Teosofia.
Texto de Charles Webster Leadbeater (1854-1934). I. OS MESTRES. Capítulo Um. A
EXISTÊNCIA DOS MESTRES. – CONSIDERAÇÕES GERAIS
– A existência de Homens
Perfeitos é um dos mais importantes dos muitos novos fatos que a Teosofia
coloca diante de nós. Ele sucede logicamente aos outros grandes ensinamentos
teosóficos do Karma e da evolução pela reencarnação. Quando olhamos ao nosso
redor, vemos claramente homens em todos os estágios de evolução, muitos
bastante abaixo de nós em desenvolvimento e outros que, de uma forma ou de
outra, estão distintamente à nossa frente. Dessa forma, deve haver aqueles que
estejam também muito adiante de nós. De fato, se o homem está progressivamente
se tornando cada vez melhor por uma longa série de vidas sucessivas, visando um
objetivo definido, certamente haverá alguns que já tenham alcançado esse
objetivo. Alguns de nós, nesse processo de desenvolvimento, já tiveram sucesso
em desdobrar alguns desses sentidos superiores, que estão latentes em todos os
homens e que são a herança de todos no futuro. E, por meio desses sentidos,
somos capazes de ver a escada evolutiva se entendendo tanto bem acima de nós, como
bastante abaixo de nós; e também podemos ver que existem homens em todos os
degraus desse escada. Há uma considerável quantidade de testemunhos diretos da
existência desses Homens Perfeitos, a quem chamamos de Mestres; mas acredito
que o primeiro passo que cada um de nós precisa dar é o de ter a certeza de que
tais homens devem existir. Então, como um passo seguinte, é que compreendemos
que aqueles com os quais tivemos contato pertencem a essa classe. Os registros
históricos de todas as nações estão cheios de feitos de homens de gênio em
todos os campos da atividade humana – homens que em suas linhas especiais de
trabalho e habilidade se mantiveram muito acima dos demais. Na verdade, às
vezes ( e provavelmente mais corriqueiramente do que sabemos) seus ideais
estiveram completamente além da compreensão das pessoas, de forma que não
apenas o trabalho que eles possam ter feito foi perdido para a humanidade, mas
nem mesmo seus nomes foram preservados. É dito que a história de toda nação
poderia ser escrita com a biografia de alguns indivíduos e que são sempre uns
poucos, elevando-se acima dos demais, que iniciam os grandes passos à frente na
arte, na música, na literatura, na ciência, na filosofia, na filantropia, na
administração pública e na religião. Eles se elevam, algumas vezes, no amor a
Deus e a seus semelhantes como grandes santos e filantropos, outras vezes, na
compreensão do homem e da Natureza como grandes filósofos, sábios e cientistas;
ou no trabalho pela humanidade como grandes libertadores e reformistas. Ao
olhar para esses homens, percebendo o quão acima eles estão na humanidade, a
que distância eles estão na evolução humana, não é lógico dizer que não podemos
ver as fronteiras das realizações humanas? E também que deve ter havido, e
mesmo agora deve haver, homens muito mais desenvolvidos até mesmo que aqueles –
grandes homens em espiritualidade, assim como em conhecimento e poder
artístico, homens completos no que se refere às perfeições humanas, Homens
precisamente tais como os Adeptos ou Super-homens, que alguns de nós tiveram o
inestimável privilégio de encontrar? Essa galáxia de gênios humanos – que
enriquece e embeleza as páginas da história – é, ao mesmo tempo, a glória e a
esperança de toda a humanidade, pois sabemos que esses Grandes Seres são os
precursores dos demais e que eles brilham como faróis, como verdadeiros
portadores de luz, para nos mostrar a Senda que devemos trilhar se quisermos
alcançar a glória que será então revelada. Há muito tempo aceitamos a doutrina
da evolução das formas nas quais habita a Vida Divina; aqui está a ideia
complementar e muito mais ampla da evolução dessa mesma Vida, demonstrando que
a própria razão desse maravilhoso desenvolvimento de formas cada vez mais
elevadas é que a Vida sempre em expansão precisa dessas formas para se
expressar. As formas nascem e morrem; elas crescem, decaem e se desfazem; mas o
Espírito evolui eternamente, animando essas formas, desenvolvendo-se por
intermédio das experiências obtidas nas formas e através delas. Ao ter sua
oportunidade de servir e se tornado ultrapassada, aquela forma é posta de lado
para que outra melhor tome o seu lugar. Por trás da forma em evolução sempre
germina a Vida Eterna, a Vida Divina. Esta Vida de Deus permeia toda a
Natureza, que é tão somente os vários mantos coloridos que Ele tem vestido. É
Ele que vive na beleza da flor, na força da árvore, na rapidez e na graça do
animal, assim como no coração e na alma do homem. A vontade de Deus é a
evolução, e por isso toda vida progride e ascende, e torna-se o fato mais
natural do mundo a existência de Homens Perfeitos na extremidade dessa linha de
sempre crescente poder, sabedoria e amor. Até mesmo mais adiante deles – além
de nossa visão e compreensão – se estende a perspectiva de uma glória ainda
maior. Tentaremos posteriormente dar alguma insinuação a respeito, mas é inútil
falar dela agora. O TESTEMUNHO DAS RELIGIÕES – Os registros de todas as grandes
religiões mostram a presença de tais Super-homens, tão plenos da Vida Divina
que, por repetidas vezes, eles têm sido tomados como sendo os próprios
representantes de Deus. Em toda religião, especialmente em sua fundação,
manifestou-se um desses Seres, e às vezes mais de um. Os hindus têm seus
grandes Avatares ou encarnações divinas, tais como Shri Krishna, Shri Shankaracharya
e o senhor Gautama Buddha, cuja religião
se espalhou pelo Extremo Oriente (também conhecida como Ásia Oriental.
Designação dada aos países que fazem parte do Leste e do Sudeste da Ásia como:
China, Japão, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Mongólia, Macau, Camboja,
Vietnam, Laos, Birmânia, Tailândia, Malásia, Indonésia, Filipinas, Brunei etc),
e uma grande galáxia de Rishis, de Santos, de Instrutores. Esses Grandes Seres
se empenharam não apenas em acordar a natureza espiritual dos homens, mas também
em todos os assuntos referentes a seu bem-estar na Terra. Todos que pertencem
ao mundo cristão conhecem bem, ou deveriam conhecer, a grande sucessão de
profetas, instrutores e santos em suas próprias dispensações, e sabem que de
alguma forma, talvez não claramente entendida, seu Instrutor Supremo, o próprio
Cristo, foi e é Homem – assim como é Deus. Todas as religiões anteriores
decadentes, já que algumas delas podem estar entre nações decadentes, inclusive
as de tribos primitivas de homens, mostram como aspecto marcante a existência
de Super-homens, auxiliares em todos os sentidos das pessoas infantis com quem
habitavam. Fazer uma relação deles, mesmo sendo sobremaneira interessante e
valioso, nos afastaria muito de nosso presente propósito, portanto, dou
referência ao leitor do excelente livro do senhor W. Williamson, The Great Law
– A Grande Lei. EVIDÊNCIAS REGENTES – Há muitas evidências diretas e recentes
da existência destes Grandes Seres. Em minha juventude, nunca precisei de
nenhuma dessas evidências – pois estava totalmente convencido pelo resultado de
meus estudos – de que devem existir tais seres. Acreditar que havia tais Homens
glorificados me parecia perfeitamente natural, e o meu único desejo era
encontra-los face a face. Porém, muitos, de forma bastante razoável, querem
conhecer as evidências existentes. Há uma quantidade considerável de
testemunhos pessoais. Madame H. P. Blavatsky (1831-1891) e o Coronel Henry
Stell Olcott (1832-1907), os fundadores da Sociedade Teosófica, doutora Annie Besant
(1847-1933), nossa atual Presidente, e eu próprio, todos nós vimos alguns
desses Grandes Seres; e muitos outros membros da Sociedade também tiveram o
privilégio de ver um ou dois deles. Há um amplo testemunho naquilo que todas
essas pessoas escreveram. Algumas vezes é sugerido que aqueles que os viram, ou
imaginaram tê-los visto, possam estar sonhando ou talvez enganados. A principal
razão, eu acredito, é que raramente vimos os Adeptos em uma ocasião em que
tanto eles quanto nós estivéssemos em nossos corpos físicos. Nos primeiros dias
da Sociedade Teosófica, quando apenas Madame Blavatsky havia desenvolvido
faculdades superiores, os Mestres não raramente materializavam-se, assim,
fisicamente em várias ocasiões. Muitos registros de tais acontecimentos podem
ser encontrados na história inicial de nossa Sociedade. Obviamente, o Grande
Ser que se apresentava não estava em seu corpo físico, mas em uma forma
materializada. Muitos de nós, habitual e constantemente, os vemos durante o
sono. Saímos em nossos corpos astrais, ou no corpo mental, de acordo com nosso
desenvolvimento, e os visitamos e vemos em seus corpos físicos. Entretanto,
nessa condição, não estamos em nosso corpo físico, e por isso, no plano físico,
as pessoas tendem a ser descrentes sobre tais experiências. Os homens
contestam: Mas, nestes casos, vocês que os viram estavam fora do corpo físico e
podem ter sonhado ou se enganado, ou aqueles que apareceram para vocês vieram
em forma de fenômeno e desapareceram em seguida; então, como vocês sabem que
eles eram quem vocês supõem que eles sejam? Há poucos casos em que ambos, o
Adepto e a pessoa que o viu, estavam em corpos físicos. Isso aconteceu com
Madame Blavatsky. Eu a ouvi dar o testemunho de ter vivido por algum tempo em
um monastério no Nepal, onde ela constantemente via três de nossos Mestres em
seus veículos físicos. Alguns deles desceram mais de uma vez de seus retiros
nas montanhas até a Índia em seus corpos físicos. O Coronel Olcott relatou
sobre ter visto dois deles em tais ocasiões; ele conheceu o Mestre Morya e
também o Mestre Kuthumi. Damodar K. Mavalankar (1857-1885), que conheci em
1884, encontrou-se com o Mestre Kuthumi em seu corpo físico. Houve o caso de S.
Ramaswami Iyer, um cavalheiro que conheci também àquela época, que teve a experiência
de encontrar fisicamente o Mestre Morya e escreveu um relato desse encontro,
que citarei mais tarde. Também o caso do senhor W. T. Brown, da Loja de Londres
– Inglaterra, igualmente privilegiado por encontrar um dos Grandes Seres em
condições similares. Há ainda uma vasta quantidade de testemunhos indianos, que
nunca foram coletados e selecionados principalmente porque aqueles com os quais
essas experiências ocorreram estavam tão persuadidos da existência de
Super-humanos e da possibilidade de encontra-los que não registraram nenhum
caso individual como digno. EXPERIÊNCIA PESSOAL – Eu mesmo posso relatar duas
ocasiões em que encontrei um Mestre, ambos estando em nossos veículos (corpo)
físicos. Um deles foi o Adepto a quem foi designado o nome de Júpiter no livro
As Vidas de Alcyone, que muito auxiliou na redação de partes do famoso livro de
Madame Blavatsky, Ísis sem Véu, quando ele estava sendo escrito na Filadélfia e
em Nova Iorque nos Estados Unidos. Quando eu estava vivendo em Adyar – Índia,
ele foi muito generoso em requisitar ao meu reverenciado instrutor, Swami T.
Subba Row, para me levar até ele. Obedecendo a sua convocação, viajamos até sua
casa e fomos muito afavelmente recebidos por ele. Após uma longa conversa do
mais profundo interesse, tivemos a honra de jantar com ele, mesmo ele sendo um
brâmane, e passamos a noite e parte do dia seguinte sob seu teto. Neste caso,
admite-se que não poderia haver nenhuma questão de ilusão. O outro Adepto que
eu tive o privilégio de encontrar fisicamente foi o Mestre Conde de Saint
Germain, chamado às vezes de Príncipe Rakoczy. Eu o conheci sob circunstâncias
bem usuais, sem nenhum agendamento prévio, como se fosse coincidência,
caminhando na Via del Corso, em Roma – Itália, vestido como qualquer cavalheiro
italiano se veste. Ele me levou até os jardins do Monte Pincio, e conversamos
por mais de uma hora sobre a Sociedade e seu trabalho, ou talvez eu deva dizer
que ele falava e eu ouvia, embora eu tenha respondido quando me fez perguntas.
Tenho visto outros membros da Fraternidade em várias circunstâncias. Meu
primeiro encontro com um deles ocorreu em um hotel no Cairo – Egito. Eu estava
a caminho da Índia com Madame Blavatsky e alguns outros, e ficamos nessa cidade
por um tempo. Costumávamos nos reunir nos aposentos de Madame Blavatsky para
trabalhar. Eu estava sentado no chão, recortando e organizando para ela alguns
artigos de jornal que ela queria, quando ela sentou-se em uma mesa próxima. Na
verdade meu braço esquerdo estava mesmo tocando o vestido dela. A porta do
quarto estava completamente à vista e com certeza não foi aberta, mas de
repente, sem nenhuma preparação, havia um homem de pé quase entre mim e Madame
Blavatsky, ao alcance de ambos. Causou-me um enorme susto, e eu saltei meio
atordoado. Madame Blavatsky achou graça e disse: Se você não conhece o bastante
para não se sobressaltar por algo tão irrisório, você não vai longe nesse
trabalho oculto. Eu fui apresentado ao visitante, que não era ainda um Adepto,
mas um Arhat, que corresponde a um grau abaixo daquele estágio. Ele então se
tornara o Mestre Djwal Kul. Alguns meses depois disso, o Mestre Morya veio até
nós um dia, parecendo exatamente como se estivesse em um corpo físico. Ele
caminhou pela sala em que eu estava para falar com Madame Blavatsky, que estava
no quarto dela. Essa foi a primeira vez que eu o vi plena e claramente, pois eu
ainda não havia desenvolvido meus sentidos latentes o suficiente para ter
presente o que eu vira no corpo sutil. Eu vi o Mestre Kuthumi em condições
semelhantes, sobre o teto de nossa sede em Adyar. Ele estava em pé num
parapeito, como se tivesse acabado de se materializar ao ar livre do outro
lado. Eu vi também o Mestre Djwal Kul repetidas vezes naquele telhado, da mesma
forma. Isso seria considerado, eu suponho, como uma evidência menos
incontestável, uma vez que os Adeptos vieram como aparições, mas como eu
aprendi, desde então, a usar meus veículos superiores (corpos) livremente e a
visitar esses Grandes Seres dessa forma, posso testemunhar que aqueles que vieram
nos primeiros anos da Sociedade e se materializaram para nós são os mesmos
Homens que tenho visto frequentemente de lá para cá, vivendo em suas próprias
casas. As pessoas têm sugerido que eu e outros que tivemos a mesma experiência
podemos estar sonhando. Já que essas visitas se dão durante o sono. Eu só posso
responder que é um sonho marcantemente consistente, se estendendo, no meu caso,
por quarenta anos, e que tem sido sonhado simultaneamente por um grande número
de pessoas. Aqueles que desejam coletar evidências sobre tais assuntos, e é bem
razoável que eles desejem fazê-lo, devem se voltar à literatura mais antiga da
Sociedade Teosófica. Eles poderiam saber da doutora Besant quantos dos Grandes
Seres ela vira em diferentes ocasiões; e há vários de nossos membros que irão,
sem hesitação, dar testemunho de que viram um Mestre. Pode ser que em meditação
eles tenham visto sua face e, posteriormente, tenham tido provas definitivas de
se tratar de um ser real. Muitas evidências podem ser encontradas no livro Old
Diary Leaver – Folhas de um Velho Diário, do Coronel Olcott; e há interessante
tratado chamado Do the Brothers Exist – Os Irmãos Existem?, escrito pelo senhor
A. O. Home – um homem que se destacou na Administração Pública na Índia e muito
trabalhou com nosso último Vice-Presidente, o senhor Alfred Perci Sinnett
(1840-1921) – que foi publicado num livro intitulado Hints on Esoteric
Theosophy – Dicas sobre Teosofia Esotérica. O senho Hume, que era um
anglo-indiano cético com uma mente racional, entrou no questionamento sobre a
existência dos Irmãos (como também são chamados os Mestres, porque eles
pertencem a uma grande Fraternidade e também porque eles são os Irmãos mais
Velhos da Humanidade) e, mesmo prematuramente, decidiu que tinha testemunhos
esmagadores de que eles realmente existiam. Muito mais evidência tem sido
coletada desde que esse livro foi publicado. A posse de visão estendida – e de
muitas outras faculdades resultantes do desdobramento de nossos poderes
latentes – tem também trazido para a nossa constante experiência o fato de que
há outras ordens de seres além da humana, algumas das quais estão numa
categoria paralela a dos Adeptos, em um grau de existência superior à nossa.
Encontramos alguns daqueles a que chamamos de Devas ou Anjos e outros que
percebemos estarem muito além de nós em todos os sentidos. Livro Os Mestres e a
Senda. Abraço. Davi.
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