Budismo.
CONCLUSÃO. Capítulo Um. OS TRÊS ASPECTOS DO BUDHA. Quando o Senhor Budha entrou
no nirvana, os discípulos se reuniram em concílio para resolver o que deveria
ser feito para manter-se pura a doutrina e não corrompe-la com heresias. Upali,
levantando-se, disse: Nosso insigne Mestre costumava dizer: Ó discípulos!
Depois de minha morte, respeitem a lei e obedeçam a ela, e que ela seja o
Mestre de vocês. A lei é a lâmpada que brilha nas trevas para iluminar o
caminho. Também é uma valiosa joia para cuja aquisição não se deve poupar
esforço algum, mesmo que seja com o sacrifício da própria vida. Obedeçam à lei
que eu revelei a vocês, e respeitem-na escrupulosamente como a mim próprio.
Essas foram as palavras do Senhor Budha. E nessa lei que ele nos legou como
riquíssima herança, temos agora o corpo visível do Tathágata. Devemos respeitá-la
como sagrada, porque de nada servirá edificar pagodes (torres com múltiplas
beiradas. Muitos foram construídos para fins religiosos) para as relíquias se
não conservarmos o espírito dos ensinamentos do Mestre. Em seguida, Anurudha
levantou-se e disse: Irmãos, devemos fixar bem em nossa mente a ideia de que
Gautama Sidarta era a forma visível da Verdade. O excelso Sakiamuni é a
encarnação da Verdade que nos ensinou, dizendo que a Verdade existia antes de
ele vir ao mundo, e continuaria a existir depois que ele entrasse no nirvana. A
Verdade está presente em todas as partes. É eterna. Devemos fixar bem em nossa
mente que o Senhor Budha não nos ensinou uma lei circunstancial e subalterna,
daquelas que prescrevem quando o tempo altera as circunstâncias em que foram
promulgadas, mas a lei imutável e eterna. A Verdade não é arbitrária nem filha
das opiniões dos homens, mas pode estar oculta, e será encontrada por quem a
buscar com ardor. A Verdade está oculta para o cego de entendimento, mas quem
possui a visão mental consegue vê-la. A Verdade é a ciência do Budha, e ficará
como pedra de toque para distinguir as doutrinas falsas das verdadeiras.
Aprendamos, pois, a Verdade, porque a Verdade é o Budha, nosso Mestre, o
Instrutor e o Senhor nosso. Vocês sem dúvida falaram bem, irmãos, sem
contradição, porque o Bem aventurado tem três aspectos e cada um deles de igual
importância para nós. Um deles o Dharmakaya, outro o Nirmanakaya e o outro o
Sambogokaya. O Budha é a Verdade excelente, eterna, presente em todas as partes
e imutável. Tal é o Sambogokaya, o estado de perfeita felicidade. O Budha é o
Mestre que ama todos os seres e assume a forma daqueles que ele substitui. Tal
é o Nirmanakaya, o corpo em que ele se apresenta. O Budha é o dispensador
bendito da religião. É o espírito do Sangha e o sentido dos mandamentos que nos
deixou sua palavra sagrada. Tal é o Dharmakaya, o corpo da excelsa Lei. Se o
budha não tivesse se manifestado a nós na pessoa de Gautama Sidarta, como
poderíamos possuir as tradições sagradas de sua doutrina? E se as futuras
gerações não possuírem essas tradições sagradas conservadas no Sangha
(comunidade budista de leigos e religiosos), como estas conhecerão o insigne
Sakyamuni? Nem nós nem ninguém conheceríamos a excelsa Verdade, porque aquele que
tiver aberto os olhos espirituais, a descobrirá. Em seguida, os irmãos
resolveram celebrar um concílio em Rajangriha, para expor as doutrinas puras do
Bem aventurado, examinar e compilar as Escrituras Sagradas e fixar o cânone que
servisse como instrução para as gerações futuras. Capítulo Dois. O FIM DO SER.
Quando no círculo do Universo apareceram as formas tangíveis do Sol, da Terra e
da Lua, a Verdade se movia no pó cósmico e iluminava o mundo com refulgente
luz. No entanto, ainda não havia olho que a visse, nem ouvido que a ouvisse,
nem espírito que pudesse compreender o seu sentido, nem lugar algum nos imensos
espaços da existência onde ela pudesse residir com todo o seu esplendor. No
transcurso da evolução, as formas viventes foram desenvolvendo um após outro os
sentidos de percepção, e então surgiram os pares de opostos; o Eu ou o mundo
subjetivo, e o Não Eu ou mundo objetivo. Assim, as sensações nascidas da
percepção deram origem ao prazer com a consequente dor, e houve amigos e
inimigos, ódio e amor. Mas a Verdade não pode achar neste mundo de sensações
uma morada onde residir com todo o seu esplendor. Depois, apareceu no reino
humano a razão que deveria refrear os instintos da personalidade e valer-se das
forças da natureza como meios para alcançar os seus propósitos de
aperfeiçoamento e progresso no caminho da evolução. Entretanto, surgiu o
conflito, a luta entre a natureza superior, ou a superioridade armada com a
força da razão, e a natureza inferior, ou a personalidade que investe com o
ímpeto formidável das paixões. O homem foi lobo do próprio homem e se mataram
para satisfazer vãs concupiscência, sem que a Verdade pudesse encontrar nos
domínios da razão um lugar onde residir com toda a sua glória, até que apareceu
o Salvador, o Budha, o Mestre dos deuses. E o Budha estabeleceu a paz entre a
razão e o sentimento, ensinando os povos a verem as coisas tais como são e a
agirem em obediência à Verdade, que então encontrou lugar onde residir em todo
o seu esplendor. O Budha, o Bendito, o Santo, o Perfeito, Ele revelou a Verdade
e estabeleceu o seu reino neste mundo. Pois não havia lugar para a Verdade no
espaço infinito. Não havia, não há e nem pode haver lugar para a Verdade na
sensação, nem em seus prazeres e dores. Também não havia, não há e nem pode
haver lugar para a Verdade no raciocínio, porque o raciocínio é arma de dois
gumes, que tanto pode brandir o ódio com o amor. O raciocínio é o escabelo
(piso sobrelevado para colocar assento)
da Verdade porque sem a razão não é possível alcança-la, porém não é a
residência da Verdade. O trono da Verdade é a justiça, e o amor o seu
ornamento. A justiça é a morada da Verdade. Este é o Evangelho do Budha. Esta é
a revelação do iluminado. Esta é a lei do Santo. Os que aceitam a Verdade e a
praticam, refugiam-se no Budha, no Dharma e na Sangha. Ó Senhor Bendito! Ó
potente libertador! O senhor que nos ama, em seu nome e no Senhor nos
refugiamos. Refugiamo-nos na sua lei e na sua regra. Receba-nos, ó Budha, no
número de seus discípulos de hoje até o fim de nossos dias. Alivia, ó Santo
Instrutor, compassivo e amoroso, a todos os seres, aos aflitos, aos oprimidos
pela dor. Ilumina os obcecados e aumenta o nosso entendimento e a nossa
santidade. A Verdade é o fim e o objetivo de toda a existência. Os mundos nascem
para morada da Verdade. Quem não aspira à posse da Verdade perde o propósito da
vida. Bem aventurado quem repousa na Verdade, porque todas as coisas perecerão
e a Verdade permanecerá para sempre. O mundo está construído pela Verdade,
porém os maus pensamentos desnaturam o estado natural das coisas e criam o
erro, filho petulante da ilusão. O erro pode assumir uma variedade de formas
lisonjeiras, porém contém germes de destruição. A Verdade jamais varia. É
imutável. Domina a morte. A ilusão, o erro e a mentira são abortos de Mara e
tem vigoroso poder para enganar aos homens e extraviá-los do caminho da
salvação. A ilusão, o erro e a mentira assemelham-se a um barco de madeira
carcomida, e todos os que nele embarcarem estão condenados a naufragar. Muitos
se apegam ao erro, e quando caem nas redes do egoísmo, da luxúria e dos desejos
sinistros, lamentam sua infelicidade. Contudo, todo ser vivente aspira à
Verdade, porque só a Verdade é capaz de curar nossos males e acalmar a nossa
inquietude. A Verdade é a essência da Vida, porque a vida persiste depois da
morte do corpo. A Verdade é eterna e subsistirá, embora desapareçam céus e
Terra. Não há no mundo várias Verdades, porque ela é uma e a mesma Verdade em
todo o tempo e lugar. A Verdade nos mostra o caminho da retidão. Felizes são os
que seguem esse caminho. Capítulo três. LOUVOR AOS BUDHAS.
MARAVILHOSOS
E GLORIOSISSIMOS SÃO TODOS OS BUDHAS.
NÃO
EXISTEM IGUAIS NO MUNDO.
ELES
NOS ENSINAM O CAMINHO DA VIDA.
SAUDAMOS
SUA CHEGADA COM INEBRIADO RESPEITO.
TODOS
OS BUDHAS ENSINAM A MESMA VERDADE.
A
VERDADE ENCAMINHA OS EXTRAVIADOS.
A
VERDADE É NOSSA ESPERANÇA E NOSSO SUSTENTÁCULO.
RECEBEMOS
FELIZES E AGRADECIDOS A SUA LUZ, QUE NADA PODE EXTINGUIR.
TODOS
OS BUDHAS SÃO DA MESMA ESSÊNCIA.
A
ESSÊNCIA DE TODOS OS SERES.
A
ESSÊNCIA QUE SANTIFICA OS LAÇOS ENTRE TODAS AS ALMAS.
E
TEMOS FÉ NA FELICIDADE DO SUPREMO REFÚGIO.
AUM!
PAZ A TODOS OS SERES!
Livro
O Evangelho de Budha – Vida e Doutrina de Sidarta Gautama – o Inspirador do
Budismo. Abraço. Davi.
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