. Etrog. A Torá se refere ao Etrog, a cidra amarela,
como um belo fruto. Entre as Quatro Espécies, é o que mais atrai por sua
aparência. Por seu formato, esse fruto simboliza o coração. O Etrog nos
ensina que a beleza verdadeira está no coração. Muitas pessoas possuem forte
coluna vertebral (Lulav) – são sábias e de conduta reta; um olhar
bondoso (Hadass) – não guardam rancor, inveja ou ciúme dos demais; e bons
lábios (Aravá) – não falam mal dos outros. Mas, apesar disso, não têm
coração. Não fazem mal a ninguém, mas tampouco fazem o bem. Não guardam ódio ou
falam mal dos outros, mas não se preocupam com ninguém. Falta-lhes amor, calor
humano e compaixão. O Etrog é o fruto da beleza porque não há
nada mais atrativo no ser humano do que um bom coração. Bem verdade, o amor não
cura todos os males e as boas intenções não substituem a sabedoria. Mas se em
nosso mundo houvesse mais corações bondosos, viveríamos em um lugar bem mais
bonito. No Pirkei Avot, cujas palavras deveriam ser gravadas no
coração e na mente de todo judeu, ecoa o seguinte ensinamento atemporal: “(Rabi
Yochanan) disse a (seus alunos): Procurem saber qual o melhor traço de caráter
que a pessoa deve possuir. Respondeu Rabi Eliezer: Um olhar bondoso. Disse Rabi
Joshua: Ser um bom amigo. Disse Rabi Yossi: Ser um bom vizinho. Disse Rabi
Shimon: Ser alguém que se preocupa com o resultado de suas ações. Disse Rabi
Elazar: Ter um bom coração. (Rabi Yochanan) lhes respondeu: Prefiro as palavras
de Elazar, filho de Arach, às vossas, pois suas palavras incluem todas as
vossas” (Avot 2:10). www.morasha.com.br.
Abraço. Davi
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