Astrologia.
Texto de Emma Costet de Mascheville (1903-1980). Desde sua infância, o homem
levantou os olhos ao firmamento em busca de uma razão para suas alegrias e sofrimentos.
A observação das relações entre os fenômenos siderais e suas próprias emoções
fez com que ele criasse seus deuses, bons e maus. Destas observações nasceram a
Astronomia e a Astrologia. Ambas devem ter evoluído paralelamente e adotam a
mesma simbologia para os planetas e constelações. Esta simbologia revela-nos um
profundo conhecimento psicológico dos efeitos dos fenômenos siderais na vida
humana. A Astronomia é a anatomia do céu, a Astrologia é a fisiologia do céu.
Observando os corpos celestes separadamente e relacionando-os a deuses bons e
maus, causadores de alegrias e sofrimentos, os antigos consideraram as
influências cósmicas como forças que agiam de fora para dentro, isto é, do céu
sobre a Terra e o home. Mas, ao perceber as leis imutáveis e a suprema
inteligência que regem o Universo, o homem chegou à compreensão de um Deus
único. Assim, a Astrologia, expressa em deuses bons e maus, caiu na descrença,
sendo desvirtuada, combatida e encarada como superstição. Atualmente, com o
desenvolvimento da ciência, nasce da antiga Astrologia um novo estudo e
pesquisa, que chamamos Astrodinamismo: o estudo das vibrações cósmicas nos
fenômenos terrestres e na vida humana. Estamos diante de uma nova era em que,
pelo despertar da consciência cósmica, o homem evolui de uma fé passiva para
uma fé positiva, e da Astrologia de ontem chegamos, através da observação
astrodinâmica, à Astrosofia: o estudo da criação, que nos leva a
conscientizar-nos do Criador. CRIADOR, CRIAÇÃO, CRIATURA. Todo mecanismo tem
dois aspectos: o da sua aparência e o da sua finalidade. Mas estes dois
aspectos são inseparáveis de um terceiro: a inteligência do inventor do
mecanismo. Existem, pois: CRIADOR = DEUS. CRIAÇÃO OU NATUREZA. CRIATURA =
HOMEM. Para explicar seus sofrimentos, o homem sempre considerou dois desses
aspectos, culpando o terceiro: O homem e a natureza são bons: os deuses são
culpados. O homem e Deus são bons: a natureza é falha e tende à ruina. O homem
e a natureza são bons: Deus não existe. Hoje compreendemos que, se o mecanismo
ou a obra são falhos, há também falha na inteligência do inventor. Então,
estudamos a Astrologia, o Astrodinamismo e a Astrosofia neste sentido: partimos
do princípio de que Criador, criatura e criação são inseparáveis, seguindo
sempre leis imutáveis que se entrelaçam. À medida que se aprofundarem neste
estudo, vocês verão que não existem nem a perfeição nem a imperfeição; somente
o perfeito aperfeiçoamento, que é a evolução segundo leis de uma perfeita
inteligência suprema. BENÉFICO OU MALÉFICO?
A primeira condição (talvez a única) que exijo dos meus alunos é: se
querem aproveitar este estudo, tirem da cabeça todos os preconceitos sobre
planetas “benéficos” ou “maléficos”, sobre signos “bons” e “ruins”. O que
devemos considerar é: sabedoria ou ignorância. E para combater a ignorância,
estudamos a maravilhosa sabedoria e a harmonia que existem sob a aparente
dissonância universal. Por isso, a condição para este estudo é não falar mal de
ninguém, seja de signo, de planeta ou de pessoa, e se não puderem evita-lo, não
o façam sem compreensão e amor. Amor que compreende que do erro vem o
sofrimento e que não há evolução sem a experiência do sofrimento. A crítica
deve ser feita com amor Universal. LUZ, ESTRELA, ESPECTRO. A “luz” ou princípio
criador, diminuindo sua velocidade vibratória, divide-se em positivo e
negativo, matéria e energia. Ambos esses aspectos, embora distintos, são
inseparáveis e têm a finalidade de reunir-se novamente, criando uma nova luz. A
luz divide-se em três cores básicas: vermelho, azul e amarelo, formando um
triângulo das energias criadoras, que chamamos Tri unidade da Luz, e que as
religiões transmitiram-nos sob o símbolo da Divina trindade. (O termo “luz” é
usado pela autora, indistintamente, ora como sinônimo do princípio criador, no
sentido metafísico, ora para indicar o fenômeno físico da luz. Essa indistinção
é proposital, pois uma tese básica do pensamento da autora, como os leitores
verão adiante, é que os sucessivos desdobramentos, ou manifestações, do
princípio criador, seguem a estrutura do espectro das cores, ou seja, do
Zodíaco). Mas não há irradiação sem que os raios de luz reflitam-se no sentido
oposto: Na Astrologia, as três cores básicas irradiadas são chamadas signos de
fogo, e as refletidas, signos de ar. Temos então o velho símbolo da estrela
entrelaçada, formado pelos dois triângulos das três vibrações básicas: Entre
uma vibração irradiada e uma refletida formam-se cores compostas; entre o
vermelho e o amarelo formam-se o laranja; entre o amarelo e o azul, o verde;
entre o azul e o vermelho, lilás. Embora o fenômeno da precessão dos equinócios
impeça a comprovação astronômica da existência dos signos, podemos comprová-la
na prática astrológica. Cinquenta anos de estudo e observação levaram-me a
concluir que o fenômeno astrológico não é originado no Zodíaco Sideral. Isto é,
nas constelações e em sua “influência” sobre a Terra ou o homem. Ele é a vida
Universal existente em toda forma vivente – concreta ou abstrata – e uma em sua
essência. Para facilitar o estudo da Astrologia, aconselho meus alunos a
iniciarem por onde terminei, compreendendo que: 1. Vida é luz que se irradia de
tudo o que é existente, seja concreto ou abstrato, pedra ou célula, aglomeração
de pedras ou de células, planeta ou homem, palavras ou pensamentos, obras ou
conhecimentos. 2. Onde há vida, há irradiação, formando uma esfera energética
em redor, que atrai e impele. 3. Esta esfera, sendo originada pela luz, é vida
interna e forma o espectro. 4. Sendo este espectro igual em todas as formas, ele
prova que a essência da vida é uma. 5. A Astrologia constata que o espectro é o
mesmo em redor do Sol, da Terra e do homem. Este conhecimento antiguíssimo
confirma o que hoje a biologia (no campo da biofísica) afirma sobre o
biomagnetismo – que a frequência eletromagnética em redor do Sol, da Terra e do
homem é idêntica. 6. Desta maneira está exposto, em termos científicos, o que
na religião chama-se a onipresença ou o princípio vital único que anima o
Universo. CONSTELAÇÕES, SIGNOS, CASAS. Onde há vida, há eletro magnetismo, e, em
consequência, vibrações que irradiam e atraem. Seja o Sol, planeta, pedra,
célula ou homem, esta irradiação, esta manifestação de vida, da luz interna,
sempre existe. Foi isso que entusiasmou Madame Curie (1867-1934), embora poucos
saibam, fez parte do movimento espiritualista francês, e em seus estudos sobre
a radioatividade estava interessada tanto no aspecto físico do fenômeno quanto
em seu significado metafísico), quando descobriu a irradiação luminosa da vida
de uma pedra. A fé e a convicção de encontrar a prova de existência da luz
interna deram-lhe forças para sua laboriosa pesquisa. Ela abriu, com o
sacrifício de sua vida, as portas para uma nova era da ciência e da consciência
cósmica. Onde há um ponto, há um círculo em redor – não somente em redor da
pedra ou de um globo, mas também em redor de uma ação ou palavra que, sendo
emanadas pela vida humana, têm vida. Este é o fato que possibilita fazer o
estudo de uma criação mental e de uma ideia. Imaginem, então, três pontos em forma
de globos: Sol, Terra e o homem, irradiando luz. Do Sol, em direção ao
firmamento, irradia-se o chamado Zodíaco Sideral, que deu origem aos nomes das
constelações. Da Terra, a mesma vida irradia-se em forma de uma esfera
bioenergética, formando campos que deram origem ao que chamamos zodíaco
matemático ou signos. No homem, este campo de sensibilidade denomina-se casas.
Estas casas, ou “campos”, dão origem ao que chamamos horóscopo, pois suas
variações dependem da rotação da Terra nas vinte e quatro horas do dia. Os
signos que circundam a Terra dependem do movimento de translação e dos meses do
ano. O que os signos são para a Terra, as constelações são para o Sol: são
símbolos do espectro do Sol, irradiando de dentro para fora em direção ao
espaço. E variando, em relação a Terra, de acordo com o fenômeno chamado
precessão dos equinócios. Imaginem então três espectros em forma de holofotes,
conforme a figura seguinte, que se movem em ritmos diferentes: Rotação – o
homem, pelo movimento da Terra, gira em redor de si mesmo (O ciclo de 24 horas,
que assinala o percurso do Sol pelas doze “casas”, funciona, na Astrologia,
como um símbolo do caráter cíclico da vida humana). Translação – a Terra
movendo-se em torno do Sol. Nutação (ligeira inclinação do eixo de rotação da
Terra) – um movimento semelhante ao rodopiar de um pião, originado pela atração
do Sol e da Lua, e ligado a modificações na inclinação do eixo terrestre, que
obedece a um ciclo de 25.920 anos. Este fenômeno é chamado precessão dos
equinócios, ou o Grande Ano de Platão. Pela estrela dos triângulos
entrelaçados, compreendemos que se trata da vida manifestada pela divisão da
luz em três cores, irradiando, refletindo e infiltrando-se numa manifestação de
doze campos vibratórios. Eles existem e vibram de dentro para fora ao redor do
homem, da Terra e do Sol, infiltrando-se de fora para dentro num infinito de
diferentes tonalidades vibratórias. A Psicodinâmica das cores reconheceu
cientificamente a influência das cores sobre a emoção e a sensibilidade humanas,
o mesmo ocorrendo na Astrologia. Cada vibração dos doze campos do espectro
causa uma reação específica, que mais adiante explicaremos. Tal qual uma
criança, a espécie humana tinha, em sua infância, a sensibilidade mais
consciente, criando nomes, símbolos e ideografias, conforme observava a atuação
dessas energias sobre a Terra e sua vida. A Astrologia era para os antigos o
que hoje para nós é a Psicologia, razão pela qual muitos a chamam, atualmente,
de Cosmopsicologia. Para dar conta das mudanças provocadas pela precessão dos
equinócios, surgiram várias teorias novas. Por exemplo: colocar dois novos
signos, a Baleia e a Serpente, com suas influências “felizes” e “nefastas”. Não
discuto, mas não acredito. Em Astrologia não se pode acreditar, mas somente
observar. Entretanto, parece-me que, na compreensão do espectro da vida no
nosso sistema solar, encontra-se explicação mais adequada para o fenômeno
astrológico do que na teoria da influência das constelações. Há também a teoria
da inversão do Zodíaco, sob a hipótese de que o Zodíaco é um “sensitivo
atmosférico”, ocasionado pelo clima, relacionando-se, ÁRIES com a primavera e
PEIXES com o degelo. Os autores dessa teoria consideram também que os signos do
Hemisfério Sul são opostos aos signos do Hemisfério Norte. Estudei e pesquisei
milhares de casos e não encontrei essas diferenças. A Terra deve ser
considerada uma unidade, e se a teoria de que o Zodíaco é um sensitivo
atmosférico está certa, eu pergunto: Como será então para os que nascem no
Equador e nos Polos? Livro Luz e Sombra – Elementos Básicos de Astrologia.
Abraço. Davi.
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