Cristianismo. Texto de Eberhate Platte. COMO DEUS
IMAGINOU O CASAMENTO PARA O HOMEM CRISTÃO? “Do mesmo modo vocês, maridos,
sejam sábios no convívio com suas mulheres e tratem-nas com honra, como parte
mais frágil e co-herdeiras do dom da graça da vida...” (1Pedro 3.7). “Então o príncipe casou com a princesa e os dois
viveram felizes para sempre...” Muitas pessoas parecem pensar que um casamento
romântico de conto de fadas (“... mas a gente se ama tanto...”) é base e
garantia para um casamento feliz e uma vida em harmonia e segurança. E se ainda
houver uma casinha caprichada, um carro bonito e duas crianças bem-comportadas,
a felicidade será perfeita. Todos os tabloides vivem dessa ilusão humana. E
alguns dos nossos conhecidos talvez ainda acrescentem: “É claro que para nós,
bons cristãos, ainda é preciso frequentar uma igreja animada aos domingos,
cantar no coro e mandar as crianças para a escola bíblica... isso é óbvio, não
é?”. Mas, depois de pouco tempo, muitos
percebem que nem mesmo as melhores circunstâncias, os desejos mais nobres e a
casa mais bonita garantem um bom casamento. Em vez do céu na terra, em vez da
vida nas nuvens, o que vem é frustração diária ou mesmo o inferno na terra.
Desiludidos, muitos maridos logo caem na real e resignam-se a viver uma
irritação mútua diária. Não são poucos os que, por puro desespero, jogam-se no
trabalho, refugiam-se em algum passatempo, consolam-se com uma “bebida” ou caem
em permanente letargia. Mas com certeza não era isso que Deus
imaginava quando pensou no casamento.
POR QUE DEUS CRIOU O CASAMENTO? Deus não criou o casamento para que o
ser humano levasse uma vida frustrada por causa da guerrinha diária dos sexos.
Ele planejava algo muito maior! Procurou para seu filho amado uma noiva
apropriada. Assim como criou uma esposa especialmente para Adão, ele deu vida à
igreja para seu Filho, nosso Senhor e Salvador. Deus quer usar o relacionamento
entre o homem e a mulher em um casamento harmonioso e feliz como metáfora para
a relação singular entre Cristo e sua igreja (Efésios 5.22-33 “Vós mulheres
sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor. Por que o marido é a cabeça da
mulher, como também Cristo é a cabeça da Igreja, sendo ele próprio o Salvador
do corpo”). Portanto, Deus deseja que nós, seres humanos – e especialmente nós
cristãos –, vivamos, experimentemos e pratiquemos em nossos casamentos um pouco
do amor, da fidelidade, do compromisso e da intimidade do Senhor conosco. QUAIS SÃO OS PRÉ-REQUISITOS PARA UM CASAMENTO
HARMONIOSO E FELIZ? Justamente esse exemplo do relacionamento do nosso Senhor com sua igreja
deixa claro quais são os pré-requisitos que nós homens precisamos atender para
ter um casamento bom e abençoado: “Maridos, ame cada um a sua mulher” (Efésios
5.25 “Vós maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja, e a
si mesmo se entregou por ele”; Colossenses 3.19 “Vós maridos, amai a vossas
mulheres e não vos irriteis contra elas”; 1Pedro 3.7 “Igualmente vós maridos,
coabitais com elas com entendimento, dando honra a mulher como o vaso mais
fraco. Como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida, para que não sejam
impedidas as vossas orações ). Aparentemente essa ordem é especialmente
necessária para nós homens. Muitas vezes o nosso amor (ou aquilo que entendemos
por amor), afeto e respeito dependem de circunstâncias exteriores, das nossas
emoções, do amor que recebemos ou da nossa pressão arterial. Mas o exemplo do
nosso Senhor Jesus (Efésios 5.25) mostra que amor não é, em primeiro lugar, um
sentimento. Reconhecemos o seu amor por nós em sua completa entrega a Deus e no
seu sacrifício pessoal até a morte, por meio da qual nos comprou. Portanto, o
amor também não é tanto algo para ser expresso em palavras (“Eu te amo
tanto...”), mas ele se torna visível em atos, no compromisso, na atitude de
assumir a responsabilidade. Isso significa que eu, como marido, não assumo
apenas a responsabilidade pelo bem-estar físico da minha mulher; Deus espera
também que eu cuide de seu bem-estar e crescimento espirituais (v. 26-27). SOMOS CONVOCADOS! Deus deu uma esposa a Adão, não para
que fosse empregada, escrava, inferior, faxineira, símbolo de status,
cozinheira particular, parideira, mãe substituta ou amante disponível para
livre usufruto do homem. Deus a criou especificamente para completá-lo, para que
lhe correspondesse (Gênesis 2.18 “E disse o Senhor Deus: Não é bom que o home
esteja só, far-lhe-ei uma ajudadora idôneo para ele”), como uma parte dele
mesmo. Ele diz que ambos formam uma unidade (Gênesis 2.24 “Portanto, deixará o
homem o seu pai e a sua mãe, e apegara a sua mulher, e serão ambos uma só
carne”), e penso que isso não se refere apenas à alegria da sexualidade
protegida pelo casamento, mas também à união de alma e espírito, isto é, uma
unidade interior, em que ambos se entendem e são entendidos. “Unir-se à mulher”
não significa agarrar-se a ela e não soltar, mas ligar-se a ela com fidelidade
íntima. Mas isso também significa que nós homens temos responsabilidade total
por nossas esposas perante Deus – inclusive por suas eventuais falhas. Deus,
por exemplo, responsabiliza Adão pelo pecado de sua esposa (Gênesis 3.9 “E
chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?”). Assim como Adão,
também nós gostamos de nos eximir dessa responsabilidade e de empurrar a culpa
para os outros (Gênesis 3.12 “Então disse Adão: A mulher que me deste por
companheira, ela me deu da árvore, e eu comi”) – até mesmo para Deus. A CONVIVÊNCIA DIÁRIA. A convivência
diária muitas vezes se mostra difícil. Deus sabe disso. Por isso ele nos
convoca em Colossenses 3.19: “Maridos, ame cada um a sua mulher e não a tratem
com amargura”. Em 1Pedro 3.7 ele aconselha: “... sejam sábios no convívio com
suas mulheres e tratem-nas com honra, como parte mais frágil”. Ele conhece bem
a natureza e os sentimentos diferentes da mulher, e nos conclama a ter
consideração com elas, não apenas aceitando-as, mas respeitando-as com essa sua
diversidade. COMO PODEMOS CUMPRIR ESSA ORDEM? Apesar de toda a
nossa boa vontade, nós maridos rapidamente descobrimos nossos limites, falhas e
culpas nessa área, e praticamente nos desesperamos na tentativa de atender às
expectativas de Deus em relação ao casamento.
Mas Deus quer nos encorajar a viver essa harmonia interna e a bênção do
casamento com a ajuda do Senhor Jesus. O sábio autor de Eclesiastes disse o
seguinte: “Um cordão de três dobras não se rompe com facilidade” (4.12). Isso
significa: quando o Senhor Jesus se torna e continua sendo o fundamento, o
centro e o objetivo do nosso casamento, o matrimônio feliz e abençoado se torna
uma realidade. O CASAMENTO NÃO É UM FIM EM SI
MESMO. Sempre que o Senhor Jesus é o centro da nossa vida em comum, quando nós,
como marido e mulher, vivemos para ele e desejamos servi-lo, o casamento não
será um fim em si mesmo. Assim como o relacionamento da igreja com Cristo
almeja servir aos outros e engrandecer a Deus, também o casamento feliz quer
servir ao próximo e apontar para Jesus. Há muitos anos, o líder de um retiro
disse-me, de forma muito apropriada: “Quando dois cristãos se casam, na verdade
eles deveriam produzir o dobro de resultados para o Senhor”. No entanto, muitos
casamentos estão fechados ao serviço conjunto para Deus por causa das
dificuldades internas. Por isso, é preciso que nós maridos
nos arrependamos das nossas falhas no casamento, do nosso egoísmo e da nossa
irresponsabilidade. Assim, nosso casamento poderá
experimentar a harmonia, a segurança, a paz interior e a bênção do nosso
Senhor, servindo para glorificar a Deus.
COMO DEUS IMAGINOU O CASAMENTO PARA A MULHER CRISTÃ? “Do mesmo modo,
mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, a fim de que, se ele não obedece à
palavra, seja ganho sem palavras, pelo procedimento de sua mulher, observando a
conduta honesta e respeitosa de vocês.”. (1Pedro 3.1-2). “Na verdade, eu
tinha imaginado e sonhado meu casamento de forma totalmente diferente. Depois
da festa dos nossos sonhos, meu marido mudou totalmente! Ele não é mais o
cavalheiro de antes. Ele adivinhava cada um dos meus desejos, e hoje não nota
nem mesmo quando uso o mesmo vestido por três dias seguidos. E a rotina diária
da casa e o estresse com as crianças estão acabando comigo. Às vezes gostaria
de ainda estar trabalhando fora. Lá pelo menos eu era respeitada, e meu
trabalho, pago. Hoje? Não passo de uma faxineira. Ai de mim se o almoço não
estiver pontualmente na mesa ou se as crianças estiverem berrando quando ele
chega do trabalho. Ele corre para se esconder atrás do jornal. Eu tinha uma
ideia bem diferente do casamento! Nossas conversas não passam mais de
resmungos...”. “Mas olhe aqui”, podem pensar alguns, “não se deve falar assim
em círculos cristãos”. E o que não deveria acontecer, não existe! Então ninguém
fala sobre isso. Mas infelizmente a realidade, inclusive em casamentos
cristãos, muitas vezes é outra: o importante é manter as aparências! A
realidade interna não é da conta de ninguém. Só espero que as crianças não deem
com a língua nos dentes um dia desses...
SERÁ QUE FOI ASSIM QUE DEUS PENSOU NOSSO CASAMENTO? Não foi assim que
Deus queria o casamento. Não, realmente não foi assim que Deus queria o
casamento! Muito pelo contrário! O casamento – dos cristãos de forma especial –
foi feito para demonstrar algo muito mais precioso a este mundo: a relação
íntima entre Cristo e sua igreja. Em Efésios 5.22-33 este amor, fidelidade,
compromisso e entrega do nosso Senhor à sua igreja são comparados ao
relacionamento entre homem e mulher no casamento. E penso que Deus deu à mulher
uma capacidade especial de compreender, sentir e ansiar por esta relação
profunda de amor e fidelidade no casamento.
COMO A MULHER PODE CONTRIBUIR PARA ISSO? Os textos de Efésios 5.22-33,
Colossenses 3.18-19 e 1Pedro 3.1-2 não descrevem apenas a tarefa e a
responsabilidade do marido em relação à sua mulher e ao casamento, mas também a
“tarefa de casa” da mulher cristã em relação ao seu marido. Com certeza Deus
não deu esse encargo às mulheres a fim de oprimi-las, escravizá-las ou
irritá-las. Afinal, ele a criou com um forte anseio por segurança e
direcionamento, e por isso ele é quem melhor sabe como a mulher pode ter essas
necessidades atendidas e obter bênção em seu casamento. Por um lado, ele chama
o homem à responsabilidade e exigirá dele prestação de contas em relação à sua
tarefa, mas por outro lado também a esposa cristã tem seus deveres para que
Deus possa abençoar o casamento. Ainda que hoje o nosso pensamento marcado pelo
humanismo e pela emancipação se oponha diametralmente ao “manual do casamento”
dado por Deus, isso de forma alguma nos exime do dever de agir de acordo com a
Palavra do Senhor. Nem mesmo quando o marido, por exemplo, não age de acordo
com tais mandamentos. Os versos de 1Pedro 3.1-2, transcritos acima, deixam isso
muito claro. O QUE SIGNIFICA SUJEITAR-SE? Hoje em dia, muitas
mulheres têm dificuldade em entender essa expressão e a ordem de Deus. O
comportamento do Senhor Jesus em relação às mulheres mostra claramente que isso
de forma nenhuma representa desvalorizar ou diminuir a importância da mulher
diante de Deus e dos homens. Na verdade, Deus propositadamente criou homem e
mulher com naturezas, características e habilidades diferentes, para que eles
pudessem assumir tarefas e responsabilidades diferentes na sociedade. Para o
casamento, Deus determinou áreas de responsabilidade diferentes – uma
distribuição de tarefas, mas não uma competição.
Um exemplo: uma orquestra normalmente tem o primeiro violino e o segundo
violino. Para ambos os instrumentos, o compositor escreveu melodias
específicas. Não há lugar para concorrência ou inveja. Um toca em função do
outro. Ambos precisam acompanhar o mesmo andamento, sendo que obviamente apenas
um dos violinos pode ser responsável por determiná-lo. O compositor deu essa
tarefa ao primeiro violino, mas isso não significa desprezo ao segundo. O
primeiro violino tem a tarefa de conduzir. A harmonia completa só surge quando
cada instrumentista ensaia e toca a parte que lhe cabe e quando o segundo
violino acompanha o andamento do primeiro. Isso requer mente e ouvidos atentos
e adaptação mútua. Assim Deus distribuiu tarefas e
responsabilidades no casamento de forma diferente. Atenção, ouvido aberto e
adaptação de um ao outro nos ajudarão a alcançar uma harmoniosa unanimidade no
casamento. De forma bem-humorada, poderíamos
dizer: “Numa bicicleta de dois lugares, só um pode pilotar – mas apenas segurar
o guidão não leva a lugar algum. Assim, ambos pedalam e avançam – e as crianças
podem ir junto na cadeirinha infantil...”. “NÃO
CONSIGO FAZER ISSO!”. Talvez você pense que sua situação é muito diferente, e que Deus deveria
libertá-la da necessidade de sujeitar-se de forma consciente. Talvez você pense
que seu casamento só funcionaria se você tocasse o primeiro violino. Talvez
você esteja decepcionada com sua situação, já amargurada ou talvez resignada.
Como lidar com isso? Há esposas que “engolem”, “escondem”
sua má vontade. Mas em algum lugar e em algum momento haverá uma explosão. A
falta de perdão é como uma mina terrestre: pode até crescer grama por cima
dela, mas em algum momento ela estoura!
Há esposas que explodem logo ou restringem-se a reclamações. Não: você
não conseguirá educar seu marido. Isso era responsabilidade dos pais dele, não
da esposa. Há esposas que tentam retribuir,
pagar na mesma moeda, castigar com falta de carinho ou impor sua vontade. Isso
envenena o ambiente e sufocará o casamento. O QUE A BÍBLIA RECOMENDA NESSAS
SITUAÇÕES DE RISCO? O trecho acima, de 1Pedro 3.1-6,
contém uma promessa grandiosa para o comportamento exemplar da mulher cristã
para com seu marido. O marido pode ser ganho pelo procedimento calado da
cristã, ou seja, sem sermões, acusações, castigos, reclamações ou explosões. A
palavra-chave é “ganho”, não coagido! Um exemplo de procedimento calado é Sara,
que em suas ocasiões se decepcionou amargamente em seu casamento com Abraão.
Duas vezes ele negou ser casado com ela. Ele praticamente tirou a aliança da
mão e declarou-a como sendo sua irmã. Só a intervenção de Deus foi capaz de
salvar esse casamento (veja na p. 53).
Ah, se pudéssemos reaprender a levar todas as nossas dores a este Deus
que só quer o nosso bem. Vamos confiar que ele cumprirá suas promessas e curará
nossos casamentos, esforçando-nos, com arrependimento e confissão, para ocupar
a posição que Deus planejou para nós e ser um testemunho por meio da nossa
dependência do Senhor. Só assim nossos casamentos realmente demonstrarão o amor
e a dedicação que Cristo tem por sua igreja. — Do Livro Nosso Casamento Pode
Ser Ainda Melhor. www.chamada.com.br.
Abraço. Davi
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