Astrologia.
Texto de Emma Costet de Mascheville (1903-1980). Outra teoria é a de que, para
ajustar a Astrologia à precessão dos equinócios, é preciso mudar os signos.
ÁRIES não é mais ÁRIES e hoje é PEIXES. Isso, no entender, é impossível, pois
seria o mesmo que declarar que a cabeça do homem agora está nos pés (A menção
da cabeça e pés refere-se à analogia entre os signos do Zodíaco e os órgãos e
funções do corpo humano). ÁRIES correspondendo a cabeça, TOURO ao pescoço e
ombros. GÊMEOS aos braços e pulmões. CÂNCER ao estômago, útero e seios. LEÃO ao
coração, VIRGEM ao intestino, LIBRA aos rins, ESCORPIÃO aos órgãos genitais.
SAGITÁRIO às coxas e ao fígado. CAPRICÓRNIO ao esqueleto e ao joelho. AQUÁRIO
ao sistema circulatório e à panturrilha. PEIXES aos pés. Mas esta explicação
pertence a outro trabalho, em que estudaremos as transformações que se dão a
cada 2.60 anos (um mês cósmico), em especial o mês cósmico que agora está
começando, chamado “Era de AQUÁRIO”. (A cronologia das Eras Astrológicas é
medida pelo fenômeno da precessão dos equinócios, que consiste no deslocamento
do ponto vernal – intercessão entre a órbita aparente do Sol, ou eclíptica, e o
Equador celeste – para trás, na ordem inversa dos signos. Formama-se assim dois
Zodíacos: um Zodíaco dos signos, que começa sempre no ponto vernal, e o Zodíaco
das constelações, que começa na primeira estrela da constelação de ÁRIES. O signo que estiver onde está o ponto vernal
– ou seja, no começo da constelação de ÁRIES – marca a Era Astrológica daquele.
Agora o ponto vernal está mais ou menos no sexto grau da constelação de PEIXES,
e por isto é que se diz que estamos no fim da Era de PEIXES). A lei básica e
imutável Universal está no fato de que a luz manifesta-se nos doze campos
vibratórios, originados pelas três cores ou princípios básicos, presentes no
Sol, na Terra e no homem. Pela compreensão das diferentes combinações entre os
campos vibratórios esclarecem-se todas essas mudanças – que as hipóteses acima
descritas procuram explicar – e além disso se mostra que tudo é originado pela
luz, e a fonte uma de vida. LUZ E SOMBRA. O Zodíaco é um encadeamento, uma
engrenagem de energias, manifestação da vida Universal. Não podemos negar que a
vida existe embora não a enxerguemos; negar o Zodíaco matemático seria negar a
existência da vida Universal. Há no ser humano uma revolta contra a ideia de
que as forças maiores atuam sobre ele, condicionando sua vida em determinado
sentido, e com razão, pois no período em que o homem ainda não compreendia a
unidade existente entre o Criador, Criação e criatura, ele tinha de explicar
suas alegrias e sofrimentos culpando um destes três aspectos. Mas chegamos
agora a uma era de consciência cósmica e sabemos que o átomo é um sistema solar
em miniatura; e o homem, um Universo dentro do Universo. Certa vez, ao escrever
as virtudes de cada signo, dispondo-as no círculo do Zodíaco em lugar dos
símbolos e hieróglifos, compreendi que as virtudes de um dependem das virtudes
do seu oposto. Desde então tenho uma nova forma de compreender e explicar os
signos zodiacais, segundo a bipolaridade de LUZ e SOMBRA. Quando dizemos que o
Sol está no signo de ÁRIES, é porque a Terra está transitando no que chamaram
de LIBRA ou BALANÇA. ÁRIES, primeiro signo, significa a força criadora que
parte do início da energia. É simbolizado no CARNEIRO, porque esta força parte
do nosso cérebro, assim como o CARNEIRO usa a cabeça para derrubar os
obstáculos. A Terra, projetando sua sombra, interrompe a vibração que foi
iluminada pelo Sol, assim como o ser humano, ao nascer no Universo visível,
divide as energias numa dualidade de LUZ e SOMBRA. ÁRIES significa energia, ação, o “eu sou”, a
independência do homem. BALANÇA significa harmonia, o medir, o “tu es”, a
cooperação da humanidade. Se uma criança nasce com o Sol em ÁRIES, terá a
sombra na BALANÇA, e pelo fato de uma vibração ser iluminada sem ter a outra em
equilíbrio, surge o que chamamos “defeito. Ou seja: A de ÁRIES sem a harmonia
da BALANÇA provoca a violência e a impaciência. O agir sem medir as
consequências causa as lutas e os fracassos. A independência sem o sentido de
coletividade causa o egoísmo. Da mesma forma, o medir, sem agir, é vacilar.
Considerar os outros, sem impor os próprios direitos, torna o indivíduo um
fraco. Os defeitos e as lutas, por consequência, não vêm dos signos, mas da
ignorância das energias que estão na sombra. LUZ e SOMBRA não quer dizer “bem e
mal”, mas somente ação e repouso. A chave da sabedoria na vida é, pois,
conscientizar-se das forças que estão na SOMBRA, passivas no subconsciente.
Peço aos alunos que meditem sobre a sabedoria com que os antigos chamaram o
primeiro eixo zodiacal de ÁRIES – LIBRA (BALANÇA): A verdade da minha cabeça
depende do Direito da tua cabeça. A cabeça – as cabeças. O homem – a
humanidade. A GOTA D’ÁGUA. Já repeti milhares de vezes a explicação da “gota
d’água” para pessoas que queriam saber algo por meio da Astrologia. Faço sempre
o mesmo desenho para cada um, pois nele está a síntese de tudo o que precisamos
saber da nossa vida. Mesmo sem termos outros conhecimentos de Astrologia, ele
nos permite ajudar aos outros e a nós mesmo. Seria bom se as mães tivessem
conhecimento disso, para conscientizarem-se de sua vida e da de seus filhos; e
os casais também, pois poderiam conhecer melhor um ao outro, e amando-se,
aprenderiam desde o início a compreender-se mutuamente. Cada educador teria
muito menos problemas se conhecesse a essência da vida no ser humano que
pretende educar. Imaginem o Universo como um círculo em nosso redor. Um oceano
que divide o Universo em duas partes, visíveis e invisíveis. Além de uma gota
d’água que chega à superfície, saltando para fora do oceano, espelhando-se nela
todo o Universo visível. A criança, ao nascer, é como a gota d’água. Na sua
primeira respiração imprimem-se nela todas as vibrações e fluidos
eletromagnéticos da metade do Universo. Assim como a luz imprime-se numa chapa
fotográfica, no instante em que ela se abre para a luz, e esta parte impressa e
fixada é o nosso consciente. Entretanto, a Terra e o oceano não dividem nada,
eles são em relação ao Universo somente uma gotinha: visível e invisível estão
nela inseparáveis numa mesma forma. Manifesta-se então a parte invisível
Universal como o nosso subconsciente. A partir desta compreensão a frase da
Bíblia em Gênesis 1,26 “E disse Deus: Façamos o homem a nossa imagem, conforme
a nossa semelhança (...)” – toma outro sentido para nós, e não imaginamos mais
Deus como um ser parecido ao homem. Como o átomo é um sistema solar em miniatura,
o homem é o Universo, a criação, e por consequência o Criador em miniatura,
porém dividido em dois: visível e invisível, LUZ e SOMBRA, ativo e passivo,
consciente e subconsciente. A base fundamental dessa divisão é a linha do
horizonte, num eixo que divide o todo em duas partes. Este eixo básico,
dividido em dois raios, penetra no consciente no sentido ascendente, e o outro
se recolhe no subconsciente no sentido oposto, descendente. Consciente –
Nascimento diurno – Sol brilhando. Subconsciente – Nascimento Noturno – Sol
escondido. Compreende-se, então, que não se pode fazer horóscopo sem o
conhecimento da hora de nascimento e da posição geográfica, pois estes
elementos é que vão determinar a natureza desse eixo fundamental. Duas
crianças, nascidas no mesmo instante, mas em lugares diferentes, já não têm os
mesmos horóscopos, porque o horizonte e o céu são diferentes, como diferentes
serão as suas lutas, seu crescimento e seu amadurecimento. O CRESCER DA VIDA.
Comparem o Universo a uma usina de eletricidade. Ela fornece para a sua casa
luz e força? Geralmente me respodem: Sim! Mas eu respondo: não! A usina somente
fornece os dois fios das duas correntes. A luz e a força dependem da minha
instalação! Nesta resposta está toda a sabedoria da interpretação astrológica.
Não é o Universo ou a fonte de vida a origem dos meus curto circuitos e
tempestades, como na Antiguidade pensaram. Não há erros, culpas, desgraças nem
doenças ocasionadas pelas forças externas, somente pela minha ignorância de
como instalar a luz. É a vida, com suas tempestades e curto circuitos, que me
faz crescer e aprender a chegar: Da fúria ao amor. Da ignorância à sabedoria.
Da agitação ao equilíbrio. Da sombra à luz, irradiando o que me foi dado em
forma de energia bipolar, emanando luz. Perguntaram a Charles De Gaulle
(1890-1970) se o homem iria realmente à Lua. Sua resposta foi: “Não há dúvida
de que o homem irá ao espaço externo, mas muito mais difícil é a sua viagem ao
espaço interno, que sem dúvida ele também fará”. O homem, na entrada de uma era
da consciência cósmica, à medida que se levanta e penetra no cosmo, está ao
mesmo tempo entrando no caminho do “Conhece-te a ti mesmo”. A Astrologia, nesta
nova forma de explicar o funcionamento dinâmico da bipolaridade em nós,
facilita a eliminação de nossa ignorância a respeito de nós mesmo. O primeiro é
o que recebe a energia em forma de duas correntes completamente afastadas uma
da outra. Ele anda na escuridão e à medida que os dois polos aproximam-se cada
vez mais encontrará choques, mas no fim da vida ele conseguirá transformar-se.
Se tinha ÁRIES ativo e BALANÇA passivo, provavelmente foi violento e
impaciente, mas no fim da vida irá tornar-se uma pessoa bondosa. Se ativo foi a
BALANÇA, ele irá tornar-se, no fim da vida, uma pessoa enérgica, porque
reconhecerá que errou muitas vezes por não ter imposto sua personalidade e sua
energia. Um não nasceu violento, e o outro não nasceu fraco. Eles nasceram com
as energias divididas, e tiveram de encontrar o equilíbrio e a paz através das
lições da vida. Chamamos este estado de inconsciente. Sendo consciente e
subconsciente completamente divididos, esse homem só encontra a compreensão da
sua vida na última respiração. Como um sonho que passa na fração de segundos em
que alguém bate a nossa porta, no último momento de vida ele chega ao porquê de
tudo e encontra sua iluminação. Nisso se baseiam o confessionário e absolvição.
Ao reconhecermos uma culpa ou um erro, a lição da vida foi dada, e a culpa é
eliminada. Na psicanálise, saber o porquê da dor faz com que ela desapareça, e
traz o equilíbrio. O segundo é aquele que recebeu as duas correntes tão
próximas, que está sempre em curto circuito. Quando seu consciente quer algo,
seu subconsciente solicita o contrário. Mas este poderá aprender mais rápido, pois
terá a todo momento lições de vida. A este nós chamamos inquieto. Ao terceiro,
chamamos desperto, porque, ao ligar-se a luz, a instalação já estava pronta.
Sua luta é para saber manter e respeitar as leis da eletricidade. Por último, o
iluminado. Como exemplo podemos mencionar o nascimento de Jesus. À meia noite o
Sol iluminou o subconsciente e a estrela – cometa ou conjunção de planetas – o
consciente, dando-lhe a consciência da energia cósmica. Nele não havia sombra.
Ele era a encarnação da força criadora sem divisão. Os magos – astrônomos e
astrólogos – foram ao local do nascimento de Jesus como hoje a astronomia
dirige-se para a pesquisa e a observação dos fenômenos em busca da compreensão
da luz uma. O crescer da vida e sua conscientização, não somente na vida
humana, mas em todas as formas de vida do indivíduo e da coletividade, passa
por sete etapas ou situações: I. CONSCIÊNCIA. II. AUTO REALIZAÇÃO. III.
AMADURECIMENTO. IV. BUSCA. V. INCONSCIENTE. VI. INQUIETO. VII. DESPERTADO.
VIII. ILUMINADO. Ao nascer, a criança penetra no Universo visível recebendo
como base os polos ativos e passivos em equilíbrio. A prova é que, ao entrar no
primeiro banho, ela se agarra, tendo consciência do perigo da vida. Mais tarde
ela perde essa noção. Se queremos dar a uma criança um alimento que não
corresponde a sua idade, ela o rejeita. Mais tarde, será capaz de engolir o
pior veneno sem se dar conta. Se chamamos uma criança mostrando um doce numa
mão e na outra uma agulha de injeção, ou se fingimos amabilidades quando na
verdade não a amamos, ela não virá ao nosso encontro. Ela ainda é iluminada
pela vida e tem noção do iluminado, sentindo o que passa no nosso íntimo,
porque o consciente e o subconsciente ainda não se dividiram, os polos ativos e
passivos ainda estão em harmonia. A medida que desperta para a vida, tomando
conta do seu corpo, da sua casa com a instalação feita, ela começa a
desenvolver seus cinco sentidos que captam o visível, e desliga os que captam o
invisível. O DESPERTO. Tenho feito milhares de estudos e hoje vejo os
horóscopos dos bisnetos das bisavós que estudei no passado. O que mais me
entusiasma e comove é este maravilhoso relógio Universal que nos faz
compreender as leis da hereditariedade. Hoje posso afirmar algo que caberá a
vocês confirmar e levar mais adiante: se hoje a Lua está num signo, os genes
que correspondem a este biótipo são os mais fortes, fecundando as famílias em
que existem esses genes. Se há concepção, desenvolve-se no corpo materno o
corpo físico da criança com os caracteres hereditários daquele biótipo
fecundado pela Lua. Nove meses depois ela nasce, na hora em que o signo
corresponde a esta herança genética levanta-se no horizonte. Ao nascer, essa
forma física penetra no visível e na consciência humana. Á medida que a criança
desenvolve o uso dos cinco sentidos, as suas qualidades sobem ao consciente –
ascendente, ativo – e os sentidos que captam o invisível recolhem-se ao
subconsciente – descendente, passivo. No princípio da vida estes ainda estão
equilibrados. Dessa forma o eixo fundamental irá transformar-se em dois raios,
ativos e passivo. E desta divisão desenvolve-se o estado inquieto. O INQUIETO.
Este estado nasce dos repetidos choques entre as duas energias, e às vezes se
notam mais na criança as energias do signo oposto ao seu Ascendente, porque ela
luta para não perder o equilíbrio. Mas a lei da vida é esta: a criança nascida
com ÁRIES no Ascendente nunca chegará a ser um líder capaz de impor a sua
personalidade, sua independência e suas energias criadoras, se sempre tiver de
perguntar o que querem os outros ou como deve agir. Sua energia de ÁRIIES
manifesta-se então em um comportamento impaciente, voluntarioso ou egoísta. Os
defeitos, ou o que chamamos erros, não são originados pelos signos, mas
unicamente pelo crescer da vida e pelo desligamento aparente dos signos
opostos. Quando os dois opostos desligarem-se completamente, passaremos, do
estado INQUIETO, ao estado inconsciente. O INCONSCIENTE. Todos nós passamos por
este estado das trevas. Então não sabemos de todas as energias cósmicas que
estão em nós, e assim surgem as lutas, os sofrimentos e os erros. Mas não há
erro, pecado ou desgraça. Há somente as aulas da vida que nos despertam para a
busca da luz, que é o estado inquieto da vida, para chegarmos ao AMADURECIMENTO
e ao DESPERTAR das energias latentes, alcançando a AUTORREALIZAÇÃO e a
CONSCIÊNCIA de nós mesmo. Com cada curto circuito temos um relâmpago, um
vislumbre dessa luz, e aos poucos chegamos a compreender este mecanismo das
energias ocultas em nós. Posso aprender a servir-me de uma instalação elétrica
através das lições dadas pelos choques, e chegar a consertar meu ferro elétrico
sem precisar do eletricista. Mas pelo conhecimento da eletricidade poderei
instalar a luz com muito mais rapidez e sem tanta dor. Este é o valor da
Astrologia: ENSINAR-NOS a fazer uso das energias cósmicas bipolares em nós e em
todo o Universo. MOSTRA-NOS que não adianta previsão, nem aviso, nem profecia,
se cada ser não se conscientizar de si mesmo. AFIRMA-NOS que o homem, para alcançar
o espaço externo, precisa em primeiro lugar conhecer o espaço interno. Tomem o
exemplo da planta: o ser humano é uma semente cósmica, sua primeira respiração
é a sua semeadura. Esta semente tem de dar um fruto, mas o erro é querer saber do fruto antes de saber que espécie de
semente ela é. Para dar este fruto, a semente tem de ser lançada à Terra fria.
Tem de bipartir-se para poder liberar a energia e a força nela existente.
Depois germina e aparentemente apodrece para realizar a assimilação, e em seguida
crescer, florescer, amadurecer, e enfim dar o fruto. Mas sem passar pelo estado
nº 1, aparentemente apodrecendo e estragando, sem passar pelo estado nº 3, com
toda a sua amargura e acidez, nunca chegará à doçura do nº4. Então há dois
estudos a fazer: 1. A VIDA no homem. 2. O HOMEM na vida. Na psicologia,
começamos geralmente pelo nº 2, pela observação do homem na vida, segundo a sua
manifestação e assimilação. Na Astrologia, começamos o estudo pelo nº 1, a vida
no homem, a semente da energia cósmica nele e o fruto que poderá dar.
Compreendemos então que todos os eventos bipartidos, azedos e amargos fazem
parte desse crescimento, e que pelo conhecimento podemos eliminar e amenizar a
dor do crescer. O homem é o mecanismo que faz um instante cósmico não se
desvanecer, eternizando-se, girando, irradiando nova luz. E então,
compreendemos plenamente o Apóstolo Paulo, quando afirma na Carta aos
Colossenses 1,16 “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e
na Terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam
principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele”. Livro Luz e
Sombra – Elementos Básicos de Astrologia. Abraço. Davi.
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