terça-feira, 25 de julho de 2017

I, MAÇONARIA.

Maçonaria. Texto de Lourivaldo Perez Baçan. Este livro contém uma série de relatos históricos a respeito da Maçonaria desde os primeiros registros, o Poema Regius, a Constituição de Anderson e o Manuscrito Cook, além do estabelecimento da Maçonaria no Brasil, das Leis Anti-Maçônicas na Europa e as farsas envolvendo a instituição com o Satanismo. Também estão presentes a descrição dos ritos maçônicos e da hierarquia de cargos. INTRODUÇÃO À MAÇONARIA. Capítulo Um. Mitos, lendas e desinformação cercam a Maçonaria como instituição. Para os leigos, ela é cercada de mistérios e é considerada elitista. Informações nem sempre fidedignas ligam suas atividades ao sobrenatural e ao satânico. É importante, portanto, esclarecer alguns aspectos para melhor entendimento do assunto. A Maçonaria é uma ordem cujas doutrinas básicas são amor fraterno, auxílio mútuo, filantropia e busca constante da verdade. Os maçons esforçam-se para desfrutar da companhia de seus irmãos, ajudando-se em tempos de dificuldade pessoal e reforçando valores morais essenciais. Um antigo provérbio maçom diz que "a Maçonaria ensina os homens a serem bons e os que já o são, ela os torna melhores". Oferece uma oportunidade para um contato regular e agradável com homens de caráter, reforçando o próprio desenvolvimento pessoal e moral, num clima de companheirismo e fraternidade. Para manter essa fraternidade, é proibida a discussão de religião e política dentro das Lojas, uma vez que estes assuntos dividiram frequentemente os homens ao longo da História. A Maçonaria encoraja um homem a ser religioso sem defender uma religião em particular, tanto quanto incentiva que ele seja ativo na comunidade, sem defender um sistema ou partido político em particular. Os Maçons, também conhecidos como Pedreiros, não encontram na Maçonaria ensinamentos sobre a arte da construção, como o faziam os Maçons operativos da Idade Média. Assim, as ferramentas comuns, usadas nos canteiros medievais, como o maço, o cinzel, o nível, o prumo e outros têm cada uma um significado simbólico na Maçonaria e visam o aperfeiçoamento moral dos Maçons. A Maçonaria se distingue de outras ordens fraternais por sua ênfase no caráter moral, no seu sistema de rituais e na sua longa tradição, com uma história que data aproximadamente do século XVII. Há três graus em Maçonaria. Outros corpos conferem graus adicionais, até o 330 no Rito Escocês, mas nas Lojas normais ou simbólicas, têm-se apenas os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. A maioria das Lojas tem reuniões regulares e semanais e congregam-se em Potências Maçônicas, chamadas Grandes Orientes ou Grandes Lojas. Essas reuniões são feitas seguindo um ritual próprio. Nos países da América Latina, o rito mais praticado é o Rito Escocês Antigo e Aceito. É um corpo de normas que regem os trabalhos de uma Loja, quando em reunião regular. O rito mais praticado no mundo, no entanto, é o Rito de York ou Rito Emulação. As diferenças entre eles não chegam a ser significativas. Outros ritos, como o Brasileiro, o Moderno e o Adonhiramita convivem com os dois primeiros. A relação entre ritual e religião é muito frequente, provocando uma certa confusão na definição da Maçonaria. Alguns julgam, por isso, que se trata de uma religião, mas analisando-se o assunto, nota-se que os rituais são uma parte do homem que pouco é notado. Ritual é simplesmente a maneira como algumas coisas são feitas, uma espécie de procedimento padrão para impor ordem e disciplina aos trabalhos. Uma reunião de condôminos obedece uma ordem determinada, da mesma forma como uma reunião de pais e mestres em um colégio. Sem essa sequência de atos a serem vencidos tem-se a baderna e a perda de tempo. 0 resultado será sempre questionável. Há rituais sociais ou convenções que dizem como deve-se apresentar às pessoas, como participar de uma conversação, como enfrentar uma fila, com paciência, sem empurrar ou tentar passar na frente com algum tipo de artifício. A Maçonaria usa um ritual porque é um modo efetivo para ensinar ideias importantes. Além disso, o ritual maçônico é muito rico e muito antigo, remontando aos primórdios de sua criação. As reuniões regulares de uma Loja Maçônica são realizadas em um local chamado Templo. Essas reuniões, nos seus primórdios, não eram feitas em um local específico. A partir da construção do Fremason's Hall, na Inglaterra, em 1776, as reuniões ganharam um local fixo. Muitas Lojas, em função do tamanho de seu quadro, utilizam as instalações ou Templos de outras Lojas. O Templo não tem caráter religioso. A Maçonaria preocupa-se não apenas com o aperfeiçoamento moral do adulto, mas também com o desenvolvimento dos jovens, preparando-os para a vida e, muitas vezes, para a futura renovação de seus quadros. Entre essas instituições, destacam-se duas delas. A Ordem Internacional DeMolay é uma organização fraternal que congrega jovens entre 13 e 21 anos, fundada na cidade de Kansas, Missouri, em 24 de Março de 1919, por Frank Sherman Land. Os Capítulos DeMolay são patrocinados por Lojas Maçônicas, cujos membros fazem parte do seu Conselho Consultivo. Os Capítulos DeMolay celebram reuniões semanais, valendo-se de um ritual próprio para direcioná-las. Além disso, promovem atividades que incluem torneios, eventos sociais, filantrópicos e cívicos. Seu nome vem de Jacques DeMolay, que foi o último dos Cavaleiros Templários a ser executado pela Inquisição, em 18 de Março de 1314. A Ordem Internacional Arco-íris para Meninas é uma organização para garotas de 11 a 20 anos, sendo a correspondente feminina da Ordem DeMolay, com a qual frequentemente desenvolve atividades conjuntas, com o mesmo objetivo fraterno. Durante as reuniões regulares de uma Loja Maçônica, os membros paramentam-se com um avental simbólico. Na cerimônia de iniciação, o Maçom é revestido com um avental branco, símbolo do trabalho. Ao atingir o grau de Mestre, esse avental é trocado por um outro, com as cores do rito, normalmente vermelho e/ou azul. Assim como os antigos Pedreiros utilizavam seu avental como proteção, simbolicamente o Maçom, quando em Loja, usa-o para realizar seus trabalhos rotineiros. Para a Maçonaria, todos os homens foram feitos iguais, não havendo, entre seus membros, distinção de raça, crença ou cor. Isso confunde os leigos, que julgam ser uma instituição elitista. Considerando que apenas são convidados a participar da Maçonaria homens virtuosos e representativos da sociedade, pode-se dizer que ela é uma elite, embora o correto seja afirmar que ela impõe critérios rigorosos para a iniciação de um novo membro. No homem comum, honestidade e caráter são virtudes, no Maçom, obrigação. Um mito também muito frequente afirma que o Maçom, uma vez iniciado, jamais poderá deixar a Ordem. Não há esse impedimento. Desejando afastar-se da Maçonaria, basta que o Maçom requeira o afastamento de sua Loja, pois isso é um direito seu. A Maçonaria preza a liberdade de seus membros e defende-a tanto quanto luta para preservar a liberdade dos cidadãos em geral. Outra confusão permanente afirma que a Maçonaria é uma sociedade secreta, o que não é verdade. A localização de seus templos é conhecida e pode ser encontrada facilmente em qualquer lista telefônica. Suas reuniões são secretas, pois são reservadas apenas aos membros efetivos, diferentemente de uma sociedade secreta, cuja existência é desconhecida ao público e negada por seus participantes. As reuniões são fechadas para preservar os segredos maçônicos, que são principalmente seus modos de reconhecimento, como sinais, cumprimentos e frases pelos quais os Maçons reconhecem-se um ao outro. Um dos requisitos para um leigo tornar-se Maçom é a crença em um Ser Supremo, a que dá-se o nome de GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO. Assim, apesar de não ser uma religião, a Ordem defende a existência de um Ser Superior ou Princípio Criador. Uma religião é muito mais complexa, implicando detalhes como a existência de um plano para salvação ou caminho pelo qual se alcança uma recompensa depois da vida. Implica também uma teologia que tenta descrever a natureza de Deus e divulga a descrição de modos ou práticas pelo qual um homem ou uma mulher podem buscar comunicar-se com Ele. A Maçonaria não faz nenhuma dessas coisas. Apenas abre e fecha seus trabalhos com uma oração e ensina que nenhum homem deveria começar qualquer empresa importante sem antes buscar apoio espiritual. Contudo, não ensina aos homens como devem rezar ou o que devem pedir. Prega apenas que cada um tem que achar as respostas para suas grandes perguntas na sua própria fé, na sua Igreja, na sua Sinagoga ou em seu Templo Religioso. Para tornar-se um Maçom, é necessário, inicialmente, que o candidato prime pela moral e pelos bons costumes. Deve ter uma profissão definida que lhe garanta a subsistência. Ele deve ser indicado por um Mestre Maçom e ter sua iniciação aprovada pela Loja. Ninguém se inscreve para ser Maçom, embora admita-se que um candidato procure um membro da Loja e manifeste sua intenção. Normalmente, por suas qualidades, ele é notado por um Maçom que o indica. Todo um processo de admissão é desenvolvido, o candidato é entrevistado, bem como sua família. Nessa fase, são prestadas informações preliminares sobre a Ordem Maçônica, seus objetivos e atividades. Nada impede que um religioso seja aceito como Maçom. O que jamais se verá, no entanto, é um ateu sendo recebido na Maçonaria, pois um dos princípios básicos para admissão na Ordem é a crença em um Ser Supremo. HISTÓRIA DA MAÇONARIA. Capítulo Dois. Muitas polêmicas cercam a origem da Maçonaria que, no entanto, é muito fácil de ser explicada e entendida. Basta ter em mente que Maçom e construtor, aqui englobando o Pedreiro e o arquiteto, são sinônimos. Assim, quando o primeiro homem adaptou uma caverna para lhe servir de abrigo, estava dando os primeiros passos nessa arte e tornando-se o primeiro Maçom da História da Humanidade. Depois, quando começaram a construir abrigos com suas próprias mãos, é lógico deduzir que alguns tinham mais habilidades do que os outros nisso. Uns eram ótimos caçadores, outros eram pescadores, outros agricultores, mas alguns, construíam. Logo perceberam que eram uma classe distinta dos outros e, assim como os caçadores trocavam informações, passaram a fazer o mesmo. Com a experiência, veio a sofisticação. A arte de construir evoluiu e, para aprender seus segredos, era preciso tempo e, obviamente, habilidades. Regras foram criadas e seguidas, pois, afinal, um caçador podia perder uma flecha, mas um construtor jamais poderia permitir que uma casa caísse por sua culpa. Qualquer registro histórico mostrará, com riqueza de detalhes, a quantas chegou essa arte. Dos Templos Sumérios às pirâmides egípcias, das construções bíblicas aos Templos Gregos e Romanos, a arte de construir atingiu proporções sagradas. Em algum ponto da História, porém, o sagrado e o profano separaram-se. A arte de construir tornou-se um negócio para criar meios de abrigar a população em suas necessidades de moradia, de trabalho e de lazer. A arte de ser um construtor de mentes tornou-se um dos maiores segredos, pois toda a mítica da construção de obras físicas foi transformada em símbolos para o aperfeiçoamento moral da humanidade. Até a Idade Média, tínhamos uma Maçonaria de detentores de ofícios formada por pedreiros e arquitetos. Era a chamada Maçonaria operativa, voltada ao trabalho de talhar a pedra bruta para torná-la cúbica e ordená-la de forma a obter um resultado: o edifício pronto. Exigia aprendizado e tempo para que se ganhasse experiência e perfeição. Talvez houvesse desorganização e concorrência, mas é certo que se alguém tivesse habilidade, encontraria quem lhe ensinasse o ofício. Nada mais se sabe, além disso, mas é certo que a partir de um determinado período, os construtores começaram a organizar-se, estruturando seu trabalho, criando regras, como uma auto-regulamentação do ofício. Por volta de 1200, tornaram-se fortes e unidos, na Inglaterra, principalmente, potência econômica reconhecida na época. E seguiram com seu trabalho, até que a arte de construir começou a cair em decadência, por volta do século XVIII. Para fortalecer seu poder, as organizações fechadas de Maçons passaram a permitir o ingresso de nobres, pessoas importantes, mas alheias ao ofício. A Maçonaria deixava de ser operativa e passava a ser especulativa, entrando em seu período esotérico e moderno. Era a Maçonaria de adoção. Os Mestres, profissionais da arquitetura e da construção, misturaram-se com burgueses e nobres. Especular, segundo o dicionário, é "ver, olhar atentamente, vigiar; observar; inquirir; estudar; meditar sobre qualquer matéria e fazer dela estudo teórico". Foi isso que os Maçons, agora membros de uma organização chamada Maçonaria, passaram a fazer. Dedicavam-se, agora, não ao estudo dos segredos do conhecimento operativo, mas sim à revelação dos conhecimentos especulativos e espirituais. No século XVIII, reuniram-se as Lojas existentes e institucionalizou-se a Grande Loja de Londres, mais tarde Grande Loja Unida da Inglaterra, berço da Maçonaria Universal, pregando a crença em um Grande Arquiteto do Universo e o respeito ao poder civil da Coroa. A Maçonaria especulativa dividiu-se, multiplicou-se, deu frutos. Na atualidade, polariza-se em Grandes Orientes, Grandes Orientes Independentes e Grandes Lojas, além de inúmeras organizações de Altos Graus, que vão além dos três graus iniciais (Aprendiz, Companheiro e Mestre). Multiplicou-se em diversos ritos (York, Escocês Antigo e Aceite, e o Rito Francês ou Moderno, entre outros). Espalhou-se pelo mundo, estando presente praticamente em todos os pontos do planeta, institucionalizada e legalizada em seus templos, publicando livremente suas ideias, invadindo a Internet, mantendo obras sociais e preparando gerações futuras em organizações específicas, como a feminina Ordem da Estrela do Oriente, a Ordem DeMolay, para rapazes, e as Filhas de Jó ou Arco-íris, para meninas. OS PRIMEIROS REGISTRO. Capítulo Três. Em 1356, um Código de Regulamentos Maçônicos surgiu em Londres, na Inglaterra, constituindo-se na primeira referência sobre a Maçonaria como organização. Em 1390, surge um poema, chamado Poema Regius, que detalha a criação de um ofício especializado a ser realizado por artífices construtores chamados de Maçons. Nesse poema, o Rei Athelstan (895-935), coroado rei da Inglaterra em 925, promove uma reunião de Maçons, estabelecendo normas e regras para o exercício desse ofício. O poema apresenta essas normas e regras, além de noções de obrigações morais. É conhecido também como Manuscrito de Halliwell, em referência ao descobridor, James Orchard Halliwell-Phillips (1820-1889), e Manuscrito Régio, por ter pertencido à Biblioteca Real Inglesa. Há que diferenciar, no entanto, que nos seus primórdios a Maçonaria era operativa, congregando trabalhadores, como uma organização de classe, diferente da Maçonaria atual, especulativa, dedicada ao estudo e ao aprimoramento do homem. Escritores fantasiosos remontam as origens da Maçonaria aos Tempos Bíblicos, o que, vista sob a ótica de organização operativa, não deixa de ter um fundo de verdade, já que havia, naqueles Templos, construtores. Um documento conhecido como Manuscrito de Cook, de 1410, estabelece a primeira ligação entre os maçons e a construção do Templo do Rei Salomão. Em II Crônicas 2:1-18 são detalhadas as providências iniciais para a construção do Templo, incluindo a presença de artesãos e marceneiros especializados para formar a equipe de trabalho. As Grandes Pirâmides também são exemplos do trabalho desses maçons operativos, pois a tecnologia utilizada em suas construções, até hoje, provoca admiração. Não há dúvidas de que eram operários altamente especializados. Foi só por volta do século XVI que começaram a surgir as primeiras referências a uma Maçonaria especulativa, com a admissão de leigos nos quadros da Loja de Edimburgo. Acredita-se que os Maçons operativos reuniam-se para assembleias e encontros nos próprios canteiros de obras, em barracões, de onde surgiu a palavra "Loja" para designar o local dessas reuniões. As atribuições desses Maçons operativos, como descritas no Poema Regius, foram sintetizadas numa Constituição por Anderson e, para regulamentar o funcionamento das Lojas, estabeleceram-se os chamados Landmarks, palavra sem uma tradução específica em português, mas que pode ser entendida como "marcos territoriais". Em Maçonaria, no entanto, refere-se a regras imutáveis que norteiam a existência da Ordem. O Poema Regius, a Constituição de Anderson, os Landmarks e o Manuscrito de Cook são documentos imprescindíveis para quem deseja conhecer um pouco mais essa organização. O simbolismo maçônico atual e as regras de atuação dos maçons e das Lojas estão intimamente ligados a eles. O Poema Regius foi escrito em inglês medieval, atualizado posteriormente, e traduzido para todas as línguas onde atua a Maçonaria. Com isso, perdeu-se a riqueza do poema, mas o conteúdo foi preservado, fornecendo informações sobre o modo de pensar e agir dos Maçons operativos. Na versão que se segue, o texto em prosa foi compilado, para melhor entendimento, apresentando seu aspecto mais importante: "as regras do ofício de Maçom". É interessante observar que, no poema, há referências a Maçons "Irmãos" e "Irmãs", dando a entender que homens e mulheres trabalhavam juntos. A Maçonaria especulativa tornar-se-ia iminentemente masculina. O poema explica porque a Maçonaria é conhecida como Arte Real, pois era praticada exclusivamente por nobres. O POEMA REGIUS Em seu prólogo, o autor narra que nobres senhores, no Egito, preocupados com o futuro dos filhos, contrataram um sábio para ensinar-lhes o ofício da Maçonaria. Euclides foi o escolhido, tornando-se célebre por isso. A arte foi implantada na Inglaterra quando reinava ali o rei Athelstan. Ele mandara construir castelos, Templos e edificações, mas não ficara satisfeito com os resultados, por isso convocou Maçons de Ofício. Promoveu uma reunião com homens de diferentes classes, duques, condes, barões, cavaleiros, escudeiros, burgueses e muitos outros para definir os estatutos dos Maçons. Eles uniram seus espíritos e desempenharam bem sua tarefa. Anunciaram quinze artigos e determinaram quinze pontos a serem seguidos. No poema, a arte da construção é entendida como a Arte da Geometria. OS ARTIGOS. Artigo Primeiro. O primeiro artigo da Geometria: pode-se confiar em um Mestre Maçom, pois ele é firme, sincero e verdadeiro. Ele não será contestado se pagar os seus companheiros após a refeição conforme o valor habitual. Ele deverá remunerá-los equitativamente segundo a boa fé e os méritos deles sem nunca levar vantagem. Eles gastarão o que ganharem e não economizarão por avareza ou por medo da falta. Eles não servirão mais de um senhor e um senhor não terá mais de um mestre. Nada devem tomar de seus senhores, agindo dentro da justiça, dando a cada um de acordo com seu mérito. Artigo Segundo. Todo Mestre Maçom deve comparecer às assembleias gerais. Ele deve, portanto, saber onde a assembleia será realizada. A essa reunião ele assistirá, exceto em caso de justificativa válida, sob pena de ser reputado rebelde ao ofício e sem honra. Se adoecer e não puder ir, isso será uma justificativa válida que a assembleia aceitará como tal. Artigo Terceiro. O Mestre não aceitará nenhum Aprendiz que ele não tenha certeza de empregar durante ao menos sete anos. Em um tempo inferior a isso não trará proveito para o senhor nem para ele próprio. Artigo Quarto. O Mestre não poderá tomar um servo como Aprendiz ou emprega-lo como engodo do lucro, pois seu senhor poderá buscar o Aprendiz onde quer que vá. Se ele for recrutado na Loja, poderia haver desordem. Um caso desses prejudicaria a todos. Todos os Maçons seriam atingidos. Para a paz e a harmonia, devem admitir um Aprendiz de boa-condição. O Aprendiz deveria ser de alta linhagem, assim, filhos de grandes senhores aprenderam a Geometria, fonte de benefícios. Artigo Quinto. O Aprendiz não pode ser bastardo. O Mestre nunca admitirá como Aprendiz uma cabeça perturbada. Ele deve ter os membros em bom estado. O ofício padecerá se entrar um amputado, um coxo, pois um homem enfraquecido não poderá cumprir sua tarefa. O ofício demanda homens fortes. Um homem mutilado não tem força suficiente. Artigo Sexto. O Mestre não pode prejudicar o Senhor, solicitando ao Senhor, para seu Aprendiz, o que ele dá aos demais companheiros, pois estes são formados, enquanto que o outro ainda não o é. Seria contrário à razão dar-lhe o salário completo. O artigo diz ainda que o Aprendiz deve solicitar menos que os Companheiros, que conhecem o ofício. O Mestre deve instruir seu Aprendiz para que seu salário possa ser aumentado. Quando ele tiver cumprido seu tempo, assim será feito. Artigo Sétimo. Nenhum Mestre, por favor ou medo, deverá vestir ou alimentar um ladrão. Ele nunca acolherá um ladrão, nem um assassino, nem alguém com reputação duvidosa, pois isso envergonharia o ofício. Artigo Oitavo. Diante de um homem do ofício que não tenha capacidade suficiente, o Mestre pode substituí-lo e colocar em seu lugar alguém mais competente, pois um homem que tenha fraquezas pode prejudicar o ofício. Artigo Nono. O Mestre deve ser ao mesmo tempo escutado e temido. Ele não iniciará nenhum trabalho se não estiver certo de conduzi-lo bem. Isso para o benefício do senhor e do ofício. Ele verificará as fundações e zelará para que não oscilem, nem desabem. Artigo Décimo. Nenhum Mestre deve sobrepujar um outro, mas construir juntos, como irmã e irmão, sob a direção de um deles. Ele não intrigará quem tiver realizado um trabalho. Se isso ocorrer, ele pagará uma multa de dez libras, exceto se aquele que chefiava a obra for julgado culpado. Nenhum Maçom poderá assumir o trabalho de um outro, exceto se este ameaçar a obra. Um Maçom pode, então, assumir a obra para o benefício do Senhor. Nesse caso, nenhum Maçom poderá se opor, mas, em verdade, aquele que escavou as fundações, se for um verdadeiro Maçom, certamente conduzirá a obra a bom termo. Artigo Décimo Primeiro. Nenhum Maçom deve trabalhar durante a noite, exceto para dedicar-se ao estudo pelo qual poderá aperfeiçoar-se. Artigo Décimo Segundo. Todo Maçom deve ser honesto. Ele nunca deve criticar o trabalho dos demais se quiser manter sua honra. Seu comentário será honesto, pois o saber vem de Deus. Todos devem trabalhar juntos para aperfeiçoar o ofício. Artigo Décimo Terceiro. Se o Mestre admitir um Aprendiz, ele o instruirá da melhor forma possível, transmitindo-lhe seu saber. Assim ele conhecerá o ofício e poderá trabalhar, não importa em que lugar da terra. Artigo Décimo Quarto. O Mestre não admitirá um Aprendiz se não tiver utilidade para ele. Durante o aprendizado, ele lhe ensinará os diferentes pontos do ofício. Artigo Décimo Quinto. O Mestre não deve ter para com os outros homens um comportamento hipócrita, nem seguir os companheiros no caminho do erro, qualquer que seja o benefício que possa ter. Ele nunca deverá fazer um falso juramento e com amor deverá preocupar-se com sua alma, sob pena de trazer para o ofício a vergonha e para si a repreensão. OS PONTOS. Primeiro Ponto. Quem quiser aprender o ofício e abraçá-lo deverá amar a Deus e a Santa Igreja, assim como seu Mestre e demais Companheiros. Segundo Ponto. O Maçom trabalhará nos dias úteis da melhor forma possível, a fim de merecer seu salário e os dias de repouso, pois quem tiver feito bem seu trabalho merecerá sua recompensa. Terceiro Ponto. O Aprendiz deverá guardar segredo sobre os ensinamentos de seu Mestre e de seus companheiros. Ele jamais trairá as decisões da Câmara nem revelará o que se faz na Loja. Tudo o que ouvir, na Loja ou na floresta, guardará para si, honradamente, sem o que mereceria uma repreensão e grande vergonha abater-se-ia sobre o ofício. Quarto Ponto. Nenhum Maçom deve mostrar-se pérfido para com o ofício. Se cometer um erro que possa prejudicá-lo, deverá cessar. Ele não fará nenhum dano ao Mestre ou aos Companheiros. O Aprendiz, com respeito, obedecerá às mesmas leis. Quinto Ponto. Quando o Maçom receber seu salário do Mestre, como foi acertado, ele o receberá humildemente. O Mestre terá cuidado em avisá-lo antes do meio-dia se não quiser mais empregá-lo. Sexto Ponto. Se por inveja ou ira surgir uma disputa entre os Maçons, o Mestre, se isso estiver em seu poder, deverá lhes fixar uma data, após a jornada de trabalho, para que possam se explicar. Eles só tentarão fazer as pazes após o término de sua jornada de trabalho. Durante os dias de licença, poderão usar o tempo livre para se reconciliar. Se for marcada a conciliação para um dia de trabalho, isso acabará por perturbar a obra. Sétimo Ponto. O Maçom deve manter honesta a vida que Deus dá. Assim como Ele ordena, um Maçom não dormirá com a mulher de seu Mestre nem de seus Companheiros. Isso não é digno de um homem e prejudicará o oficio. Isso também deve ser feito em relação à concubina de seus Companheiros, pois não gostaria que fizessem o mesmo com a sua. A punição para essa falta será permanecer Aprendiz durante sete anos completos. Quem esquecer um desses pontos será duramente castigado. Oitavo Ponto. Se um Maçom receber uma tarefa, qualquer que seja ela, ao Mestre deve permanecer fiel. Deve agir como um leal intermediário entre o Mestre e os Companheiros. Nono Ponto O nono ponto refere-se ao intendente da casa. Se dois Maçons estiverem em casa, um deverá servir o outro com moderação e dedicação. Todos devem saber que na sua vez serão intendentes. Ser intendente é servir os outros como Irmãs e Irmãos. Nunca tentar escapar dessa tarefa e exercê-la como se deve. O intendente não se esquecerá de pagar convenientemente quem lhe vendeu provisões para que não possa ter queixas contra ele nem contra seus Companheiros, homem ou mulher. Deverão ser pagos de acordo com seus méritos. Além disso, dará ao companheiro o detalhamento de seu salário, a fim de evitar qualquer confusão. Agindo assim, não será repreendido. Por sua vez, deverá manter controle exato dos bens que tiver recebido, das despesas feitas para os Companheiros, das quais prestará contas quando os lhe solicitarem. Décimo Ponto. Explica como viver bem sem confusão nem discussão. Se algum dia um Maçom for colocado em posição difícil, se ele cometer um engano em sua obra e inventar desculpas, ele desonrará seus Companheiros. Por causa de tais infâmias o ofício poderá ser censurado. Se ele aviltar o ofício, nada lhe será poupado e os demais devem tentar afastá-lo do vício, sob pena de verem nascer guerras e conflitos. Não lhe será permitido nenhum repouso, até que o tenham convencido a comparecer diante dos demais, de boa ou má vontade. Durante a assembleia, ele comparecerá diante de todos os seus companheiros reunidos. Se ele se recusar, será excluído do ofício e castigado de acordo com o código dos anciãos. Décimo Primeiro Ponto. Um Maçom que conhece o ofício, que vê seu companheiro talhar uma pedra e ameaçar desperdiçá-la, deve corrigi-lo se puder e ensiná-lo como realizar o talhe para que não seja maltratada a obra do Senhor. Isso deve ser feito com amor e palavras adequadas, cultivando a amizade. Décimo Segundo Ponto. No local onde será realizada a assembleia haverá Mestres, Companheiros, grandes senhores e também o xerife, o prefeito da cidade, cavaleiros e escudeiros e mestres de aferição. Todas as ordens dadas por eles serão respeitadas ao pé da letra pelos homens do ofício. Se ocorrer alguma contestação, eles têm poder de decisão. Décimo Terceiro Ponto. Um Maçom nunca deve roubar nem auxiliar um ladrão com o objetivo de receber uma parte do roubo. Ao cometer esse pecado, ele prejudicará a si e a sua família. Décimo Quarto Ponto. O Maçom deve prestar juramento diante de seu Mestre e de seus Companheiros. Obedecerá com zelo às ordens, a seu senhor, ao rei, aos quais será fiel. Todos os pontos enumerados devem ser respeitados e jurados, queira ele ou não. Se alguém vier a esquecê-los, qualquer que seja sua posição, será detido e conduzido diante desta assembleia. Décimo Quinto Ponto. Os pontos enumerados são obra dos senhores e Mestres citados acima. Foram redigidos para impedir que se prejudique o ofício. Aqueles que recusarem esta constituição e seus artigos, se tiverem suas faltas provadas diante da assembleia, e não quiserem emendar-se, deverão renunciar ao ofício e jurar abandoná-lo. A menos que reconheçam sua culpa, eles não farão mais parte dele. E se recusarem-se a obedecer, o xerife os deterá imediatamente e os lançará em uma escura prisão. Seus bens e seu gado serão confiscados pelo tempo que aprouver ao rei. UM OUTRO REGULAMENTO. O poema continua: Ordena-se que anualmente uma assembleia seja realizada para verificar e retificar os erros do oficio no país. Todos os anos, ou a cada três anos, conforme o caso, será assim no local por eles escolhido. Data e local serão fixados, assim como a localização exata. Todos os homens do oficio assistirão a ela assim como os Senhores para corrigir os erros do oficio. Todos aqueles que pertençam ao oficio deverão jurar manter puros os estatutos tal como foram redigidos pelo rei Athelstan. Esses estatutos, por mim encontrados, devem ser respeitados no território, fiéis à realeza que devo a minha dignidade. Em cada assembleia, venham sentar-se junto de seu rei, afim de encontrar nele a graça para que ela permaneça em vocês. Eu confirmo os estatutos do rei Athelstan que os ditou para o oficio. Na sequência, o autor narra a lenda dos quatro mártires coroados: Claudius, Castorius, Simphoranius e Nicostratus. Os quatro eram reconhecidamente cristãos. Recusaram-se a talhar uma imagem para o Imperador Diocleciano, que desejava ser adorado como a um deus, por isso foram mortos. Seguem-se uma narrativa bíblica sobre a construção da Torre da Babilônia, depois comentários sobre as sete Ciências Liberais reverenciadas na época: Gramática, Dialética, Retórica, Música, Astronomia, Aritmética e Geometria. O poema finaliza com regras de comportamento. Várias práticas adotadas na Maçonaria operativa, como o sigilo, a discrição, a obediência às leis e a boa conduta, foram incorporadas pela Maçonaria especulativa, só que com um novo significado, dentro das premissas da nova Ordem. O Livro Secreto da Maçonaria. Abraço. Davi.

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