quinta-feira, 13 de abril de 2017

O CASAMENTO I.



Cristianismo. Texto de Watchman Nee (1903-1972). Capítulo Dois. O CASAMENTO I. O BOM CRISTÃO  precisa tratar fielmente de todos os seus problemas básicos. Se surgir uma questão moral em qualquer dessas áreas básicas, seja na família, na profissão, ou em alguma outra, novos problemas irão se apresentar mais tarde. Uma dificuldade não resolvida é bastante forte para impedir o crescimento e fazer com que a pessoa desista de andar retamente. Vamos considerar nesta lição o problema do casamento. Os novos crentes, em especial, precisam conhecer o que a Palavra do Senhor (Bíblia Sagrada) diz com respeito a esse problema. Examinemos então o assunto de vários ângulos. O INSTINTO SEXUAL NÃO É PECAMINOSO. AS PESSOAS TÊM consciência do sexo assim como têm consciência da fome. Se a fome é uma necessidade natural e física, o sexo então é também uma necessidade natural do corpo. O sentir fome é coisa natural e não pecado. Mas se a pessoa roubar comida, o seu ato se torna pecaminoso. Não é algo natural. Da mesma forma, a consciência do sexo é natural, não sendo reconhecida como pecado. Somente quando alguém age de maneira imprópria para satisfazer o seu desejo é que está pecando. O instinto sexual foi concedido por Deus. O casamento foi ordenado e criado por Deus. Ele foi instituído antes e não depois da queda do homem. Houve casamento antes de Gênesis 3. Deus na verdade o introduziu em Gênesis 2. Portanto, a consciência do sexo já existia antes do pecado entrar no mundo. É importante saber que não há pecado no instinto sexual. O pecado não está envolvido primeiramente, pois a própria presença desse instinto foi plano de Deus. Durante os trinta anos em que tenho confiado no Senhor e servido a Ele, entrei em contato com um número bastante razoável de jovens irmãos e irmãs. Algumas pessoas não se perturbam facilmente, enquanto outras sentem o peso desnecessário das acusações de suas próprias consciências. Essas inquietações inúteis são devidas ao fato delas não conhecerem a mente de Deus nem serem esclarecidas acerca da Palavra de Deus. Elas pensam que pecaram por terem instinto sexual. Alguns irmãos têm ido mesmo ao extremo de duvidar da obra de Deus neles já que continuam cônscios do sexo. Tratar o sexo como pecaminoso é uma ideia pagã. Assim como não é pecado sentir fome, a necessidade do sexo também não é de maneira alguma pecaminosa; ela não passa de uma consciência natural. O Senhor nos fala através do seu apóstolo em Hebreus 13,4 “Digno de honra entre todos seja o matrimônio”. Não é algo apenas para ser honrado, mas que também é santo. Deus considera o sexo santo e natural. O doutor Frederick Brotherton Meyer (1847-1929) escreveu muitos livros bons nos quais enfatizou a edificação dos cristãos. Ele disse que apenas uma mente suja poderia considerar o sexo como sujo. Acho que ele tem razão. O homem atribui baixeza ao sexo porque ele mesmo é baixo. Para o puro todas as coisas são puras. Para o impuro nada é puro. Seus pensamentos serão sempre sujos. Mas o casamento em si é puro. A relação sexual, ordenada por Deus, é santa, pura, e incorrupta. Paulo nos mostra que nos últimos tempos surgirão doutrinas de demônios, entre as quais está a PROIBIÇÃO DO CASAMENTO onde é dito em I Timóteo 4,3 “Proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis (...)”.Essa doutrina particular de demônios se parece com uma busca pela santidade. Nos escritos George Hawkins Pember (1836-1910), ele aponta claramente como as pessoas proíbem o casamento em busca da santidade. Elas pensam que isto as fará santas. Mas em I Timóteo é afirmado explicitamente que a proibição do casamento é uma doutrina de demônios. Deus nunca proibiu o casamento. Que nenhum crente seja acusado em sua consciência por causa desse ensino pagão. A consciência do sexo é natural e não pecaminosa. O problema não está na presença desse instinto, mas sim na transformação do mesmo em pecado. O instinto não é pecaminoso, mas a maneira de tratar com ele o faz assim. TRÊS RAZÕES BÁSICAS PARA O CASAMENTO. PARA AJUDA MÚTUA. O CASAMENTO é ordenado por Deus em Gênesis 2,18 “Não é bom que o homem esteja só”. Todas as coisas criadas por Deus são boas. No primeiro dia da criação Deus viu a luz e disse que ela era boa. Em cada dia, menos no segundo Deus proclamou que o que fizera era bom. O segundo dia foi uma exceção, porque o firmamento, lugar de habitação de Satanás, foi criado. Mas no sexto dia, depois que Deus criou o Homem, Ele disse: “Não é bom que o homem esteja só”. Isso não foi para sugerir que o homem não tivesse sido criado com perfeição; apenas significava que não era bom porque apenas a metade do homem fora criada. Então Deus fez uma auxiliadora para o homem. Eva também foi criada no sexto dia, e Deus a levou a Adão. Ela foi criada para o expresso propósito do casamento. A palavra “auxiliadora” significa “adequada para ajudar”, isto é, ela deve primeiro responder ou corresponder a Adão antes que possa ser de ajuda para ele. Quando Deus criou o homem o criou macho e fêmea. É como se Ele primeiro criasse metade do homem e então criasse a outra metade para que houvesse um homem completo. Apenas depois que as duas metades foram unidas é que o homem foi completado. Deus declarou em Gênesis 1,31 que “Era muito bom”. É preciso salientar, antes de tudo, que o casamento foi iniciado por Deus e não pelo homem. Mais ainda, ele não se originou depois da queda do homem, mas antes que o homem pecasse. O homem não pecou no primeiro dia da sua criação, mas foi casado nesse primeiro dia. Depois que Deus criou Eva, no mesmo dia Ele a deu a Adão. Portanto, o casamento é realmente instituído por Deus. Em Gênesis 2, a criação de Deus é registrada; no evangelho de João 2, o casamento em Caná da Galileia, durante o qual o Senhor Jesus transformou a água em vinho é registrado. Este último incidente nos mostra que o Senhor Jesus não só permitia o casamento como também o aprovava. Ele estava no casamento, e ajudou a fazer dele um sucesso. Deus iniciou o casamento e o Senhor Jesus o aprovou. O propósito de Deus é que o marido tenha uma esposa para ajudar. É por isso que a esposa é chamada de “auxiliadora”. Deus quer que o marido e a esposa vivam juntos, tendo comunhão, e auxiliando-se mutuamente. PARA EVITAR A FORNICAÇÃO. No Velho Testamento, antes do pecado entrar no mundo. Deus já havia instituído o casamento. Mas agora, nos dias do Novo Testamento, o pecado já entrou. Paulo nos mostra então, em I Coríntios 7, que por causa  da entrada do pecado, o casamento não só é permitido como também se tornou uma necessidade. Para evitar a fornicação, Paulo nos diz que cada homem deve ter sua própria esposa, e cada mulher seu próprio marido. Ele não condena o instinto sexual como pecado, mas sugere que o casamento pode evitar o pecado da fornicação. Paulo diz em Romanos 13,14: “Não façais provisão para a carne”. Isto é algo maravilhoso. Por exemplo: suponha que uma pessoa seja apanhada no pecado do orgulho. Paulo não está dizendo a ela: “Como você é propenso a mostrar-se orgulhoso, eu permitirei que seja orgulhoso em casa, para que não mostre orgulho em qualquer outro lugar. Se tiver um lugar onde ser orgulhoso, não será orgulho em outros. Se Deus dissesse isso, estaria fazendo provisão para a carne. Deus nunca fez tal provisão. Se alguém gosta de furtar, você não dirá a ele tal e tal, dessa maneira não furtará em outro lugar”. Em vez disso você lhe dirá: “Eu não permitirei que você furte em lugar nenhum”. Furtar é totalmente pecaminoso; portanto, nenhuma provisão pode ser feita para isso. O orgulho é um pecado absoluto; e assim nenhuma provisão pode ser feita para ele. Mas o sexo não é categoricamente pecaminoso; portanto, cada homem deve ter sua própria esposa e cada mulher seu próprio marido. A consciência do sexo não é pecado, caso contrário as palavras de Paulo estariam fazendo provisão para a carne. Sabemos, entretanto, que o apóstolo não faz provisão para a carne; portanto, o sexo não é pecado. Lembremo-nos de que Deus não faz provisão para a carne ao permitir o casamento. O casamento é santo e não foi instituído por ninguém senão Deus. Depois que o pecado entrou no mundo, o casamento se tornou necessário para evitar a fornicação. De maneira alguma, contudo, deve ser considerado como sendo feita provisão para a carne. Ao falar sobre o casamento, Paulo diz em I Coríntios 7,4 “A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim, o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e, sim a mulher”. Seu ensinamento a esse respeito é muito claro. Ele afirma no versículo 5 “Salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e novamente vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência”. O marido e a esposa não devem, em geral, se separar para que a fornicação seja evitada. Deus ordenou então o casamento e decretou que o casal permaneça unido. “É melhor casar do que viver abrasado” isso é dito em I Coríntios 7,9. Paulo escreve com bastante força neste ponto. Aqueles que sentem um desejo constrangedor em relação ao casamento, e que se abrasam, devem casar. Ele não os repreende por seus fortes sentimentos, como se isso fosse pecaminoso, nem faz provisão para a carne. O apóstolo afirma apenas que se a pessoa tem um instinto sexual forte, é melhor casar-se do que abrasar. A Palavra é clara nesse sentido. A consciência do sexo não é pecado, mesmo um instinto sexual forte não é pecado; mas Deus prescreve o casamento para tais pessoas. Elas não devem abster-se dele porque tal coisa pode leva-las a cair em pecado. PARA RECEBEREM GRAÇAS JUNTOS. Ao falar os maridos e esposas, Pedro diz em I Pedro 3,7 “Por isso que sois juntamente herdeiros da mesma graça de vida”. Em outras palavras, Deus se deleita em ver o marido e a esposa servindo juntos a Ele. Deus procurou Áquila e Priscila (Atos 18,1-3) para servi-lo, procurou Pedro e sua esposa, assim como Judas e sua esposa para servi-lo. Os novos crentes devem saber que existem três razões básicas para o casamento cristão: PRIMEIRO, para ajuda mútua; SEGUNDO, para evitar o pecado; e TERCEIRO, para receberem graça juntos diante de Deus. O casamento não envolve apenas um cristão, mas dois cristãos juntos na presença de Deus. Não se trata simplesmente de uma pessoa recebendo graça, mas duas são juntamente herdeiras da graça divina. O PROBLEMA DA VIRGINDADE. A Bíblia é realmente maravilhosa, pois ela nos mostra, por um lado, que o sexo não é pecaminoso e que o casamento foi iniciado e ordenado por Deus para evitar o pecado; e ainda sugere, por outro lado, que é bom para aqueles que não têm um instinto sexual forte, e que não sentem grande necessidade de satisfazer esse desejo, que mantenham a sua virgindade. O PROPÓSITO DA VIRGINDADE. A virgindade não é mais santa que o casamento, mas as pessoas virgens têm a vantagem de poderem cuidar das coisas do Senhor com todas as suas energias. Paulo nos mostra que o casamento apresenta três dificuldades. PRIMEIRO, o casamento é um vínculo. Ele diz em I Coríntios 7,27 “Estás ligado a mulher”. Uma vez casados, necessitaremos prestar atenção a muitas coisas. SEGUNDO, o casamento terá tribulação em  I Coríntios 7,28 é dito “Ainda assim, tais pessoas sofrerão angústia na carne”. Naturalmente, depois do casamento, a tribulação na carne aumentará, de maneira que você não poderá servir ao Senhor sem perturbação. TERCEIRO, o que é casado cuida das coisas do mundo em I Coríntios 7,32-34. Tais cuidados, como o Senhor Jesus disse em Mateus 13, podem facilmente impedir que o trigo produza fruto, pois os cuidados desta vida sufocam o trigo e o impedem de frutifica. Assim o casamento tem as suas dificuldades: vínculo, tribulação e cuidado. Paulo não fala apenas a obreiros, mas a todos os irmãos e irmãs. Aquele que mantém a sua virgindade é poupado de muitas aflições. Paulo não dá nenhum mandamento quanto à virgindade, mas ele se inclina para ela. Na verdade, está revelando unicamente os fatos. É bom para os irmãos e irmãs se casarem, pois assim evitarão o perigo de cometer pecado; mas estarão ligados, sofrerão maiores tribulações na carne e terão mais cuidados da vida. PARA QUEM É A VIRGINDADE. Paulo nos diz quem pode manter sua virgindade. DOM DE DEUS. Aquele que tem o dom de Deus pode manter sua virgindade. A virgindade é um Dom em I Coríntios 7,7 é dito “No entanto cada um tem de Deus o seu próprio Dom; um, na verdade, de um modo, outro de outro”. Alguns necessitam casar, pois receberam o dom do casamento. Sem esse dom ninguém pode casar. Assim como o fato de manter a virgindade é Dom de Deus, também o casamento é dom de Deus. No tocante a virgindade, a primeira condição é que, embora haja consciência de sexo, não existia nenhuma compulsão (desejo) sexual na pessoa. Em alguns, o impulso sexual é forte, enquanto em outros existe apenas a consciência, mas não a compulsão para o ato. Somente estes últimos podem manter a sua virgindade. RESOLUTO NO CORAÇÃO. I Coríntios 7,36-37 diz: “Enquanto, se alguém julga que se comporta de maneira inconveniente para com a sua virgindade, se ele está além da flor da sua idade, e deve ser assim, faça o que quiser, ele não está peca; que se casem. Mas aquele que permanece firme em seu coração, não tendo necessidade, mas tem domínio sobre a sua própria virgindade, ele faz bem”, está versão é de John Nelson Darby (1800-1882). No grego, a palavra indica a virgindade em si e não se refere a filha como em algumas traduções. Se alguém pensa que não tem tratado a si mesmo de maneira adequada com respeito à sua virgindade, deve casar-se. Mas aquele que está inclinado a manter a sua virgindade e se sente resoluto e determinado a isso, pode fazê-lo. DIFICULDADES CIRCUNSTANCIAIS. Os que podem manter sua virgindade são aqueles que, primeiramente, não tem qualquer compulsão sexual, mas apenas a consciência do sexo; em segundo lugar, estão determinados em seus corações, diante do Senhor, a manterem a sua virgindade; e, em terceiro lugar, não tem qualquer problema de ordem circunstancial, “nenhuma necessidade”. Algumas pessoas têm problemas de ambiente, não sendo portanto fácil para elas manterem a sua virgindade. Elas podem sofrer pressões por parte da família ou outras dificuldades, as quais fazem com que seja praticamente impossível manter a virgindade. Portanto, a virgindade só é possível quando as circunstâncias são favoráveis. RELAÇÃO DA VIRGINDADE COM O REINO DOS CÉUS E COM O ARREBATAMENTO. Aquele que é capaz de manter a sua virgindade realmente tem muito a ganhar diante de Deus. Penso que Mateus 19 nos mostra claramente que é mais fácil para uma pessoa virgem entrar no reino dos céus. Temos de reconhecer a relação distinta entre a virgindade e o Reino na Palavra de Deus: Mateus 19,12 “a si mesmo se fizeram eunucos (virgem), por causa do Reino dos céus”. Não nos atrevemos a definir qual seja a relação, mas certamente podemos dizer que a virgindade apresenta vantagens para a entrada no reino. Por causa disto, o Senhor menciona como alguns fazem a si mesmo eunucos com vistas ao reino. Há também a passagem em Apocalipse 14,4 “Estes são os que não estão contaminados com mulheres; por são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá. Estes são os que dentre os homens foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro”. Ela os cento e quarenta e quatro mil são as primícias para Deus e para o Cordeiro. Eles são virgens e seguem o Cordeiro onde quer que Ele vá. Vemos assim que a virgindade está especialmente ligada ao arrebatamento. De acordo com a Bíblia o casamento é santo, e não casar também é santo. O casamento é bom, e não casar é melhor. O fato de não se casar dá à pessoa mais liberdade para servir ao Senhor. Essa questão deve ser claramente apresentada aos irmãos e irmãs para que eles possam fazer as suas escolhas diante de Deus. Livro Família Cristã Normal. Abraço. Davi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário