Espiritualidade.
Texto de N. Sri Ram (1889-1973). EM BUSCA DA SABEDORIA. No diálogo que aborda a
morte de Sócrates (469 AC 399), Platão (427 AC 347) explica que o verdadeiro
filósofo encontra a morte como a um amigo e não como a um inimigo, porque
compreende e natureza da mudança que a morte causa. É uma mudança natural e
feliz. A atitude de alguém em relação à morte depende de sua compreensão da
vida, cuja real natureza é inseparável da verdade com relação à morte.
Filosofia significa literalmente “amor pela SABEDORIA”. Estas são palavras
verdadeiras, tendo cada uma delas um significado extraordinário e belo. Seria
interessante para nós se tentássemos compreender a verdadeira natureza do amor
e o que realmente significa SABEDORIA QUE não é, naturalmente, o mero conhecimento.
O verdadeiro filósofo, como se entendia nos tempos da antiga Grécia e também na
índia, não era um mero teórico ou intelectual com uma tendência a ser bastante
inútil na vida prática. Tal pessoa debate algo que lhe interessa e tenta
estabelecer a verdade de sua tese, porém pode agir diferentemente. Mas, de
acordo com a visão antiga, a filosofia terá de refletir-se na vida da pessoa, e
isso realmente se verifica. A filosofia, que assim é refletida, pode não ser a
mesma que ele professa. É apenas a vida que exterioriza a verdade, bem como os
valores daquilo em que se acredita ou a ideia que se defende. SABEDORIA
SIGNIFICA, antigamente, o verdadeiro pensar, não meramente com relação a
determinados assuntos abstraídos da vida, porém com relação a tudo que pertence
à vida da pessoa. A SABEDORIA foi considerada como algo mais valioso que a
pessoa pode possuir, constituindo verdadeira fonte de sua felicidade. A
felicidade raramente combina com riquezas ou poder. Ocasionalmente podemos
encontrar uma pessoa que está numa situação de autoridade ou que possui grande
riqueza ou até mesmo governa um reino, e, ainda assim, é um filósofo, mas tal
pessoas é uma raridade. Normalmente, muitas riquezas significam muitos
problemas; uma preocupação contínua que distrai a mente e o interesse da pessoa
das coisas mais importantes a perceber, compreender ou perseguir. Há um
enunciado, em um dos Diálogos de Sócrates, que diz a SABEDORIA É A única moeda
verdadeira pela qual todas as coisas deveriam ser trocadas. Vale a pena trocar
tudo que se posse ter até por um pouco de sabedoria apenas. E compreendia-se
que a SABEDORIA NÃO precisa ser totalmente divorciada do prazer ou da alegria –
que foi o erro em que muitas pessoas incorreram, especialmente na índia. Elas
procuravam formas de auto mortificação, a fim de alcançarem a verdade que se
encontrava dentro delas próprias. Alegria moderada – usando a palavra em um
sentido especial, no espírito certo e com a qualidade certa – tem o seu lugar
na vida. Isso não significa que é preciso alegrar-se dentro de limites
artificialmente estabelecidos pela própria pessoa. Contudo, o filósofo não
procura o prazer, ele aceita o prazer suavemente quando se lhe apresenta. Na
vida há tanto o prazer como a dor. E é pouco realista e mesmo fútil abandoná-los
ou coloca-los à parte, mas a nossa atitude em relação a ambos pode mudar
completamente, e este é o tipo de mudança que ocorre na pessoa que pode ser
considerada como verdadeiro filósofo. A SABEDORIA É relacionada aquilo que é
bom e não aquilo que é aprazível, e estes são de duas naturezas diferentes.
Constantemente os confundimos. Muito há que pensam que aquilo que é aprazível é
bom e se puderem ter o máximo de prazer, todo o tempo, então naturalmente para
eles isto constituirá o bem supremo. Trata-se de uma grande falácia que precisa
ser compreendida. Quando tentamos compreender a natureza da SABEDORIA,
VERIFICAMOS que não podemos separá-la da vida. Ela, de fato, constitui síntese
e perfeição de todas as virtudes que podem ser manifestadas na vida, tendo sido
mencionada como a primeira entre elas. Isto significa dizer que é preciso
inicialmente dar-se o surgimento de um pouco de luz no coração, antes que possa
haver qualquer virtude. Foi John Milton (1608-1674) que da Luz como a
primogênita do céu, isto é, como a primeira coisa que emana da Fonte Original,
ou na Divindade, se podemos usar essa palavra de sentido indefinido. Esta Luz e
SABEDORIA, SENDO retratada por Platão como a virtude que purifica a alma do
erro. A palavra “alma” significa aqui a alma humana ou psique, porém não
Buddhi, expressa por Helena Petrovna Blavatsky (1831-1899) como constituindo a
alma espiritual. Não pode haver erro, ou qualquer inclinação neste sentido, na
natureza do Espírito. Porém, com muita frequência, na antiguidade, a palavra
“alma” tinha o significado da psique humana que, de início, é escura, porém
gradualmente passa a ficar purificada e iluminada com esplendor, de maneira que
nela processa-se uma completa mudança de estado. A alma humana reveste-se,
então, de beleza, contorno e forma da alma divina. É somente A SABEDORIA QUE,
purificando assim a natureza da pessoa – um pensamento que também encontramos
no Bhagavad-Gita, onde dela se fala como o maior meio de purificação –
possibilita à pessoa visualizar o “ser real” como foi chamado, isto é, a fonte
da verdade. Diz-se que o verdadeiro filósofo tem a sua mente fixa no “ser
real”, isto é unicamente o que lhe interessa. Afirma-se nas cartas dos Mahatmas
que o Adepto vive na fonte da verdade. Naturalmente ele também vive no seu
corpo. Ele come, anda, veste-se e assim por diante, mas a expressão significa
que o centro do seu interesse está na fonte da verdade, embora esta realidade
não precise separá-lo do mundo. Todos os Adeptos de quem se falou têm corpos
físicos, porém muitos, segundo é dito, não têm tais corpos, e sim permanecem em
contato com a Terra nos seus corpos sutis. Eles não se afastaram do mundo. É
uma filosofia falsa que induz a pessoa a retirar-se ou fugir do mundo
prematuramente. Esta assim denominada renúncia é de fato uma confissão de
fracasso. A natureza em sentido maior não nos permite escaparmos das
responsabilidades e dos nossos problemas. Eles precisam ser resolvidos de
alguma maneira. Se você foge pela porta dos fundos, enfrentará o problema
novamente em alguma outra roupagem, nesta vida ou numa outra vida; a tarefa é
apenas adiada. Este foi todo o conceito subjacente ao dharma na Índia. Uma
pessoa tem que cumprir o seu dharma, sejam quais forem as dificuldades da sua
situação e sejam quais forem os desprazeres envolvidos. Pode-se ver a verdade
desse ensinamento à luz da natureza, quando as compreendemos verdadeiramente. O
Adepto vive com o mundo, embora dele retirado, a fim de cumprir a sua missão de
puro altruísmo. A atitude de alguém que está dedicado à SABEDORIA DEVE ser a
mesma. Trata-se de viver com o mundo pelo dever de fazê-lo, porém não estando
envolvido com ele de várias formas, e podendo liberar-se dele apenas na forma
correta. Existem centenas de maneiras de errar, porém apenas uma maneira de agir
acertadamente. O homem sábio pode permanecer com o mundo, compreendendo a
importância do trabalho que aqui pode realizar, mas ele não tem objetivos
mundanos. Isso distingue o filósofo do ignorante, ignorante não dos fatos
comuns da vida, mas das verdades essenciais. Aquele que objetiva alcançar A
SABEDORIA, que poderia ser caracterizada como divina porque se originou do céu,
não atribui muita importância à grandeza humana, o tipo de grandeza que
geralmente é realçada pelas pessoas. O objetivo de ser grande surge do prazer
de comparar-se com outros e achar-se de alguma forma superior ao seu nível.
Deveríamos tentar libertar-nos da ideia de queremos ser grandes em comparação
com outros, fazendo com que pareçam pequenos. Existe sempre um aparente
paradoxo na atitude daquele que procura trilhar o caminho espiritual. Ele não
evita o prazer; ele não tem medo de desfrutar a brisa fresca quando ela sopra,
mas ao mesmo tempo ele não anseia por prazer de qualquer espécie. Ele está
preparado para morrer a qualquer momento, mas não deseja apressar o
acontecimento. Embora a sua mente esteja fixada naquilo que poderia ser chamado
o ser verdadeiro, a verdade última, ainda assim ele é um amante de todo o
conhecimento. Este enunciado precisa, todavia, ser compreendido corretamente.
Não significa que ele sofre de uma sede de mais e mais conhecimento sobre tudo
e todas as coisas. Isso seria uma espécie de tortura, uma existência muito
sofrida, como o é a sede por qualquer outra sensação. Significa que na relação
da pessoa com o conhecimento existe uma qualidade de amor com determinado
desapego. Quando acontece e encontrarmos algum tipo de conhecimento com relação
a algo pequeno ou grande, o aceitamos de bom grado. Há um sentimento de
aceitação e interesse na direção desse conhecimento. Em Platão, esta descrição
de um filósofo é bastante interessante: ele é um espectador da totalidade do
tempo e da existência. Em outras palavras, ele possui uma visão universal,
interessa-se por tudo, sem, no entanto, envolver-se. Isso não significa que ele
não se preocupa como os demais que são afetados, mas sim que não está envolvido
a ponto dos fatos poderem perturbá-lo. Existe uma frase sânscrita, “EU
SABEDORIA”, Jnana-Atma, que também é descrita como Eu Testemunha. A menos que
haja um determinado grau de desapego, de modo que o Eu não se envolva com suas
reações, não há possibilidade de se obter uma verdadeira visão das coisas,
porque as reações pessoais sempre obscurecem a visão e o julgamento da pessoa.
Para compreender aquilo que se observa, sejam eventos que se realizam no palco
do mundo sobre os quais lemos todos os dias ou eventos na esfera da vida
pessoal, e agir corretamente, a pessoa precisa ser capaz de olhar para essas
coisas sem tomar partido e sem qualquer elemento de uma forma de pensar com
desejo. É preciso ter um espírito de busca imparcial e livre para chegar à
verdade com relação a qualquer coisa. Se determinado ponto de vista for
expresso, ele não deverá ser imediatamente aceito ou rejeitado, mas
primeiramente terá de ser considerado. É apenas ao restringir-se
suficientemente e ao parar para considerar sem rejeição ou aceitação
impacientes, que a pessoa poderá conhecer a verdade subjacente. Inicialmente,
deve ser permitido atravessar o portal de nossas mentes e encontrar um lugar na
antessala antes de que o julgamento possa ser emitido. Até mesmo se um ponto de
vista for errôneo, dever-se-ia saber de que forma o é, qual é a natureza do
erro nele envolvido e como surge. Um ponto importante em relação a uma pessoa
que busca a SABEDORIA É que ela terá de abster-se completamente de qualquer
tipo de sofisma (1). Existem pessoas que têm um discurso inteligente,
habilidoso e persistente, visando afirmar o que dizem. O que realmente desejam
defender não é a verdade, mas apenas uma verdade aparente, algo plausível. Isso
é o que fazem tantos advogados. Eles sabem que há verdade no outro lado, mas
querem firmar a sua própria argumentação e usam todo recurso intelectual,
recorrem a todos os pontos técnicos possíveis, precedentes e assim por diante,
a fim de poderem defender aquilo que desejam. Não acho que seria bom para
qualquer pessoa engajar-se neste tipo de arte. Um homem que visa adquirir ou
alcançar A SABEDORIA, DEVE preocupar-se apenas com a verdade, e não estar
interessado em enganar as pessoas ou confundi-las, mesclando os fatos e
formando um caso. Todas essas formas de decepcionar a outros ou a si mesmo
terão de ser completamente eliminadas da própria natureza antes que possam ser
descritas como verossímeis. Aquele que procura ser um ocultista precisa ser
verdadeiro em seu próprio pensamento, especialmente na maneira com que
considera as pessoas, bem como em seu comportamento exterior. Nele deveria
haver o amor pela verdade e por nada senão pela verdade. Antigamente a palavra
FILOSOFIA era usada para abranger a ciência, e assim implicava a necessidade de
uma abordagem científica em todos os assuntos. Não havia uma ciência separada,
no sentido moderno deste termo. Até mesmo nos primórdios deste século, a
ciência foi mencionada em vários livros como FILOSOFIA NATURAL. Há este outro
paradoxo, como poderia configurar-se às pessoas que não se aprofundam no
assunto, que o filósofo não se preocupa com a religião como é popularmente
concebida e observada porque ela é amplamente auto ilusória, mas ainda assim, o
filósofo é realmente religioso. Com frequência se diz que são os padres que
enganam e desencaminham as pessoas, mas há uma propensão acentuada em todos nós
de enganarmos a nós próprios e também de seguirmos o tipo de pessoa que mais
nos agrada. Assim, deveríamos culpar a nós próprios e não apenas aos outros. A
religião para muitas pessoas e em grande parte uma espécie de show, um faz de
conta. A VERDADEIRA SABEDORIA não apenas abrange a maneira de pensar e de agir
da pessoa, mas também preocupa-se com as relações entre as pessoas e com o
ordenamento da sociedade. Esta observação surge em um dos Diálogos: o filósofo
tenta estruturar o Estado, seguindo o padrão celestial. Mas então é necessário
ter-se uma ideia do que vem a ser o padrão celestial. Há também esta declaração
análoga em que o filósofo convida o homem a viver de acordo com a natureza.
Isto refere-se àquela natureza fundamental, que é a natureza na sua pureza,
naquele seu aspecto em que se encontra o reflexo do pensamento divino. Este
filósofo que está orientado na direção da verdade soba as aparências, que não
se preocupa com as coisas que as pessoas comumente desejam e anseiam, não é uma
pessoa mundana: ele é um místico. A palavra MISTICO poderá ter conotações
diversas e sempre que ela for usada precisamos tornar claro para nós mesmos o
que por ela compreendemos. Há determinadas palavras – filósofo, místico, alma,
amor e assim por diante – que recebem significados diferentes por pessoas
diferentes. Foi dito: “místico é aquele em cuja alma há harmonia”. A alma aqui
é a psique. Platão descreve a filosofia como a melhor e mais enobrecedora
música. Todos amam a música, e todos nós dizemos que a música tem uma
influência de aprimoramento sobre as pessoas, porém muito depende do que chamamos
de música e do tipo de música. Quando atingimos determinado estado de
compreensão, se todo o ser estiver pleno de amor – por uma outra pessoa ou
pelas pessoas em geral, o amor na sua verdadeira natureza – encontraremos que
toda a música perde força em comparação com este estado. Se a música é
realmente bela, ela entrará em fusão com aquele estado do amor, ela
intensificará ou expandirá o sentimento do amor. A música parecerá, então,
exprimir os sentimentos dentro da própria pessoa. Mas é apenas a música verdadeiramente
bela que fará isso. Parecemos não compreender que há música e música. Quando
falamos de música, mencionamos uma determinada categoria, mas não devemos
imaginar que toda música tem o mesmo valor. Quando se ouve música, deveríamos
examinar a natureza de nossa própria resposta a ela e tentar descobrir qual o
sentimento que ela evoca. Tantas pessoas apenas acompanham a música e perdem-se
no ritmo que pode ser aprazível em seus limites. Existe sempre o perigo, em
qualquer espécie de regozijo, de ficarmos totalmente absorvidos, não nos
conscientizando do que está nos acontecendo e de que tipo de resposta estamos
criando em relação àquilo que nos regozija. O regozijo ou a alegria têm a
tendência de tragar a mente, envolvendo-a em um turbilhão por eles criado.
Todos sabem que ao vivenciarem uma sensação de prazer, desejando senti-la cada
vez mais acentuadamente, nela tornam-se cada vez profundamente imersos. Se, no
momento de regozijo, houver qualquer chamamento para o dever, por mais urgente
que seja, a pessoa sentirá uma tendência a não atender ao chamado. Isso mostra
que de alguma forma somos inibidos em nossa disposição de reagirmos. Existe
esse tipo de perigo no prazer, mas deveríamos examinar-nos a medida em que
entregamo-nos ao prazer. A SABEDORIA QUE reside na alma é a melhor e mais nobre
música, porque nela há uma qualidade de harmonia presente apenas no melhor tipo
de música. Ela tem também o poder de produzir harmonia em todas as nossas
expressões e ações. A verdade SABEDORIA, enquanto distinta da assim chamada
SABEDORIA DE vários tipos, é algo raro. Não obstante, há esta observação feita
por Sócrates de que é a única virtude que todo homem pensa possuir desde a sua
infância. A pessoa pode reconhecer o fato de não ter aptidão para a música, não
ter inclinação para matemática, que é incapaz em muitos sentidos e que falou de
várias formas após ter sido testada. Mas, mesmo assim, acredita que tem a
necessária SABEDORIA para avaliar todos os assuntos inerentes à vida, e as suas
opiniões são tão boas quanto as de outros. Esta é uma forma de cegueira muito
comum e que nos conduz para toda a espécie de erro e de loucura. E muito
difícil escapar deste conhecimento imaginário quando não sabemos como fazê-lo.
Tudo isso aplica-se a todos nós e não apenas a determinadas pessoas especiais
que estão procurando algo remoto em suas vidas. A TEOSOFIA é uma filosofia em
um de seus aspectos. Portanto, se realmente compreendermos, teremos de agir de
acordo. Lembro-me do senhor Jiddu Krishnamurti (1895-1986) ao dizer em um de
seus encontros, quando alguém levantou a questão da reencarnação – atualmente
ele nunca diz se é ou não um fato. “Você não acredita na reencarnação, porque
se acreditasse você agiria diferentemente”. Estava dizendo que a pessoa pensa
que acredita, mas engana-se ao fazê-lo. O que precisamos compreender não é
apenas determinadas coisas abstratas e remotas – Parabrahaman, o Logos, e assim
por diante – mas a verdade sobre todas as coisas que fazem parte do nosso dia a
dia. O que é a verdadeira beleza, em que extensão é válida uma opinião, qual é
a base da ação, qual é a natureza da vontade, será a mesma da obstinação ou
persistência, ou será de natureza diferente e assim por diante. Precisamos ter
a mente, o coração e a disposição para examinarmos estas questões inerentes as
nossas vidas, analisando-as de forma tranquila e cuidadosa. O exame não deveria
tornar-se um assunto emocional que nos desequilibra, tornando-nos incapazes de
pensarmos de forma fria e objetiva. É importante a forma como examinamo-nos.
Existe uma maneira de examinar que conduz à SABEDORIA, mas ela reside no
desapego, na tranquila aceitação da própria pessoa em seu estado de
tranquilidade. Helena P. Blavatsky fala de examinar o seu inferior à luz do Eu
Superior. Quando usamos as palavras o Eu Superior, não sabemos o que vem a ser;
a frase para nós tem um significado muito reduzido na prática, mas isso não
deveria ser assim. Evidentemente “a luz do Eu Superior” significa objetivamente com serenidade, sem
qualquer tipo de condenação ou justificação próprias, uma tentativa
desapaixonada e objetiva de ver as coisas como são. Todos nós que somos
teósofos deveríamos estar constantemente examinando nossas próprias atitudes,
motivos, a maneira como falamos e agimos e todo o tipo de reações internas que
se processam até mesmo sem nosso conhecimento. É apenas desta maneira que
podemos atingir a verdade ou obter aquela transformação que é denominada a
senda. Trilhar a senda significa produzir uma mudança total, e isso pode ser
realizado apenas através da própria inteligência livre, do ser objetivo com
relação a si mesmo, e de nenhuma outra maneira. Para ser objetivo, torna-se
necessário estar consciente de tudo que ser realiza interiormente. Se
estivermos tão preocupados com as nossas próprias ideias, vivendo de forma
sempre igual ou em um meio sonho, naquele estado de ignorância que se diz ser a
felicidade perfeita. Então separamo-nos da corrente principal da vida e
estaremos fora de contato com a sua realidade. A senda é penosa de ser
trilhada, mas ela nos muda completamente, tornando a nossa vida diária uma
experiência totalmente diferente daquilo que costuma ser. (1). Sofisma –
significa um pensamento ou retórica que procura induzir ao erro, apresenta com aparente lógica um sentido, mas com fundamento contraditório e com a
intenção de enganar. Livro Em Busca da Sabedoria. Abraço. Davi.
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