Judaísmo.
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STAN LEE – O CRIADOR DE SUPER HERÓIS. Escritor e editor, filho de judeus
romenos, Stan Lee morreu aos 95 anos em novembro de 2018, após uma vida
profissional muito rica, que fez a alegria de crianças e adultos com os
inesquecíveis super-heróis mais famosos do mundo – Homem-Aranha, Thor, X-Men,
Incrível Hulk, Demolidor, Homem de Ferro, Homem-Formiga, Pantera Negra e
Quarteto Fantástico. Qualquer fã de histórias em quadrinhos sabe quem foi Stan
Lee. Tudo começou quando, ao lado de Jack Kirby e Steve Ditko, ele criou o
Universo Marvel, o que fez com que seu nome acabasse sendo sinônimo da Marvel
Comics – ao ponto de ter aparecido em vários filmes da franquia interpretando a
si mesmo. Sua influência na cultura norte-americana é inegável, tendo procurado
mudar os estereótipos de super-heróis vigentes até então, dando “permissão” às
revistas norte-americanas em quadrinhos de terem um caráter “mais judaico”. SUA
VIDA E CARREIRA. Stan Lee, ou Stanley Martin Lieber, nasceu em 28 de
dezembro de 1922, em Nova York. Era o primeiro filho dos judeus emigrados da
Roménia, Celia e Jack Lieber. Seu irmão Larry nasceu em 1931. Ele também foi
ilustrador e escritor de quadrinhos, que ficou conhecido como o co-criador dos
super-heróis Homem de Ferro, Thor e Homem-Formiga. O pai, Jack, trabalhava em
uma confecção fazendo moldes e amava livros de aventura. Sua mãe, Celia, era,
nas palavras de Stan, “uma senhora judia simpática e um tanto antiquada”. A
Grande Depressão de 1929 atingiu em cheio os Lieber, assim como a maior parte
da sociedade norte-americana, e Stan vivenciou a luta diária dos pais tentando
suprir as necessidades da família. Ele sempre afirmou que seus pais lhe
transmitiram princípios judaicos cuja essência, em seu entender, resumia-se em
agir de forma justa e correta em relação aos outros. “Se os seres humanos
vivessem de acordo com esta premissa, teríamos o Paraíso na Terra. Um indivíduo
tem o direito de não gostar de alguém, mas não pela cor de sua pele ou por sua
religião, e sim por não gostar de suas características pessoais. A situação se
complica quando o indivíduo passa a não gostar de determinados grupos”. Essa
visão iria permear muitas de suas obras. Em toda a sua infância Stan Lee foi um
ávido leitor, acalentando o desejo de, um dia, ser escritor. Em 1939, quando
tinha 17 anos e terminara o Ensino Médio, ele consegue seu primeiro emprego, na
Timely Comics, uma editora de revistas em quadrinhos que, posteriormente,
tornar-se-ia a Marvel Comics. Na época, foi contratado por ser parente de um
dos donos da Timely. Começou como assistente de escritório, servindo café e
lanches. Mas logo começou a ter outras funções. Se, numa história em
quadrinhos, faltasse algum diálogo e todos os escritores estivessem ocupados,
era Stan quem fazia as legendas em branco com uma de suas ideias geniais. E, a
cada dia, ele enfronhava-se mais, galgando espaços na Timely Comics. Uma
peculiaridade sobre sua arte: ele gostava de enfatizar que nunca escrevia
visando especificamente o público leitor infantil. O máximo que poderia
acontecer, a seu ver, seria se as crianças, por não entenderem uma palavra,
fossem motivadas a buscar no dicionário, aprendendo, assim, uma palavra nova. A
2ª Guerra Mundial (1939-1945) já devastava a Europa, mas os Estados Unidos
ainda não haviam entrado na guerra quando a Timely decidiu criar um super-herói
ultrapatriota. Um personagem que inspirasse a América. Joe Simon e Jack Kirby
criaram o Capitão América. Um super soldado, muito patriota, cujo uniforme
tinha as cores da bandeira americana. O primeiro número da revista do Capitão
América, lançada em março de 1941, vendeu mais de um milhão de exemplares.
Mostrava o personagem invadindo o quartel-general nazista e dando um soco no
rosto de Adolf Hitler (1889-1945). A estreia de Stanley Martin Lieber
(1922-2018) como escritor aconteceu com o lançamento do terceiro número da
revista, naquele mesmo ano de 1941. Ele escreveu uma história de duas páginas
intitulada The Traitor’s Revenge (Vingança do Traidor) e
assinou com o pseudônimo Stan Lee, nome que, mais tarde, ele assumiria,
legalmente. Nessa edição aparecia, mais uma vez, na capa, a imagem do super-herói
socando o rosto do ditador nazista. Isso enfureceu setores pró-Hitler, fazendo
com que a Timely passasse a receber ameaças de morte. Em 1942, com a saída do
editor-interino da empresa, Stan assumiu a função. No mesmo ano, alistou-se no
Exército e serviu no Corpo de Sinaleiros, estacionado nos EUA. Lá ele redigia
manuais e roteiros de filmes de treinamento, com um grupo de redatores em que
constavam nomes como Frank Capra, anos mais tarde vencedor do Oscar, e Theodor
Seuss Geisel que se assinava Dr. Seuss. Também desenhava cartazes. Com o final
da guerra, em 1945, Stan retornou à Timely, onde ocupou durante décadas o cargo
de editor. Em 1947 casou-se com Joan Bocock e viveram juntos durante 69 anos,
até o falecimento dela em 2017. O casal adotou duas crianças – Joan Celia e
Jan, que morreu na infância. Com o término da 2ª Guerra Mundial, as revistas em
quadrinhos viram-se diante de seu ponto de inflexão. O público achava que os
americanos não necessitavam mais de super-heróis (...). Com isso, a indústria
dos quadrinhos foi, aos poucos, voltando ao seu ponto de partida, isto é, antes
da criação dos super-heróis. Durante as décadas de 1940 e 1950, Lee criou
várias séries de quadrinhos, entre as quais, Nelly, the
Nurse (Nelly, a Enfermeira) e Eddie of Hollywood (Eddie
de Hollywood), assinando seu trabalho nos comic books como Stan,
The Man (Stan, o Homem). Ele explicava sua atitude dizendo: “Eu sentia
que, algum dia, escreveria a grande história americana e não queria usar meu
verdadeiro nome naqueles ‘quadrinhos bobos’ ”. Sua grande aspiração era
tornar-se um renomado escritor de romances e peças teatrais, roteirista e
produtor de filmes. Demorou algum tempo até que ele próprio percebesse e
apreciasse o valor de seu trabalho. Em uma entrevista ao Chicago
Tribune, em abril de 2014, disse: “Eu costumava pensar que o que fazia não
era muito importante. Outros estavam construindo pontes e envolvendo-se em
pesquisas médicas, e eu escrevia histórias sobre pessoas fictícias que faziam
coisas extraordinárias, loucas, usando fantasias. Mas, acredito que acabei
percebendo que o entretenimento tinha seu valor”. ENFRENTANDO A CONCORRÊNCIA.
Em 1960, a editora DC Comics, principal concorrente da Marvel – como passara a
se chamar a Timely Comics – lançou a Justice League of America,
Liga da Justiça Americana. A DC Comics juntara o grupo de super-heróis da
editora em uma “equipe”. Os sete personagens iniciais eram Aquaman, Batman,
Flash, Lanterna Verde, Caçador de Marte, Super-Homem e Mulher Maravilha. Seu
sucesso foi estrondoso. A Marvel, então, incumbe Lee de criar uma série capaz
de competir com a Liga da Justiça. Assim, em 1961, Stan Lee e Jacky Kirby
criaram o Quarteto Fantástico (The Fantastic Four), que
ultrapassou totalmente qualquer expectativa do que esperar de uma série de histórias
em quadrinhos sobre super-heróis. O Quarteto é formado por quatro astronautas
que ganham superpoderes, após um incidente cósmico, que brigavam entre si e
tinham problemas românticos e emocionais. O sucesso de público do Quarteto
Fantástico levou a Marvel a criar vários outros super-heróis. A parceria
Lee-Kirby deu origem a personagens como o Incrível Hulk, o Homem de Ferro (Ironman),
Thor, o Surfista Dourado e X-Men. Com o ilustrador e escritor Steve Ditko, Lee
criou o Homem-Aranha e o Dr. Estranho; com o cartunista Bill Everett criou o
Demolidor (Daredevil). Esses personagens transformaram a Marvel de
uma pequena empresa à Nº 1 do mundo, inicialmente como editora de revistas em
quadrinhos e, posteriormente, em gigante do universo multimídia. Quando em 1962
foi lançado o Homem-Aranha, o personagem se tornou um ícone da moderna cultura
popular. Spiderman era um adolescente que conseguia
“grudar-se” nas paredes e tetos como uma aranha. Um herói que não era apenas
forte, mas também inteligente. O Homem-Aranha luta consigo mesmo para conseguir
suportar o fardo de ser um herói. “Com um grande poder vem uma grande
responsabilidade” é o famoso lema do personagem. Lee e Kirby desenvolveram uma
parceria que se tornou conhecida como o Método Marvel. Este processo consistia
em fazerem um “brainstorming1” sobre um tema com um
ilustrador e, em seguida, escrever a sinopse daquelas ideias. Depois era a vez
do artista fazer os desenhos, que então eram completados por Lee com balões e
legendas. Com a fama alcançada por Stan Lee, aquele trabalho em conjunto
geralmente terminava com uma disputa pelo crédito de autoria. Alguns de seus
colaboradores o acusavam de não registrar adequadamente sua contribuição. Ao
longo dos anos, houve muitas versões sobre o que Lee realmente criara. Ele e
Ditko, por exemplo, envolveram-se em disputas judiciais que terminaram tendo os
dois recebido o crédito nos filmes e programas de televisão do Homem-Aranha. Após
sua morte, em 1994, o espólio de Jack Kirby processou Lee por não dar ao
falecido os créditos devidos. A disputa foi resolvida apenas em 2014 e, desde
então, os nomes de ambos passaram a aparecer nos créditos das várias versões
dos roteiros que escreveram juntos. Entretanto, ninguém nega que Stan Lee tenha
revolucionado o universo das histórias em quadrinhos, pois, até então, os
heróis eram perfeitos. Ele é considerado o responsável pela chamada Silver
Age of Comic Books, a era prateada dos quadrinhos. Uma característica
singular de seus heróis é a combinação de superpoderes com um senso de
humanidade. Ele queria criar super-heróis com personalidade, problemas e
questionamentos, e não apenas poder. Seus heróis são mais complexos, possuem
falhas, emoções, inseguranças, lutas e são falíveis. A maioria tem empregos diários,
alguns enfrentam bullying, outros têm acne ou não conseguem
arranjar namorada ou se sustentar. Não são perfeitos, como são o Super-Homem,
Batman e Capitão América. Falíveis e complexos, os super-heróis de Lee se
parecem mais com pessoas comuns. O Professor Charles Xavier (Professor X),
por exemplo, da série X-Men, é um personagem paraplégico, porém com
um grande poder de telepatia. O Demolidor é um advogado cego, o Homem-Aranha é
um adolescente tímido, órfão, que tem que lidar com alergias e problemas em
seus relacionamentos com garotas. Uma das coisas que procuramos demonstrar é
que ninguém é totalmente bom ou totalmente mau”, Lee escreveu em uma coluna da
revista da Marvel de março de 1999. “Até mesmo um super vilão de segunda linha
pode ter um traço que o redime, da mesma forma que qualquer herói grandalhão
pode ter seus medos”. Lee escreveu, fez a direção de arte e editou a maioria
das séries da Marvel e suas tirinhas em jornais. Escreveu, também, uma coluna
mensal sobre quadrinhos, Stan’s Soapbox, que ele assinava com sua
clássica “marca registrada”, Excelsior! STAN LEE E A MARVEL. A Marvel continuou
a prosperar e, em 1972, Lee se torna editor do grupo. Posteriormente se
tornaria seu Presidente Emérito. Atuava ativamente na promoção da empresa. Mudou-se
para Los Angeles e, em 1980, abriu um estúdio de animação e empenhou-se em
levar os personagens da editora às telas de cinema e à televisão. Em 1998,
durante o boom da tecnologia, Lee e Peter Paul abriram uma
empresa de internet – a Stan Lee Media. Embarcaram em uma nova empreitada
visando “unir” tiras de quadrinhos com internet. Em 2000, a empresa fechou as
portas, após acumular fracassos. A empresa perdeu capital e foi alvo de uma
investigação para analisar as compras e vendas de ações feitas por Peter Paul e
Stephen Gordon, diretor da empresa. Peter Paul acabou preso por fraude. A
empresa faliu e Lee afastou-se desses negócios que acabaram manchando seu nome.
Em 2001, abriu uma empresa de produção de mídia – a POW! Entertainment – abreviatura de Purveyors of Wonder!
(Provedores de Deslumbramento). Produziam reality shows e
programas variados para televisão e filmes, além de jogos para celulares. No
ano seguinte, publicou sua autobiografia: Excelsior! A Divertida
Vida de Stan Lee, além de ter escrito outros livros sobre quadrinhos ao
longo de décadas. Em novembro de 2002 processou a Marvel por não ter recebido
nada pelos lucros com o primeiro filme do Homem-Aranha. O valor da ação: US$ 10
milhões. Em 2005, ele ganha a causa. Em 2008 recebeu a Medalha Nacional das
Artes, concedida pelo então presidente americano, George W. Bush. Dois anos
depois, o History Channel lançou a série Superhumans, criada por
ele, mostrando histórias de pessoas com habilidades diferenciadas. Suas novelas
gráficas também agradaram o grande público. Em 2012, foi coautor de Romeo
and Juliet: The War (Romeu e Julieta: a Guerra), incluída na lista
de best-sellers do The New York Times, ano em que
foi lançado no Youtube o canal Stan Lee’s World of Heroes. Em 2016,
foi a vez da novela gráfica digital G-d Woke at Comic-Con (D’us
acordou na feira Comic-Com – uma convenção multigênero de entretenimento
realizada anualmente em San Diego, Califórnia). TELEVISÃO E CINEMA. Muito
antes de que os personagens que criou para a Marvel chegassem às telas de
cinema, eles fizeram sucesso na televisão. De 1967 a 1970 a emissora de TV
americana ABC levou ao ar uma série do Homem-Aranha, e a CBS uma
com o Incrível Hulk, de 1977 a 1982. Já no século 21, a Marvel lançou uma série
de filmes com personagens criados por ele ou em coautoria com outros
escritores, como X-Men (2000) e Homem-Aranha (2002), além de franquias dos
chamados blockbusters2, que renderam bilhões de dólares
em todo o mundo. O Demolidor (2003), Hulk (2003) e Homem de Ferro (2008) também
chegaram ao cinema a partir do ano 2000. Em 2009, a Walt Disney Co. comprou a
Marvel Entertainment por US$4 bilhões. Esta aquisição somou mais de 5 mil
personagens ao portfólio da Disney, que também pagou US$ 2,5 milhões por 10%
das ações da empresa de Lee - POW! Entertainment Inc. Após a aquisição pela
Disney, vários filmes foram lançados, entre os quais, Thor (2011), Capitão
América: O Primeiro Vingador (2011), Os Vingadores (The Avengers) (2012)
e Homem Formiga (2015). Lee apareceu em quase todos os filmes lançados pela
Marvel, tradição que se manteve após a venda para a Disney. A nova proprietária
entendeu que os fãs adoravam ver suas breves aparições. Em 2018, o filme da
Marvel, Os Vingadores: Guerra Infinita, foi o sexto da Marvel
Cinematic Universe a faturar mais de US$ 1 bilhão. Lee viveu tempo suficiente
para ver o mundo que ele criou se transformar em uma multibilionária indústria
multimídia que lançou inúmeros blockbusters baseados em seus
personagens. Porém, apesar do imenso sucesso, Stan Lee não ficou bilionário,
pois, apesar de ter criado vários personagens de sucesso e ter coparticipado na
criação de tantos outros, não tinha direitos autorais sobre nenhum deles e
jamais recebeu royalties por eles. INFLUÊNCIA JUDAÍCA. Os
judeus tiveram uma participação importante no nascimento da indústria de
revistas em quadrinhos. Devido ao antissemitismo vigente, à época, os
escritores, ilustradores e desenhistas judeus tinham dificuldade de encontrar
emprego em setores prestigiados, como a publicidade ou os veículos de mídia.
Por falta de opção, voltaram-se às editoras de revistas em quadrinhos. Artistas
e escritores judeus acabaram por dominar esta indústria e Stan Lee foi um
pioneiro entre eles. A maioria dos super-heróis mais amados nas revistas em
quadrinhos foram criados por judeus. Esses escritores e artistas sabiam o que
suas famílias estavam vivendo na Europa, nos anos de 1930 e 1940. Eles criaram
super-heróis que aspiravam por justiça e lutavam contra o mal. Inúmeras capas
das revistas do Capitão América, como vimos acima, traziam imagens em que ele
desferia socos em Hitler. Nos trabalhos de Lee, seus personagens funcionavam
como metáforas para as vítimas do antissemitismo e do racismo, assim como os
perseguidos mutantes da série X-Men. A partir de 1972, quando se tornou editor
da Marvel Comics, passou a usar sua coluna Stan’s Soapbox para
alertar sobre a importância da inclusão e para criticar o racismo e o
antissemitismo. Alguns de seus personagens possuem um explícito background judaico,
entre os quais, A Coisa - Ben Grimm, do Quarteto Fantástico; o psiquiatra Dr.
Samson, que tentou curar o Hulk, fala sobre o tempo que passou em uma ieshivá. “Quando
se pensa sobre isso”, disse certa vez Lee, “o Incrível Hulk é um Golem”.
Talvez Hulk, como os judeus, finalmente tenha encontrado segurança no Estado
Judeu. Uma revista de 1981 o mostra viajando para Israel a bordo de um navio
cargueiro chamado A Estrela de David. A série X-Men, por exemplo,
mescla elementos típicos de histórias de heróis com outros, como o preconceito
de pessoas comuns contra tudo o que é percebido como “diferente”. Nas aventuras
dos X-Men os protagonistas são mutantes, seres humanos que, a partir de
mutações genéticas, adquirem habilidades extraordinárias. Stan Lee queria
mostrar os perigos que o mundo corre quando se aceitam preconceitos como a
discriminação de “superior” e “inferior” dentro da própria raça humana. Kitty
Pryde, personagem da série X –Men, usava uma corrente com uma Estrela de David
(Maguen David). Através do personagem Magneto, o anti-herói da série,
mutante sobrevivente do Holocausto, são feitas alusões diretas à Shoá.
Magneto é um sobrevivente militante do Holocausto cujas experiências em um
campo de concentração despertaram em seu coração forte fúria ao ponto de acabar
em torná-lo o arqui-inimigo dos X-Men. Em um momento, durante um episódio da série
de 1992, X-Men: The Animated Series, Magneto chega a
usar o lema sobre o Holocausto: “Nunca mais”. Nos quadrinhos, o anti-herói
busca rotineiramente estabelecer uma nação mutante, que seria um paralelo ao
Estado de Israel, nos dias atuais. Em uma edição de 2005, a história de
Wolverine, outro mutante da série, acontece no campo de concentração de
Sobibor. Lee foi um dos primeiros a criar super-heróis afro-americanos, como o
Pantera Negra. Em uma entrevista concedida dois anos antes de sua morte, explicou
que trabalhou conscientemente para subverter os estereótipos vigentes de
heróis. Ao criar o Pantera Negra, em 1966 (meses antes de ser formado o partido
político com o mesmo nome), queria criar um herói negro. “Muitos bons homens
aqui na América não são brancos. É preciso reconhecer que devemos incluí-los em
tudo que se faça”. Pantera Negra quebrou uma série de estereótipos. O herói era
forte e inteligente, assim como cientista chefe de Wakanda – uma nação africana
caracterizada como um dos países tecnologicamente mais avançados do mundo. As
primeiras exibições do filme Pantera Negra estão entre as
maiores bilheterias de cinemas de 2018. Stan Lee sempre gostou de falar sobre
seus personagens. Sobre o Homem-Aranha, disse certa vez: “Um dos fatos mais
importantes sobre ele é que seu corpo está totalmente coberto por seu
uniforme... Assim, um garoto negro, latino ou asiático, pode ser o
Homem-Aranha, sem importar a cor de sua pele”. O fato de hoje ser muito comum
ler e assistir histórias sobre heróis negros ou judeus deve-se, em grande
parte, a ele. Apesar de nunca ter parado de trabalhar, nos últimos anos um fato
o entristecia: a deterioração de sua visão, que dificultava o que mais gostava:
a leitura de histórias em quadrinhos. Stan Lee deixou este mundo aos 95 anos em
12 de novembro de 2018, em Nova York, sendo homenageado por celebridades do
mundo inteiro. BIBLIOGRAFIA. Lee, Stan; David, Peter; Doran, Colleen; Amazing
Fantastic Incredible: A Marvelous Memoir eBook Kindle. Stan Lee,
Marvel Comics Mastermind, Dies at 95, artigo de Joshua Rivera, revista
Vanity Fair, 12 novembro 2018 Stan Lee, creator of iconic Marvel comics
superheroes, is dead at 95, artigo publicado no JTA, 12 de novembro de 2018.
A universe of flawed heroes: Stan Lee was ahead of his time, artigo de
Ted Anthony, Times of Israel, 13 de novembro de 2018. www.morasha.com.br. Abraço. Davi
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