sábado, 5 de março de 2016

Brasil. República da Delação Premiada.

Numa delação premiada (03/03), ainda não homologada pelo STF, o senador Delcídio Amaral investigado por irregularidades financeiras e tráfico de influência, supostamente incriminou o ex presidente Lula e a presidente Dilma no esquema do Lava Jato. A delação premiada acontece quando o acusado de determinado crime fornece informações importantes sobre o caso para a Justiça, ajudando a capturar outros envolvidos na infração. Como recompensa, o delator recebe uma amenização de sua pena, caso as informações que forneceu realmente sejam importantes para a solução do crime. Delcídio foi apanhado pela Justiça depois que, numa conversa com o filho do delator Nestor Cervero, preso na Operação Lava Jato, anunciou a este que poderia influir no julgamento daqueles que estavam presos por crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Delcídio esteve preso na Polícia Federal em Brasília por determinação do ministro do STF Teori Zavascki, mas acabou sendo solto voltando ao cargo de senador da República. No fim de semana passado assinou uma suposta delação premiada na Procuradoria da República no Distrito Federal e depois deu uma entrevista à uma revista de circulação nacional no Brasil a Isto É. Nela conta sua versão dos fatos implicados com os personagens e figurante do maior esquema de corrupção já visto no Brasil que surrupiou vultuosos recursos financeiros da estatal brasileira Petrobras. A Polícia Federal chamou está investigação de Lava Jato e a meses (desde março de 2014) procura suas ramificações e pessoas particulares, empresários, advogados, políticos e gestores governamentais metidos nesses delitos. Segundo apurado pelas investigações mais de US$ 6,400 bilhões foram desviados dos cobres da Petrobras e recuperados até agora US$ 2,400 bilhões. 85 pessoas permanecem presas condenadas por participar do esquema, dentre esses estão políticos, empresários, publicitários, doleiros e particulares. Na suposta delação ele não confirma sua fidedignidade nem desmente sua autenticidade, de igual modo o procurador da República Carlos Fernando Lima diz desconhecer a delação. Um impasse que não têm juridicamente impedimento já que o que foi dito à reportagem da revista é notório de publicidade geral amplamente divulgado na imprensa brasileira. Esclarecendo a Delação é um instituto sigiloso segundo sua Lei de criação a 12.850/2013, mas pode vir à público a partir de sua divulgação sem nenhum óbice legal. O pressuposto é que o testemunho dado será totalmente passível de investigação pelos órgãos judicantes, no caso (Polícia Federal e Ministério Público Federal). O ministro do STF Celso de Melo diz que "a delação por si só não é instrumento de condenação" tudo terá que ser concretamente provado para tornar-se peça de criminalização processual. Delcídio foi secretário executivo de Minas e Energia no governo Itamar Franco (1992-1994) e diretor da Petrobras (2000-2001). Em 2002 elegeu-se pelo PT como senador da República estando na sigla até agora. Mas devido a seu comportamento anti ético e indecoroso para um parlamentar, deve enfrentar um processo de expulsão e provavelmente perderá o mandato de senador, já que uma CPI será instalada no Senado para analisar sua possível cassação. Não detalharei o depoimento da delação do Delcídio, e nem tenho esse intento, já que a mídia tem coberto sistematicamente esse caso. "Mas ele acusou a presidente Dilma de atuar três vezes para interferir na Operação Lava Jato por meio do Judiciário, promovendo a soltura de réus presos na Operação. Segundo ele a nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o STJ foi para cuidar dos habeas corpus e recurso da Lava Jato no STJ. Ele disse ter discutido essa questão com a presidenta Dilma no Palácio do Planalto e o objetivo era o compromisso de soltura dos empresário Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo da Construtora Andrade Gutierrez. Quanto ao ex presidente Lula diz que um dos assuntos que mais lhe aflige é a CPI do CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) que apura a compra de Medidas Provisórias durante o governo do PT para favorecer montadores de automóveis onde supostamente seu filho Luiz Claudio foi favorecido no esquema. Delcídio teria dito segundo a revista que várias vezes Lula solicitou a ele que agisse para evitar a convocação do casal Mauro Marcondes e Cristina Mautoni. Ambos são sócios e Marcondes tem ligação com o PT desde a década de 1980, estando presos preventivamente na Polícia Federal. Delcídio falou que num encontro entre a presidenta Dilma, o ex ministro da Justiça Eduardo Cardozo e o presidente do STF Ricardo Lewandowski em julho passado na cidade do Porto - Portugal, discutiram os rumos da Lava Jato. Afirmou que a presidenta Dilma tinha conhecimento das irregularidades na compra da refinaria americana de Pasadena - Califórnia. Dilma era a presidente do Conselho de Administração da estatal Petrobras e tinha pleno conhecimento de todo o processo de aquisição. Disse que partiu do ex presidente Lula a ordem para que Delcídio convencesse Nestor Cerveró, preso na Lava Jato, a não implicar José Carlos Bumlai numa eventual delação premiada. Ele, Delcídio, intermediaria o pagamento de propina a família de Cerveró. Disse ter paga R$ 250 mil de propina. Também contou aos procuradores que em 2006 Lula e o ex ministro Antonio Palocci compraram o silêncio do empresário Marcos Valério sobre o esquema do Mensalão. Mencionou também que testemunhou as tratativas ilícitas em abril de 2006 para retirada do relatório da CPI dos Correios (que investigou o Mensalão) os nomes de Lula e do seu filho Fábio Luis Lula da Silva em um acordão com a Oposição ao governo na época. Citou que a CPI dos Bingos, que funcionou concomitantemente a do Mensalão foi encerrada quando o governo percebeu que as várias quebras de sigilo bancário levariam a Campanha da presidente Dilma em 2010". www.estadao.com.br. Na sexta-feira (04/03) a sociedade brasileira foi abalada com a autorização judicial à condução coercitiva do ex presidente Lula para depor na Operação Aletheia da Polícia Federal. Esse fato gerou revolta e tumulto entre os simpatizantes do PT, principalmente no prédio onde o presidente mora e o Instituto que leva seu nome. O juiz Sergio Moro responsável pelos processos da Operação Lava Jato tomou essa atitude, segundo disse, para impedir que ocorressem fatos desagradáveis e confrontos populares, mas essa medida imprudente não funcionou como vimos pelos telejornais noturnos. Os policiais o apreenderam em seu apartamento antes das sete horas da manhã levando-o para prestar depoimento sobre supostas denuncias em que seu nome é citado. Como exemplo o triplex de luxo no litoral paulista - Guarujá, reformado pela construtora Odebrecht e hipoteticamente de sua propriedade. Algo que ele nega. Também o sítio em Atibaia - São Paulo, frequentado pela família é alvo de investigação da Lava Jato por presumivelmente ser depósito de objetos (presentes) que Lula receberá quando ainda era presidente da República. Segundo consta o empresário Carlos Bumlai fez reforma na propriedade à benefício do ex presidente que também ele desmente. O Instituto Lula e a Empresa Lils que organiza palestra do ex presidente, conforme a Polícia Federal, tem indícios de receber dinheiro de construtoras envolvidos no esquema criminoso da Petrobras. Pondero que a condução coercitiva do Lula para depor numa área vip do aeroporto de Congonhas - São Paulo, foi no mínimo vergonhosa. Uma decisão insensata da Justiça, tomada pelo juiz Sérgio Moro, já que o propósito em relação ao alvoroçou não foi alcançado. Além do constrangimento ao ex presidente e de familiares que se tornaram "reféns" da obrigação judicial. Na verdade, achei um excesso de zelo descabido que poderia ser evitado simplesmente convocando-o a depor numa das dependências do órgão investigativo em São Paulo. Lamentável essa situação que ao mesmo tempo que tenta impressionar passando a imagem de que todos são iguais perante a lei, atua de forma vexatória criando pânico desnecessário. Ficou claro o uso do "autoritarismo" judiciário nessa manobra política da Justiça. "Outro fato marcou a semana quando o STF julgou a denúncia contra o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. Os supostos crimes são: contas secretas na Suíça não declaradas na receita federal nem em seu imposto de renda. Recebimento de propina no valor de R$ 52 milhões da obra do Porto Maravilha tocada pela construtora Odebrecht e AOS. Segundo a Procuradoria Geral da República ele recebeu entre 2006 a 2012 ao menos US$ 5 milhões para facilitar e viabilizar a compra de dois navios sondas pela Petrobras. Pesa sobre Cunha também suposto crime de lavagem de dinheiro onde para ocultar valores recebia-os em parcelas no exterior por meio de contas "offshore" (abertas em países pouco fiscalizados) e empresas de fachadas (com contratos simulados) até direcionando doações para uma Igreja Evangélica Assembleia de Deus na cidade de Campinas - São Paulo". www.gi.globo.com.br. O STF acolheu a denúncia do procurador geral da República Rodrigo Janot e por dez a zero Cunha tornou-se o primeiro presidente da Câmara dos Deputados a virar réu de um ação penal. Na prática isso não o impede de continuar exercendo seu mandato político de parlamentar, mas deve motivar o Conselho de Ética da Casa que iniciou os trabalhos para julgá-lo por quebra de decoro parlamentar ao mentir na CPI da Petrobras dizendo que não tinha contas bancárias na Suíça. Além de ser vergonhosamente desonroso para um país ter como seu representante máximo eleito para o parlamento alguém envolvido em tanta corrupção e desvio de recursos públicos. Certamente Cunha será cassado pelo plenário da Câmara mais cedo ou mais tarde, para o bem da moral, ética e respeitabilidade cívica do povo brasileiro. Os fatos aqui narrados, quanto a delação premiada de Delcídio passarão por rigorosa investigação e apenas depois, quando todos forem apurados se terá um resultado destas supostas "incriminações". Antes disso, tudo o que o senador falou, não passam de hipotéticos argumentos, até que se provem o contrário são inverossímeis em se pensando na materialidade como uma presumível prova. De maneira mais estrita essa atitude do senador demonstra sua indignação, raiva e vingança por não ter tido de sua sigla o PT um respaldo moral em relação a sua prisão acontecida em 25 de novembro de 2015; sendo solto em 19 de fevereiro de 2016. Bem como nenhuma nota de apoio que pudesse confortá-lo, ou quem sabe ampará-lo numa hora tão difícil, afinal era o Líder do Governo no Senado. Desse modo resolveu dizer o que sabia e supor o que não conhecia à delatar o maior número de autoridades do Governo, incluindo pessoas partidárias do PT ou não, relacionadas com fatos  implicados em supostos escândalos e desvios de dinheiro do esquema da Petrobras. Considero atitudes como essa atraiçoar ideais e uma baixeza de caráter sem limites para com companheiros que partilharam por anos pensamentos comuns. E num desvario egoísta de desesperançado lança imprecações em suas alegações falaciosas. Também Delcídio não considerou o momentos delicado em que a economia brasileira passa, nem pensou no desgaste que as instituições democráticas brasileiras enfrentariam caso suas declarações viessem a público pela imprensa falada e escrita. Não considerou em nenhum instante a condição, se era a melhor hora de fazer revelações perturbadoras e desconcertantes mesmo que apenas no campo fictício. Mostrou com esse comportamento ser uma pessoa sem confiança e desmerecedora da consideração honrosa e respeitosa de um parlamentar da República. Também presumo que por tais atitudes não passará impune, sendo cassado no plenário do Senado Federal pelo desserviço ao país, acirrando os ânimos e ateando álcool no "inferno" da fogueira política nacional. Evidentemente essa delação não é a verdade em sua íntegra, mesmo que ela tenha essa presumível intenção. Creio que os fatos serão esclarecidos e a verdade virá a tona com as investigações dos policiais federais e os procuradores da República. O PSDB partido de Oposição protagonista do impeachment no Congresso Nacional e no plenário do Tribunal Superior Eleitoral já se articula para inserir nesses processos os supostos indícios apresentados contra a presidente Dilma pela fictícia delação ainda não homologada. O senador derrotado no pleito presidencial anterior (outubro de 2014) Aécio Neves declarou que "seria uma omissão imperdoável das Oposições não permitir que a Comissão de impeachment e o plenário da Câmara dos Deputados não se debruçassem também sobre essas informações". É lastimável e de um descompromisso com o país, sem precedente, que siglas partidárias de Oposição se juntem apropriando-se de uma suposta delação que ao menos foi confirmada, nem pelo delator nem pelo Ministério Público. Tais deputados substituem os verdadeiros interesses nacionais por ideologias mesquinhas e ressentidas (mágoas) que ainda estão latentes em suas almas avaras (ciumenta) de retaliação. Sensatamente, imagino, esse não deve ser o expediente que parlamentares eleitos pelo povo, aproveitando-se de um "desvio" da moralidade e ética comportamental de um dissidente, usem argumentos ainda não comprovados em interesses particulares e individuais para desestabilizar nossas já abaladas Instituições Democráticas. Deputados aproveitadores que assumem tal postura, presumo, não merecem a confiança e credibilidade da nação brasileira. Pois cegados pelo egoísmo não enxergam a gravidade de ações impensadas e desmedidas num momento completamente inoportuno em que os parlamentares precisam juntarem-se e no bom senso compartilharem interesses mútuos para nosso país superar o aprofundamento da crise econômica. Será que esses homens públicos não viram o último censo econômico do IBGE. Nossa economia está parada e quase andando para traz. Os índices de desemprego entre as famílias mais necessitadas são assustadores em todas as áreas: comércio, serviços, construção civil, bens de consumo e funcionalismo público que diminuiu as vagas. O trabalho informal aumenta galopante. Pra sobreviver os brasileiros estão as ruas vendendo churrasquinho, cachorro quente, pipoca, balinhas, doces e churros. Além de milhares nas praças vendendo quentinhas, restaurantes ambulantes e sucos naturais. As crianças, menores de idade, ao invés de estarem nas Escolas, estão nas ruas ora vendendo doces ora com uma caixa nas costas para engraxar sapatos e algumas pasmem "sustentam" a família com esses recursos. O poder aquisitivo das famílias de classe média encolheu drasticamente, e como resultado milhares de empregadas domésticas foram demitidas. Grande parte dos lares brasileiros são mantidas por elas. Os jovens perambulam pelas avenidas das grandes e pequenas cidades em busca de emprego que não existem. A construção civil uma das áreas que mais emprega brasileiros com pouco ou nenhum estudo formal passa a pior crise dos últimos trinta anos. Seus principais executivos ou donos dessas empresas foram presos pela Operação Lava Jato. E outros aguardam julgamento. Vivemos um dos momentos mais delicados de nossa jovem Democracia. Por enquanto, e espero que continue, nossas Instituições Democráticas e os Poderes Constituídos estão firmes. Mas com estas avalanches de supostas denúncias, investigações arbitrárias, excesso de coercitividade, "autoritarismo" judiciário, políticos e siglas partidárias descompromissadas com os interesses nacionais. Além de algumas emissoras de comunicação com jornalismo sensacionalista, irresponsável e insuflador de temeridades. Corremos riscos com essa liberdade sem critério e numa sociedade que precisa repensar valores como a moral, ética, civilidade, cidadania, fraternidade e voluntariado, cairmos num Estado de Exceção e Repressão. Que as divindades nos livre de tal caminho, mas está em nossas mãos a escolha, façamos bom uso daquilo que temos para o bem e harmonia de todos. Abraço. Davi.

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