sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

PORTAL DAS REENCARNAÇÕES. INTRODUÇÃO I.



Judaísmo. A reencarnação é um estudo profundo da evolução espiritual da consciência humana. Como o Ari, Rabino Issac Luria (1534-1572) explica, citando partes do Talmud, existem cinco níveis básicos da inteligência humana, veja acima na tabel 1. A evolução e o desenvolvimento humano envolvem um crescimento gradual, espiritual e físico, passo a passo, de um nível para o outro. Este processo pode ser governado, por um lado, pelas leis da natureza, que são impostas sobre o homem ou, por outro lado, pelo livre arbítrio. A principal intenção deste livro é expor essas leis, a fim de permitir que o homem pratique seu livre arbítrio e participe conscientemente no processo de sua própria evolução. Todos conhecem a Teoria da Evolução de Charles Darwin (1809-1882), que explica o processo de evolução do corpo físico do homem. Mas as questões são: quais são as origens da inteligência humana? A Lei da seleção natural pode ser controlada? O homem pode conscientemente navegar ao topo da escada da evolução ou ele só é regido pelas leis da natureza? A reencarnação não tem a ver somente com vidas passadas. É também sobre como conduzir-nos ao presente e no futuro. Estudar o processo de evolução humana através da reencarnação e compreender os níveis de inteligência humana e sua origem, não só melhora a nossa compreensão de nós mesmos, como também pode apressar este processo e oferecer controle sobre o nosso destino. Isso porque tudo o que acontece em nossa vida segue a lei básica de causa e efeito. Consequentemente, nada acontece por acaso. Reconhecer a causa principal dá a possibilidade de modificar o efeito. É assim que o ser humano exerce o seu livre arbítrio. Evoluir sendo regido pelas leis da seleção natural envolve dor e sofrimento, morte e nascimento, e uma vida vivida sem consciência e sem livre arbítrio. Uma profunda compreensão das leis espirituais, que regem a nossa alma consciência, pode nos libertar do caminho da dor e levar-nos ao caminho do prazer. A justiça divina e a compreensão da Vontade Divina têm sido um grande desafio para o homem, se não o maior deles. O versículo que aparece em Deuteronômio 29:28 “As coisas ocultas pertencem a Adonai, nosso Elohim. Porém, as reveladas pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para cumprir todas as palavras desta Toráh”. Isso pode nos dar ainda mais desânimo na tentativa de compreender a Vontade Divina, pois se as coisas ocultas pertencem apenas ao Santíssimo, como então podemos seguir todas as palavras desta Toráh sem entendermos o motivo delas? A reencarnação explica as coisas ocultas, que se estendem para além das nossas expectativas lógicas, que são baseadas em nossa percepção física. Ela nos permite participar das “coisas ocultas” e entender as leis cósmicas que regem a consciência da nossa alma. Nada é um mistério, tudo tem uma razão, mesmo que esteja oculto de nossa percepção atual. Nesta primeira introdução, o Ari apresenta os níveis da alma (Neshamá) e os seus nomes. Recomenda-se aprender os seus nomes em hebraico, por causa do significado preciso que cada nome representa em relação ao seu nível específico. Assim, de baixo para cima, a Néfesh, que pode ser traduzida com os poderes instintivos e impulsivos do ser humano, é a parte mais baixa da alma, e é como a Bíblia diz: ‘(...) porque o sangue é a Nésfesh” (Deuteronômio 12:23). Isto significa que o sangue é o elemento físico do corpo humano que conecta o mundo da matéria com o espírito. Tirar todo o sangue do corpo provoca a morte. O nível de consciência de Néfesh está relacionado com nossas necessidades básicas e instintivo de sobrevivência. Caçar e consumir outros seres vivos para sustentar o nosso corpo; adquirir riquezas físicas e posses para se sentir seguro e protegido; satisfazer desejos luxuriosos de sexo e de prazer, etc. Moralmente, é, portanto, mais provável que a Nésfesh leve uma pessoa a sucumbir a suas fraquezas e cometer pecados. Esses pecados podem ser vistos como atos que prejudicam a pessoa e seu companheiro. Poderíamos comparar o termo Néfesh com o termo Anima descrito por Aristóteles (384 AC 322), sendo a percepção do Eu através dos sentidos, consciência de si, e a auto comoção. Já para Carl Gustav Jung (1875-1961), o “anima” e o “animus” (masculino e feminino), são descritos como elementos de sua teoria do inconsciente coletivo, um domínio do inconsciente que transcende a psique pessoal. Ela pode ser entendida como a consciência e o autoconhecimento que uma pessoa tem de ser e de se tornar uma parte do todo. Ela pode estar dormente ou desperta. Cabalísticamente falando, é o Rúach (Espírito), de cima, que desperta a Nésfesh. O Ruach, traduzido como Espírito, é o próximo nível. É aqui que a pessoa se torna “espiritual”. A primeira centelha de consciência espiritual aparece quando o homem faz as perguntas mais básicas: Por que estou vivo? Qual é o sentido da vida? Há um propósito para eu viver? Há alguém lá fora olhando para mim? Estas questões levam o homem a pensar, contemplar e aspirar pelos estudos superiores de vida; filosofia, astrologia, meditação, sabedoria esotérica, tudo em uma tentativa de desmistificar o mistério de sua própria existência. As respostas estão dentro de nós! O Ruach (Espírito) serve como um intermediário entre a Néfesh e a Neshamá (Alma). Em geral, o Ruach ajuda a Néfesh em sua constante luta para escolher entre o bem e o mal. A Neshamá (Alma) é um nível muito alto de consciência que reside no paraíso. Ele não passa pelos ciclos de reencarnação. Ela não sofre os altos e baixos que o corpo atravessa. Ela se conecta com a pessoa uma vez que ela corrigiu os dois primeiros níveis, de Néfesh e Rúach. Os outros dois níveis, Chaiá (Forma Viva) e o Iechidá (unidade) não participaram no pecado de Adão (Adam), assim, as leis da reencarnação também não se aplicam a eles. Isto nos ensina que as leis da reencarnação também não se aplicam a eles. Isto nos ensina que as leis da reencarnação surgiram no Universo para ajudar o homem corrigir o pecado de Adão. Esta é a origem da palavra Ticun em hebraico, que significa “corrigir”. Isso vale embora estas duas partes não estejam inclusas no processo geral do Ticun. Para uma compreensão mais simples e prática dos níveis da alma, consulte a Tabela nº 3. Rabino Isaac Luria, Há’Ari Há-Cadosh: Vamos começar falando sobre o que os nossos Sábios, de abençoada memória, disseram, de que a alma (Neshamà) possui cinco partes. A ordem delas, de baixo para cima, é: Néfesh, Rúach, Neshamá, Chaiá e Iechidá (ou em resumo NaRanCHal). Nós podemos nos perguntar de onde é que os níveis da alma, conhecidos como “luzes”, surgiram? As origens dos níveis da lama vêm do infinito, conhecido como Ein Sof. Depois que o Tsimtsum ocorreu, o Receptáculo criado, receptor da luz do Criador, rejeitou a abundância infinita do Ein Sof e voluntariamente saiu do Infinito. Esta ação causou a descida gradual tanto do Receptáculo como da Luz para a dimensão dos mundos. A descida do Receptáculo causou o aparecimento dos mundos, enquanto que a Luz, o aparecimento das “Luzes”. Para um estudo mais profundo sobre este assunto, consulte o Talmud Esser HaSefiot (Estudo das Dez Emanações Luminosas), do Rabino Iehuda Ashlag. E não há dúvidas de que estas partes não possuem esses nomes por acaso. Saiba que a pessoa de fato é o elemento espiritual que fica dentro de um corpo, e o corpo nada mais é do que uma vestimenta para a pessoa real, e não a pessoa em si. É por isso que no Zohar se diz que o homem conecta e une todos os quatro mundos: Emanação (Atsilut), Criação (Beriá), Formação (Ietsirá e Ação (Assiá), porque nele existem partes de todos estes quatro mundos, sendo que cada uma dessas partes é designada por um dos cinco nomes mencionados anteriormente: NaRaNChal, como explicado. Uma pessoa não adquire todos os níveis de sua alma (Neshamá) de uma só vez, mas de acordo com o mérito. Então, primeiro a pessoa recebe o nível mais baixo deles, que é chamado de Néfesh. Depois, se merecer mais, ela também adquire o Rúach. Tudo isso é conforme o que está explicado em algumas partes do Zohar, como na Porção Semanal de Vaiechi e, parcialmente, na de Terumá. E especialmente , no início da Porção Semanal de Mishpatim: “Quando a pessoa nasce, ela recebe uma Néfesh, etc”.  E agora que explicamos isso, é preciso falar um pouco, de maneira introdutória, sobre o assunto trazido aqui. O tema de Néfesh, Rúach e Neshmá, bem com a divisão da alma segundo os nossos Sábios, já foi explicado em detalhes no Shaar Hapessukim (Portão dos versículos), quando se falou do versículo: “E sua mãe fazia-lhe uma túnica pequena”. Isso também foi explicado no Shaar Hamitsvot (Portão dos Preceitos), na Porção Semanal de Vaiechi, quando se falou das leis do luto. E falaremos mais disso (...). Saiba, que toda Néfesh é do mundo de Assiá, toda Rúach é do mundo de Ietsirá e toda Neshamá é do mundo de Beriá. No entanto, a maioria das pessoas não tem as cinco partes da alma, chamadas de NaRaNChal, mas apenas a Néfesh, que é de Assiá. No entanto, mesmo nela existem diversos níveis, pois o próprio mundo de Assiá também se divide em cinco Parsufim, chamados: Arich Anpin (Face Longa), Aba (Pai), Ima (Mãe), Sachar (Pequena Face, Aspecto Masculino) e Nucvá (Aspecto Feminino). Antes de a pessoa ter mérito para poder adquirir seu Rúach, que é do mundo de Ietsirá, ela precisa estar completa em todos os cinco Partsufim da Néfesh, que é de Assiá. E mesmo sabendo que existem pessoas cuja Néfesh é de Malchut de Assiá e outras cuja Néfesh é de Issód de Assiá, etc., independente disso, cada pessoa tem o dever de corrigir todo o mundo de Assiá, e só depois disso a pessoa consegue receber o seu Rúach, que é de Ietsirá, já que o mundo de Ietsirá é maior do que todo o mundo de Assiá. Isso segue e, portanto, de modo similar, para poder adquirir a Neshamá, que é do mundo de Beriá, a pessoa precisa corrigir todas as partes do seu Rúach, em todo o mundo de Ietsirá. Depois, a pessoa pode receber a Neshamá, que é de Beriá. Não basta retificar apenas o local específico que é a Raiz de sua alma, mas a pessoa tem que corrigir as coisas da maneira mencionada, até ser digna de receber todo o mundo de Assiá, e ai, então, ela pode receber o Rúach de Ietsirá. E desse modo ela segue por todos os mundos. O Ari explica o princípio da responsabilidade coletiva e mútua que surge na consciência de uma pessoa quando ela se entrega à correção espiritual. É de importância vital transcender a percepção individualista de nosso ser e envolver-se no que está acontecendo em todo o mundo de Assiá, ao qual a nossa Néfesh está conectada. E não se deve pensar que basta corrigir a Raiz da Néfesh do indivíduo, ignorando os outros níveis. Esta expansão da consciência é uma preparação para merecer o nível seguinte, que é o Rúach. Isso quer dizer que a pessoa deve se ocupar com a Toráh e o cumprimento dos preceitos, que correspondem a todo o mundo de Assiá, e não apenas com aqueles preceitos que correspondem ao local específico ao qual sua Néfesh está ligada. Então, este é o aspecto de estudar a Toráh e cumprir os preceitos.  O objetivo de uma pessoa entregar-se ao cumprimento da Toráh e dos preceitos é para purificar e expandir sua consciência, à medida que ela se torna consciente da unicidade que une a todos os seres. Livro Portal das Reencarnações. Abraço. Davi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário