sexta-feira, 7 de julho de 2017

A EXISTÊNCIA DOS MESTRES.

Teosofia. Texto de Charles Webster Leadbeater (1854-1934). I. OS MESTRES. Capítulo Um. A EXISTÊNCIA DOS MESTRES. – CONSIDERAÇÕES GERAIS  –  A existência de Homens Perfeitos é um dos mais importantes dos muitos novos fatos que a Teosofia coloca diante de nós. Ele sucede logicamente aos outros grandes ensinamentos teosóficos do Karma e da evolução pela reencarnação. Quando olhamos ao nosso redor, vemos claramente homens em todos os estágios de evolução, muitos bastante abaixo de nós em desenvolvimento e outros que, de uma forma ou de outra, estão distintamente à nossa frente. Dessa forma, deve haver aqueles que estejam também muito adiante de nós. De fato, se o homem está progressivamente se tornando cada vez melhor por uma longa série de vidas sucessivas, visando um objetivo definido, certamente haverá alguns que já tenham alcançado esse objetivo. Alguns de nós, nesse processo de desenvolvimento, já tiveram sucesso em desdobrar alguns desses sentidos superiores, que estão latentes em todos os homens e que são a herança de todos no futuro. E, por meio desses sentidos, somos capazes de ver a escada evolutiva se entendendo tanto bem acima de nós, como bastante abaixo de nós; e também podemos ver que existem homens em todos os degraus desse escada. Há uma considerável quantidade de testemunhos diretos da existência desses Homens Perfeitos, a quem chamamos de Mestres; mas acredito que o primeiro passo que cada um de nós precisa dar é o de ter a certeza de que tais homens devem existir. Então, como um passo seguinte, é que compreendemos que aqueles com os quais tivemos contato pertencem a essa classe. Os registros históricos de todas as nações estão cheios de feitos de homens de gênio em todos os campos da atividade humana – homens que em suas linhas especiais de trabalho e habilidade se mantiveram muito acima dos demais. Na verdade, às vezes ( e provavelmente mais corriqueiramente do que sabemos) seus ideais estiveram completamente além da compreensão das pessoas, de forma que não apenas o trabalho que eles possam ter feito foi perdido para a humanidade, mas nem mesmo seus nomes foram preservados. É dito que a história de toda nação poderia ser escrita com a biografia de alguns indivíduos e que são sempre uns poucos, elevando-se acima dos demais, que iniciam os grandes passos à frente na arte, na música, na literatura, na ciência, na filosofia, na filantropia, na administração pública e na religião. Eles se elevam, algumas vezes, no amor a Deus e a seus semelhantes como grandes santos e filantropos, outras vezes, na compreensão do homem e da Natureza como grandes filósofos, sábios e cientistas; ou no trabalho pela humanidade como grandes libertadores e reformistas. Ao olhar para esses homens, percebendo o quão acima eles estão na humanidade, a que distância eles estão na evolução humana, não é lógico dizer que não podemos ver as fronteiras das realizações humanas? E também que deve ter havido, e mesmo agora deve haver, homens muito mais desenvolvidos até mesmo que aqueles – grandes homens em espiritualidade, assim como em conhecimento e poder artístico, homens completos no que se refere às perfeições humanas, Homens precisamente tais como os Adeptos ou Super-homens, que alguns de nós tiveram o inestimável privilégio de encontrar? Essa galáxia de gênios humanos – que enriquece e embeleza as páginas da história – é, ao mesmo tempo, a glória e a esperança de toda a humanidade, pois sabemos que esses Grandes Seres são os precursores dos demais e que eles brilham como faróis, como verdadeiros portadores de luz, para nos mostrar a Senda que devemos trilhar se quisermos alcançar a glória que será então revelada. Há muito tempo aceitamos a doutrina da evolução das formas nas quais habita a Vida Divina; aqui está a ideia complementar e muito mais ampla da evolução dessa mesma Vida, demonstrando que a própria razão desse maravilhoso desenvolvimento de formas cada vez mais elevadas é que a Vida sempre em expansão precisa dessas formas para se expressar. As formas nascem e morrem; elas crescem, decaem e se desfazem; mas o Espírito evolui eternamente, animando essas formas, desenvolvendo-se por intermédio das experiências obtidas nas formas e através delas. Ao ter sua oportunidade de servir e se tornado ultrapassada, aquela forma é posta de lado para que outra melhor tome o seu lugar. Por trás da forma em evolução sempre germina a Vida Eterna, a Vida Divina. Esta Vida de Deus permeia toda a Natureza, que é tão somente os vários mantos coloridos que Ele tem vestido. É Ele que vive na beleza da flor, na força da árvore, na rapidez e na graça do animal, assim como no coração e na alma do homem. A vontade de Deus é a evolução, e por isso toda vida progride e ascende, e torna-se o fato mais natural do mundo a existência de Homens Perfeitos na extremidade dessa linha de sempre crescente poder, sabedoria e amor. Até mesmo mais adiante deles – além de nossa visão e compreensão – se estende a perspectiva de uma glória ainda maior. Tentaremos posteriormente dar alguma insinuação a respeito, mas é inútil falar dela agora. O TESTEMUNHO DAS RELIGIÕES – Os registros de todas as grandes religiões mostram a presença de tais Super-homens, tão plenos da Vida Divina que, por repetidas vezes, eles têm sido tomados como sendo os próprios representantes de Deus. Em toda religião, especialmente em sua fundação, manifestou-se um desses Seres, e às vezes mais de um. Os hindus têm seus grandes Avatares ou encarnações divinas, tais como Shri Krishna, Shri Shankaracharya e  o senhor Gautama Buddha, cuja religião se espalhou pelo Extremo Oriente (também conhecida como Ásia Oriental. Designação dada aos países que fazem parte do Leste e do Sudeste da Ásia como: China, Japão, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Mongólia, Macau, Camboja, Vietnam, Laos, Birmânia, Tailândia, Malásia, Indonésia, Filipinas, Brunei etc), e uma grande galáxia de Rishis, de Santos, de Instrutores. Esses Grandes Seres se empenharam não apenas em acordar a natureza espiritual dos homens, mas também em todos os assuntos referentes a seu bem-estar na Terra. Todos que pertencem ao mundo cristão conhecem bem, ou deveriam conhecer, a grande sucessão de profetas, instrutores e santos em suas próprias dispensações, e sabem que de alguma forma, talvez não claramente entendida, seu Instrutor Supremo, o próprio Cristo, foi e é Homem – assim como é Deus. Todas as religiões anteriores decadentes, já que algumas delas podem estar entre nações decadentes, inclusive as de tribos primitivas de homens, mostram como aspecto marcante a existência de Super-homens, auxiliares em todos os sentidos das pessoas infantis com quem habitavam. Fazer uma relação deles, mesmo sendo sobremaneira interessante e valioso, nos afastaria muito de nosso presente propósito, portanto, dou referência ao leitor do excelente livro do senhor W. Williamson, The Great Law – A Grande Lei. EVIDÊNCIAS REGENTES – Há muitas evidências diretas e recentes da existência destes Grandes Seres. Em minha juventude, nunca precisei de nenhuma dessas evidências – pois estava totalmente convencido pelo resultado de meus estudos – de que devem existir tais seres. Acreditar que havia tais Homens glorificados me parecia perfeitamente natural, e o meu único desejo era encontra-los face a face. Porém, muitos, de forma bastante razoável, querem conhecer as evidências existentes. Há uma quantidade considerável de testemunhos pessoais. Madame H. P. Blavatsky (1831-1891) e o Coronel Henry Stell Olcott (1832-1907), os fundadores da Sociedade Teosófica, doutora Annie Besant (1847-1933), nossa atual Presidente, e eu próprio, todos nós vimos alguns desses Grandes Seres; e muitos outros membros da Sociedade também tiveram o privilégio de ver um ou dois deles. Há um amplo testemunho naquilo que todas essas pessoas escreveram. Algumas vezes é sugerido que aqueles que os viram, ou imaginaram tê-los visto, possam estar sonhando ou talvez enganados. A principal razão, eu acredito, é que raramente vimos os Adeptos em uma ocasião em que tanto eles quanto nós estivéssemos em nossos corpos físicos. Nos primeiros dias da Sociedade Teosófica, quando apenas Madame Blavatsky havia desenvolvido faculdades superiores, os Mestres não raramente materializavam-se, assim, fisicamente em várias ocasiões. Muitos registros de tais acontecimentos podem ser encontrados na história inicial de nossa Sociedade. Obviamente, o Grande Ser que se apresentava não estava em seu corpo físico, mas em uma forma materializada. Muitos de nós, habitual e constantemente, os vemos durante o sono. Saímos em nossos corpos astrais, ou no corpo mental, de acordo com nosso desenvolvimento, e os visitamos e vemos em seus corpos físicos. Entretanto, nessa condição, não estamos em nosso corpo físico, e por isso, no plano físico, as pessoas tendem a ser descrentes sobre tais experiências. Os homens contestam: Mas, nestes casos, vocês que os viram estavam fora do corpo físico e podem ter sonhado ou se enganado, ou aqueles que apareceram para vocês vieram em forma de fenômeno e desapareceram em seguida; então, como vocês sabem que eles eram quem vocês supõem que eles sejam? Há poucos casos em que ambos, o Adepto e a pessoa que o viu, estavam em corpos físicos. Isso aconteceu com Madame Blavatsky. Eu a ouvi dar o testemunho de ter vivido por algum tempo em um monastério no Nepal, onde ela constantemente via três de nossos Mestres em seus veículos físicos. Alguns deles desceram mais de uma vez de seus retiros nas montanhas até a Índia em seus corpos físicos. O Coronel Olcott relatou sobre ter visto dois deles em tais ocasiões; ele conheceu o Mestre Morya e também o Mestre Kuthumi. Damodar K. Mavalankar (1857-1885), que conheci em 1884, encontrou-se com o Mestre Kuthumi em seu corpo físico. Houve o caso de S. Ramaswami Iyer, um cavalheiro que conheci também àquela época, que teve a experiência de encontrar fisicamente o Mestre Morya e escreveu um relato desse encontro, que citarei mais tarde. Também o caso do senhor W. T. Brown, da Loja de Londres – Inglaterra, igualmente privilegiado por encontrar um dos Grandes Seres em condições similares. Há ainda uma vasta quantidade de testemunhos indianos, que nunca foram coletados e selecionados principalmente porque aqueles com os quais essas experiências ocorreram estavam tão persuadidos da existência de Super-humanos e da possibilidade de encontra-los que não registraram nenhum caso individual como digno. EXPERIÊNCIA PESSOAL – Eu mesmo posso relatar duas ocasiões em que encontrei um Mestre, ambos estando em nossos veículos (corpo) físicos. Um deles foi o Adepto a quem foi designado o nome de Júpiter no livro As Vidas de Alcyone, que muito auxiliou na redação de partes do famoso livro de Madame Blavatsky, Ísis sem Véu, quando ele estava sendo escrito na Filadélfia e em Nova Iorque nos Estados Unidos. Quando eu estava vivendo em Adyar – Índia, ele foi muito generoso em requisitar ao meu reverenciado instrutor, Swami T. Subba Row, para me levar até ele. Obedecendo a sua convocação, viajamos até sua casa e fomos muito afavelmente recebidos por ele. Após uma longa conversa do mais profundo interesse, tivemos a honra de jantar com ele, mesmo ele sendo um brâmane, e passamos a noite e parte do dia seguinte sob seu teto. Neste caso, admite-se que não poderia haver nenhuma questão de ilusão. O outro Adepto que eu tive o privilégio de encontrar fisicamente foi o Mestre Conde de Saint Germain, chamado às vezes de Príncipe Rakoczy. Eu o conheci sob circunstâncias bem usuais, sem nenhum agendamento prévio, como se fosse coincidência, caminhando na Via del Corso, em Roma – Itália, vestido como qualquer cavalheiro italiano se veste. Ele me levou até os jardins do Monte Pincio, e conversamos por mais de uma hora sobre a Sociedade e seu trabalho, ou talvez eu deva dizer que ele falava e eu ouvia, embora eu tenha respondido quando me fez perguntas. Tenho visto outros membros da Fraternidade em várias circunstâncias. Meu primeiro encontro com um deles ocorreu em um hotel no Cairo – Egito. Eu estava a caminho da Índia com Madame Blavatsky e alguns outros, e ficamos nessa cidade por um tempo. Costumávamos nos reunir nos aposentos de Madame Blavatsky para trabalhar. Eu estava sentado no chão, recortando e organizando para ela alguns artigos de jornal que ela queria, quando ela sentou-se em uma mesa próxima. Na verdade meu braço esquerdo estava mesmo tocando o vestido dela. A porta do quarto estava completamente à vista e com certeza não foi aberta, mas de repente, sem nenhuma preparação, havia um homem de pé quase entre mim e Madame Blavatsky, ao alcance de ambos. Causou-me um enorme susto, e eu saltei meio atordoado. Madame Blavatsky achou graça e disse: Se você não conhece o bastante para não se sobressaltar por algo tão irrisório, você não vai longe nesse trabalho oculto. Eu fui apresentado ao visitante, que não era ainda um Adepto, mas um Arhat, que corresponde a um grau abaixo daquele estágio. Ele então se tornara o Mestre Djwal Kul. Alguns meses depois disso, o Mestre Morya veio até nós um dia, parecendo exatamente como se estivesse em um corpo físico. Ele caminhou pela sala em que eu estava para falar com Madame Blavatsky, que estava no quarto dela. Essa foi a primeira vez que eu o vi plena e claramente, pois eu ainda não havia desenvolvido meus sentidos latentes o suficiente para ter presente o que eu vira no corpo sutil. Eu vi o Mestre Kuthumi em condições semelhantes, sobre o teto de nossa sede em Adyar. Ele estava em pé num parapeito, como se tivesse acabado de se materializar ao ar livre do outro lado. Eu vi também o Mestre Djwal Kul repetidas vezes naquele telhado, da mesma forma. Isso seria considerado, eu suponho, como uma evidência menos incontestável, uma vez que os Adeptos vieram como aparições, mas como eu aprendi, desde então, a usar meus veículos superiores (corpos) livremente e a visitar esses Grandes Seres dessa forma, posso testemunhar que aqueles que vieram nos primeiros anos da Sociedade e se materializaram para nós são os mesmos Homens que tenho visto frequentemente de lá para cá, vivendo em suas próprias casas. As pessoas têm sugerido que eu e outros que tivemos a mesma experiência podemos estar sonhando. Já que essas visitas se dão durante o sono. Eu só posso responder que é um sonho marcantemente consistente, se estendendo, no meu caso, por quarenta anos, e que tem sido sonhado simultaneamente por um grande número de pessoas. Aqueles que desejam coletar evidências sobre tais assuntos, e é bem razoável que eles desejem fazê-lo, devem se voltar à literatura mais antiga da Sociedade Teosófica. Eles poderiam saber da doutora Besant quantos dos Grandes Seres ela vira em diferentes ocasiões; e há vários de nossos membros que irão, sem hesitação, dar testemunho de que viram um Mestre. Pode ser que em meditação eles tenham visto sua face e, posteriormente, tenham tido provas definitivas de se tratar de um ser real. Muitas evidências podem ser encontradas no livro Old Diary Leaver – Folhas de um Velho Diário, do Coronel Olcott; e há interessante tratado chamado Do the Brothers Exist – Os Irmãos Existem?, escrito pelo senhor A. O. Home – um homem que se destacou na Administração Pública na Índia e muito trabalhou com nosso último Vice-Presidente, o senhor Alfred Perci Sinnett (1840-1921) – que foi publicado num livro intitulado Hints on Esoteric Theosophy – Dicas sobre Teosofia Esotérica. O senho Hume, que era um anglo-indiano cético com uma mente racional, entrou no questionamento sobre a existência dos Irmãos (como também são chamados os Mestres, porque eles pertencem a uma grande Fraternidade e também porque eles são os Irmãos mais Velhos da Humanidade) e, mesmo prematuramente, decidiu que tinha testemunhos esmagadores de que eles realmente existiam. Muito mais evidência tem sido coletada desde que esse livro foi publicado. A posse de visão estendida – e de muitas outras faculdades resultantes do desdobramento de nossos poderes latentes – tem também trazido para a nossa constante experiência o fato de que há outras ordens de seres além da humana, algumas das quais estão numa categoria paralela a dos Adeptos, em um grau de existência superior à nossa. Encontramos alguns daqueles a que chamamos de Devas ou Anjos e outros que percebemos estarem muito além de nós em todos os sentidos. Livro Os Mestres e a Senda. Abraço. Davi.

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