O Yoga
pode ser considerada como um conjunto de tradições que têm como
objetivo comum a liberação do sofrimento e a realização da iluminação.
O termo Yoga deriva do sânscrito yug, que
significa união. Esta união é a que pode acontecer entre qualquer ser
humano e a divindade. A concepção de Yoga é, portanto, similar ao que
gnosticismo entende por religião, ou seja, pelo
re-lígere, termo que também pode ser entendido como união com a divindade.
Através desta
União Mística proporcionada pela prática e pela filosofia do Yoga, o ser
humano pode adquirir domínio sobre sua natureza inferior, sobre seu
corpo, suas emoções e seus pensamentos, libertando-se
assim de toda trava proveniente de seu contato com a vida material.
Também é através do Yoga que se torna possível desenvolver as faculdades
psíquicas, os poderes latentes da alma, que alguns místicos orientais e
ocidentais têm desenvolvidas, e que são responsáveis
por fenômenos considerados mágicos ou taumaturgos. As bases da filosofia e da prática do Yoga encontram-se estabelecidas nos textos sagrados da Índia, como os
Upanishads, o Bhagavad
Gita, os Yoga Sutras de Patanjali, o
Hatha Yoga Pradipika, entre outros. No
Bhagavad Gita encontramos que o Yoga é
um conhecimento existente há muitos milhões de anos. Investigações
arqueológicas permitem aos cientistas estimarem que o Yoga existe há
seis ou sete milênios. O Yoga é uma das seis escolas
pertencentes à Filosofia Hindu. Seus fundamentos filosóficos são iguais
aos de outra destas seis escola, chamada
Samkhya. Esta é a mais antiga e mais ortodoxa linha filosófica da Índia.
A Escola
Samkhya propõe que o Universo é composto de duas realidades imutáveis, chamadas
Purusha e Prakriti.
Purusha é considerado o centro da consciência, a verdadeira identidade de todo ser vivo, enquanto que
Prakrti é a fonte de toda a existência material.
Prakrti possui três qualidades ou tendências: Tamas (escuridão, obscuridade), Rajas (atmosfera, firmamento) e
Sattva (ser, entidade). Mais tarde falaremos sobre as
Gunas. Sendo um conjunto de práticas
compostas ao longo de milênios, o Yoga possui uma grande diversidade e
uma de suas principais características é o universalismo. No
Bhagavad Gita, o Yoga é classificada em quatro escolas:
Karma Yoga, Bhakti Yoga,
Jnana Yoga e Raja Yoga. Samael
Aun Weor (1917-1977) acrescenta ainda três escolas às quatro tradicionais:
Laya Yoga, Samadhi Yoga e
Hatha Yoga. Atualmente existem inúmeras
Escolas de Yoga no Ocidente, a maior parte delas fundamentada num
entendimento parcial na proposta central da
Hatha Yoga, a qual pode ser considerada um
fragmento da Raja Yoga. Portanto, as técnicas aplicadas na maioria das
escolas de Yoga do Ocidente observam apenas um dos fundamentos da
Hatha Yoga: a purificação do físico conduz à
purificação da mente e da vitalidade. Um estudo mais profundo da
história do Yoga e de seus propósitos originais permitem a compreensão
de que o Ocidente adaptou o sistema de exercícios
do Yoga para satisfazer sua necessidade de culto à estética e à auto
imagem corporal, descartando assim, na maioria das vezes, todo o seu
conteúdo filosófico considerado desnecessário, mas que é imprescindível
para o desenvolvimento integral da proposta da
Yoga. Na Índia, a relação dos praticantes de Yoga é oposta àquela
desenvolvida pelos Ocidentais. O objetivo é controlar o corpo e não
utilizá-lo para fins transitórios e ilusórios. Assim como o corpo,
pretende-se também através do Yoga dominar a mente e os
desejos. Levando isso em consideração, entendemos que o grande número
de Escolas de Yoga existentes na Índia possibilita que o ser humano
possa desenvolver toda sua potencialidade, além de poder acessar,
através de formatos diversificados compatíveis com sua
particularidade, um conhecimento essencial que o permita realizar esta
União Mística. Este conhecimento essencial, chamado de Essência do Yoga,
é o tema central do estudo e da prática do Yoga dentro do Gnosticismo
de
Samael Aun
Weor. Segundo o autor, todas Escolas de Yoga tradicionais da Índia possuem este conhecimento síntese, um saber esotérico, chamado
Sahaja Maithuna.
As demais práticas que distinguem as Escolas umas das outras, apesar de
benéficas e necessárias para o desenvolvimento espiritual, pertencem ao
chamado círculo público ou exotérico, carinhosamente
chamado kinder, ou jardim de infância.
Entre tantos significados que a palavra Yoga possa possuir, uma é
importante para nossa compreensão da Filosofia da Yoga. No sânscrito, um
dos sinônimos de Yoga é o termo Marga, que significa
caminho ou senda. Portanto, quando se fala em Yoga, é possível se
referir não só à Filosofia e à União Mística, mas também ao caminho
através do qual se pratica esta Filosofia e através do qual é possível
realizar esta União. As Escolas sempre foram consideradas
imprescindíveis pelos antigos sábios indianos. Era lá que o aspirante
poderia encontrar o seu guru, ou literalmente instrutor divino,
geralmente um indivíduo que consagra de modo integral sua vida para a
prática da Yoga e para a realização da iluminação e
da liberação. A palavra guru possui um significado especial: “A sílaba
gu significa escuridão. A sílaba ru significa aquele que a dispersa. Pelo poder de dispersar a escuridão, o guru é assim chamado.” (Advayataraka
Upanishad). No Ocidente, contudo, esta forma
é extemporânea e inaplicável, uma vez que, em geral, os instrutores não
possuem requisitos necessários para receberem tal título. Nem mesmo nós
ocidentais, praticantes do Yoga, seríamos
capazes de nos relacionarmos com um legítimo guru indiano. Via de regra
são extremamente exigentes, pois impõem disciplinas que dificilmente
seriam cumpridas à risca. Na
Gnosis segue-se a orientação dada por
Samael Aun Weor a este respeito:
“O despertar da Consciência é urgente. Quem aprende a sair em corpo
astral à vontade pode estudar aos pés dos Grande Mestres de Sabedoria.
No Mundo Astral encontramos o nosso Guru, que nos instruirá nos grandes
mistérios.”
Samael Aun
Weor, Livro O Matrimônio Perfeito. Uma das principais
características das Escolas de Yoga do Oriente é a sua configuração em
dois círculos de aprendizagem. O primeiro, considerado Exotérico,
Externo ou Popular, é destinado a ensinar ao público em geral
sobre os rudimentos e os princípios básicos da filosofia e da prática
da Yoga. Como já foi mencionado anteriormente, este o círculo é chamado
Kinder, palavra que significa jardim de
infância, pois é onde os praticantes do Yoga aprender os primeiros
passos da prática e da filosofia do Yoga. Já o segundo círculo, chamado
Interno ou Esotérico, está reservado aos praticantes
mais avançados, aos que foram instruídos no círculo público, e à eles é
destinado um tipo de conhecimento de natureza especial, chamado de
Essência do Yoga. Este tema é de grande importância para o gnosticismo e
será abordado em detalhes na sequência deste
curso. Nos círculos externos ou exotéricos das escolas de Yoga
encontramos o seguinte: 1.
Karma Yoga: ensina a Disciplina da Ação Reta, que consiste em proceder de acordo com
dharma, ou seja, pensar, agir e sentir de
modo reto, preciso e impecável. Isto significa agir sem esperar pelos
frutos da ação. Nas palavras de
Krishna: “Portanto,
Arjuna, entregando todo o seu trabalho à Mim, com pleno conhecimento de Mim, sem desejo de lucro, sem
revindicação de propriedade, e livre da letargia, lute”.
Bhagavad
Gita.
O termo dharma também pode ter o sentido de conjunto de preceitos religiosos, do que se pode entender a existência de um
Dharma cristão (os mandamentos de Cristo), um
Dharma budista (os ensinamentos de Budha), um
Dharma islâmico (os ensinamentos de Maomé) e um dharma
judaico (a lei de Moisés). Sendo assim, considerando o universalismo da
essência de todas as religiões, pode-se praticar em todas elas o
Karma Yoga (e as demais formas de Yoga, como ficará evidente adiante). 2.
Bhakti Yoga: ensina a nutrir devoção e amor à Divindade.
Bakhti é um termo sânscrito que significa
algo como “amor bem-aventurado, abnegado e dominador que se sente pela
Divindade, sob qualquer de suas formas”. Nas palavras de
Krishna: “Ocupe sua mente sempre em
pensar em Mim, torne-se Meu devoto, ofereça homenagens à Mim e Me adore.
Estando completamente absorto em Mim, certamente você virá até Mim”.
Bhagavad Gita.
Estas palavras inevitavelmente nos recordam da devoção e da mística do
Cristianismo, e esta ligação fica ainda mais evidente quando
analsamos quais as nove formas de praticar
Bhakti Yoga:
1.
ouvir sobre o Senhor,
2.
glorificar o Senhor,
3.
recordar o Senhor,
4.
servir o lótus do Senhor,
5.
adorar o Senhor,
6.
oferecer orações ao Senhor,
7.
servir o Senhor,
8.
fazer amizade com o Senhor e
9.
entregar tudo ao Senhor.
3.
Jnana Yoga: ensina o Conhecimento do Ser.
Jnana é o termo sânscrito idêntico ao termo gnosis, significando portanto “conhecimento”. Porém, este conhecimento é o conhecimento de si mesmo, o
auto-conhecimento. O objetivo da
Jnana Yoga é conhecer Brahman, a realidade transcendental de todas as coisas. Nas palavras de
Krishna:
“Quando ele entende que as várias formas de ser são latentes no Um e dele se espalham, então ele alcança
Brahman. Aqueles que sabem, através do olho
do conhecimento, a distinção entre o campo e o conhecedor do campo,
assim como a liberação dos seres da natureza material, vão para o
Supremo”.
Bhagavad
Gita.
Os passos fundamentais da Jnana Yoga possuem semelhança incrível com as técnicas de auto-observação, e são os seguintes:
1.
Viveka
(discriminação), a capacidade de diferenciar o Real do Irreal, o Eterno do Temporal,
2.
Vairagya
(imparcialidade), a capacidade de se desligar de tudo o que é
impermanente,
3.
Shad-sampat
(seis virtudes), que são: controle da mente, controle dos sentidos, renúncia das ações que não são
dharmicas, persistência, fé e concentração,
4.
Mumukshutva,
anseio intenso pela liberação das limitações temporais.
4.
Raja Yoga: ensina técnicas de meditação para adquirir experiências da
Verdade e atingir a Iluminação. A Raja Yoga também é conhecida
com o nome de Ashtanga Yoga. Ashtanga significa “oito membros”, pois descreve os oito passos através dos quais é possível experimentar a Verdade, ou seja, atingir o
samadhi. Nas palavras de Krishna:
“Estabelecendo
um assento firme (…) em um lugar limpo (…) tendo direcionado sua mente
para um único objeto, com controle de seu pensamento e da atividade dos
sentidos, ele deve praticar a Yoga para
sua auto-realização. Firmando o corpo,
cabeça e pescoço eretos, sem movimentos e quieto, olhando para a ponta
de seu próprio nariz e não para qualquer lugar, com a mente quieta, sem
medo, firme em seu voto de castidade, controlando
a mente, com os pensamentos fixos em Mim, ele deve sentar, concentrado e
devotado à Mim. Então, continuamente disciplinando a si mesmo, o
yoguin cuja mente está subjugada vai ao Nirvana, para a suprema paz, para unir-se à Mim”,
Bhagavad
Gita.
Os oito membros da Raja Yoga são:
1.
Yama
(cinco abstenções): violência, roubo, sexo ilícito, mentira e posse,
2.
Niyama
(cinco hábitos): pureza, contentamento, austeridade, estudo e entrega a Deus,
3.
Asana
(assento): posturas diversas,
4.
Pranayama
(controle da respiração): controle do prana,
5.
Pratyahara
(abstração): anulação dos órgãos dos sentidos,
6.
Dharana
(concentração): fixar a atenção num único objeto,
7.
Dhyana
(meditação): contemplação intensa da verdadeira natureza da realidade e
Nenhum comentário:
Postar um comentário