Judaísmo.
A reencarnação é um estudo profundo da evolução espiritual da consciência
humana. Como o Ari, Rabino Issac Luria (1534-1572) explica, citando partes do
Talmud, existem cinco níveis básicos da inteligência humana, veja acima na
tabel 1. A evolução e o desenvolvimento humano envolvem um crescimento gradual,
espiritual e físico, passo a passo, de um nível para o outro. Este processo
pode ser governado, por um lado, pelas leis da natureza, que são impostas sobre
o homem ou, por outro lado, pelo livre arbítrio. A principal intenção deste
livro é expor essas leis, a fim de permitir que o homem pratique seu livre
arbítrio e participe conscientemente no processo de sua própria evolução. Todos
conhecem a Teoria da Evolução de Charles Darwin (1809-1882), que explica o
processo de evolução do corpo físico do homem. Mas as questões são: quais são
as origens da inteligência humana? A Lei da seleção natural pode ser
controlada? O homem pode conscientemente navegar ao topo da escada da evolução
ou ele só é regido pelas leis da natureza? A reencarnação não tem a ver somente
com vidas passadas. É também sobre como conduzir-nos ao presente e no futuro.
Estudar o processo de evolução humana através da reencarnação e compreender os
níveis de inteligência humana e sua origem, não só melhora a nossa compreensão
de nós mesmos, como também pode apressar este processo e oferecer controle
sobre o nosso destino. Isso porque tudo o que acontece em nossa vida segue a
lei básica de causa e efeito. Consequentemente, nada acontece por acaso.
Reconhecer a causa principal dá a possibilidade de modificar o efeito. É assim
que o ser humano exerce o seu livre arbítrio. Evoluir sendo regido pelas leis
da seleção natural envolve dor e sofrimento, morte e nascimento, e uma vida
vivida sem consciência e sem livre arbítrio. Uma profunda compreensão das leis
espirituais, que regem a nossa alma consciência, pode nos libertar do caminho
da dor e levar-nos ao caminho do prazer. A justiça divina e a compreensão da Vontade
Divina têm sido um grande desafio para o homem, se não o maior deles. O
versículo que aparece em Deuteronômio 29:28 “As coisas ocultas pertencem a
Adonai, nosso Elohim. Porém, as reveladas pertencem a nós e a nossos filhos
para sempre, para cumprir todas as palavras desta Toráh”. Isso pode nos dar
ainda mais desânimo na tentativa de compreender a Vontade Divina, pois se as
coisas ocultas pertencem apenas ao Santíssimo, como então podemos seguir todas
as palavras desta Toráh sem entendermos o motivo delas? A reencarnação explica
as coisas ocultas, que se estendem para além das nossas expectativas lógicas,
que são baseadas em nossa percepção física. Ela nos permite participar das
“coisas ocultas” e entender as leis cósmicas que regem a consciência da nossa
alma. Nada é um mistério, tudo tem uma razão, mesmo que esteja oculto de nossa
percepção atual. Nesta primeira introdução, o Ari apresenta os níveis da alma
(Neshamá) e os seus nomes. Recomenda-se aprender os seus nomes em hebraico, por
causa do significado preciso que cada nome representa em relação ao seu nível
específico. Assim, de baixo para cima, a Néfesh, que pode ser traduzida com os
poderes instintivos e impulsivos do ser humano, é a parte mais baixa da alma, e
é como a Bíblia diz: ‘(...) porque o sangue é a Nésfesh” (Deuteronômio 12:23).
Isto significa que o sangue é o elemento físico do corpo humano que conecta o
mundo da matéria com o espírito. Tirar todo o sangue do corpo provoca a morte.
O nível de consciência de Néfesh está relacionado com nossas necessidades
básicas e instintivo de sobrevivência. Caçar e consumir outros seres vivos para
sustentar o nosso corpo; adquirir riquezas físicas e posses para se sentir
seguro e protegido; satisfazer desejos luxuriosos de sexo e de prazer, etc. Moralmente,
é, portanto, mais provável que a Nésfesh leve uma pessoa a sucumbir a suas
fraquezas e cometer pecados. Esses pecados podem ser vistos como atos que
prejudicam a pessoa e seu companheiro. Poderíamos comparar o termo Néfesh com o
termo Anima descrito por Aristóteles (384 AC 322), sendo a percepção do Eu
através dos sentidos, consciência de si, e a auto comoção. Já para Carl Gustav
Jung (1875-1961), o “anima” e o “animus” (masculino e feminino), são descritos
como elementos de sua teoria do inconsciente coletivo, um domínio do
inconsciente que transcende a psique pessoal. Ela pode ser entendida como a
consciência e o autoconhecimento que uma pessoa tem de ser e de se tornar uma
parte do todo. Ela pode estar dormente ou desperta. Cabalísticamente falando, é
o Rúach (Espírito), de cima, que desperta a Nésfesh. O Ruach, traduzido como
Espírito, é o próximo nível. É aqui que a pessoa se torna “espiritual”. A
primeira centelha de consciência espiritual aparece quando o homem faz as
perguntas mais básicas: Por que estou vivo? Qual é o sentido da vida? Há um
propósito para eu viver? Há alguém lá fora olhando para mim? Estas questões
levam o homem a pensar, contemplar e aspirar pelos estudos superiores de vida;
filosofia, astrologia, meditação, sabedoria esotérica, tudo em uma tentativa de
desmistificar o mistério de sua própria existência. As respostas estão dentro
de nós! O Ruach (Espírito) serve como um intermediário entre a Néfesh e a
Neshamá (Alma). Em geral, o Ruach ajuda a Néfesh em sua constante luta para escolher
entre o bem e o mal. A Neshamá (Alma) é um nível muito alto de consciência que
reside no paraíso. Ele não passa pelos ciclos de reencarnação. Ela não sofre os
altos e baixos que o corpo atravessa. Ela se conecta com a pessoa uma vez que
ela corrigiu os dois primeiros níveis, de Néfesh e Rúach. Os outros dois
níveis, Chaiá (Forma Viva) e o Iechidá (unidade) não participaram no pecado de
Adão (Adam), assim, as leis da reencarnação também não se aplicam a eles. Isto
nos ensina que as leis da reencarnação também não se aplicam a eles. Isto nos
ensina que as leis da reencarnação surgiram no Universo para ajudar o homem
corrigir o pecado de Adão. Esta é a origem da palavra Ticun em hebraico, que
significa “corrigir”. Isso vale embora estas duas partes não estejam inclusas
no processo geral do Ticun. Para uma compreensão mais simples e prática dos
níveis da alma, consulte a Tabela nº 3. Rabino Isaac Luria, Há’Ari Há-Cadosh:
Vamos começar falando sobre o que os nossos Sábios, de abençoada memória,
disseram, de que a alma (Neshamà) possui cinco partes. A ordem delas, de baixo
para cima, é: Néfesh, Rúach, Neshamá, Chaiá e Iechidá (ou em resumo NaRanCHal).
Nós podemos nos perguntar de onde é que os níveis da alma, conhecidos como
“luzes”, surgiram? As origens dos níveis da lama vêm do infinito, conhecido
como Ein Sof. Depois que o Tsimtsum ocorreu, o Receptáculo criado, receptor da
luz do Criador, rejeitou a abundância infinita do Ein Sof e voluntariamente
saiu do Infinito. Esta ação causou a descida gradual tanto do Receptáculo como
da Luz para a dimensão dos mundos. A descida do Receptáculo causou o
aparecimento dos mundos, enquanto que a Luz, o aparecimento das “Luzes”. Para
um estudo mais profundo sobre este assunto, consulte o Talmud Esser HaSefiot
(Estudo das Dez Emanações Luminosas), do Rabino Iehuda Ashlag. E não há dúvidas
de que estas partes não possuem esses nomes por acaso. Saiba que a pessoa de
fato é o elemento espiritual que fica dentro de um corpo, e o corpo nada mais é
do que uma vestimenta para a pessoa real, e não a pessoa em si. É por isso que
no Zohar se diz que o homem conecta e une todos os quatro mundos: Emanação
(Atsilut), Criação (Beriá), Formação (Ietsirá e Ação (Assiá), porque nele
existem partes de todos estes quatro mundos, sendo que cada uma dessas partes é
designada por um dos cinco nomes mencionados anteriormente: NaRaNChal, como
explicado. Uma pessoa não adquire todos os níveis de sua alma (Neshamá) de uma
só vez, mas de acordo com o mérito. Então, primeiro a pessoa recebe o nível mais
baixo deles, que é chamado de Néfesh. Depois, se merecer mais, ela também
adquire o Rúach. Tudo isso é conforme o que está explicado em algumas partes do
Zohar, como na Porção Semanal de Vaiechi e, parcialmente, na de Terumá. E
especialmente , no início da Porção Semanal de Mishpatim: “Quando a pessoa
nasce, ela recebe uma Néfesh, etc”. E
agora que explicamos isso, é preciso falar um pouco, de maneira introdutória,
sobre o assunto trazido aqui. O tema de Néfesh, Rúach e Neshmá, bem com a
divisão da alma segundo os nossos Sábios, já foi explicado em detalhes no Shaar
Hapessukim (Portão dos versículos), quando se falou do versículo: “E sua mãe
fazia-lhe uma túnica pequena”. Isso também foi explicado no Shaar Hamitsvot
(Portão dos Preceitos), na Porção Semanal de Vaiechi, quando se falou das leis
do luto. E falaremos mais disso (...). Saiba, que toda Néfesh é do mundo de
Assiá, toda Rúach é do mundo de Ietsirá e toda Neshamá é do mundo de Beriá. No
entanto, a maioria das pessoas não tem as cinco partes da alma, chamadas de
NaRaNChal, mas apenas a Néfesh, que é de Assiá. No entanto, mesmo nela existem
diversos níveis, pois o próprio mundo de Assiá também se divide em cinco
Parsufim, chamados: Arich Anpin (Face Longa), Aba (Pai), Ima (Mãe), Sachar
(Pequena Face, Aspecto Masculino) e Nucvá (Aspecto Feminino). Antes de a pessoa
ter mérito para poder adquirir seu Rúach, que é do mundo de Ietsirá, ela
precisa estar completa em todos os cinco Partsufim da Néfesh, que é de Assiá. E
mesmo sabendo que existem pessoas cuja Néfesh é de Malchut de Assiá e outras
cuja Néfesh é de Issód de Assiá, etc., independente disso, cada pessoa tem o
dever de corrigir todo o mundo de Assiá, e só depois disso a pessoa consegue
receber o seu Rúach, que é de Ietsirá, já que o mundo de Ietsirá é maior do que
todo o mundo de Assiá. Isso segue e, portanto, de modo similar, para poder
adquirir a Neshamá, que é do mundo de Beriá, a pessoa precisa corrigir todas as
partes do seu Rúach, em todo o mundo de Ietsirá. Depois, a pessoa pode receber
a Neshamá, que é de Beriá. Não basta retificar apenas o local específico que é
a Raiz de sua alma, mas a pessoa tem que corrigir as coisas da maneira
mencionada, até ser digna de receber todo o mundo de Assiá, e ai, então, ela
pode receber o Rúach de Ietsirá. E desse modo ela segue por todos os mundos. O
Ari explica o princípio da responsabilidade coletiva e mútua que surge na
consciência de uma pessoa quando ela se entrega à correção espiritual. É de
importância vital transcender a percepção individualista de nosso ser e
envolver-se no que está acontecendo em todo o mundo de Assiá, ao qual a nossa
Néfesh está conectada. E não se deve pensar que basta corrigir a Raiz da Néfesh
do indivíduo, ignorando os outros níveis. Esta expansão da consciência é uma
preparação para merecer o nível seguinte, que é o Rúach. Isso quer dizer que a
pessoa deve se ocupar com a Toráh e o cumprimento dos preceitos, que
correspondem a todo o mundo de Assiá, e não apenas com aqueles preceitos que
correspondem ao local específico ao qual sua Néfesh está ligada. Então, este é
o aspecto de estudar a Toráh e cumprir os preceitos. O objetivo de uma pessoa entregar-se ao
cumprimento da Toráh e dos preceitos é para purificar e expandir sua
consciência, à medida que ela se torna consciente da unicidade que une a todos
os seres. Livro Portal das Reencarnações. Abraço. Davi.
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