Hinduísmo. Ramayana (devanágari: रामायण,
transl. Rāmāyaṇa)
é um épico sânscrito atribuído ao poeta Valmiki, parte importante
do cânon hindu (smṛti).
Ele consiste de 24.000 versos em sete livros, cantos (kāṇḍas) e conta a história
de um príncipe, Rama de Ayodhya, cuja esposa Sita é
sequestrada pelo demônio Rākshasa, o rei de Lanka, Rāvana.
Seus versos são escritos numa métrica de trinta e duas sílabas chamada de
Anustubh. Como os épicos mais tradicionais, como passou por um longo processo
de interpolações e redações, é impossível datá-lo com precisão (a história é
pré-diluviana). O Ramayana teve uma importante influência na poesia
sânscrita posterior, principalmente devido ao uso da métrica Sloka. RAMAYANA
(O Caminho de Rama), uma epopeia Hindu. Mas, como o seu primo
épico, o Mahabharata, o Ramayana não é só uma história ordinária. Contém os
ensinamentos dos antigos sábios hindus e os apresenta através de alegorias na
narrativa e a intercalação do filosófico e o devocional. Os personagens de Rama, Sita, Lakshmana, Bharata, Hanumān
e Rāvana (o vilão da obra) foram e são todos fundamentais à consciência
cultural da Índia ao longo de sua longa história. Sobre o autor do Ramayana (o caminho de Rama). Valmiki Rishi (Rishi = Sábio) vivia nos Himalayas
executando severas austeridades em meditação. Chegou a um ponto em que todo o
seu corpo foi envolvido por um formigueiro, mas isso não incomodou o asceta,
que, mantinha-se indiferente a esses desconfortos que afligiam seu corpo.
Devido à sua austeridade e concentração, ele chamou a atenção dos semi deuses,
que pediram ao semi deus Indra que o visitasse e descobrisse o propósito de sua
meditação, visto que ele já influenciava todo o planeta com sua dedicada
meditação. Indra compareceu à presença de Valmiki. Após trocarem
reverências, Indra indagou a Valmiki qual seu propósito em executar
austeridades tão severas. Valmiki informou a Indra que desejava obter todo o conhecimento
dos Vedas. Indra apontou para ele três montanhas ao longe, depois pegou três
punhados de terra do solo e explicou a Valmiki Rishi que as montanhas eram como
os Vedas e os punhados de terra eram como o conhecimento obtido até então pelo
sábio. Certamente que é impossível para alguém conhecer todo o conteúdo
dos Vedas, mas que Valmiki (com o pouco que aparentemente sabia) já era
comparável com a maioria dos grandes rishis ou sábios. Melhor seria parar
de meditar e começar o ensino dos Vedas para o benefício das pessoas em geral,
pois ele já tinha suficiente conhecimento obtido em suas
três vidas anteriores. Assim Valmiki, em obediência a
Indra, desceu os Himalayas e fundou seu ashram (eremitério ou mosteiro), ou
ainda, sua academia de ensino aos pés dos Himalayas, onde compartilhava o
conhecimento Védico com seus alunos, dos quais Bharadwaja era o mais íntimo e
se tornaria o mais famoso dentre seus discípulos. Valmiki
Rishi é conhecido como o Adi-kavi (Poeta Primordial), pois foi ele o primeiro a
compor toda uma narrativa épica na forma de versos. Como um grande sábio,
Valmiki Rishi tinha seu mosteiro próximo ao Rio Tamasa, num local de colinas e
florestas verdejantes, não muito distante do Sagrado Ganges, onde vivia,
cultivava e ensinava o conhecimento dos Vedas juntamente a seus discípulos.
Devido à sua pureza e ascese um dia ele foi visitado também pelo Grande Sábio
Narada Muni, que é uma personalidade tão exaltada, que pode viajar por todo o
Universo Material, bem como nos infinitos Universos da Esfera Espiritual.
Narada Muni é o Sábio Santo que viaja em todas as esferas da criação,
ensinando e cantando as glórias do Senhor Supremo (Krishna), motivado pela
compaixão à todas as entidades viventes e impulsionado pelas ondas sonoras
produzidas por seu instrumento musical, a Vina. Após receber dignamente o
grande Narada e prestar-lhe as devidas reverências, Valmiki propôs-lhe a
seguinte pergunta. “Meu querido e reverenciado Narada, ó maior entre os sábios,
diga-me, por favor, – Quem é aquele que (possivelmente) pode ser pleno de todas
as virtudes nesse mundo? Que é possuidor de toda perícia e conhece o que é
correto? Que é consciente acerca dos deveres e responsabilidades a serem
executados, veraz em seu falar e firme em suas resoluções? Quem é essa pessoa
que seja correto em sua conduta, que tenha todo o conhecimento, que seja amigo
e amável para com todos os seres vivos, e que, ao mesmo tempo seja poderoso e
de aparência extremamente louvável? Que seja cheio de esplendor, e adorado até
pelos deuses? Por favor, Eminente Sábio Narada, humildemente eu peço, fale-me
dessa pessoa, se é que ela possa existir”. O Grande Sábio Narada
Muni, que possui conhecimento sobre Toda a Verdade, e que está além do
nascimento e da morte, ao ouvir os apelos de Valmiki Rishi, em grande deleite
espiritual falou as seguintes palavras: “Ouça, Ó Melhor entre os Ascetas,
considerando seu apelo, eu descreverei com alegria sobre as glórias desse
herói. Alegre-se em ouvir de mim, sobre tal Pessoa, dotado de todas essas
múltiplas e raras qualidades que você acabou de descrever. Existe (sim) um
descendente da Dinastia do grande Iksvaku, conhecido por todos pelo nome de Rama. Ele
controla sua mente por completo, é poderoso, radiante e determinado, possui o
conhecimento sobre todas as Ciências, é conhecedor dos Vedas e do propósito dos
Vedas, é justo, nobre, benevolente e o melhor amigo de todos os seres viventes.
Ele mantém todos os universos, é belo, forte e poderoso, é uma
réplica (manifestação) de Sri Vishnu; ainda assim, Ele é muito
simples e seu sorriso encanta a todos, pois Ele é inigualável e inesquecível,
para todos que o conhecem”. E assim, o Grande Sábio Narada
Muni, contou ao Sábio Valmiki Rishi sobre a vida e extraordinários feitos de
Sri Rama. Depois disso, Narada Muni terminou sua narrativa recebeu as devidas
reverências de Valmiki, abençoou-o e desapareceu tão de repente como se fosse o
flash de um relâmpago, numa tempestade sobre o mar. Alguns
dias depois, o sábio se dirigia com seus discípulos ao Rio Tamasa, para fazerem
suas abluções, orações, meditarem e tomarem seus banhos matinal; descendo pelas
margens do rio, foram até uma cachoeira, onde as águas eram límpidas como a
mente de um rishi. Lá, Valmiki contemplava a beleza da natureza local quando
avistou um casal de pássaros animados no galho de uma frondosa árvore, prestes
a copular, em pleno fogo da paixão. Neste momento, um membro de uma tribo
primitiva, lançou sua flecha atingindo em cheio o macho, que caiu ruidosa e
mortalmente ferido ao chão. A fêmea deu um grito de lamento e
tristeza ao ver seu parceiro caído, peito dilacerado, dando seu último suspiro.
Valmiki estava chocado com a crueldade do caçador, pois as aves estavam
felizes, na expectativa de iniciarem uma família. Por isso o Rishi pronunciou
as seguintes palavras: “Que você, ó mais baixo dos homens, não tenha paz em sua
mente até o final dos tempos. Sua crueldade é tão grande, pois você foi capaz de
matar uma das aves, no exato momento em que estavam tomadas pela felicidade e
paixão”. Imediatamente Valmiki, que era um sábio autocontrolado,
maravilhou-se de que ele próprio tivesse proferido tais palavras. Então, com o
propósito de minimizar uma possível maldição, ele confidenciou aos seus
discípulos: “O que eu acabei de falar, é apenas o exemplo de uma estrofe
poética, construída segundo a métrica de oito linhas e que pode ser recitada de
forma melodiosa, não devendo, portanto, ser entendido como nada, além disso”. Pouco
depois, o Senhor Brahma, o engenheiro criador do Universo, visitou o eremitério
do Rishi Valmiki que o recebeu com grande reverência e emoção. Após observar as
regras de etiqueta prescritas nas Escrituras para a recepção de grandes personalidades
espirituais, Valmiki, abençoado pelo Senhor Brahma, narrou o episódio sobre as
aves e de seu receio em ter amaldiçoado um caçador ignorante. O Senhor Brahma
sorrindo falou-lhe as seguintes palavras: “Oh joia entre os eremitas, não mais
pense sobre isso. Asseguro-lhe que nada acontecerá àquele caçador. Que a
estrofe que você proferiu, seja utilizada como modelo para que você descreva as
glórias do divino Senhor Rama, exatamente como você ouviu do Grande Narada
Muni. Eu lhe dou o poder para que toda a gloriosa vida do Senhor Rama seja
revelada em sua mente, e que tudo que você escreva seja a mais pura expressão
da verdade. E que isso seja para o benefício de toda a humanidade e perpetue a
sua glória, ó melhor dos videntes”. Assim o grande Rishi Valmiki, tomou
como o dever de sua vida escrever em forma poética o Ramayana, o grande épico
composto em 24.000 slokas (versos), distribuídos em 7 skandas (livros), escrito
em Sânskrito, utilizando uma linguagem refinada, de um lirismo dos mais
sublimes e que narra a gloriosa e divina presença do Senhor Ramachandra,
descrito como a própria encarnação de Sri Vishnu. Valmiki Maharishi (maha =
grande, rishi = sábio) estava constantemente ocupado em compor os 24.000
versos que descrevem as glórias do Senhor Ramachandra. Um
excerto (trecho retirado de uma obra literária) do Ramayana: Havia um
rei santo chamado Dasharatha, possuidor de todas as virtudes, descendente de Ikshvaku e que tinha a capital de seu reino na cidade
de Ayodhya, ao norte da Índia. Nessa época, Ayodhya era a capital de um reino
que se estendia por todo o mundo. Ayodhya
experimentava absoluto progresso, seus cidadãos eram felizes e virtuosos e
todos no reino (inclusive os animais e plantas) viviam em perfeita harmonia. Dasharatha
tinha três rainhas consortes: Kaushalya, Sumitra e a mais jovem, chamada
Kaikeyi. Delas, o rei recebeu quatro filhos, príncipes virtuosos: Rama
(herdeiro do trono e filho de Kaushalya), Lakshmana e Satrúghna (gêmeos
nascidos de Sumitra) e Bháratta (nascido de Kaikeyi). Todos possuíam
conhecimentos e grande sabedoria, tendo sido treinados pelos maiores mestres
nas ciências materiais e espirituais. Como estivesse muito
idoso, Dasharatha estava desejoso de se aposentar dos afazeres reais e queria
passar a administração do reino ao seu filho primogênito, o príncipe Rama. Como
pré-requisito para se tornar o príncipe regente, primeiro Ele deveria desposar
uma princesa. O Rei Janaka, do reino de Mithila (situado no território de
Videha), estava promovendo um encontro real, para a escolha do príncipe que
desposaria sua filha, Sitadevi,
que era uma joia entre as mulheres, plena de todas as virtudes espirituais, de
rara beleza, inteligência e educação. Tornar-se-ia
seu esposo, aquele que conseguisse equipar um arco com o fio, esticando-o
adequadamente e, em seguida, disparar uma flecha. O arco foi presenteado ao Rei
Janaka pelo Senhor Shiva e precisava de vários homens fortes apenas para ser
carregado. Dobrá-lo, então, e fixar a sua corda, ou fio, era tarefa quase
impossível. Entretanto muitos príncipes concorreram, atraídos pelas qualidades
e beleza de Sitadevi. A maioria dos candidatos nem conseguiu levantar o arco e
os pouquíssimos que conseguiram levantá-lo, não puderam dobrá-lo e equipá-lo
com o fio. Sri Rama foi o único que levantou o arco, colocou o fio, atirou
a flecha e em seguida quebrou-o ao meio, assim como um elefante quebraria um
bastão de cana de açúcar. Todos ficaram maravilhados. Mais ainda, quando
Sita aproximou-se do Príncipe Herói, presenteando-o com uma guirlanda de flores,
reconhecendo Sua vitória sobre os outros pretendentes e aceitando-o como seu
Noivo. Todos puderam perceber a beleza e harmonia que existia entre o casal
real. Sitadevi tinha todas as características e marcas transcendentais
em seu corpo que completavam as marcas divinas, características de Sri Rama. Os
sábios presentes tiveram certeza, de que, mais que uma princesa proveniente de
uma destacada linhagem real e perfeitamente adequada a se tornar a consorte de
Sri Rama, Ela o completava de tal maneira que era impossível imaginá-los
separados. Sitadevi era mais que uma princesa real; ela era a própria shakti do Senhor
Ramachandra, assim observaram os diligentes sábios. Todos os
arranjos para a cerimônia de casamento (vivaha)
foram feitos, o que atraiu muitos rishis,
semi-deuses (devas), sacerdotes
brahmanas, anjos cantores (gandharvas),
seres celestiais com suas esposas (apsaras),
príncipes (rajs) e
reis (maharajs) de
todos os lugares. Estavam presentes todos os familiares das duas casas reais e
a atmosfera era de júbilo e felicidade transcendentais. O
sacrifício de fogo (agni-hotra),
executado pelos sacerdotes Brahmanas na cerimônia de casamento,
contou com a presença do semi-deus do fogo pessoalmente, Agnideva, e toda a
arena de sacrifício estava decorada com sinais auspiciosos, muitas flores e
frutas. Havia muitas cores, aromas e
cânticos de mantras. Neste exato momento, o centro de
toda a criação foi transferido para Ayodhya, pois o local estava impregnado da
mais pura energia espiritual. As cerimônias e festividades duraram vários dias. Finalmente,
passado o período das festividades matrimoniais, os Raghavas (descendentes de
Raghu), liderados pelo Rei Dasharatha, ultimaram os preparativos para a
cerimônia de coroação de Sri Rama, como Príncipe Regente. Neste momento,
Kaikeyi, a esposa mais jovem, aproximou-se do Rei Dasharatha e lembrou-lhe de
uma promessa feita pelo Rei, alguns anos antes, quando os príncipes ainda eram
crianças. O Rei Dasharatha, em reconhecimento pela devoção e amor de sua
jovem rainha, prometeu-lhe atender qualquer pedido que está lhe fizesse.
Kaikeyi, pediu-lhe que no devido curso do tempo, entronasse seu filho,
Bháratta, como príncipe regente, e, mais tarde, quando da morte do Rei,
Bháratta seria coroado o Rei de todo o Reino. Tudo isso em detrimento do
direito real, conferido por natureza a Sri Rama. Quando o
problema foi levado à corte e todos ficaram sabendo, houve muitos protestos,
primeiro do próprio Bháratta, que não concordava em tomar o lugar de seu
querido irmão, Rama, e mais veementemente de Lakshmana o qual, inclusive, usou
de palavras fortes, para criticar a atitude de sua própria mãe, a Rainha
Kaikeyi. Todos os sacerdotes e ministros do Reino condenaram essa
possibilidade. Sri Rama, entretanto, sabedor do caráter reto e justo do Rei
Dasharatha, concordou em ceder o trono a seu irmão Bháratta, para preservar a
palavra empenhada por seu pai. Sri Rama, assegurou à sua madrasta, a Rainha
Kaikeyi, que ficasse certa de que a promessa que seu pai fizera, seria
cumprida. Diante disso, só havia uma possibilidade para o Príncipe Rama e
sua esposa Sitadevi: ambos teriam que sair do Reino e viver no exílio. Uma vez
que todo o mundo era parte do Reino, Sita e Rama deveriam evitar as áreas
urbanas, isto é, para minimizar Sua influência, o Senhor Rama agora teria que
viver nas florestas! Toda essa situação causou imenso sofrimento aos habitantes de
Ayodhya e deixou o Rei Dasharatha visivelmente abatido, em dor e lamentação.
Lakshmana resolveu que não abandonaria seu irmão e deveria ir com Ele, viver no
exílio. Todos os habitantes de Ayodhya seguiram, com muita dor, a carruagem que
levava os dois irmãos e Sitadevi até as fronteiras da cidade, às margens das
imensas florestas. O Príncipe Bháratta a todo momento se recusava a aceitar
essa situação. Chegando próximo às florestas, Rama dispensou a carruagem e
pediu que todos retornassem, pois Ele, Sitadevi e Lakshmana seguiriam sozinhos
pela floresta, caminhando. À medida que adentravam na floresta, passavam por
diferentes ashrams (mosteiros)
e eram recepcionados pelos rishis eremitas.
Inicialmente, Sri Rama, Sitadevi e Lakshmana foram para a floresta de
Chitrakut, onde construíram cabanas feitas de galhos e folhas de palmeiras. O Rei
Dasharatha, devido ao grande descontentamento ficou muito triste, e , em
consequência, partiu desse mundo. Bháratta, então, foi novamente visitar seu
irmão, Rama, para persuadi-lo a voltar a Ayodhya e ser devidamente entronado
como o Rei. Não obstante todos os argumentos apresentados pelo seu irmão
Bharatta, Sri Rama convenceu-o a voltar e governar Ayodhya, pois isso
estabeleceria em definitivo a palavra empenhada por seu pai, que era
reconhecido como um Rei santo. Bharatta, em sinal de humildade e
obediência, tocou os pés de Rama, e, coletando a poeira dos pés de seu irmão,
colocou-a sobre sua própria cabeça. Depois disso, coletou água de um rio
próximo e lavou os pés de Seu irmão. Sri Rama com muita afeição pelo seu irmão
mais novo, presenteou-o com suas sandálias feitas de madeira de sândalo (daí
vem a origem do nome sandálias) e Bháratta prometeu colocá-las no trono, como
sinal de que Rama era o verdadeiro Rei de Ayodhya e de que Ele estaria sempre
presente, mesmo representado por suas sandálias. Após
retornar, Bháratta governaria o Reino a partir da cidade de Nandigrama, cerca
de 30 quilômetros de Ayodhya, para que todos soubessem que embora ele
governasse, Ayodhya e o trono pertenciam a Sri Rama. Após esse incidente, Rama, Sitadevi
e Lakshmana, finalmente estabeleceram residência na floresta de Dandaka onde
construíram duas novas cabanas de palhas: uma para Sitadevi e Rama e outra para
Lakshmana. Sri Rama escolheu essa floresta por ser um local de acesso
dificílimo, onde eles poderiam ficar totalmente isolados dos cidadãos de
Ayodhya e, assim, seu irmão Bháratta poderia governar (por si mesmo) o Reino,
livrando-se pouco a pouco de sua influência. Coincidiu que nesse
período, alguns espíritos malignos (rakshasas), detentores das piores
tendências, aterrorizavam os habitantes das florestas: humanos, plantas e
animais. Não conseguiam, todavia, se aproximar dos rishis e dos mosteiros, mas causavam terror aos
outros habitantes. Divertiam-se dando gritos tão terríveis, com o único propósito
de causarem abortos nas mulheres e fêmeas grávidas. Apareciam de súbito
diante dos idosos (humanos e animais) que morriam do susto causado pela
presença assustadora e repugnante desses terríveis demônios rakshasas. Usavam
de poderes mágicos para manipularem a mente das criaturas, fazendo com que elas
tivessem alucinações e morressem devido a doenças ou se jogassem de
precipícios. Quando viam árvores frondosas e belas, passavam seus excrementos
nos caules, de sorte que as árvores perdiam suas flores, seus frutos e secavam,
afetadas por terríveis doenças. Poluíam os rios e lagos com suas urinas e
causavam grandes distúrbios e devastação ambiental. Sri Rama,
ao tomar conhecimento dessas atrocidades, partiu, juntamente com Lakshmana à
procura desses espíritos malignos, matando-os aos milhares. Havia uma
feiticeira muito má, chamada Shurpanaka, que chefiava esses demônios. Ela era a
feiura personificada. Tinha uma aparência horrível, hálito de peixe podre e seu
corpo exalava um terrível mau-cheiro. Ao ver a força de Sri Rama, ela tomada de
curiosidade e desejo (luxúria) sexual, aproximou-se d’ele, fazendo propostas
numa linguagem vulgar, imprópria para a época. O Senhor Rama, que era a própria
manifestação da virtude, manteve-se calmo, transcendental a esses insultos. Sorrindo,
ele falou de maneira gentil e educada para a feiticeira dizendo: “Ó linda
e gentil senhora, qualquer homem sentir-se-ia feliz ao seu lado. Mas eu já sou
casado com esta senhora que está ao meu lado, chamada Sitadevi, Princesa do Reino
de Mithila. Não obstante, aqui também está presente meu valoroso irmão, o
Príncipe Lakshmana, que ainda não sendo casado, está à procura de uma esposa
adequada como só a senhora pode ser”. Shurpanaka ficou muito
alegre, e aceitou Lakshmana como seu futuro esposo. Lakshmana, entretanto, para
se livrar da situação, assim falou para a feiticeira: “Ó grande e bela senhora,
eu sou o irmão mais novo d’este valoroso Príncipe de beleza inigualável. Eu
nada tenho e sou mantido por Ele. Pois sou apenas como Seu servo, e nada
poderia oferecer à uma senhora bela como você. Eu acho que Ele não continuaria
ao lado de sua esposa Sitadevi, caso tivesse a senhora ao Seu lado, pois a sua
beleza, certamente faria com que um homem pensasse apenas em tê-la, ó formosa
senhora, como única esposa”. https://www.thoth3126.com.br.
Abraço. Davi
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