segunda-feira, 24 de julho de 2017

III. CHAVES PRÁTICAS.

Espiritualidade. Texto de Sri Prem Baba (1965-  ). Capítulo Sete. III. CHAVES PRÁTICAS. PREM BABA – EM ALGUM MOMENTO, VOCÊ E MUITO provavelmente você acredita nisso. Porém agora você descobriu que, no mais profundo, você acha que Deus está fora de você e que Ele é um controlador punitivo, um tirano cruel que não hesita em castiga-lo e lança-lo ao sofrimento. A grande maioria das pessoas neste mundo carrega esse sentimento, que é reforçado por diferentes tradições religiosas, pois elas nos ensinam a temer a Deus. E esse sentimento está relacionado a uma crença ainda mais profunda. Ele é o desdobramento de uma imagem congelada no seu sistema. Essa imagem se relaciona à figura de autoridade. Para uma criança que começa a descobrir a aventura da vida, as primeiras impressões sobre autoridade vêm dos pais, e são essas impressões que ela acaba projetando na imagem de Deus. Esse tema é muito profundo, porque está relacionado inclusive, a um dos maiores poderes do Ser, que é a fé. Se você tem uma visão distorcida de Deus, a sua fé também é distorcida. Você, durante muito tempo, acredita saber o que é Deus e acredita ter fé Nele – o que lhe dá uma relativa segurança, um relativo conforto. Porque, mesmo sendo uma crença e uma fé numa crença, você não se sente só; mesmo que a sua companhia seja uma ilusão criada pela mente, uma fantasia criada pela mente. Com isso você se sente acompanhado. Mas em algum momento, devido ao processo natural da evolução, você é levado a questionar essa crença e essa fé – o que é extremamente necessário para você continuar sua jornada evolutiva. Estamos falando das fases da relação com esse Mistério que chamamos de Deus. Até determinado estágio do processo de evolução de consciência, o ser não pensa a respeito disso. Ele simplesmente vive sem questionar os fenômenos da natureza e os propósito da vida. Mas naturalmente, a consciência evolui e chega um momento em que ele começa a questionar. Como isso tudo é possível? Quem criou essa realidade? Por que estamos vivendo essa experiência? E, até determinado momento, é muito difícil não acreditar em um criador. Então você passa a acreditar na existência de um Deus. Mas como não tem contato com esse criador, você começa a imaginar como ele é. Cria uma imagem e projeta nela a imagem dos seus pais, pois eles representam as figuras de autoridade da sua vida. Você constrói uma imagem de Deus com base nos seus registros de memória do passado. Se você teve pais bons, carinhosos e acolhedores, é assim que vai visualizar Deus. Mas se teve pais punitivos, duros e cruéis, é assim que vai visualizar Deus. Como a nossa sociedade é governada, há mais de 10 mil anos, pelo masculino distorcido, que tem como principal característica a violência e a dominação pelo abuso do poder, é claro que tendemos a projetar em Deus esse masculino distorcido. O que sustenta essa imagem distorcida de Deus é a falsa fé. Por que falsa fé? Porque esse Deus no qual você acredita não existe. Foi criado por sua mente para atender a uma necessidade em um momento de angústia, mas você aprendeu a viver com isso. Nossa sociedade vive assim há milênios. Mas chega o momento em que você é tomado pelo sofrimento e é levado a questionar até mesmo a existência de Deus. Você descobre que não tem fé. Você achava que tinha fé até o momento em que a vida te convida a atravessar determinados desafios, como doenças, perdas, fracassos, depressão (...). Nessa hora você descobre que talvez não tenha tanta fé em Deus. Então a contradição vem para superfície. Quem é Deus para você? O Prem Baba disse que Deus é amor, que Deus é a vida única por trás de todos os nomes, de todos os corpos. Mas cadê essa criatura que não me tira desta “peia – luta” em que estou? Quem é essa criatura que inventou essas leis tão duras que me fazem sofrer tanto para poder visualizar a possibilidade da felicidade, para ter um vislumbre de que é possível ser feliz neste mundo? Assim, a energia que estava sendo utilizada para uma criação mental de Deus passa a ser direcionada para criar uma armadura de proteção. Essa armadura é feita de racionalização. Você tenta explicar tudo através da razão e da ciência. Você se torna um cético. Mas o ceticismo é um estágio bastante elevado de consciência, porque, estando no vale da solidão do ceticismo, inevitavelmente você busca por respostas: “Se não foi Deus quem me colocou nessa situação, quem me colocou aqui?” Se não Deus, foi meu pai, foi minha mãe, esse ou aquele (...). Você coloca a culpa em alguém até que começa a compreender que é você mesmo quem está se colocando nesse lugar. Você descobre que as suas mágoas e os seus ressentimentos geraram uma grande revolta que chegou ao ponto de bloquear a expressão dos seus dons e talentos, através dos quais o amor flui de você. Essa foi a forma que você encontrou para protestar pelos maus tratos recebidos na sua infância, foi a forma que você escolheu para se vingar por ter sido humilhado, machucado desrespeitado. Assim você começa a se responsabilizar, e é nesse momento que se inicia um processo de cura, porque você se permite entrar em contato com sentimentos guardados e tem a chance de coloca-los para fora. Com isso você abre espaço para ter uma experiência real de Deus. Começa a perceber que Deus age em você e através de você. Descobre que é você quem escolhe passar por tudo que está passando. Em outras palavras, você descobre que não é Deus que está te punindo, mas você mesmo. Existe uma autopunição, um auto ódio que você projeta em Deus. Deus não pune nem castiga – Deus é amor. Você se castiga e se pune. Você está, simplesmente, colhendo o que plantou. Eu sugiro que você vá atrás da voz dentro de você que diz: Eu não quero dar nada para ninguém. Não se preocupe tanto com Deus, apenas cante, dance, medite, mas sem se preocupar tanto com questões filosóficas. Vá atrás dessa voz interna que diz: Daqui eu não saio, daqui ninguém me tira. Dessa forma você estará se movendo em direção à experiência direta e real de Deus. QUERIDO PREM BABA, GOSTARIA que falasse algo para os que já passaram dos 50 anos e ainda não encontraram seu caminho. PREM BABA – ESSA É UMA QUESTÃO SIGNIFICATIVA para pessoas de todas as idades, mas obviamente quanto mais idade se acumula sem que se tenha consciência do propósito, mais amarga a vida se torna. Às vezes a ponto até mesmo de a pessoa não ver nenhum sentido em estar viva. Porque quando não tem consciência do propósito e é jovem, a pessoa ainda tem muita energia e consegue ocupar o tempo e se distrair mais facilmente. Mas conforme o tempo vai passando, algumas distrações deixam de ter graça, e, se ainda não tem consciência do propósito, a pessoa começa a ficar muito difícil de despertar. Muitos que estão nessa situação acabam se entregando para os amortecedores e vivem a vida esperando a morte chegar. Cada um faz isso do seu jeito, mas esses indivíduos estão sempre se ocupando de atividades fúteis. Cada ser vivo tem o seu lugar no mundo, mesmo que não tenha consciência disso. Mas se você não se sente realmente encaixado no seu lugar, é possível que você seja tomado pela inveja, pela insegurança, pelo ciúme e por todos os sentimentos que geram guerra e desunião na sua vida. Você briga sem nem mesmo saber por que está brigando. Você utiliza a briga como uma distração. Distrai-se com o que está na superfície para não precisar olhar para o que está acontecendo dentro de você. Então, se você estiver disposto a recomeçar, o que significa renovar-se por dentro, eu sugiro que comece perguntando para sua interioridade qual é o meu lugar no mundo? Para que eu encarnei aqui? O que vim fazer neste mundo? Eu quero ver. Eu me comprometo a ver, por mais que isso fira a minha vaidade. A VIDA VEM ME ESPREMENDO PROFISSIONALMENTE. MUITAS VEZES ME sinto isolada, insegura, pouco criativa ou produtiva. A crise e as mudanças trouxeram isso para minha relação de trabalho. Penso em mudar de rumo. Sair do design para o yoga. Como ser mais focada e produtiva? Como vencer a angústia? PREM BABA – ESTEJA ATENTA A ESSA QUESTÃO, porque eu tenho visto muitas pessoas em crise com a profissão que resolvem ser terapeutas ou professoras de yoga, como se ser professor de yoga ou terapeutas resolvesse todos os seus problemas. Não sinto que seja isso também. Se você veio para ser professora de yoga, então você vai realmente se sentir pertencendo, vai se sentir encaixada. Mas se não veio para isso, você vai transferir a angústia. No entanto, é claro que aqui há uma pista: porque ao se visualizar trabalhando com yoga, você se sente mais livre, mais leve. Talvez seja uma passagem, ou não. Talvez você se realize dando aulas de yoga, mas é importante não alimentar falsas esperanças na intenção de evitar novas frustrações. É muito bom que você esteja aberta para novas experiências. É muito bom que esteja aberta para se aventurar, mas sugiro que não feche a sua visão em torno de um ponto. Você está em busca de uma visão, da visão do propósito da sua alma. Esse propósito foi revelado a você quando ainda era uma criança. Toda criança chega com clareza do propósito, mas com o tempo ela é levada a se esquecer. Especialmente quando os adultos não alimentam essa visão, por não acreditarem nisso que a criança está trazendo, porque projetam na criança as suas frustrações, suas inseguranças e seus bloqueios. Isso acaba muitas vezes condicionando a mente da criança, e ela passa a não acreditar nessa mensagem ou nesse comando que está trazendo. E se desvia do caminho. Às vezes se faz necessário muito tempo para encontra-lo novamente. Em algum momento, a pessoa acaba perdendo a confiança para a possibilidade de realizar seus sonhos e passa a vida esperando a morte chegar. É importante resgatar essa memória divina, é importante lembrar-se desses comandos que já se manifestavam quando você era uma criança e que com o tempo foram ficando esquecidos. O esquecimento alimenta o esquecimento. E muitas outras coisas vão surgindo no caminho. QUERIDO BABA, SOU SEU ALUNO HÁ ANOS E MINHA CONFIANÇA EM VOCÊ É TOTAL, mas ultimamente, uma semente de dúvida foi colocada em meu sistema: por que os seus cursos são tão caros? Por favor, esclareça essa dúvida para que a energia possa fluir livre novamente. PREM BABA – ESSA É UMA QUESTÃO QUE NOS CONDUZ a diferentes dimensões. Vamos focar em algumas delas. A primeira é que talvez a sua confiança não seja tão total assim. Talvez seja melhor dizer que você tem um quantum de confiança, mas não ainda confiança total. Porque quando você tem confiança total, a dúvida não te perturba. Mas para que você possa ser preenchido pela confiança, se faz necessária uma experiência espiritual, ou seja, que você de fato me veja e me sinta; que você me perceba e, consequentemente, entenda o meu jogo. Se puder me ver de verdade, você compreenderá. E ao compreender, você será iluminado pela confiança. Essa confiança remove toda e qualquer semente de dúvida e providencia para que todas as suas necessidades sejam atendidas. Ela liberta o seu sistema de todo o medo, em especial o medo da escassez. Talvez um dos aspectos que o esteja impedindo de entrar nesse campo de experiência, um dos obstáculos para que me veja, me sinta e entenda o meu jogo, esteja ligado a crenças a respeito do significado do dinheiro. Distorções a respeito do significado e até mesmo do poder do dinheiro. Embora a percepção desse jogo só possa acontecer no nível da alma, eu posso lhe dizer algumas coisas. O outro ponto a ser esclarecido é que eu não estou aqui por dinheiro e acredito que ninguém esteja aqui por essa razão. Ao mesmo tempo, não podemos negar que o dinheiro é uma realidade neste plano da existência. Embora para mim o dinheiro seja uma consequência da realização do propósito, preciso ter comigo pessoas cujo propósito seja lidar com o dinheiro. Preciso ter bons administradores, porque se não os tiver, inevitavelmente, vamos cair na sombra do dinheiro. E uma das manifestações dessa sombra é o medo da escassez e todos os seus desdobramentos. De qualquer maneira, posso dizer que 80% ou 90% do meu tempo é doado de modo gratuito. As transmissões que ofereço diariamente nas temporadas da Índia e de Alto Paraiso – cidade no estado de Goiás – Brasil, são todas gratuitas. Mas, de alguma maneira, para que eu possa estar nesses lugares durante todo esse tempo, para receber todas essas pessoas, precisamos de dinheiro. A dimensão material desse trabalho precisa ser sustentada. Isso é feito através de doações que aqui chamamos de dakshina, uma prática védica antiga na qual o discípulo oferece ao mestre uma doação voluntária a título de retribuição e de respeito à lei do pagamento por aquilo que está sendo recebido. Por trás dessa prática, existe uma ciência espiritual que faz a energia da prosperidade ser ativada. Mas isso só funciona quando a pessoa verdadeiramente entra nesse canal e este se abre para ela. Chega um momento em que você é convidado a entender esse aspecto da existência. Você é convidado a conhecer o Mistério que, na cosmovisão hindu, é chamado de Maha Lakshmi, o aspecto ou forma da Mãe que supre todas as suas necessidades, que proporciona tudo de que você necessita para viver sua experiência com conforto e tranquilidade. Mas essa experiência não pode ser forçada. Chega um momento em que esse estudo chega para você, mas isso é algo que ocorre na intimidade da relação mestre-discípulo. O dinheiro é uma energia muito poderosa. Ela pode te ajudar a fazer a travessia ou pode te destruir. Por isso lidar com essa energia requer sabedoria. Mas faz parte do curso da encarnação aprender a lidar com ela. Nós projetamos nessa energia uma série de conteúdos psicoemocionais que estão intimamente relacionados ao processo de educação vivido na infância. Por exemplo, uma criança que não recebeu afeto, mas recebeu coisas, presentes, matéria, irá atrelar o dinheiro a conteúdos afetivos. É como se uma lente colorida fosse colocada diante da realidade, e ela passasse a perceber o dinheiro de forma distorcida. E essa imagem distorcida impede que ela lide com o dinheiro de forma objetiva. A ativação da energia ocorre através da dakshina flui por si só. Eu não controlo nada. Uns dão mais, outros menos; outros não dão. E como são muitas pessoas, as coisas acabam sempre se equilibrando, mas às vezes acontece de o dinheiro não ser suficiente para cobrir tudo de que precisamos para realizar um evento como esse. Então, nos outros 10% ou 20% do tempo, eu também ofereço retiros que têm um valor predeterminado. Também estamos começando a oferecer workshops baseando as despesas na economia colaborativa, que é uma prática parecida com a dakshina. Nela nós sugerimos o valor mínimo, que é o valor de custo daquele evento, e a pessoa fica livre para contribuir com quanto ela quiser dar, ou seja, com quanto achar que o trabalho vale. Dessa forma, o dinheiro supre a operação daquilo que precisamos fazer para que esses eventos aconteçam. Mas como temos escolhido fazer muitas coisas (por causa da demanda espiritual e da necessidade das pessoas), às vezes o dinheiro ainda não é suficiente. Nesse caso vamos pedindo para que Maha Lakshmi faça o dinheiro aparecer de outra maneira. É importante que você saiba que esse processo da operação é transparente. Tudo está em relatórios disponíveis para quem quiser. E estamos com a ideia de fazer, assim que tivermos dinheiro para tal, o “portal da transparência”, um site no qual toda a movimentação financeira da organização estará registrada para quem tiver o interesse de compreender melhor como funciona. Estamos caminhando nessa direção. Além disso, existem os cursos e as terapias do Caminho do Coração, um método psicoespiritual criado por mim para oferecer apoio àqueles que estão comprometidos com o autoconhecimento e com a  expansão da consciência. Trata-se de um conjunto de ferramentas terapêuticas que te ajudam a precipitar e atravessar processos de cura, facilitando e adiantando a caminhada. E, no caso desse trabalho, não tenho como fazer doações – é preciso que você pague pela sua própria terapia. Eu tento abrir o caminho e facilitar a caminhada, mas não posso caminhar por você. Estou treinando os terapeutas do Caminho do Coração, mas eles não podem fazer serviço voluntário. Assim como você recebe pelo seu trabalho, os terapeutas também precisam receber para sustentar suas vidas. O processo de autodesenvolvimento precisa ser sustentável e para isso precisa haver equilíbrio entre espírito e matéria. E esse ponto de equilíbrio só é encontrado quando você se liberta das crenças sobre o dinheiro e se afina com os códigos divinos da prosperidade. Saber qual é o seu propósito não é suficiente. É necessário que esse propósito seja autossustentável, porque você está encarnado num corpo que está submetido às leis da matéria. Algumas pessoas tentam negar a dimensão material, tentam separar a espiritualidade da matéria, mas isso não é possível. A negação é um dos principais venenos para a consciência. Ela nos leva à impossibilidade de despertar do sonho do sofrimento. De qualquer maneira, nós estamos atentos. Estamos estudando novas maneiras de trabalhar, novas formas de subsidiar as atividades terapêuticas. Aos poucos, vamos encontrando uma forma de receber a todos. Porém, sendo o dinheiro a moeda de troca neste plano, alguém precisa pagar a conta. Mesmo que grande parte do serviço seja voluntário, algumas coisas precisam ser pagas. Para que tudo seja gratuito, alguém precisa pagar a conta. Estamos estudando as possibilidades, e sugestões são bem-vindas. Há algum tempo, eu apoiei um projeto chamado “Psicologia para Todos”, que tinha esse intuito de oferecer as ferramentas terapêuticas a preços acessíveis ou gratuitamente. Com o passar do tempo, não recebi mais informações e não sei se o projeto prosperou, mas foi uma boa ideia. Mas para que essas boas ideias se tornem realidade, tornem-se projetos autossustentáveis e prósperos, alguém precisa colocar energia. Alguém precisa dar alguma coisa. Essa questão evoca uma profunda reflexão em relação ao significado do dinheiro. Como você está lidando com essa energia? Uma das dimensões do meu trabalho é erradicar o medo da escassez do seu sistema, para que a prosperidade possa se manifestar através de você. Estamos trabalhando para criar uma cultura de paz e prosperidade. Mas, para que haja paz na nossa sociedade, é fundamental que as necessidades das pessoas sejam atendidas. Não há como haver paz quando há fome. Nós, enquanto raça humana, precisamos nos harmonizar com a energia do dinheiro, sem hiperdimensionar ou subdimensionar o seu valor. Livro Propósito – A Coragem de Ser Quem Somos. Abraço. Davi.  

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