quinta-feira, 20 de abril de 2017

I. CHAMA ETERNA.

Espiritismo. Texto do espírito Luiz Sérgio – Psicografado por Irene Pacheco Machado. Neste livro, Luiz Sergio faz um estudo do Velho Testamento em linguagem de fácil assimilação das passagens bíblicas, esclarecendo pontos ainda não inteligíveis para nós. Fala dos direitos humanos, da luta da mulher pela sua afirmação e emancipação e da evolução do ser. À medida que vamos lendo o livro, transportados somos para o Reino de Deus e encontramos muitas verdades nas Escrituras, confirmadas hoje pela bendita Doutrina Espírita. PREFÁCIO. Aquela madrugada de fevereiro de 1973 nunca se apagará nas minhas lembranças. O carro, a ultrapassagem do ônibus, o buraco enorme na pista, a roda traseira avariada e o rodopio vertiginoso da capotagem, além dos últimos barulhos dos vidros que se quebravam, são as impressões gravadas em minha mente. Depois, as vozes do Hugo e da Maria Helena, colegas de trabalho e de viagem, a me procurar na escuridão. Minhas primeiras palavras, de imediato, sem perder a consciência: - Onde está o Sérgio? Eu sei que aconteceu alguma coisa, ele está vivo? Estivemos ali naquela beira de estrada quase chegando em Ribeirão Preto – São Paulo – Brasil, unidos numa viagem fantástica, arremessados para fora do carro, num voo em que cada um pousaria no seu destino: ele no asfalto, sem vida, e eu no barro, já inválido. Tive o privilégio especial de conviver com o Luiz Sérgio na Agência Central do Banco do Brasil em Brasília. Formávamos a dupla de acompanhamento da bateria dos caixas, trabalhando com a rapidez e eficiência que o excesso de serviço mui exigia. A alegria espontânea, o espírito perspicaz e indagador, a camaradagem simpática e a exigência da exatidão científica poderiam ser citadas como qualidades desse amigo sensível que mais de uma vez também vi aflito pela pressa de viver. Este livro psicografado traz sábias palavras de interpretação do Antigo Testamento, que fornecem uma segura orientação para os tormentosos momentos em que atravessamos. Paira, acima de tudo e nas entrelinhas, a mensagem fundamental do Amor como essência da Chama Eterna que justifica e dá sentido à vida. Pela soberba e fé diminuta, deixamos de perceber o quanto somos pequenos perante os mistérios e as revelações da morte/vida. Ao caro amigo, onde estiver agora, o meu recado de saudade. Muito temos vivenciado, aqui neste mundo de injustiças, violências contra os fracos, drogas e ambição. Poucos somos os que tentamos melhorar tudo isso, temos crescido, breve seremos a maioria nesta humanidade de tantos deuses e poucas crenças. Capítulo Um. NOVOS ESTUDOS. Lucas, Capítulo 21, versículos 34 a 36: E Jesus terminou, dizendo: Fiquem vigiando! Não estejam ocupados demais com festas e bebidas fortes, ou com preocupações desta vida, para que aquele dia não pegue vocês de surpresa. Portanto, fiquem sempre vigiando e orando, para poderem escapar de tudo o que vai acontecer e continuem firmes diante do Filho do homem. Está a passagem do Evangelho que se encontrava afixada no painel da sala que antecedia o auditório onde eu iria assistir a uma aula. Entrei respeitosamente, dando graças ao Senhor da Vida por ter um dia confiado em mim, oferecendo-me trabalho. Minha vida - que só a mim pertence e que tenho obrigação de cuidar - é Chama Eterna que jamais será destruída, podendo apenas ser escurecida pelas minhas próprias imperfeições. Com esse pensamento, fui-me sentindo o próprio sol, apto a clarear recantos repletos de trevas, vendo-me enlaçado pelos braços de Jesus e brandamente as lágrimas me molharam o rosto. Era a emoção, o reconhecimento de toda graça recebida: o Luiz Sérgio estava despertando para o valor do espírito. Nesse despertar, veio-me uma vontade incontida de trabalhar mais. Ao meu lado, vários irmãos caminhavam; uns, pensativos, outros, esperançosos. Eram os discípulos de Jesus que ali compareciam em busca de novas tarefas. A nossa frente, um globo azulado recebia luz intensa, que o banhava com amor. Ficamos a observá-lo. Como é belo o nosso Planeta! Tomamos, então, conhecimento do que iríamos estudar e da equipe que nos prestaria ajuda, através de um painel pontilhado com luzes de cores variadas. Deslumbrado com a eficiência dos trabalhadores do Senhor, aproximei-me e notei que os outros faziam o mesmo. Cada um, ao verificar o seu local de trabalho, encontrava uma seta com o número da sala a ser procurada. Sorri, ao encontrar a minha: era a de número treze. Nem me passou pela cabeça procurar ver se alguém me seguia, tão rápido saí. No momento em que ia bater, a porta se abriu e me vi num salão sem nenhum móvel, muito claro e belo, onde se ouvia a Sinfonia número 3 de Bach. Fiquei olhando as paredes sem saber o que fazer e aí percebi que não me encontrava sozinho; ao meu lado, não tão curiosos, mais dois jovens, que logo fiquei sabendo chamarem-se Samuel e Lourival. Por não conhecê-los, apenas cumprimentei-os gentilmente, um pouco triste por não ter reencontrado a minha turma antiga. "Que danação de vida. A gente vive se separando das pessoas amadas!" Nem acabara de pensar e novos companheiros deram entrada no salão. Com ansiedade, continuei procurando, mas, nada! Todas elas eram pessoas desconhecidas para mim. Lembrei de alguém muito querido, que sempre nos orienta: o nosso Jacó, que sempre diz: "Somos os filhos de Deus, que precisam ficar juntos para aprender a amar. A cada dia fazemos novas amizades e graças a elas vamos ficando menos egoístas. Já imaginaram se o nosso mundo fosse composto só da nossa família? Benditas as escolas, os trabalhos, enfim, a família social. Ela é que nos testa o amor." Nesse momento reparei em dois companheiros que entravam, Sara e Conrad, e dei aquele sorriso de boas-vindas. Nisso, escutei o meu nome pronunciado com ternura: Luiz Sérgio de Carvalho, idade, filiação, trabalhos realizados, etc. e tal. Depois foi a vez de Samuel, Lourival, Sara, Conrad e Saturnino. Cerrei os olhos e orei a Maria com fervor: "Bendita Mãe Espiritual de toda a Humanidade, aproximo-me para Vos agradecer a proteção oferecida em todos esses anos de minha peregrinação pela Terra, onde o Vosso perfume inundou o meu espírito, chamando-o às responsabilidades do trabalho. Ao fitar-Vos, sinto a coragem transmitida pelo Vosso olhar e me ponho a caminhar sem medo, considerando-me apto às tarefas recebidas. Hoje, Senhora, peço a Vossa presença constante em meu coração, para que ele trabalhe dentro da disciplina do Vosso filho Jesus. Mas, se por acaso eu me vir preso da impaciência e do orgulho, como Mãe tolerante, chamai-me à razão. Cuidai de mim, Senhora, porque ainda tenho o espírito vacilante e necessito de Vossas mãos amigas." Capítulo Dois. A CRIAÇÃO DA TERRA. Terminada a prece, senti a mão amiga de Sara que, carinhosamente, me tocou: - Querida, como é bom tê-la por perto! Do salão dirigimo-nos para o local a nós indicado. Lá, uma bela senhora deu-nos as boas-vindas e foi logo se apresentando: - Sou Corina, uma irmã em Cristo. Estamos aqui para falar da beleza da vida. Para compreendê-la nada melhor do que buscarmos o conhecimento nas Escrituras e aprendermos um pouco sobre nós mesmos; iremos encontrar, à medida que procurarmos, a razão de hoje aqui nos encontrarmos. Os irmãos já conviveram com os suicidas e junto a eles a triste experiência do sofrimento da alma. Em contato com o Espiritismo, o homem descobre a vida espiritual, mas muitos ainda estão apegados à matéria e, junto a ela, praticam atos pouco dignos. Eu nem piscava. Corina me fascinou. Não só ela, como também o recinto, que era circundado por telas gigantescas, onde, pressentíamos, logo teríamos valiosas lições. Corina apertou um botão e foi projetando filmes referentes à criação do Universo. Tive a impressão de que não mais me encontrava na sala e, sim, no local filmado, tal o realismo das cenas. O narrador, com voz suave, iniciou a preleção: Gênesis, Capítulo 1 e versículos 1 e 2: No princípio Deus criou o céu e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia, e as trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus movia-se sobre as águas. E vimos o nosso Planeta completamente vazio e informe; e outros lugares, principalmente o que chamamos Céu, todo ele sendo banhado pelo Sol divino, Deus. Vou tentar narrar para você. Imaginemos uma imensa tela recebendo do artista as formas, assim nós víamos a formação do mundo espiritual. Percebemos que toda a vida começava na profundeza das águas. Versículo 20: Disse também Deus: Produzam as águas répteis animados e viventes, e aves que voem sobre a terra debaixo do firmamento do céu. Notamos que o abismo continuava vazio: era a Terra que, à medida que o céu crescia em luz, ganhava também um pouco de vida. Mas, a beleza dos mundos já formados nos contagiava a todos que assistíamos ao poder de Deus. Eu procurava a Terra. Ela continuava escura e informe, enquanto a parte espiritual iase embelezando. Versículos 8 a 10: E Deus chamou o firmamento céu. E disse também Deus: As águas que estão debaixo do céu ajuntem-se num só lugar e apareça o (elemento) árido. E assim fez. E Deus chamou o elemento árido terra, e o conjunto das águas mares. E Deus viu que isso era bom. E assim nos defrontamos com o Firmamento. As flores eram belas, irradiantes de luz. As paisagens eram celestes. Víamos o crescimento das espécies, a vida no firmamento e buscamos o homem. Corina, sentada ao nosso lado, preocupada estava em que nós analisássemos todas as ervas, todas as árvores, enfim, tudo o que Deus criou, principalmente a "morte" e a sucessão das espécies da natureza. E fomos para o Capítulo 2, versículos 4 a 7: Tal a origem do céu e da terra, quando foram criados, no dia em que o Senhor fez o céu e a terra, e toda planta do campo antes que nascesse na terra, e toda erva do campo antes que germinasse; porque o Senhor Deus não tinha (ainda) feito chover sobre a terra, nem havia homem que a cultivasse. Mas da terra safa uma fonte, que regava toda a superfície da terra. O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e soprou no seu rosto um sopro de vida, e o homem tornou-se alma (pessoa) vivente. Aqui, confesso, fiquei aturdido e voltei a procurar o elemento árido, para compreender o porquê da fonte de água que banhava a terra e percebi que o planeta Terra ainda vivia isolado do firmamento, nele não habitava ainda a Chama divina, o homem, porque só seria habitado na hora precisa. "Nem havia homem que a cultivasse." Mas, no firmamento, céu, tudo era vida em progresso. Procuramos o homem (pessoa/espírito) e pudemos observar que desde que Deus começara a criar iniciou-se o crescimento da Chama divina, a Vida. Enquanto isso, a Terra continuava em trevas, como se adormecida. No painel apareceu a frase e a citação: O homem no paraíso terrestre. Versículo 8: Ora, o Senhor Deus tinha plantado, desde o princípio, um paraíso de delícias, no qual pôs o homem que tinha formado. Um dos meus colegas me indagou: - Não vejo o homem, só o Firmamento. Sorri feliz, e a minha fé se fez intensa. Deus é Pai, a Sua bondade é infinita. Ofertou-nos o paraíso da vida para respeitarmos a natureza. Já vivemos em todos os reinos, somos uma luz compondo todo o equilíbrio do Universo, sendo esta a causa do desespero de um suicida; ele não tem o direito de sair de cena, porque faz parte do equilíbrio do Universo. Adorei as pedras, os pássaros, as árvores, as flores. E cerrei os olhos devagarinho para reter as lágrimas de emoção que teimavam em aflorar em meus olhos. Capítulo Três. FIRMAMENTO – MATRIZ DA TERRA. Fiquei feliz ao reconhecer um espírito que muito amo, amigo, gente como a gente: João é o seu nome. Ele sorriu para mim, deixando-me mais confiante para fazer perguntas e, na primeira oportunidade, formulei-as: - Estamos apreciando a formação do Universo ou do nosso Planeta? - Somos ainda muito pequenos em inteligência para entrar no aprendizado do Universo. Estamos, no momento, tentando conhecer a beleza do nosso mundo: a Terra. - Irmão, e o firmamento, o "céu", como alguns chamam, por que foi criado? - Porque primeiro se faz a matriz e a Terra é uma cópia do mundo espiritual, chamado no Antigo Testamento de firmamento. - Sendo belo o mundo espiritual, por que a Terra, uma réplica dele, não é tão bela? - Porque o homem a vem destruindo com seus atos de egoísmo. Voltamos a olhar a tela e nela vimos o "Paraíso", não o firmamento, mundo espiritual. Se fôssemos puros descreveríamos a sua beleza, com o homem vivendo no jardim divino. Enquanto isso, víamos a Chama divina crescendo pouco a pouco, uma semente simples ganhando a fertilidade da vida, passando pelos reinos da natureza e recebendo o livre arbítrio, esta faca de dois gumes. Sara perguntou: - Se o homem não retroage, como se torna mau? - Irmã, Deus nos criou cordeiros, com pelos branquinhos, mas fomos rolando pelos precipícios do mal e ficando escuros, por atos indignos cometidos. Ele deu vida a uma essência; o seu desenvolvimento é conquista própria. Somos uma fagulha divina que podemos comparar com as águas dos pequenos rios. Um dia chegaremos ao grande mar, porém antes já teremos passado por lugares cobertos de lodo. No futuro, a água suja limpar-se-á. Um dos colegas perguntou: - A Terra foi formada depois do "céu", firmamento, mundo espiritual? Antes da sua formação, Deus havia criado o Universo. Em algumas partes dele se dava o crescimento da vida. Contudo sua pergunta já foi anteriormente respondida, quando eu disse ser o firmamento a matriz da Terra. - Todos os espíritos que aqui vivem aqui foram criados? - Não. Muitos planetas foram habitados pelos espíritos expulsos do "Paraíso". Mas, para que os deportados pudessem possuir condição de vida, Deus, por bondade, não cessou de criar. Tudo na natureza tem vida, portanto, tudo se transforma. É a lei do progresso. Da planta que morre é retirado o fluido vital que será transportado para outro ponto onde continuará a seguir a lei da evolução. - Muitos espíritos que vivem hoje na Terra foram nela criados? - Sim. - E eles não viveram no "Paraíso"? - Sim. Mas, retornando ao nosso assunto, todos, quando morrem, voltam ao "firmamento", "céu", e alguns que aqui foram criados estão incorporados em planetas evoluídos. - Que maravilha! exclamei, de coração. Todos sorriram. Nesse momento a aula foi encerrada e pedindo licença, retiramo-nos. Perto de Sara, limpei com minhas mãos o seu braço. - O que aconteceu? perguntou-me. - Limpei o seu pêlo, meu cordeirinho sujo. - E eu, como posso limpar o seu com as mãos? Impossível! Samuel, rindo, acrescentou: - Sendo da Terra, ele vai é precisar de uma boa lixa de madeira. - E você, de onde é? Não me diga que não é da Terra! E como entrou no nosso espaço, já que tudo obedece a uma ação magnética? Samuel não respondeu. Eu ainda brinquei: - Você me parece diferente, um pouco verde..., um tanto esquisito... O irmão não se alterou, apenas sorriu. Envergonhado, pedi-lhe desculpas, pois ele não me conhecia e, portanto, deveria estar admirado com a minha brincadeira. Tratei logo de mudar de assunto. - Hoje eu nem queria parar, estou gostando demais das aulas e louco para conhecer Adão e Eva. Sempre tive curiosidade sobre isso. Eu não. Desejo apenas que eles nos mostrem o princípio da vida, a Chama Eterna, e como se dá a criação do períspirito - o Lourival foi quem disse isso. - É mesmo! - e anotei no meu caderno. Ia pedir a João e a Corina que nos dessem uma aula sobre a criação do espírito e do seu invólucro. Dirigi-me a Conrad: - Fico feliz, amigo, por reencontrá-lo. Graças à atração magnética hoje estamos juntos novamente. Ali ficamos, tirando as nossas conclusões e me vi diante da vida, motivo pelo qual agradeci a Deus pela "morte", remédio que cura e embeleza nossos espíritos. Capítulo Quatro. A VESTE DA CHAMA ETERNA. Retornamos à sala de aula. Sentia-me igualzinho aos meus primeiros tempos de colégio: curioso e feliz. Aguardava, ansiosamente, a chegada de João e Corina, nossos orientadores. Cada objeto era examinado por mim com imenso interesse. Afinal eles chegaram para reinicio de um belo aprendizado. Feita a prece, começou a aula. O Antigo Testamento era desfolhado à nossa frente e cada página lida projetava-se em uma imensa tela. Gênesis, Capítulo 2, versículo 18: Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-Ihe-ei uma auxiliar que lhe seja semelhante. E assim foi criada a mulher, companheira do homem. Fêmea e macho, um dos elementos para o progresso da Humanidade, Chamas Eternas, revestidas individualmente, mas de real valor para Deus. A Chama Eterna do homem é igual à da mulher, por isso, no âmago, não existe fragilidade feminina. Os dois foram criados por Deus, tendo sido a fêmea revestida de um períspirito mais delicado, dada a sua missão maternal. E pudemos perceber o períspirito do homem e também o da mulher, comunicando-se com a alma através do fluido vital e do sistema nervoso. Portanto, nada difere entre o homem e a mulher; ambos são espíritos a caminho da evolução. Muitos culpam Eva pelo pecado, dizendo ter sido ela quem comeu o fruto, tentando o homem, mas todos os dias as árvores são cobiçadas e os homens, por falta de evolução, sentem-se atraídos por todos os bens temporais. Daí ninguém estar apto a julgar frágil a mulher; tanto ela quanto o homem foram criados simples e ignorantes e preparados para penetrar no reino humano. Depois de passarem por vários reinos, receberam do Senhor a consciência, chegando, desse modo, à condição de espíritos prontos para entrarem no reino humano. Até aí o espírito está inocente. Já tendo abandonado seu invólucro animal, recobre-se dos fluidos que lhe comporão o invólucro chamado perispírito, portanto, veste da Chama divina. O períspirito do homem é composto do fluido universal, que é força etérea, instrumento de realização do seu progresso ou da sua queda, ao sair do estado intermediário, ou seja, antes de receber o diploma do livro arbítrio. Vamos comparar tudo isso com um estudante que estagia antes de se formar em uma das suas áreas de trabalho; o espírito é levado a vários mundos, para ter conhecimento do bem e do mal. (Mais tarde falaremos sobre isso). Agora, vamos tratar do momento em que o espírito ganha o períspirito, isto é, organiza a sua constituição fluídica, de acordo com o seu temperamento, pois mesmo sem usar ainda o livre arbítrio o espírito já tem tendências. E comparado a um estudante de medicina que já conhece a origem da doença, mas ainda não pode receitar, por não estar formado e não possuir diploma. No caso do espírito, o diploma é o livre arbítrio. Depois de ter recebido o livre arbítrio, ele é confiado a espíritos capacitados para auxiliarem no seu crescimento espiritual. Muitos deles se transviam, achando-se suficientemente capazes de caminhar sozinhos, logo são presas do orgulho e não acatam os conselhos dos ministros do Senhor. Esses espíritos presunçosos são então humanizados e, sob a opressão da carne, encarnam em mundos primitivos. O que não vem a ser o caso dos exilados que vieram para o Planeta Terra. Estes tiveram de receber os fluidos em harmonia com o mundo que eles deveriam habitar segundo os próprios graus de adiantamento. A partir do instante em que espíritos falidos precisaram vir para o Planeta, formado para abrigá-los, tiveram que aceitar as vestes adequadas aos primeiros humanos e as mais apropriadas foram semelhantes às dos macacos. Embora em uma veste bastante grosseira, não deixaram de ser espíritos humanos. No curso da encarnação esses fluidos foram mudando de natureza; é que a Terra ainda era primitiva, em fase de criação, e os espíritos que para aqui vieram precisaram de uma queda educativa. Terminada a aula, aproximei-me de Irmão João e de Corina. Eles me sorriram, por me conhecerem bem. - Irmãos, vimos que Deus cria incessantemente; todos os espíritos criados na Terra aqui ficarão? - Não. Como acabamos de narrar, os espíritos passam por vários reinos e só conhecerão os planetas de expiação se falirem. Eu não havia compreendido. Ele continuou: - Em qualquer mundo, fluídico ou não, existem os reinos mineral, vegetal e animal, portanto, tudo obedece à lei da natureza. No momento de receber o livre arbítrio, não importa onde viveu o espírito, importa o que ele acumulou de bom em si, e quais foram esses fluidos. Ainda outra pergunta? - Sim. E agradecido ficarei. 0 espírito só recebe o perispírito no momento do seu encontro com o livre arbítrio. Até aí eles andam nus? Se os animais não têm períspirito, como vivem no mundo espiritual? - Eles possuem uma veste que não se chama perispírito; ela é composta de outros fluidos, apropriados às suas necessidades, fluidos estes do reino a que pertencem. Eles não são humanizados, não se esqueça disso. Capítulo Cinco. SIMBOLISMO DE ADÃO E EVA. Após a bela aula, saímos para espairecer. - Amigo, você que já estudou a Bíblia, como se sente hoje, diante dessas revelações? - perguntei a Conrad. - No início me baratinava, mas agora me vejo mais seguro e procuro sair da letra. Os outros conversavam sobre a teoria da incrustação, referente à criação da Terra e Lourival nos fazia ver que o nosso Planeta é jovem e que recordávamos a sua formação quando Deus criou o céu e a terra. Ali ficamos ainda alguns momentos para logo retornarmos à sala de aula. A tela agora exibia a expulsão de Adão e Eva, para em seguida nos mostrar que os mundos progridem fisicamente pela elaboração da matéria e moralmente pela purificação dos espíritos, sendo esta a razão das mutações em sua população; que a Terra, que um dia recebeu os "anjos decaídos", logo que progredir moral e fisicamente, também terá de expulsar os falidos. Ao mesmo tempo que os maus partem, os bons chegam por merecimento. Portanto, o Planeta tende a involuir e ai do espírito que teima em permanecer no erro. Enfim, todos somos Adãos e Evas, pecando e sendo expulsos. Mantendo-nos fiéis a Deus, iremos para mundos evoluídos. A Gênesis nos mostra o princípio da vida na Terra, quando o ser para cá foi trazido e teve de sobreviver num mundo primitivo, a luta dos primeiros homens, a formação do nosso Planeta. - No início do nosso Planeta, Jesus a tudo controlava? indaguei. - Sim. Como Governador, pacientemente, tudo conduzia. - Gostaria, irmão, que falássemos mais sobre a formação do perispírito e a caída do ser. - Está certo. Outro dia abordaremos o assunto. Confesso que não compreendia direito onde o espírito culposo reencarnava, mas ali aprendi que era por toda parte do Universo. Todos os mundos estão aptos a receber a vida sob várias formas e graus evolutivos, sendo eles: 19 - rudimentares ou primitivos; 2° - mundos expiatórios; 39 - mundos regeneradores; 4° - mundos felizes; 59 - mundos celestes. - Viemos ou não de Adão e Eva? Não, Luiz. Eles são uma alegoria que simboliza as primeiras idades da História. No painel surgiram as figuras dos "anjos decaídos", o momento em que, atingidos pela culpa, eles se curvaram de vergonha, cobrindo o corpo, já que o erro aflorava através das suas atitudes. E o mundo onde habitavam tornou-se asfixiante, difícil de se viver. Na Gênesis, Capítulo III, versículo 24: E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida. O anjo pecador se viu coagido diante da pureza de outros espíritos e sentiu como se fosse prisioneiro, vendo na fisionomia pura dos querubins a lâmina cruel da espada da verdade. E assim o ar puro do mundo antes habitado foi ficando difícil de ser respirado, pesado, e Deus, bondoso, deu aos culposos oportunidade de remissão. E aí iniciou para Adão e Eva o encontro com a dor. Tiveram de sair do paraíso e entrar em um mundo primitivo. Mas existiram também outros adãos e outras evas e todos eles tiveram de enfrentar as consequências das suas fraquezas. O primeiro homicídio, a invigilância do homem para com o homem está na Gênesis, Capítulo 4, versículo 8: Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando eles no campo, sucedeu que investiu Caim contra Abel seu irmão e o matou. Aqui deparamo-nos com a doutrina reencarnatória. Diante de nós, as Escrituras colocaram a diferença de sentimentos: embora sendo Abel um ser que errou, um espírito falido, era menos mau que seu irmão. Ele deve ter falido não por ódio e sim por outra fraqueza. Quanto a Caim, era um espírito muito mais violento. Dois filhos nascidos dos mesmos pais, porém completamente diferentes. Um, irascível, outro, manso, provando que "o que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito", que o corpo que serve à encarnação é composto pelos elementos do próprio planeta; que o espírito criado por Deus é dono de si mesmo, com tendências adquiridas pela liberdade concedida pelo Pai e muitas vezes não aproveitada. Gênesis, Capítulo 4, versículo 17: E coabitou Caim com sua mulher; ela concebeu e deu à luz Enoque, o nome de seu filho. Aqui está a prova de que não foram só Adão e Eva os expulsos, caso contrário, quem teria gerado a mulher de Caim? Portanto, os primeiros habitantes da Terra foram "anjos decaídos", homens que abusaram do livre-arbítrio e foram expulsos do Paraíso. Gênesis, Capítulo 6, versículo 13: Então disse Deus a Noé: O fim de toda carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os farei perecer juntamente com a terra . Até este momento a Terra vinha lutando pelo seu progresso. Sabemos que logo que um mundo alcança um dos seus períodos de transformação, que o faz alcançar uma outra hierarquia, operam-se mutações em sua população encarnada e desencarnada. Dá-se, então, a separação do joio e do trigo. 0 dilúvio foi um vestibular imprescindível, onde se processaram as necessárias migrações. Em épocas precisas as transformações são indispensáveis e irão ocorrer sempre. Com Abel e Caim nos defrontamos com a imperfeição humana. E ainda hoje a Chama Eterna, que é o Espírito, se vê diante da oportunidade e continua a não se importar com a evolução. Caim mata Abel e assim encontramos na Gênesis a luta do homem. 0 simbolismo da Bíblia é necessário e se formos acompanhando a sua leitura, capítulo por capítulo, encontraremos muito ensinamento, tais como o crescimento da Chama divina, a luta do Espírito na carne, do homem com ele mesmo. A Gênesis mostra a escalada do homem encarnado, a justiça de Deus, colocada de maneira muitas vezes confundida coma ira. Vamos ao Capítulo 11, versículo 1 da Gênesis: Ora, em toda terra havia apenas uma linguagem e uma maneira de falar. O versículo 6: E disse: Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto e só o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer. Naquele tempo, a linguagem era universal e as cidades iam surgindo. Estava o homem começando a dominar a terra. Logo adiante no versículo 7: Vinde, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem do outro. Aqui começou a separação do homem, pois sem diálogo não existe fraternidade. O ser humano desejou a separação e confeccionou bandeiras que mais tarde iriam levá-lo à guerra. Os anjos caídos iam, paulatinamente, uns se levantando, outros, de acordo com suas tendências, reiniciando os erros pretéritos. A Bíblia nos mostra a participação dos ministros de Deus, chamados de anjos pelos homens da época. Lendo as Escrituras, vamos conhecendo a alma encarnada; a fé que, de uma maneira cega, a leva a uma atitude muito dura para com o seu próximo. Vimos passar diante de nossos olhos toda a história bíblica, e apavorados com Sodoma e Gomorra, lembramos nosso livro Consciência, onde nos defrontamos com episódios idênticos. O homossexualismo era um fato rotineiro. As cenas foram desaparecendo e os instrutores deram por finda a aula. Aproximei-me de Corina e João e lhes agradeci, não sem antes lhes fazer uma pergunta: - O homem, no início do Planeta, vivia livre, dono da terra que escolhesse. Depois, foi ora tomando a do outro através de brigas ora mudando por conta própria. Essa é a causa da diversidade de raças? - Sob climas diferentes formaram-se novos tipos, mas da mesma espécie. Cada região do Planeta possui fluidos próprios do local, o que faz diferir as aparências: pretos, pardos, morenos, brancos, etc. - Sendo assim, somos todos irmãos, filhos de Deus, Chamas Eternas, lutando para brilhar, mesmo ainda debaixo do alqueire chamado matéria. - Sim, meu amigo, somos eternos discípulos e oremos ao Senhor para chegarmos um dia à Pátria eterna, onde a matéria não vai mais nos aprisionar. O homem é um pássaro cujas asas chamadas perfeição ainda não sabe usar, mas chegará o dia em que, cansado de ser podado pela reencarnação, que é o nascer e morrer, ele, ciente da verdade, com ela ficará, livrando-se da "morte", que são as nossas imperfeições. Luiz, notamos que vocês prestam muita atenção às aulas. Logo iniciaremos a parte prática, quando então estaremos ao lado do homem, observando o que ele está a fazer com a sua grande oportunidade: a vida. - Mas vamos parar com os estudos da Bíblia? - Não, sempre voltaremos aqui. Porém teremos de estudar a vida dos "anjos decaídos" e tentar compará-los. Fitei meus amigos e dei graças por ter sido criado um dia por Deus, o Rei do Universo, compreendendo o quanto preciso agradecer-Lhe. Graças a Ele jamais morrerei. Ele é a chama do amor que me faz eterno. Amo-Vos, meu Deus, e Vos agradeço em nome de todos aqueles que tanto precisam da Vossa bondade. Esperai por nós. Um dia chegaremos ao cume da montanha, sem cansaço. Cientes de que nos criastes simples e inocentes, tentaremos tornar-nos bons. Obrigado, Senhor. Nós Vos amamos. Livro Chama Eterna. Abraço. Davi.

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