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A HARMONIA DAS RELIGIÕES. A Verdade é uma só, os sábios a chamam por diversos
nomes, declarou há milhares de anos o Rig Veda, um dos mais antigos textos da
Vedanta. Todos buscamos a verdade, afirma a Vedanta, e essa verdade aparece com
numerosos nomes e formas. A verdade – a realidade espiritual – permanece a
verdade, embora surja com diferentes disfarces e se aproxime de nós vinda de
várias direções. “Qualquer que seja o caminho no qual as pessoas viajem, esse é
o meu caminho”, diz o Bhagavad Gita. “Não importa por onde andem, todos os
caminhos levam a mim”. Se todas as religiões são verdadeiras, por que então
tanta luta? Principalmente em razão da política, e das distorções que as
culturas e mentes humanas limitadas impõem sobre a realidade espiritual. O que
geralmente é considerado “religião” é uma mistura de coisas essenciais e não
essenciais. Como Ramakrishna disse, todas as escrituras contêm uma mescla de
areia e de açúcar. Precisamos separar o açúcar e deixar a areia: devemos
extrair a essência da religião – se a chamamos de união com Deus ou de auto
realização – e deixar o resto para trás. Abracemos tudo aquilo que nos ajude a
manifestar nossa divindade, e evitemos tudo que nos afasta desse ideal. As carnificinas
infligidas ao mundo em nome da religião têm muito pouco a ver com a genuína
religião. As pessoas lutam por doutrinas e dogmas; não ouvimos falar de alguém
que tenha sido assassinado na tentativa de conseguir a união divina! Uma
“guerra religiosa” é, na realidade, egoísmo enfurecido em larga escala. Como
diria Swami Prabhavananda (1893-1976), fundador da Vedanta Society of Southern
Califórnia – USA, sorrindo: “Se você colocar Jesus, Buda e Maomé juntos numa
mesma sala, eles se abraçarão; mas, se colocar seus seguidores juntos, eles
poderão matar-se uns aos outros” A verdade é uma só, mas aparece filtrada pela
limitada mente humana. Essa mente vive em uma cultura particular, tem sua
própria experiência do mundo e vive em um ponto da história particular. A
Realidade infinita é então processada através das limitações de espaço, tempo,
causalidade, e, além disso, processada através dos limites humanos da
compreensão e da linguagem. As manifestações da verdade – escrituras, sábios e
profetas – necessariamente irão variar de era para era e de cultura para
cultura. A luz, quando é refratada através de um prisma, aparece em várias
cores, quando observada de diferentes ângulos. Porém, a luz permanece sempre a
mesma e pura luz. Isso também é verdade quando nos referimos à verdade
espiritual. Não queremos dizer que todas as religiões são “quase idênticas”.
Isso seria uma afronta à beleza diferenciada e à grandeza individual de cada
uma das tradições espirituais do mundo. Dizer que cada religião é igualmente verdadeira
e autêntica não significa dizer que uma possa ser substituída por outra, como
fazemos com marcas genéricas de aspirina. TODA RELIGIÃO TEM UMA DÁDIVA. Toda
religião tem uma dádiva específica a oferecer à humanidade; toda religião traz
consigo um ponto de vista único, que enriquece o mundo. O cristianismo enfatiza
o amor e o sacrifício; o judaísmo, o valor da sabedoria espiritual e da
tradição. O islamismo enfatiza a fraternidade universal e a igualdade, enquanto
que o budismo advoga a compaixão e a atenção plena. A tradição nativa americana
ensina a reverência pela Terra e ao mundo natural que nos rodeia. A Vedanta, ou
tradição hindu, enfatiza a unidade da existência e a necessidade da experiência
mística direta. As tradições espirituais do mundo são como diferentes peças de
um gigantesco quebra-cabeças: cada peça é diferente e cada peça é essencial
para completar todo o quadro. Cada peça deve ser honrada e respeitada, enquanto
nos mantemos firmes com nossa peça particular do quebra-cabeças. Podemos aprofundar
nossa própria espiritualidade e aprender sobre nossa própria tradição,
estudando outras crenças. E de forma igualmente importante: estudar bem nossa
própria tradição nos tornará mais capaz de apreciar a verdade das outras
tradições. APROFUNDANDO EM NOSSO CAMINHO. Do mesmo modo que honramos as
diversas religiões do mundo e respeitamos seus adeptos, devemos crescer e nos
aprofundar em nosso próprio e particular caminho espiritual – qualquer que seja
ele. Não devemos explorar um pouquinho de budismo, um pouquinho de Islamismo e
um pouquinho de cristianismo e então tentar um novo prato combinado na semana
seguinte. A prática espiritual não é um buffet variado. Se lançarmos cinco
variedades de sobremesas num processador de alimentos, o máximo que obteremos
será uma miscelânea intragável. Enquanto a Vedanta enfatiza a harmonia das
religiões, ela também dá ênfase à necessidade de mergulharmos profundamente na
tradição espiritual de nossa escolha, apegando-nos a ela e trabalhando duro.
Parafraseando Ramakrishna (1836-1886), se você quer cavar um poço tem de
escolher o local e cavar profundamente até alcançar a água. De nada adianta
cavar um monte de buracos rasos. Enquanto uma vida espiritual pouco profunda é
provavelmente melhor que nenhuma, ela, contudo, não nos leva para onde queremos
ir: para a liberdade, para a realização de Deus. Quando escolhemos o caminho
espiritual que queremos seguir, devemos segui-lo persistentemente até que
alcancemos a meta. O importante é que podemos fazê-lo enquanto não apenas
valorizamos outras tradições, mas também enquanto aprendemos com elas.
DIFERENTES CAMINHOS: A MESMA META. A Vedanta afirma que todas as religiões
contém as mesmas e essenciais verdades, embora o acondicionamento seja
diferente. E isso é bom. Cada ser humano do planeta é único. Nenhum de nós, na
verdade, pratica a mesma religião. A mente de cada pessoa é diferente e cada
pessoa necessita do seu próprio e único caminho para alcançar o alto da
montanha. Alguns caminhos são estreitos, outros são largos. Alguns são sinuosos
e difíceis, enquanto outros são seguros e tediosos. No final, todos chegaremos
ao topo da montanha. Portanto, não devemos nos preocupar se nossos vizinhos se
perderem no percurso. Eles também serão bem-sucedidos. Todos necessitamos de
diferentes abordagens que combinem com nossas diferentes naturezas. Apesar das
variações exteriores das religiões do mundo, os conteúdos têm mais
similaridades que diferenças. Toda religião ensina virtudes morais e éticas
similares; todas ensinam a importância da luta espiritual e a necessidade de
honrar nossos companheiros seres humanos, como parte dessa luta. “Assim como
diferentes rios têm suas fontes em lugares diversos, mas todos mesclam suas
águas às do mar, diz uma antiga oração sânscrita, assim também, Ó Senhor, os
diferentes caminhos que as pessoas tomam por suas diferentes tendências, embora
pareçam diferentes, sinuosos ou retos, todos levam a Ti.” www.vedanta.org.br. Abraço. Davi
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