Cristianismo
Oriental. RELATO DE UM PEREGRINO RUSSO. II. ATRAVÉS DA SIBÉRIA. SOLIDÃO ORANTE.
Depois de ter andado cinquenta quilômetros pela larga estrada, enveredei por
caminhos do campo, mais solitários e mais propícios à leitura. Andava pelos
bosques durante muito tempo; às vezes, encontrava uma pequena aldeia.
Frequentemente me detinha na floresta o dia inteiro, lendo a Filocalia. Nela eu
encontrava ensinamentos extraordinários e profundos. Meu coração se inflamava
de desejo de unir-se a Deus pela oração interior que eu me esforçava para
estudar e aprender na Filocalia; ao mesmo tempo, estava triste por não encontrar
um abrigo onde pudesse me dedicar à leitura em paz e sem interrupção. Nessa
época, eu também lia minha Bíblia e sentia que já começava a compreendê-la
melhor; nela poucas passagens obscuras encontrava agora. Os Padres têm razão em
dizer que a Filocalia é a chave que descobre os mistérios escondidos na
Escritura. Guiado por ela, eu já começava a compreender o sentido oculto da
Palavra de Deus; descobria o que significa: o homem interior, no fundo de seu
coração (I Pd 3,4), a oração verdadeira, a adoração em espírito ( Jo 4,23), o
Reino dentro de nós (Lc 17,21), a intercessão do Espírito Santo (Rm 8,26).
Compreendia o sentido das frases: Vós estais em mim (Jo 15,4), dá-me teu
coração (Pr 23,26), ser revestido de Cristo (Rm 13,14), e muitas outras. Quando,
ao mesmo tempo, eu rezava no fundo do coração, tudo o que me cercava tinha
aspecto encantador: as árvores, as plantas, os passarinhos, a Terra, o ar, a
luz; tudo parecia dizer-me que eles existem por causa do homem, que testemunham
o amor de Deus pelo homem; tudo rezava, tudo cantava louvores a Deus! Eu
compreendia assim aquilo que a Filocalia chama de “conhecimento da linguagem da
criação” e via como era possível conversar com as criaturas de Deus. HISTÓRIA
DE UM GUARDA FLORESTAL. Viajei assim por muito tempo. Finalmente, cheguei a uma
região tão perdida que passei três dias sem ver aldeia alguma. Meu pão tinha
acabado e me perguntava, aflito, como não morrer de fome. Logo que comecei a
rezar em meu coração, minha aflição desapareceu: entreguei-me à vontade de
Deus, fiquei contente e tranquilo. Eu penetrava, pela estrada, através de uma
imensa floresta, quanto notei, na minha frente, um cão de guarda que saía de
lá. Chamei-o e ele veio, bonzinho, para que eu o agradasse. Alegrei-me e disse:
Eis a bondade de Deus! Há certamente um rebanho nesta floresta e este é o cão
do pastor, ou, talvez, de um caçador que anda atrás de caça por aqui. De
qualquer jeito, eu posso pedir pão, pois faz dois dias que não como. Posso
também me informar se não existe alguma aldeia nas redondezas. O cachorro ficou
me rodeando, mas, vendo que não havia nada para comer, fugiu para a floresta
pela mesma senda por onde viera até à estrada. Eu o segui. Duzentos metros mais
adiante, eu vi, através das árvores, o cão bem instalado numa toca: punha a
cabeça para fora e latia. Eu vi que se aproximava, por entre as árvores, um
camponês magro e pálido, de meia idade. Perguntou-me como eu tinha chegado até
ai. Eu lhe perguntei o que fazia nesse lugar longínquo. E trocamos palavras de
amizade. O camponês me convidou a entrar na sua cabana e me explicou que era
guarda florestal e tomava conta dessa floresta que deveria mais tarde ser
derrubada. Ofereceu-me pão e sal e conversamos bastante. Eu te invejo essa vida
solitária que levas, lhe disse eu. Não és como eu, sempre errante, e em contato
com tudo mundo que passa. Se tu desejas, me disse ele, podes muito bem viver
aqui. Existe mais além uma cabana velha que serviu ao antigo guarda. Está um
pouco destruída, mas dá para se arranjar no verão. Tens uma carteira de
identidade. Há pão suficiente para nós dois. Eles me trazem pão da aldeia, uma
vez por semana. E aqui há um riacho que nunca para de correr. Quanto a mim,
irmãos, só me alimento de pão e água há dez anos. Só que, no outono, quando
terminarem os trabalhos do campo, vão chegar duzentos homens para abater a
floresta. Então nada mais terei a fazer aqui e eles não permitirão que
continues na cabana. A essas palavras, senti tal alegria que quase me lancei a
seus pés. Não sabia com agradecer a Deus a sua bondade para comigo. E foi assim
que, de repente, consegui tudo que desejava e que me causava tanta preocupação.
Até meados do outono, tenho ainda quatro meses e vou poder aproveitar, durante
esse tempo, do silêncio e da paz para estudar a oração perpétua no interior do
coração, com a ajuda da Filocalia. E me instalei na cabana que ele me indicara.
Continuamos a conversar, e esse irmão me falou de sua vida e suas ideias. Na
minha aldeia, disse, eu não era um João Ninguém. Tinha uma profissão: tingia os
tecidos de vermelho e azul. Vivia livremente, mas não sem pecado. Eu enganava
bastante meus fregueses e jurava à toa. Era grosseiro, beberrão e briguento.
Vivia na aldeia um velho cantador que tinha um livro muito antigo sobre o Juízo
Final (1). Ele ia frequentemente à casa dos fiéis ortodoxos para ler esse
livro. Davam-lhe sempre algum dinheiro. Ia também à minha casa. Geralmente ele
recebia dez tostões e ficava lendo até o galo cantar. Uma vez, fiquei
trabalhando enquanto ouvia sua leitura. Ele lia uma passagem sobre os tormentos
do inferno e a ressurreição dos mortos: como Deus virá para julgar, como os
Anjos tocarão as trombetas; como haverá fogo e piche e como os vermes vão
devorar os pecadores. De repente, fiquei morrendo de medo e disse a mim mesmo:
Não vou escapar desses tormentos! Ora veja! Vou tratar de salvar a minha alma e
talvez consiga pagar os meus pecados. Refleti bastante e resolvi lagar minha
profissão. Vendi minha casa e, como eu vivia sozinho, me tornei guarda
florestal, pedindo apenas como salário: pão, roupa e velas para acender durante
minhas orações. Já faz mais de dez anos que vivo aqui. Só como uma vez por dia
e apenas pão e água. À noite, me levanto quando o galo canta e até o dia raiar
faço minha genuflexões (ajoelhar-se) e inclinações até o chão. Quando rezo,
acendo sete velas diante das imagens. Durante o dia, enquanto percorro a
floresta, carrego no corpo cadeias muito pesadas. Não juro, não bebo nem
cerveja nem álcool, não brigo com ninguém. Jamais tive relações com mulheres ou
moças. No começo eu até estava contente com essa vida, mas forçosamente me
assaltam pensamentos que não consigo evitar. Sabe Deus se vou pagar os meus
pecados, mas esta vida é bem dura. Além disso, será verdade tudo o que o livro
descrevia? Os que morrem há cem anos ou mais, até sua poeira desapareceu. E
quem sabe se o inferno existe mesmo, ou não? Em todo caso, nunca alguém voltou
do outro mundo; quando o homem morre, apodrece e dele nada resta. Esse livro
talvez tenha sido escrito pelos clérigos (pessoa que faz parte da classe
eclesiástica, cristão que exerce o sacerdócio) ou funcionários para nos meter
medo, a nós, os imbecis, e para que sejamos mais submissos. Desse jeito,
vivemos penosamente e sem consolo neste Terra e, no outro mundo, nada existirá!
Então, para quê? Não será melhor aproveitar da vida desde já? Essas ideias me
perseguem, disse ele, e tenho medo de acabar voltando para minha antiga
profissão. Eu estava com dó dele e me dizia: Acham que somente os sábios e os
intelectuais se tornam livres pensadores sem acreditar mais em nada!
Entretanto, como nossos irmãos camponeses, tão simples, se tornam incrédulo!
Certamente o mundo das trevas se acerca de todos e ataca mais facilmente ainda
as pessoas simples. É preciso raciocinar o mais possível e fortificar-se contra
o inimigo pela Palavra de Deus. Assim, para amparar a esse irmão e fortalecer a
sua fé, tirei da sacola a Filocalia e abri no capítulo 109 do bem-aventurado
Hesíquio (2). Li para ele e lhe expliquei que somente o medo do castigo não nos
impede de pecar, pois a alma só consegue libertar-se dos pensamentos
pecaminosos pela vigilância do espírito e pela pureza do coração. Tudo isso
adquirimos pela oração interior. Se alguém se lança na via ascética, não
somente de medo dos tormentos do inferno, mas também por desejo do Reino do
Céu, acrescentei, sua ação é comparada pelos Padres à de um mercenário. Dizem
que o medo dos tormentos é o caminho dos escravos e o desejo da recompensa é o caminho dos
mercenários. Mas Deus quer que cheguemos a Ele como filhos. Quer que o amor e o
zelo nos levem a nos conduzir dignamente e que gozemos da união perfeita com
Ele na alma e no coração. Em vão te cansarás, te imporás privações e os mais
duros castigos físicos; se não tiveres sempre Deus em tua mente e a oração de
Jesus em teu coração, jamais estarás livre dos maus pensamentos; estarás
disposto a pecar à menor ocasião. Portanto, meu irmão, que te ponhas logo a
recitar incessantemente a oração de Jesus. Neste lugar retirado, isso te é
fácil. Logo sentirás o proveito. Desaparecerão as ideias contra a fé, e te
serão revelados o amor por Jesus Cristo e a fé verdadeira. Tu vais entender
como os mortos podem ressuscitar e o Juízo Final vai te parecer o que é
realmente. Teu coração se sentirá tão leve e contente que ficarás admirados;
não mais ficarás cansado ou perturbado por tua vida de penitência! Em seguida
expliquei-lhe o melhor possível como recitar a oração de Jesus conforme o
mandamento divino e o ensinamento dos Padres da Igreja. Ele parecia não querer
outra coisa e sua inquietação diminuiu. Então, separando-me dele, entrei na
velha cabana que ele me havia mostrado. TRABALHOS ESPIRITUAIS. Meu Deus! Que
alegria, que consolação, que arrebatamento eu senti ao penetrar nesse recinto,
ou melhor dizendo, nesse túmulo. Parecia-me um lindo palácio, cheio de alegrias
e eu me disse: Pois bem! Agora, nesta calma e neste silêncio, é preciso
trabalhar seriamente e pedir ao Senhor que me esclareça o espírito. Comecei a
ler a Filocalia do começo ao fim com muita atenção. Em pouco tempo terminei
minha leitura e me dei conta da sabedoria, profundidade e santidade desse
livro. Mas, como trata de numerosos assuntos, eu não podia compreender tudo nem
concentrar as forças de minha mente apenas no ensinamento da oração interior a fim
de atingir a oração espontânea e perpétua no inteior do coração. Entretanto,
tinha uma vontade louca de lá chegar de acordo com o mandamento divino
transmitido pelo Apóstolo: Aspirai aos dons mais altos (I Cor 12,31) e também:
Não extingais o Espírito ( I Ts 5,19). Por mais que refletisse, eu não sabia o
que fazer. Não tenho bastante inteligência nem compreensão e ninguém para me
ajudar. Vou aborrecer o Senhor de tanto rezar e talvez Ele queira esclarecer
meu espírito. Passei então um dia inteiro rezando sem parar um instante; meus
pensamentos se acalmaram e eu adormeci. Eis que, no sonho, me vejo na cela do
monge meu amigo e ele me explica a Filocalia, dizendo: Este santo livro está
cheio de sabedoria. É um misterioso tesouro de ensinamentos sobre os desígnios
secretos de Deus. Não é acessível em qualquer trecho e a qualquer pessoa.
Contém lições na medida de cada um: profundas para os espíritos profundos e
simples para os espíritos simples. É por isso que pessoas simples como tu não
devem ler os livros dos Padres na sequência em que estão colocados aqui.
Trata-se de uma disposição de acordo com a teologia. Mas aquele que não é
instruído e deseja aprender a oração interior na Filocalia, deve Lê-la na
seguinte ordem: 1 – em primeiro lugar, ler o livro do monge Nicéfora (na 2ª
parte). 2 – o livro de Gregório, o Sinaíta, inteiro, exceto os capítulos
pequenos. 3 – as três formas de oração de Simeão, o Novo Teólogo, e seu tratado
da Fé. 4 – o livro de Calisto e Inácio. Nesses textos, acha-se o ensinamento
completo da oração interior do coração, ao alcance de cada um. Se queres um
texto ainda mais compreensível, toma o modelo abreviado de oração de Calisto,
patriarca de Constantinopla, na quarta parte. Tendo a Filocalia quase em mãos,
eu procurava o trecho indicado sem conseguir acha-lo. Virando algumas páginas,
o monge me disse: Olha aqui! Vou marcar para ti! E, pegando no chão um pedaço
de carvão, fez um traço ao lado da página indicando qual era a passagem. Eu
escutei com atenção as palavras do monge e procurei fixa-las em minha memória
firmemente e em detalhes. Acordei, e como ainda não tinha clareado o dia,
fiquei deitado, lembrando tudo o que tinha visto em sonhos e repetindo o que o
monge me tinha dito. Depois comecei a refletir: Deus sabe se é a alma do meu monge
falecido que me aparece assim ou se são minhas próprias ideias que tomam essa
forma, pois eu penso demais na Filocalia e no monge! Levantei-me nessa
incerteza de espírito; o dia clareava. De repente, vejo, sobre a pedra que me
servia de mesa, a Filocalia aberta na página indicada pelo monge e marcada com
um risco de carvão, exatamente como no meu sonho. E o carvão ainda estava ao
lado do livro. Fiquei espantado, porque me lembrava bem que o livro não estava
naquele lugar, na véspera. Antes de dormir, eu o tinha colocado, fechado, perto
de mim e me lembrava de que não tinha nenhuma marca naquela página. Esse fato
me fez acreditar na verdade da aparição e me tranquilizou a respeito da
santidade da memória do monge. Assim recomecei a ler a Filocalia na ordem
indicada. Li uma vez, depois mais uma e essa leitura inflamou meu zelo e meu
desejo de comprovar em atos tudo o que tinha lido. Descobri com clareza o
sentido da oração interior, os meios de chegar a ela e os seus efeitos;
compreendi como essa oração alegra a alma e o coração e como se pode distinguir
se essa felicidade vem de Deus, da natureza sadia ou da ilusão. Antes de mais
nada, procurei descobrir o lugar do coração, conforme o ensinamento de São
Simeão (389-459), o Novo Teólogo. Fechando os olhos, dirigi meu olhar para o
coração, tentando imaginá-lo do jeito que ele está no lado esquerdo do peito e
escutando com atenção as sus batidas. Pratiquei esse exercício no começo por
meia hora, várias vezes por dia. As primeiras vezes, eu só via escuridão; logo
apareceu meu coração e eu senti seu movimento em profundidade. Em seguida,
consegui introduzir no meu coração a oração de Jesus e fazê-la sair no ritmo da
respiração, como ensinam São Gregório, o Sinaíta, Calisto e Inácio. Para isso,
eu inspirava o ar e o conservava no peito, dizendo: Senhor Jesus Cristo, e o
soltava, dizendo: tende piedade de mim. Primeiro me exercitei durante uma ou
duas horas, e depois me apliquei cada vez com maior frequência a esse
exercício; finalmente, passava assim quase o dia todo. Quando me sentia
entorpecido, cansado ou inquieto, lia imediatamente na Filocalia os trechos que
tratam da atividade do coração, e daí o desejo e o zelo pela oração renasciam
em mim. Ao cabo de três semanas, senti uma dor no coração, depois uma sensação
agradável, um sentimento de paz e consolação. Isso me deu forças para continuar
a me exercitar na oração à qual se prendiam todos os meus pensamentos e
começava a sentir uma grande alegria. A partir desse momento, experimentava,
por vezes, diversas sensações novas no coração e no espírito. Às vezes, era
como que um ardor e leveza, uma liberdade e alegria tão grandes que me
transformava e me sentia êxtase. Outras vezes, sentia um amor ardente por Jesus
Cristo e por toda a criação divina. Acontecia também de me correrem lágrimas
(3) de gratidão para com o Senhor que tinha tido piedade de mim, pecador
endurecido. Meu espírito limitado às vezes se iluminava de tal forma que eu
compreendia com clareza o que antigamente nem poderia conceber. Outras vezes
esse doce calor de coração se espelhava por todo meu ser e eu sentia a presença
inefável do Senhor. Sentia ainda uma alegria forte e profunda ao invocar o nome
de Jesus e então compreendia o que significa a expressão: O Reino de Deus está
dentro de vós (Lc 17,21). Em meio a essas consolações benfazejas, eu notei que
os efeitos da oração do coração se manifestavam de três maneiras: 1 – no
espírito, por exemplo, a doçura do amor de Deus, a calma interior, o
arrebatamento do espírito, a pureza dos pensamentos, o esplendor da ideia de
Deus. 2 – nos sentidos, o agradável calor do coração, a plenitude de doçura nos
membros, a exaltação da no coração, a leveza, o vigor da vida, a
insensibilidade às doenças e dores. 3 – na inteligência, a iluminação da razão,
a compreensão da Santa Escritura, o conhecimento da linguagem da criação, o
desapego das vãs preocupações, a consciência da doçura da vida interior, a
certeza da proximidade de Deus e de seu amor por nós (3). Depois de cinco meses
solitários nesses trabalhos e nessa felicidade, me habituei tanto a oração do
coração que a praticava sem cessar e no fim sentia que essa oração se fazia por
si só, sem atividade alguma de minha parte. Ela brotava no meu espírito e no
meu coração, não somente em estado de vigília, mas mesmo durante o sono e não
se interrompia um minuto sequer. Minha alma agradecia ao senhor e meu coração
exultava de uma alegria incessante. Cheqou o tempo de derrubar a floresta. Os
lenhadores se reuniram e eu tive de deixar minha morada silenciosa. Agradecendo
ao guarda florestal e tendo recitado uma oração, eu beijei esse pedaço de Terra
onde Deus quis me manifestar sua bondade. Pus nos ombros aminha sacola e parti.
Caminhei durante muito tempo e passei por muitas regiões antes de chegar a
Irkutsk. A oração espontânea do coração foi meu consolo ao longo do caminho;
nunca deixou de me alegrar, ainda que em graus diversos. Não me atrapalhou em
lugar algum e em nenhum momento. Nada poderá enfraquece-la jamais. Se
estou trabalhando, a oração age por si
só no meu coração e meu trabalho rende mais; se estou escutando ou lendo alguma
coisa com atenção, a oração não para e eu sinto ambas as coisas como se tivesse
me desdobrado em dois ou como, se no meu corpo, houvesse duas almas. Meus Deus!
Como o homem é misterioso! Referências do texto: (1). Um livro antigo sobre o
Juízo – Trata-se de um sermão de Santo Efrém, o Sírio, que apresenta o
julgamento final de forma dramática. (2). Hesíquio – padre e exegeta de
Jerusalém (século V). Escreveu comentários sobre o Antigo e o Novo Testamento
segundo o método de Orígenes (185-254) de Alexandria. (3). Minhas lágrimas –
conforme a explicação de Isaac, o Sírio: “O coração se torna como uma
criancinha e quando começa a rezar, as lágrimas correm”. (4). Seu amor por nós
– analogia com a divisão da vida espiritual em 3 partes, conforme a definição
de Máximo (580-662), o Confessor, e, antes dele, Evagro. Livro Relato de Um
Peregrino Russo. Abraço. Davi.
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