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Por Narain Varandani. YOGA NA SAÚDE E NA DOENÇA. Médico Patologista é
Bacteriologista do Laboratório Público Central. Responsável pelo setor Médico
do Centro de Pesquisas de Tratamento Yogico. JAIPUR – ÍNDIA. O
conceito de Yoga é tão antigo como a própria Índia. Originalmente, o Yoga era
praticado pelos sábios, para conseguir auto realização e salvação. Isto só é
possível, entretanto, quando o corpo e a mente estão perfeitamente saudáveis e
harmoniosos. Os filósofos da antiga Índia criaram, pois, certos exercícios e
posturas físicas com o fim de conservar o corpo em perfeita saúde e a mente em
profundo equilíbrio, capazes de proporcionar, uma vida longa e saudável.Esses
exercícios e posturas constituem o HAṬHA
YOGA e o RĀJA YOGA. Mas o que teria o Yoga, ciência e arte tão antiga, a
oferecer ao homem moderno deste mundo ultracivilizado e mecanizado? Poderá o
Yoga ajudá-lo a conservar a mente tranquila, a despeito desta “Era do Jato?”. O
Yoga auxiliará o homem do século vinte a conservar corpo e mente saudáveis?
Curará as atuais enfermidades psicossomáticas, consequências de uma civilização
avançada e para as quais a medicina moderna não tem tratamentos eficientes a
oferecer? Tais questões estão sendo investigadas pelo Centro de Pesquisas de
Yoga, apoiado pelo Governo, em Jaipur (Índia), nestes últimos treze anos. Este
Centro está avaliando cientificamente o papel do Yoga tanto na manutenção de
corpo e mente saudáveis, como no tratamento de certas moléstias: diabetes
melito, asma brônquica, distúrbios gastrointestinais crônicos, para as quais a
medicina moderna não apresenta soluções duradouras. O presente trabalho trata
das várias técnicas de exercícios de Yoga, dos prāṇāyāmas e āsanas prescritos para essas moléstias, e do controle dos resultados obtidos em pacientes nos
quais só se aplica o Yoga, sem uso de qualquer medicamento. Os resultados são, estatisticamente,
significativos e indicam um futuro promissor na aplicação do Yoga. Veremos a
seguir essa aplicação: Começarei por apresentar um sincero voto de louvor ao
CENTRO DE ESTUDOS DE YOGA NĀRĀYĀṆA,
especialmente a sua entusiástica,
enérgica
e previdente Diretora, Sra. MARIA HELENA BASTOS FREIRE, por organizar este
Congresso Internacional de Professores de Yoga. Tenho a firme convicção de que
tais reuniões internacionais de eminentes professores, pesquisadores,
cientistas e praticantes do Yoga, permitirão que se divulgue com mais
eficiência a mensagem Yoga para o mundo, e consolidarão o caminho para futuras
pesquisas em todos os aspectos do Yoga, incluindo sua avaliação fisiológica e
terapêutica. O Yoga nasceu na Índia. Cabe-me assim, hindu que sou, a grande
honra de falar sobre a filosofia, arte e ciência do Yoga neste Congresso.
Embora eu não pretenda ter atingido as profundidades da filosofia Yogue, como
médico e pesquisador, é para mim um privilégio falar sobre os aspectos práticos
e a utilidade do Yoga, naquilo que possa interessar mais diretamente ao homem
ao comum atual. A simples possibilidade de realização deste Congresso, já é
evidencia de que o mundo despertou para a mensagem do Yoga. A antiquíssima arte
do Yoga, até aqui quase enterrada nos anais da Civilização Hindu, ainda não foi
descoberta, de forma perfeita nem pelo Oriente nem pelo Ocidente. Mas tudo
indica que estamos no limiar de uma nova era, talvez a melhor que o homem já
viu. Durante as últimas décadas a ciência e a tecnologia avançaram em todos os
campos, além da imaginação. A mania indiscriminada de conforto mecanizou o
homem, que já está, no entanto, a ponto de ser esmagado pelas máquinas que
criou. O ser humano, que há um quarto de século se conservava apto através do
trabalho, sofre hoje a falta de trabalho físico. Enquanto a alimentação frugal
associava-se a vida saudável, os atuais alimentos fortes, os hábitos
irregulares de alimentação, desde a inanição até a glutonaria, prejudicam nosso
sistema alimentar, quase impedindo sua recuperação. Onde havia ar livre e
fresco, temos hoje, o ar condicionado em ambientes fechados e o ar poluído nos
exteriores, o que provoca várias moléstias respiratórias crônicas. A saudável
água das fontes está poluída a ponto de não ser mais potável. Ruídos
ensurdecedores fazem parte de nosso dia-a-dia. Em resumo, todo este progresso
tecnológico, longe de tornar a vida melhor, criou problemas, mais do que
resolveu. O homem está de tal modo envolvido em seu quotidiano cada vez mais
complexo, que não tem tempo para relaxar. A infindável torrente de invenções, estimulando
o desejo de possuir sempre mais, estimula a insatisfação. A intensa luta pela
vida deixa ao homem pouco tempo para um entendimento com seu próprio eu
interior. Conflitos ideológicos e tensões internacionais acentuaram seu senso
de insegurança e da falta de finalidade para a vida, diferentes seitas e
maneiras de viver, como o movimento hippie. A intranquilidade dos estudantes se
acentua. As pessoas procuram, mais e mais, alívio em anódinos, hipnóticos e
alucinógenos. O viciado em drogas constitui, hoje, um dos maiores problemas de
farmacologistas e psiquiatras. Da mesma forma que outros campos da Ciência, a
Medicina também passou por uma grande mudança nestes séculos. A arte de curar é
tão velha como o próprio homem. Os primeiros medicamentos constituíam em
encantamentos religiosos e invocações diversas. Tudo isso contribuiu para
mostrar a influência da mente e da alma sobre o corpo. A arte da hipnose, que
vem sendo praticada pela Medicina há séculos, também acentua o papel da mente.
Da mesma forma, há quatro mil anos, no Egito, a incubação, isto é, uma espécie
de sonoterapia foi comum. Atualmente os médicos concentraram esforços para
isolar um agente único para cada moléstia, em vez de considerar o homem como um
todo. O vasto depósito de antibiótico, anti mitótidinos, a imensa variedade de
tranquilizantes e anódinos, o estupendo progresso da cirurgia, tudo isso
contribuiu para acrescentar anos as nossas vidas, mas não vida em nossos anos. A
especialização na Medicina levou a uma verdadeira divisão do homem. Atualmente,
o médico trata do ouvido, da garganta ou do intestino do paciente, como
entidades separadas, em vez de observá-lo como um indivíduo, com um corpo e
alma. A tendência é esquecer que o homem é o produto da totalidade de seu
organismo e que a moléstia é um produto do homem inteiro. Na esteira desta
frustração, causada pela falta de atenção dada às funções mentais, o médico e o
cientista estão novamente revendo a história da Medicina, e verificando o papel
da tensão na origem e na continuidade de várias moléstias crônicas. Atualmente,
o grande endocrinologista canadense Hans Bruno Selye (1907-1982) realizou
extenso trabalho sobre “stress” e falta de harmonia mental, não o fazemos em
termos meramente metafísico, porque há mudanças psico químicas perfeitamente
conhecidas envolvidas no mecanismo do “stress”. Começamos a perceber que muitas
moléstias comuns são frequentemente devidas a erros em nossas adaptações às
tensões, e não à ação direta de bactérias vírus, ou outros agentes externos. Há
uma infindável lista dessas moléstias provocadas pelo “stress”, afetando órgãos
diversos, desde o sistema nervoso ao sistema reprodutor; para citarmos algumas:
anorexia nervosa, diarreia nervosa, eczemas, distúrbios cardiovasculares como a
hipertensão, alergias como a asma brônquica e as rinites vaso motoras,
moléstias metabólicas como diabetes e alterações do peso do corpo, várias
complicações ginecológicas e, muitos distúrbios nervosos, de variada gravidade.
Em relação a todas estas moléstias crônicas a Medicina fracassou, a não ser
para ministrar medicações paliativas, que não permitem cura duradoura. Nenhuma
quantidade de insulina conseguiu reverter ou fazer cessar o processo diabético;
nenhum antialérgico curou definitivamente asma brônquica; nenhuma pílula tranquilizante,
hipnótica ou alucinógena proporcionou remédio definitivo para as várias
moléstias mentais. Estabelecemos o papel da tensão, da estafa e da emoção na
origem e continuidade das doenças, e procuramos métodos adequados para
combatê-las? Não é tempo de os médicos pesquisarem novas e diferentes maneiras
de chegar à cura? Na procura de uma resposta a essas questões, o mundo está
investigando a utilidade de vários métodos antigos, que poderiam afetar o
estado mental e conseguir tranquilidade e harmonia. Por exemplo: realiza-se um
trabalho de pesquisa para verificar a utilidade de certos interessantes métodos
primitivos psicofísicos, tais como a macumba no Brasil e o vodu no Haiti. A
arte chinesa de acupuntura está sendo investigada pelas suas propriedades tranquilizantes
e anódinas. A hipnose, outrora condenada, revive. Várias formas de psicoterapia
progridem através do alívio de problemas psiquiátricos, e não do uso de drogas.
De fato, uma nova escola de medicina, chamada Sofrologia, literalmente, a
ciência que visa à tranquilidade mental foi fundada na Espanha em 1960, pelo
Dr. Alfonso Caycedo (1932-1917), reputado neuropsiquiatra. Este sistema não
ortodoxo, a Sofrologia, procura abarcar todos os sistemas que tenham por
finalidade a harmonia mental e, consequentemente a liberação do homem de seus
conflitos emocionais, levando a um estado saudável, tanto para o corpo como
para a mente. O que o mundo está percebendo agora, depois de atingir o limiar
da insanidade mental, os antigos Sábios Hindus conhecem desde a idade
Védica (cerca de 1.500 anos). O Āyurveda, (“Āyu” – vida; “Veda” – conhecimento)
é o mais antigo sistema completo de medicina hindu. De acordo com o
Āyurveda, a saúde é a perfeita harmonia entre o corpo, os sentidos, a mente e o
espírito. Enfatiza o “Svasthavṛtta” (voto de conservar-se fisicamente
perfeito), suplementado pelo “Sadvṛtta”
(voto de viver corretamente, através da disciplina da mente e dos sentidos). A ciência do yoga,
como a do Āyuverda, acredita na prevenção das moléstias e na conservação do
corpo em perfeita saúde. Ela harmoniza nossa vida, “in todo”, alcançando um
equilíbrio ideal entre o corpo, mente e Ātman (espírito) ou, em outras
palavras, entre as energias físicas, psíquicas e “Prāṇicas”,
isto é,
Cósmicas.
O Yoga não somente promove a longevidade, mas oferece saúde perfeita, mesmo em
avançada idade. OS PRINCIPAIS EFEITOS DOS ĀSANAS. 1. Estimular e normalizar os
vários processos biológicos da vida. 2. Trazer tranquilidade mental e paz
interior. 3. Normalizar a homeostase hormonal das glândulas endócrinas.4. Sintetizar
efetivamente a atividade do sistema nervoso autônomo (equilibrando a atividade
do simpático e do parassimpático). 5. Despertar as forças latentes nos Centros
Vitais. 6. Ao lado dos Yamas, Niyama e Sat-Karma completar o processo de
purificação e desintoxicação do corpo, preparando-o para conquistas superiores.
TERAPIA YOGUE. Uma estatística científica detalhada da terapia Yogue, realizada
no Centro Yogue de Tratamento e Pesquisa, em Jaipur, relativa a três (3)
moléstias: Diabetes, asma brônquica e perturbações crônicas gastrointestinais,
levou a resultados promissores. Neste hospital exige-se uma história detalhada
de cada paciente, um exame clínico completo e os necessários exames de
laboratório. Os pacientes considerados incapazes de agüentar os exercícios não
são admitidos. Aos pacientes não se administra tratamento medicamentoso, sendo
este substituído pela prática regular do Haṭha
Yoga. Os exercícios
são
selecionados para cada caso, segundo as características individuais de cada
paciente. AÇÃO DO YOGA SOBRE O DIABETE. Remove as causas do “stress” e traz
tranquilidade moral. Atingiu-se um efeito regularizador, por meio do eixo
hipotálamo pituitário-adrenal, na remoção do antagonismo hormonal da insulina e
correção do metabolismo dos carboidratos e lipídeos. O fator x, liberado pelos
exercícios parece ter uma atividade parecida com a da insulina. A diminuição da
produção de anticorpos também pode ser um mecanismo compensatório. Os
exercícios Yogues, de alguma forma, parecem capazes de liberar a insulina,
aumentando assim a quantidade de insulina utilizável. RESULTADO A TERAPIA YOGUE
NO DIABETE. De 291 casos estudados, 84% tinham diabete ligeira (açúcar do
sangue, em jejum, menos que 120 mg%); 87 pertenciam ao grupo moderado (121% a
180% mg no sangue); 120 pertenciam a variedade grave de diabete (açúcar no
sangue acima de 180 mg%) e 29 casos eram diabetes juvenil. A duração da
moléstia dos pacientes ia desde menos que 1 ano até acima de 10 anos. Um fator
psíquico definido, na precipitação, persistência ou progresso da moléstia, pode
ser obtido em 168 casos (58%). Muitos dos pacientes admitidos já tomavam
insulina regularmente, ou hipo glicêmicos por via oral, antes da admissão. Essas
drogas foram substituídas durante a terapia Yogue, exceto em poucos casos que
não permitiam a total privação de insulina. Destes 291 casos, 87 (30%) foram
inteiramente controlados, outros 75 (25%) mostraram acentuada melhora, enquanto
70 casos (cerca de 25%) não melhoraram e 59 (20%) abandonaram o tratamento
antes do seu término. Os diabéticos juvenis foram os que mostraram menor
aproveitamento e não puderam ser inteiramente curados. Contudo, pela
terapêutica Yogue, suas necessidades diárias de insulina foram
consideravelmente diminuídas. AÇÃO DO YOGA SOBRE A ASMA BRÔNQUICA. Yama e
Niyama ensinam ao paciente a moderação na vida, inclusive na dieta, reduzindo
assim os fatores alérgicos. Os processos purificadores do Sat-Karma reduzem as
possibilidades de infecção do corpo. Vasta-Dhauti remove as toxinas e
alergênicos gástricos acumulados. Jala-Neti e Sūtra-Neti são úteis
principalmente no controle de sinusites, rinites e infecções no trato
respiratório superior, que predispõe a asma brônquica. Os exercícios de Sūkṣma Vyāyam ajudam a aumentar a capacidade vital e, sobretudo a
circulação pulmonar, conseguindo-se uma função pulmonar perfeita. Os Āsanas tem
um definido efeito tranquilizante sobre a mente, eliminando assim os fatores
psicológicos da etiologia da asma. Os Āsanas também promovem uma homeostase
hormonal autônoma. Os prāṇāyāmas
tem um papel preponderante no aperfeiçoamento de função
respiratória
e no equilíbrio
mental e hormonal. O Suryabheda Prāṇāyāma reduz a suscetibilidade aos resfriados. RESULTADOS DA TERAPIA
YOGUE NA ASMA BRÔNQUICA. Num total de 139 casos estudados em nosso Centro, 90
casos (64%) obtiveram melhora, 14 (10%) ficaram inteiramente curados, 10 casos
não reagiram à terapia Yogue, enquanto 39 casos abandonaram o tratamento,
contrariando os conselhos médicos. AÇÃO DO YOGA SOBRE AS MOLÉSTIAS GASTRO
INTESTINAIS CRÔNICAS. A regularização e moderação da dieta e os periódicos
jejuns prescritos pelo Yama e Niyama atacaram na origem dos fatores Etiológicos
das moléstias digestivas crônicas, tais como a alimentação errada. Os jejuns
periódicos mostraram, na prática, ser muito benéficos. Os processos de
Sat-Karma, Kunjal, Vasta-Dhauti e Shankha-Prakshalana removem a infecção do
intestino e melhoram a secreção de várias enzimas da digestão, Basti limpa o
cólon e reto. Os processos yogues também melhoram as funções do fígado e tem
ação colagoga. Os Āsanas removem os fatores psicogenéticos nestas moléstias,
produzindo equilíbrio mental e tranquilidade. Os Āsanas e o Nauli Krya promovem
o equilíbrio hormonal. Provocam a predominância do parassimpático, melhorando
assim a motilidade e as funções secretoras do trato digestivo. O peristaltismo,
estimulado pelos exercícios Yogues, cura a prisão de ventre crônica. RESULTADOS
DA TERAPIA YOGUE NAS MOLÉSTIAS GASTRO INTESTINAIS. De 125 casos estudados, 81
(65%) responderam ao tratamento Yogue, incluindo 14 (11%) que foram
completamente curados. Nove casos não melhoraram e 35 não completaram a
terapia. Os resultados encorajadores obtidos nestes estudos preliminares de
terapia Yogue, nestes três grupos de moléstias, e a positiva saúde que centenas
de outros indivíduos aparentemente saudáveis obtiveram com processos Yogue,
fora do nosso hospital, fazem prever uma promissora utilidade do Yoga em nossa
era. FINALIDADE DO YOGA NAS MOLÉSTIAS CRÔNICAS. O Yoga pode ser usado, de “per
si” como um tratamento, ou como coadjuvante da terapêutica médica, em várias
moléstias crônicas, especialmente aquelas de cuja etiologia participa um fator
psicológico. Eu apelaria aos cientistas de todo mundo, interessados no campo do
Yoga, a trabalhar para a criação de um Corpo Internacional que conduzisse
pesquisas científicas nos aspectos fisiológicos do yoga, para descobrir novos
caminhos da aplicação desta herança ancestral para a melhoria da Humanidade. www.yoganarayana.com.br. Abraço. Davi
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