Texto
escrito por Eduardo Truhlar Martins. Introdução. Podes chegar à dignidade
humana; mas não deves esquecer que deves o que és àquele que resgatou tua
imagem humana pela redenção no Gólgota. A frase anterior foi dita por Rudolf Steiner (1861-1925) filósofo e
naturalista. Desde a sua infância, Steiner manifestava sinais de clarividência.
Essa faculdade permitia a ele ter contato com o mundo espiritual. Sempre teve
interesse em provar a existência desse mundo através de argumentos que se
opusessem ao materialismo vigente em sua época. Aos 22 anos, Steiner foi
convidado a organizar para publicação os escritos científicos de Johann Goethe
(1749-1832). Em 1891, obteve o título de doutor em filosofia na Universidade de
Rostock com a tese Uma Teoria da Cognição, com especial referência ao ensinamento
de Johann Fichte (1762-1814). De acordo com Rudolf Meyer (1826-1897), foi
Fichte com sua filosofia do Eu, quem proporcionou a Steiner a revelação direta
e imediata de uma realidade espiritual e ativa. Embora Steiner participasse da
Sociedade Teosófica, nem sempre compartilhava das mesmas ideias. Após as suas
conferências na Biblioteca Teosófica de Berlim, Alemanha, em 1902, foi
estabelecida uma seção alemã nos quadros da Sociedade Teosófica, de âmbito
internacional, na qual ficou estipulado que Rudolf Steiner, secretário geral da
seção em apreço, não estaria obrigado a ministrar ou explanar quaisquer
ensinamentos, senão os resultantes de sua própria investigação espiritual. Este
evento, sem dúvida, foi uma ótima oportunidade para Steiner lançar as bases da futura
Sociedade Antroposófica. A Teosofia estava tomando rumos que o desagradava.
Para Steiner, o cristianismo se diferenciava das outras religiões porque Jesus
Cristo e o Acontecimento do Gólgota constituem-se como o evento central da
História da Terra e da humanidade. Teósofos como Helena Petrovna Blavatsky
(1831-1891) e Annie Besant (1847-1933) não tinham a mesma posição. Karlton
Hemleben (1892-1958) afirma que eles viam, numa síntese geral de todas as
religiões e suas verdades com igualdade de direito, um alto ideal que esperavam
alcançar por uma tolerância inteligente. Não havia compreensão nem
reconhecimento da singularidade que reside na aparição do Filho de Deus, o
Cristo, no homem de Jesus de Nazaré na Terra. Em vez disso, Annie Besant
proclamava o rapaz Jiddu Krishnamurti (1895-1986) como a reencarnação de
Cristo. Em 1902 Rudolf Steiner fundou a Antroposofia e a desenvolveu até o ano
de 1925, ano de sua morte, deixando uma vasta bibliografia que diz respeito à
constituição da Ciência Antroposófica. A
Antroposofia é uma ciência espiritual de essência cristã introduzida por Rudolf
Steiner no início do século XX. Essa ciência tem como objetivo provar a
existência do mundo espiritual e sua relação com o mundo material. Ela tem
como característica a busca pelo conhecimento da natureza humana e de todo o
universo. É uma ciência do cosmo, tendo como centro e ponto de partida o homem
. A Antroposofia apoia a Ciência utilizada pelos homens e é capaz de ampliar os
conhecimentos obtidos por ela, sua aplicação abrange praticamente todas as
áreas da vida humana. Dentro duma perspectiva Antroposófica, este artigo possui
como objetivo mostrar como se deu à evolução dos principais conhecimentos dos
mistérios da antiguidade até a vinda do Cristo Jesus. Steiner afirmava poder
realizar uma pesquisa espiritual Revelação da Crônica do Akasha. A partir desse
tipo de pesquisa ele obteve inúmeras informações sobre a história de vários
povos. Colin Wilson (1931-2013)
relata sobre essa habilidade de Rudolf Steiner dizendo: Um dos exemplos de
imaginação ativa é a intrigante faculdade conhecida como psicometria, (...).
Certas pessoas têm a habilidade de, segurando um objeto em suas mãos, ver as
imagens relacionadas à história passada desse objeto. Nas últimas décadas a
psicometria tem sido uma ajuda valiosa para a Arqueologia. Um renomado físico
polonês, Stefan Ossoviecki (1877-1974), ouviu um amigo falar sobre Rudolf
Steiner e os registros acásicos, e decidiu fazer uma tentativa sistemática para
lê-los. Junto com o professor Stanislaw Poniatowski (1732-1798), da
Universidade de Varsóvia, dirigiu uma minuciosa série de experiências sobre
objetos pré-históricos que, repetidas vezes, revelaram uma incrível precisão.
1. Os Conhecimentos Iniciáticos da Antiguidade. Na antiguidade os conhecimentos
do mundo espiritual eram passados às pessoas que ansiavam por respostas mais
satisfatórias do que as oferecidas pelas religiões populares. Em todos os povos
existiam sacerdotes que restringiam esses ensinamentos a um público
selecionado. Os iniciados eram pessoas cuidadosamente escolhidas. Não era
qualquer um que podia ter acesso a esses conhecimentos. Era levada em
consideração, principalmente, a conduta moral do neófito. Ao ser aceito nessas
comunidades ocultas, o iniciado tinha que passar por provas que podiam levar
anos para serem concluídas. Os iniciados nos mistérios dos diversos povos
passavam por situações, em geral, semelhantes. Suportavam sofrimentos e
enfrentavam uma “morte” aparente de três dias. O espírito permanecia nos mundos
espirituais onde lhe era revelado os mistérios, sendo depois reconduzido ao
corpo físico. Ao acordar ele relembrava as experiências do mundo espiritual e
tornava-se um mensageiro desse mundo. Os discípulos deviam fazer com que o
sentimento egoísta desse lugar ao sentimento de amor por tudo e por todos. Ao
concluir essa tarefa, eles tornavam-se capazes de despertar as forças divinas
adormecidas no interior de suas almas. As pessoas que aprendiam os mistérios
podiam buscar no fundo de suas almas o que sabiam que ali repousava: o homem
divino. Era uma forma delas sentirem-se em uma situação de familiaridade com
Deus. Nesse momento, o iniciado participava diretamente das verdades divinas
tomando conhecimento de sua verdadeira realidade, tanto física quanto espiritual.
Havia vários rituais míticos para obter essas finalidades: os egípcios
utilizavam-se de forças espirituais denominadas de Ísis e Osíris, quando se
queria chamar a atenção para a fonte original do homem interior. Na Grécia
essas forças recebiam o nome de Dionísio. O mito de Dionísio é fundado na ideia
de morte, ressurreição e sacrifício. Existia entre os romanos o culto a Mitra,
seus discípulos afirmavam o seguinte: Quando conhecemos o Universo, algo do
Grande Cosmo nos aflui, assim como o ar que da atmosfera desemboca em nós;
Mitra, o deus, acolhamo-lo. O deus que inunda o universo. Os pitagóricos, no
século VI AC, formavam uma comunidade sacra que exigia segredo entre os
iniciados a respeito dos estudos da alma e de uma doutrina da transmigração e
da reencarnação. O mito de Osíris é um exemplo dos Ensinamentos Iniciáticos.
Osíris havia se tornado um dos deuses mais importantes, era filho do deus
solar, seu irmão era Tífon-Set e sua irmã, e também esposa, Ísis. Tífon,
pensando em destruí-lo, mandou fazer um caixão com o comprimento igual ao de
Osíris. Em um banquete, esse caixão foi oferecido a quem nele coubesse. Quando
Osíris se deitou, Tífon e outros ajudantes fecharam o caixão e o jogaram no
Nilo. Ao saber dos fatos Ísis foi em busca de Osíris até encontrá-lo. Tífon
soube do ocorrido e se apoderou do corpo de Osíris, despedaçou-o em quatorze
partes e as espalhou pelo Egito. Porém, Osíris ressurgiu das trevas e venceu
seu irmão. Um raio enviado por Osíris caiu sobre Ísis, que concebeu e teve um
filho chamado Hórus ou Hapócrates. Nesse mito, deus Osíris, morreu e sua força
criadora foi transmitida pelo mundo manifestando-se como os quatro elementos
água, terra, fogo e ar. O homem deve buscar viver mediante seu conhecimento
sobre a natureza divina. Assim como Hórus filho de deus, o Logos, o homem há de
encontrá-lo na polaridade entre luta, Tífon e amor, Ísis. A revelação dos
segredos a pessoas não Iniciadas era considerado um grande crime, podendo ser
condenado até a morte . Segundo Steiner, consta que o poeta Ésquilo foi acusado
de ter levado ao palco algo do conteúdo dos mistérios, só conseguindo salvar-se
da morte por ter se refugiado no altar de Dionísio e ter provado judicialmente
que nem era um iniciado. 2. Relações entre os mistérios da Antiguidade e o Cristianismo.
Segundo Rudolf Steiner os Conhecimentos Iniciáticos da Antiguidade serviram
para preparar as pessoas para o advento do cristianismo. A busca pelo que é
divino, os contatos com o mundo espiritual faziam parte das sociedades
pré-cristãs numa época em que poucos tinham acesso a esses conhecimentos. O
cristianismo representa um nível acima na evolução humana, desde então, a todas
as pessoas é dado o direito de conscientizar-se de sua verdadeira natureza
espiritual. Enquanto os mistérios transmitiam os meios de se chegar à verdade,
o cristianismo transmitia a própria verdade. Os Conhecimentos Iniciáticos são
na verdade a essência da sabedoria cristã: o amor. Além de boas condutas, era
ensinado a existência do mundo espiritual e a pluralidade das vidas. Somente
através de uma ótica espiritual que é possível contemplar as verdades
universais. Essas não podem ser escritas por não existirem palavras que as
expressem, apenas vivenciadas. Uma passagem da vida de Santo Tomás de Aquino
(1225-1274), citado no livro de Carlos A. R. Nascimento pode ilustrar esse
fato: (...) rezando diante do crucifixo, este lhe teria dito: 'Tomás,
escreveste bem a meu respeito, que recompensa devo te dar por teu trabalho?
Tomás teria respondido: Senhor, nada mais que vós mesmo. Conta-nos ainda Carlos
Nascimento que no dia 6 de dezembro, festa de São Nicolau de Mira (270-343),
Tomás passou por uma extraordinária transformação durante a celebração da
missa. A partir de então não quis mais escrever, ditar e até se desfez de seu
escritório. Ninguém entendia a estranha atitude de Tomás de Aquino, mas a uma
pergunta (...), respondeu: não posso mais; tudo o que escrevi me parece palha
em comparação com o que vi; chegou o momento de parar de escrever (...). O que antes nascia da alma como Dionísio
ou do Universo como Mitra se desenvolveu e se reuniu em uma única divindade.
Antes o homem buscava respostas e as encontrava nas profundezas dos templos, da
alma, nos mistérios, e agora sem fazer nenhum esforço ou passar por nenhuma
prova, é possível ao homem se aproximar do fundamento divino do universo. A
divindade com o nome de Cristo incorporou os Conhecimentos Iniciáticos e os
transmitiu a humanidade. Dessa forma, essa divindade, Cristo, pode penetrar na
alma humana e fazer revolver o homem divino ali existente. Os hebreus foram os
escolhidos para tal acontecimento, pois, segundo Steiner, eles conheceram tanto
o culto a Mitra quanto a Dionísio embora estivessem distantes de ambos. Os
hebreus conheciam o que forma a natureza humana mais profunda e acreditavam que
isso estava presente no homem primordial chamado de Adão. De acordo com a
concepção hebraica, Adão era a fonte inspiradora dos homens para unirem-se a
Deus. Assim como Adão, o Cristo que desceu dos mundos espirituais como
unificação de Mitra e Dionísio tornou-se o ponto de referência para os homens
elevarem-se à Divindade. Os hebreus foram os escolhidos para esse grande
acontecimento porque eram os mais preparados espiritualmente para receberem os
ensinamentos do Cristo Jesus. 3. Jesus e Cristo. Jesus de Nazaré é um
personagem cuja existência histórica chega a ser posta em dúvida. Não é o
objetivo deste trabalho provar a sua existência. Segundo Steiner, mesmo que
seja provado que ele não tenha existido, o Cristo continuará sendo a fonte inspiradora
dos homens para alcançarem a Divindade. A personalidade histórica de Jesus de
Nazaré não é o mais importante para a Antroposofia. O Cristo que nele se
manifesta é a divindade que deve ser levada em consideração para os
Conhecimentos Iniciáticos, trata-se de um novo nascimento espiritual. Povos
anteriores ao cristianismo já possuíam essa convicção: os Essênios na Palestina
e os Terapeutas no Egito. Através de provas e experiências, esses povos
selecionavam os neófitos. Eles mostravam aos iniciados que para despertar o Ser
Superior, era preciso ter uma vida justa e boa ao longo de sucessivas vidas na
Terra. Através dos ensinamentos encontrados no início do evangelho segundo João
é possível entender melhor o desenvolvimento de uma personalidade na alma: “No
princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus. (...). E
o verbo se fez carne e habitou entre nós, e nós vimos sua glória, uma glória do
Filho Unigênito do Pai, cheio de abnegação e verdade”. (João 1, 1-14). O Logos
citado é o mesmo que Cristo, e Jesus o incorporou durante o batismo por João. A
partir desse momento o Cristo tornou-se o Eu de Jesus de Nazaré. O Logos
tornou-se carne por meio da personalidade, já preparada para isso, de Jesus. O
Cristo Jesus é a referência para se elevar espiritualmente, ele renovou os
conhecimentos da antiguidade tornando-os acessíveis a todas as pessoas. “(...)
Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da
vida”. (João 8,12). Jesus de Nazaré foi um iniciado durante sua encarnação, os
fatos de sua existência são descrições da iniciação. A grande diferença é que
na antiguidade os iniciados passavam por essas provas fora do corpo físico e em
cerimônias ocultas. Os relatos de Jesus, como por exemplo, na Tentação no deserto
(Lucas 4, 1-14) e na cena no Monte das Oliveiras (Mateus 27,28) são Eventos
Iniciáticos. A vida do Cristo desde o momento do batismo por João até o
Mistério do Gólgota foi uma adaptação a vida terrena. O corpo de Jesus de
Nazaré foi utilizado para que a entidade divina, espiritual do Cristo, pudesse
tomar a forma que lhe era necessária para, daí em diante, estar em comunhão com
as almas humanas”. Os acontecimentos na Palestina foram necessários para o
nascimento da vida terrena do Cristo que aconteceu a partir do Mistério do
Gólgota, esse acontecimento é denominado por Steiner de Impulso do Cristo. No
começo, após o batismo, o Cristo não estava totalmente ligado ao corpo de
Jesus, mas sua atuação era algo supra terreno, realizava curas e falava de maneira
divina aos homens. Aos poucos o Cristo foi se tornando semelhante ao corpo de
Jesus e, assim, foi perdendo seus poderes divinos. Isso acontecia por causa da
incompreensão dos homens sobre o que estava acontecendo. 4. A vida de Jesus dos
12 aos 30 anos. Através da revelação da crônica do Akasha, Steiner descreveu
cenas da vida de Jesus durante o período dos seus 12 aos 30 anos. Aos 12 anos,
assim relata o evangelho de Lucas, Jesus viajou com seus pais até Jerusalém
para assistir a uma festa. Ele se perdeu e foi encontrado três dias depois
dialogando com os doutores da Lei, os que o ouviam ficaram maravilhados com a
inteligência de suas respostas. A partir desse momento, Jesus de Nazaré passou
a ser muito influenciado pela alma de Zaratustra (século IV AC). Os grandes
conhecimentos de sua alma começaram a se manifestar, era como se o sol da
antiga sabedoria de Zaratustra estivesse reluzindo com a forma da erudição
judaica. Entre 16 e 18 anos Jesus realizou diversas viagens na Palestina, Ásia
Menor e até a Europa, presenciou vários cultos a Mitra onde eram realizados
cerimônias e sacrifícios aos deuses. Através de contatos com os Essênios, Jesus
pode se aprofundar nos Conhecimentos Iniciáticos. Os contatos com doutrinas
ocultas e o judaísmo fez Jesus perceber que muitos desses ensinamentos já não
tinham mais valor para a humanidade. Era preciso renovar esses conhecimentos.
Jesus compreendia a necessidade de falar das verdades divinas, tirá-las dos
cultos secretos e transmiti-las as pessoas sem que houvesse nenhum tipo de
preparação para ouvi-las. Já próximo aos 30 anos Jesus passou a sentir que a
alma de Zaratustra estava prestes a abandoná-lo. Quando isso aconteceu, ele
agia como um sonâmbulo, seus parentes achavam que ele tinha perdido o juízo,
andava ainda mais calado. Jesus tinha voltado a ser o mesmo de quando tinha 12
anos, amável e bondoso com os outros. De acordo com Steiner sua última decisão
surgiu de forma espontânea, ele foi se batizar com João Batista. O batismo no
rio Jordão é o marco de um evento de grande relevância. Foi exatamente nesse
momento que Jesus recebeu a entidade do Cristo em seu corpo. Pela primeira vez
na história da humanidade o Cristo habitou um corpo humano, até então ele só
havia habitado as esferas espirituais. Ao receber o Cristo em seu corpo, Jesus
tornou-se ainda mais adorável para com as outras pessoas. Seu olhar agora
transmitia uma paz de espírito muito agradável e sua simples presença era o
bastante para que todos os demônios se retirassem do lugar. A grande missão do
Cristo Jesus era ensinar como os homens poderiam encontrar o caminho para as
verdades do espírito. Esse fato foi consolidado no Mistério do Gólgota. O
Cristo nasceu para a humanidade e a partir daí ele tem participado do processo
de evolução dos homens, atuando no mundo espiritual. Conclusão. Steiner explica que: o cristianismo
devia ser o meio para que cada um encontrasse o caminho, e mesmo quem não
estivesse maduro não devia ser excluído da Corrente Iniciática. “O Filho do
Homem veio para buscar e salvar o que se havia perdido”. De então em diante,
mesmo os que não podiam participar dos mistérios gozariam um pouco de seus
frutos. A Sabedoria Iniciática
foi a responsável por dar condições para o surgimento do cristianismo. A
acumulação dos Conhecimentos Iniciáticos através de sucessivas encarnações
favoreceu para que as pessoas do ambiente histórico no qual Jesus viveu
aceitassem melhor seus ensinamentos. Os mistérios que eram antes restritos a
seitas fechadas e com um público selecionado tornaram-se acessíveis a todos
pelas palavras de Jesus Cristo. O milagre de Lázaro é um exemplo desse fato.
Nesse caso o Cristo atuou como um iniciador. Ao ser comunicado que Lázaro
estava enfermo ele respondeu: “a enfermidade não é para a morte mas para que
Deus se torne manifesto nele”. Este ato já era praticado pelos antigos
egípcios, o sacerdote fazia com que o iniciado adormecesse devido a uma doença
física e espiritual. Após três dias foi dito: “Lázaro, o nome do iniciado, vem
para fora”. Nesse momento o Verbo Eterno nasceu em Lázaro, ele se tornou um
iniciado. Durante os três dias que Lázaro passou adormecido lhe foi revelado as
verdades do mundo espiritual.
Segundo Johann Hemleben: nas religiões de mistérios pré-cristãs estava vivo um
saber dessas conexões, de maneira que fora possível a profecia do Messias que
viria, do Salvador universal a ser esperado. Como preparação para o futuro
exercia-se, nas Escolas de Iniciados, o rito simbólico da sepultura e
ressurreição (cultos de Osíris, Adônis e outros). No Gólgota realizou-se, como
acontecimento histórico, o que antes era rito e símbolo: morte e ressurreição
físico-espiritual. O Mistério do Gólgota diz respeito à emergência da iniciação
das profundezas dos mistérios para o plano da História Universal. A grande
diferença da iniciação a partir do Mistério do Gólgota e a dos antigos consiste
no fato do Cristo Jesus ter sofrido definitivamente a morte física. Ele só se
tornou visível porque ressuscitou em seu corpo etérico. Esse fato marcou o
término do mundo antigo e o início de uma Nova Era. Antes do Mistério do
Gólgota os seres humanos não eram capazes de vivenciar os Conhecimentos
Iniciáticos apenas com a força da alma, só era possível às pessoas que podiam
usufruir da clarividência, em sonho ou pela iniciação. O Mistério do Gólgota é
o elo de ligação para as pessoas vivenciarem a iniciação com a força de suas
próprias almas, deve-se esse fato graças ao impulso do Cristo. Mas só é
possível se as pessoas aprofundarem-se intensamente, a ponto de vivenciarem, os
mistérios ocorridos na Palestina.
Podemos dizer que São Francisco de Assis (182-1226) é um exemplo dessa forma de
Iniciação. Ele é tido como o homem que mais se assemelhou a Jesus Cristo na
Terra. Aprofundou-se tanto nos mistérios ocorridos na Palestina que pode
vivenciar o evento da crucificação. Francisco passou os últimos momentos de sua
vida com as mesmas chagas do Cristo. O ponto de vista dos mistérios continua a
existir no cristianismo, porém de forma modificada. O cristianismo trouxe o
processo Iniciático dos círculos fechados para todas as pessoas. Abraço. Davi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário