Budismo Nitiren Daishonin. As enfermidades podem classificar-se em dois
tipos: leves e graves. O diagnóstico precoce feito por um médico experiente
cura até as enfermidades graves, sem mencionar as leves. O Carma também pode
dividir-se em dois tipos: mutável e imutável. A prática fervorosa transformará
o carma imutável, sem mencionar o mutável. O sétimo volume do Sutra de Lótus diz:
Este Sutra é o melhor remédio para toda a humanidade. Todos os ensinamentos do
Budha são infalivelmente verdadeiros desde o imensurável passado. Deles, o
Sutra de Lótus é o mais exato, tal como o expressa em uma parte:
"Honestamente, descarte os ensinos provisórios". O Budha Taho
verificou isto e todos os Budhas atestaram sua validez. Então, como pode ser
falso? (...). Gosho, transformação do Carma Imutável – Gosho Zenshu, pág.
985-986). “Não posso remediá-lo. É meu carma". Isto é o que costumam dizer os
membros quando enfrentam uma situação difícil durante um período longo, seja física,
financeira ou psicológica e que não sabem modificar. Mas se concebem o carma a
partir deste ponto de vista, não se diferenciam daquelas pessoas que acham que
devem obedecer devotadamente à vontade de Deus por mais infelizes que sejam. Ou
daqueles que culpam a sociedade por seus sofrimentos e simplesmente esperam que
ela os faça felizes. Este não é o uso correto da palavra "Carma". Vou
explicar exatamente o que significa "Carma", como funciona e como
enfrentá-lo. O Carma tem dois significados: Primeiro significa "ações",
mentais, físicas ou verbais: Dizendo de uma forma simples, são nossos
pensamentos, palavras e ações. Segundo, quando você pensa, fala ou escuta, isto
exerce uma certa influência sobre seu futuro; assim como uma promessa que tenha
feito exige que se cumpra. Uma força resultante destas três classes de ações
está latente em sua vida esperando o momento de manifestar-se. Neste sentido,
Carma, como força latente, se assemelha as sementes das plantas, que
alimentadas pela influência externa do sol, da água e de outros nutrientes,
crescem e amadurecem para dar frutos. Nossas ações podem ser classificadas em
três tipos: boas, más e neutras. Por exemplo: ajudar a uma criança que se afoga
é bom, matar um animal é mau e passear pelo parque é neutro. Porém, um exame
mais minucioso, sem dúvida, nos mostra que sob uma mesma ação escondem motivos
diferentes. Matar um animal por prazer, por exemplo, não é o mesmo que matar um
animal para alimentar-se. Em termos gerais, as ações que provenientes do bem, ou
ilusões, tais como a cobiça, a ira e a estupidez, são más, e aquelas
provenientes da compaixão e misericórdia são boas. As boas ações originam um
bom Carma ou uma força que o leva a ser feliz. As más ações dão lugar a um mau
Carma, ou força que o leva a ser infeliz. O Carma como uma força, seja boa ou
má, fica latente em nossa vida até que algum fator externo o ative e torne-se
manifesto. Esta é a Lei de Causa e Efeito tal como se explica no Budismo. Como disse antes,
existem três tipos de ações: mental, verbal e física. No geral as três estão
integradas. Por exemplo, devido ao fato de vocês desejarem saber mais sobre o
Budismo de Nitiren Daishonin (1222-1282), vieram até aqui para presenciar esta
conferência. Vosso espírito de procura é mental e a ação de chegar até aqui é
físico. Aqui vai outro exemplo: Suponhamos que alguém pise no pé de uma pessoa
de temperamento explosivo. Esta se irrita tanto que se nega a perdoá-la, quando
pede desculpas e pôr isso discutem saindo aos tapas. Desta maneira, o mau caráter
do homem origina um mau Carma através das três classes de ações: mental, verbal
e física. Em poucas palavras, uma ação mental dá lugar a ações verbais e
físicas originando um Carma mais profundo. Então, a mesma ação física formará
um Carma menor ou maior, dependendo da intenção. Isto pode ser tanto Carma bom
como mau. Suponhamos que você encontre um menino afogando-se no rio. Sente pena
dele e joga-se na água para ajudá-lo. Naturalmente ao salvar o menino você
origina um bom Carma. O ato de eliminar a vida alheia é negativo, o mérito de
salvar uma vida é proporcionalmente positivo. Mas se você sente apenas pena e
não ajuda por não querer fazer um mau a si mesmo, posso dizer que está formando
um pequeno Carma positivo por haver sentido pena mesmo quando não fez esforços
para resgatá-lo? Claro que não. Mesmo que não tenha a intenção deliberada de
matar o menino, sua indiferença diante do fato de estar afogando-se, o conduz a
morte. Assim, sua indiferença origina um mau Carma. Em tal caso, sem dúvida se
lamentará por isso pelo resto de sua vida. Este exemplo mostra claramente que o
que você pensa, diz ou faz não termina neste momento e continuará
influenciando-o depois. Em muitos casos, você receberá em vida
tanto a recompensa por seu bom Carma como a retribuição por seu Carma negativo.
Mas se você forma um Carma extremamente positivo, este continuará na próxima
existência. Similarmente, se cria um Carma negativo, também continuará na
existência seguinte. Aqui se torna indispensável falar do Carma que se arrasta
desde existências passadas. Examinemos as razões para dizer que existe Carma
semelhantes. Nós não podemos ver o Carma em si, pois se trata de uma questão de
crer ou não crê. Mas porque existem tantas diferenças entre as pessoas desde o
momento em que nascem? Foi a vontade de Deus ou mera coincidência que ele tenha
nascido em sua família atual e não em outra? Para responder estas perguntas
devemos pensar na "vida antes do nascimento". Muita gente faz
conjecturas sobre a vida depois da morte, mas comparativamente, poucos pensam
na vida antes do nascimento. A ciência não pode provar nem refutar
que a vida é eterna. Os problemas da vida e da morte pertencem ao campo da
filosofia e da religião. Se alguém pressupõe que há vida depois da morte, é
igualmente razoável pressupor a vida antes do nascimento. A eternidade da vida
significa que ela não tem princípio nem fim. Este é o conceito budista da
eternidade, que é extremamente difícil de compreender. Esta dificuldade surge
em parte porque a todos parece óbvio que a vida começa com o nascimento e
conclui com a morte, em parte porque a eternidade em si não é algo fácil de
compreender. Se alguém crer em um ser supremo, também tenderá a crer que seu
destino está nas mãos desse ser. Mas se alguém nega a existência de tal ser,
deve perguntar-se o que determina seu destino, a não ser que acredite que tudo
na vida acontece por casualidade. O Budismo nega o conceito de sorte ou destino
como uma força externa que determina o curso de nossa vida. Tão pouco sustenta
a ideia de que todas as coisas acontecem por coincidência.
CARMA E LIVRE ARBÍTRIO
De acordo com o Budismo, o fato de a pessoa nascer em diferentes
circunstâncias com características distintas é o resultado de seu Carma de
vidas passadas. Sem dúvida, estes não são os únicos fatores que determinam o
tipo de vida que cada um tem. O que ela faz levando em consideração essas
características é igualmente importante. O Carma e o livre arbítrio são ideias
complementares. Como o bem e o mau, um não pode existir sem o outro. Pelo livre
arbítrio, a pessoa acredita no seu próprio Carma, tanto bom quanto mau. Esse
Carma põe restrições na sua vida, mas seu livre arbítrio continua existindo.
Por suposto, a vontade da pessoa não pode ser totalmente livre, porque ela deve
decidir ou eleger dentro do contexto das condições dadas. Mas se não houvesse
livre arbítrio, então tudo o que alguém pensasse, dissesse ou fizesse deveria
estar pré-determinado pelo que necessitasse de responsabilidade sobre suas
ações. Aqui é onde o Carma se diferencia bastante do determinismo. A respeito,
podemos dizer que existem dois tipos extremos de religião. Uma ensina que os
seres humanos são débeis, por isso devem confiar em um ser supremo para ser
salvo. O outro insiste em que a iluminação existe na mente humana e por isso o
homem não deve buscar nenhum ser ou coisa em que se apoiar. O primeiro tipo
está representado pelo Cristianismo e pela seita budista da Terra Pura. O
segundo, pelo Zen Budismo. O Budismo de Nitiren Daishonin
representa um terceiro ponto de vista. Percebe tanto a debilidade como a força
dos seres humanos e deposita as condições de vida iluminada em uma mandala
(tipo de diagrama que simboliza uma mansão sagrada, o palácio de uma divindade)
com a qual a pessoa pode exteriorizar sua natureza de Budha. Em seus escritos
Nitiren Daishonin (1222-1282) nos incentiva a aprofundar nossa fé e nossa
prática de maneira cada vez mais diligente para obter a iluminação. Isto se
deve ao fato dele confiar na vontade do ser humano, em seu desejo de superação. Em uma carta dirigida
a seu discípulo Shijo Kingo, Nitiren Daishonin escreveu: "Um homem
verdadeiramente sábio não será arrebatado por nenhum dos oito ventos:
prosperidade, declínio, desgraça, honraria, elogio, censura, sofrimento e
prazer. Não se inflama com a prosperidade nem se desespera com o
declínio". O budismo enfatiza a importância da vontade. O Budha é chamado
Jijuyushin, o Budha da absoluta liberdade. Isto significa que ele pode usar sua
vida como deseja. Goza da maior liberdade possível. É certo que existem muitas
restrições físicas e sociais neste mundo, mas em vez de sentir-se desanimado
por ela, o Budha as utiliza para desenvolver-se. Em épocas anteriores
as pessoas utilizavam a faculdade da água para manter coisas flutuando e assim
transportavam cargas pesadas que não se podiam levar por terra da mesma
maneira; podemos usar o poder da força vital para arrastar a pesada carga de
nosso carma. Jossei Todda (1900-1958), segundo Presidente da Soka Gakkai,
ilustrava frequentemente este ponto com o exemplo de escalar a montanha. Se uma
pessoa jovem e vigorosa escala uma montanha arrastando um peso de cinquenta
quilos em suas costas não sentirá nenhuma moléstia em particular e desfrutará
da maravilhosa paisagem que tem em baixo. Mas se uma pessoa fraca e doente sobe
a montanha com o mesmo peso, lhe parecerá que o trajeto é torturante e não
poderá desfrutar da paisagem. Fracos ou fortes todos devemos escalar a montanha
da vida para desfrutar dela o melhor possível. Em conclusão, a forma de
fortalecer nossa energia vital é acreditar e recitar Daimoku frente ao
Gohonzon. Você poderá se perguntar se podemos ou não erradicar nosso Carma
antes que ele afete nossas vidas. Uma passagem do Gosho "Prolongando a
Vida" assinala: "O Carma pode também ser dividido em duas categorias:
mutável ou imutável. O arrependimento sincero erradicará mesmo o Carma
imutável, sem falar no Carma que é mutável". O Sutra Fugen diz: "Se
deseja fazer "zangue" (arrependimento de seu Carma negativo) sente-se
ereto e medite sobre a verdadeira entidade da vida. Assim, todas suas ofensas
do passado desaparecerão como o orvalho congelado ou o sereno, com a luz do sol
da eterna sabedoria". As palavras "erradicar" e
"desaparecer" nessas citações são muito confortadoras. Mas Nitiren
Daishonin não escreveu que não podemos evitar nosso mau Carma. Ele disse:
"O arrependimento sincero erradicará até o Carma imutável". O
arrependimento sincero só é possível quando você experimenta alguma dificuldade
e compreende que é devido a seu Carma. Com isso podemos entender que o Carma
não desaparecerá antes que os seus efeitos se manifestem nesta existência.
Então o que podemos fazer com relação ao nosso Carma? Já demos a resposta
quando falamos sobre o Sutra Fugen, anteriormente. Disse: "Sente-se ereto
e medite sobre a verdadeira entidade da vida". No Budismo de Nitiren Daishonin
isto significa recitar daimoku devotadamente ao Gohonzon. Assim, "a luz do
sol da eterna sabedoria", que Daishonin define como Nam-myoho-rengue-kyo se
manifesta em nossas vidas. Com a força vital de Nam-myoho-rengue-kyo podemos
experimentar os efeitos de nosso mau Carma em forma muito mais atenuada e
erradicá-lo em um tempo consideravelmente curto.
CAUSA FUNDAMENTAL
O Budismo ensina que qualquer Carma por mais negativo que seja, é
erradicado uma vez que a pessoa experimenta o efeito. Por isto Nitiren
Daishonin afirma no Gosho: "Sem os guardiões do inferno para
atormentá-los, nunca poderiam sair do inferno". Esta passagem pode parecer
atemorizante, mas implica que ninguém ficará confinado no estado de inferno
durante a eternidade, não importa que calúnia tenha cometido. Não existe
inferno eterno no Budismo. O nosso mau Carma é erradicado uma vez
que experimentamos recitar Daimoku ao Gohonzon? Dizendo de outra forma: se
alguém deve experimentar seu mau carma mesmo abraçando o Gohonzon, qual é o
propósito da fé e da prática? Já tratei sobre este tema, mais darei uma
explicação mais detalhada. Em primeiro lugar, se alguém não abraça o Gohonzon,
quando sofre o efeito de seu mau carma, pode não ser capaz de suportá-lo e ao
tentar fugir do sofrimento, criará um carma mais negativo. Por exemplo,
suponhamos que uma pessoa é tão pobre como um rato de igreja e não pode
alimentar a sua família. Se não compreende que sua pobreza se deve ao seu
próprio carma, pode ceder a tentação de tomar dinheiro emprestado. As duas
atitudes são semelhantes e da mesma maneira, agravará seu carma. Em resumo, se
verá preso em um círculo vicioso sem poder descobrir a saída. Segundo, mesmo
quando a pessoa suporta pacientemente os efeitos de seu carma negativo
esperando até que este desapareça, não é certa que a balança de seu carma
credite causas boas ou positivas. Através de seu esforço pode melhorar até um
certo ponto, mas não transformá-lo fundamentalmente. Além do mais, se seu mau
carma não é erradicado nesta vida, continuará sofrendo na próxima existência. É
extremamente importante não só erradicar o mau Carma como também
simultaneamente acumular carma positivo. O progresso maior em nossa
"balança cármica" será obtido através da fervorosa prática do Budismo
de Nitiren Daishonin. Terceiro, sem a prática budista não temos forma de ter
controle sobre o que parece ser injustiças da vida, ou seja, causas feitas
nesta vida que nem sempre parecem ter as recompensas correspondentes. O Grande Mestre
Tien-tai trata sobre esse problema em seu Hokke-Gengi, o "Profundo
Significado do Sutra de Lótus". Suponhamos que tenha uma pessoa que goste
de caçar e assim desfrute de uma longa vida e outra que faz doações ao Budha
mais é pobre. Os sutras explicam que a retribuição por matar seres vivos leva a
uma vida breve, mas, logicamente ele que adora caçar teria que morrer antes
daquele que não gosta. Aquele que faz doações ao Budha também teria que ser
recompensado com boa sorte. Mas como explicou Tien-tai, na realidade existem
casos opostos. Por que existem essas contradições? Tien-tai deu a seguinte
resposta: "As doenças e sofrimentos que temos no presente se devem a todas
as causa feitas no passado, e as ações importantes que faço em minha vida
presente serão recompensadas no futuro". Mas nós queremos
desfrutar de uma vida feliz agora, nesta existência. Não queremos esperar a
próxima. Nitiren Daishonin compreendeu nosso sentimento e assinalou no
"Verdadeiro Objeto de Adoração" "As práticas da Sakyamuni, as
virtudes que consequentemente obtenho estão incluídas na simples frase de Myoho-rengue-kyo".
Se acreditarmos nesta frase, naturalmente seremos recompensados com os mesmos
benefícios que ele" Nitikan Shonin, o 26º Sumo Prelado,
interpreta esta passagem dizendo que "As práticas de Sakyamuni e as
virtudes que consequentemente obteve" implicam nas práticas e virtudes de
todos os Budhas. Logo concluiu que as práticas de Nitiren Daishonin e as
virtudes que consequentemente obteve estão incluídas na simples frase Myoho-rengue-kyo,
ou seja, no Gohonzon. Esta passagem significa que se cremos e recitamos o
daimoku frente ao Gohonzon, podemos estar seguros de alcançar a iluminação. O
Sr. Todda explicou a implicação prática desta passagem ao dizer: "Ainda
que alguém não tenha acumulado boa sorte nas existências passadas e não pode
viver uma vida feliz no presente, se abraça o Gohonzon pode adquirir uma enorme
boa sorte nessa existência". Por isso é que o Budismo de Nitiren Daishonin
é denominado do Budismo da Verdadeira Causa, a causa fundamental para atingir a
iluminação. Uma quarta razão está vinculada com isto. Se você pratica como
ensinou Daishonin, não só pode enfrentar e superar seu Carma negativo com uma
força vital transbordante, ao mesmo tempo pode desenvolver a condição de vida
iluminada. Se for derrotado por seu Carma também sofrerá na próxima existência.
Então, o que significa transformar o mau Carma? Se, por exemplo, um membro
morre em um acidente, significa isto que não pode transformar seu Carma e
alcançar a iluminação? Este é um ponto muito difícil. Permita-me citar algumas
passagens do Gosho "Amenizar o Efeito Cármico" ensina: "Se nosso
Carma negativo não é erradicado nesta vida, pode transformar-se em um inferno
de incessantes sofrimentos, no futuro; mas se vivemos dificuldades extremas
nesta vida, os sofrimentos do inferno desaparecerão instantaneamente. Quando
morremos obtemos os benefícios da alegria e tranquilidade assim como os três
veículos e o veículo supremo". Carta aos Irmãos" diz: "Ao sofrer
a morte súbita da tortura, a calúnia, a humilhação, os ataques com chicotes e
laços, a prisão, a fome, as adversidades e outras dificuldades relativamente
menores nesta vida, ele não terá que cair no inferno".
ELEVANDO NOSSO ESTADO DE VIDA
Em essência, não importa que destino possa afetar a um devoto nesta
vida, nunca cairá nos quatro estados inferiores: inferno, fome, animalidade e
ira. Em troca estará em estados de vida mais elevados, provavelmente no de
Budha, dependendo da força de sua fé. Em qualquer caso, o devoto pode erradicar
seu Carma negativo enfrentando-se com o dito destino. Assim poderá alcançar a
budhicidade no momento de sua morte ou poderá renascer como ser humano na
próxima vida e praticar este Budismo sem esse Carma negativo, alcançando então
a iluminação. Espero que entendam porque o Gohonzon é necessário para erradicar seu
mau Carma. É errado dizer: "Não posso evitá-lo. É meu Carma". Precisamente porque
algo é parte de seu Carma é que você pode transformá-lo através de seus
esforços. Se ele for imposto por um Ser Supremo não poderia fazer nada por ele.
Mas, porque temos o Gohonzon, nós mesmos podemos superar qualquer sofrimento e
usá-lo logo para manifestar nossa natureza de Budha. Quem sabe um de seus
grandes interesses seja que na próxima existência possa erradicar completamente
seu mau Carma no presente. Como seres humanos queremos viver uma vida feliz,
livre de qualquer tipo de problema. Podemos levar uma vida assim ao renascer?
Infelizmente não. Por quê? Porque renascemos entre gente com muitos problemas,
e ao tratar de ajudá-los nos veremos envolvidos em suas dificuldades. Sem
dúvida, mesmo que tenhamos problemas, não será a causa de nosso Carma negativo
e sim a causa de nossa compaixão e esforço por ajudar aos demais como
bodhisatvas. Podemos sofrer, mas, basicamente, teremos uma sólida força vital e
seremos capazes de transformar nossos sofrimentos em felicidade tal como os
surfistas que desfrutam romper as ondas do mar em cima de suas pranchas. Assim
já não existirá o temor das dificuldades. Se a felicidade significasse a
ausência total de problemas, tudo se converteria em tédio. Ou ainda, quando não
se aborrece, tampouco está chegando a nada. Se quisermos alcançar algo grande,
devemos enfrentar e superar diversas dificuldades. Assim só dessa maneira,
poderemos experimentar a profunda alegria da realização. A sensação de
plenitude é essencial para a verdadeira felicidade. O décimo capítulo do Sutra
de Lótus assinala: "Que seja, o Rei da Medicina (Bodhisattva Yakuo); que
esta gente abandonará por si mesma os benefícios de seu Carma purificado e
trará minha extinção, sem compaixão pelos seres animados, nascerei no mundo e
propagarei amplamente este Sutra". Em essência, os que creem e recitam
daimoku frente ao Gohonzon, purificam seu Carma, mas decidirão aparecer entre
as pessoas infelizes para propagar a fé no Gohonzon, para que atinjam a
felicidade. Os efeitos de nosso Carma passado, tanto bons como maus tendem a
manifestar-se em nossas tendências de vida atual mais do que nas circunstâncias
particulares. Por tendência de vida quero dizer aquele ou aqueles entre os dez
estados que aparecem com mais frequência na vida cotidiana. Se uma pessoa tem a
tendência do estado de inferno, será muito facilmente influenciada pelas
circunstâncias que originam sofrimento. Se uma pessoa tem a tendência de vida
de Bodhisatva, tratará de ajudar os demais se estes sofrem. Assim, nossa
tendência vital bem pode ser chamada Carma. Este Carma causa tanto a felicidade
como a infelicidade através de sua inter-relação com os fatores externos.
Portanto, é necessário fazer um esforço constante para elevar nossa tendência
de vida a de Bodhisatva ou Budha com fé no Gohonzon. Este é o processo da
revolução humana. Em termos de fé e de prática, a iluminação inerente em nós é
a suprema tendência de vida e o Gohonzon é o fator supremo externo. A fusão
deles dois, ou seja, orar daimoku fervorosamente frente ao Gohonzon, nos
permitirá desfrutar uma vida mais significativa. Para concluir minha
conferência, gostaria de dizer que abraçar o Gohonzon é a maior boa sorte que
podemos ter, porque com fé nele, podemos experimentar nossa retribuição cármica
muito mais amenizada ao mesmo tempo criar um novo Carma para uma verdadeira
felicidade. Espero que nunca sejam derrotados pelo Carma negativo, mas que o
transforme fazendo ainda mais daimoku frente ao Gohonzon. Nitiren Daishonin nos
ensinou: "Creia neste Gohonzon com todo seu coração. Nam-myoho-rengue-kyo
é como o rugido do leão. Portanto, que doença pode ser um obstáculo? Assim
mesmo, nos ensinou: “Aqueles que creem no sutra de Lótus acumularão boa sorte
até dez mil milhas de distância". Com estes ensinamentos em mente,
encaremos valentemente nossa prática budista tal como Nitiren Daishonin o
indica: "A poderosa espada do Sutra de Lótus deve ser manejada por alguém
corajoso na fé". http://www.maisbelashistoriasbudistas.com.br.
Abraço. Davi.
Colaboração: Selvis Stocel (s3234@yahoo.com)
Tradução: Cristina Grimaldi Muniz (cristinagrimaldi@uol.com.br)
Revisão: Rita de Cássia Ribeiro ( ricasri@hotmail.com )
Tradução: Cristina Grimaldi Muniz (cristinagrimaldi@uol.com.br)
Revisão: Rita de Cássia Ribeiro ( ricasri@hotmail.com )
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