sábado, 11 de julho de 2015

Baghavad Gita. O Caminho para A Divindade Suprema.

Nesse oitavo capítulo do Bhagavad Gita, percebemos que Deus está sempre presente em tudo, vivificando ou iluminando todos os seres. Quem se deixa iluminar pelos raios da Sabedoria, torna-se sábio. A Sabedoria Divina nele é uma força viva que o conduz ao conhecimento da Imortalidade. Então dirigiu Arjuna ao Mestre Divino as seguintes perguntas: Dize-me, Oh! Imortal: Que é Brahma? Que é Adhyatman? Que é Karma? Que é Adhibhuta e Adhidaiva? Como pode, Oh! Fortíssimo Herói! Adhiyajna? (o Supremo Sacrifício) estar neste corpo, e como podem conhecer-te na hora da morte aqueles que a Ti se dedicaram? Explica o Verbo Divino: Brahma, o Criador, é o Ser Supremo, o Ser Indiviso, simples e eterno. A sua essência chama-se Adhyatman, a Alma das Almas. Eu mesmo sou Brahma. De Mim emana a Alma das Almas, a vida Universal, a vida Una do Universo. Karma, a Lei da causalidade, e que chamam também Essência da ação, é aquele princípio da minha emanação que faz com que os seres vivos nasçam, se movam e ajam. Ahibhuta, o princípio Universal da vida, não é senão a minha vontade manifesta nas leis naturais do Universo. Adhidaiva, a suprema deidade, é o Espírito, cuja atividade perpétua produz a geração dos seres e das formas. Adhiyjna, o Supremo Sacrifício, é o meu aparecimento em corpo: este mistério torna-se claro só àqueles que são capazes de compreendes os ensinos superiores (1). (1). Deus que em sua Essência, é imanifesto, invisível, imaterial, assume forma humana; como a Luz penetra as trevas e as transmuta em luz, assim a Divindade penetra a humanidade, para torna-la divina. Este é o Supremo Sacrifício. Quem na hora da morte, em Mim fixa o pensamento, entre, depois de ter deixado o corpo, diretamente em minha Divina Essência. Aquele, porém, que na hora da morte, não pensou em Mim, mas dirigiu todos os pensamentos a um outro ser (2), depois da morte a este ser se une. Porque cada um chega a ser o que desejou ser; o semelhante atrai o semelhante. (2). Há seres de natureza espiritual (devas ou deuses) que, para nós, são invisíveis; o espírito humano pode entrar em relação com eles, se a eles dirige firmemente a sua vontade e o seu pensar. Dirige, pois, a Mim todos os teus pensamentos e luta. Se a tua mente e o teu coração em Mim firmemente fixares, com certeza, enfim, a Mim chegarás. Quem abandonando todos os desejos pessoais, não tem a mente concentrada em nenhum outro ser, mas no Espírito Eterno, praticando o Reto Pensar e a Reta Ação, ao Espírito Eterno virá. Quem com a mente elevada e cheia de fé e amor, pensa em Mim, o Eterno, o Onipresente, Onisciente e Todo Poderoso; quem sabe que Eu Sou, ao mesmo tempo, infinitamente pequeno e infinitamente grande, impalpável, o Senhor e sustentador de tudo. Quem com a visão espiritual, percebeu a majestade da minha face, eternamente velada ao olho material, e mais resplandecente do que o sol ao meio dia. Esse participa da vida verdadeira, e na morte se torna imortal; porque o seu espírito, tendo rompido todos os vínculos, entra em minha Vida, em minha Paz e em minha Essência. Quero descrever-te, em poucas palavras, o caminho ao Espírito Eterno, a que as Escrituras Sagradas chamam o caminho para a imortalidade. Este caminho é seguido por todos os que dominaram a si mesmos e se libertaram das paixões, e é escolhido por aqueles que se dedicam a uma vida santa, de continência, ascetismo, estudo das verdades divinas e meditação. Ouve as instruções. Fecha bem as portas dos teus sentidos corporais. Domina o teu coração, concentra a tua mente sobre o teu Eu interior, e não a deixes vaguear no exterior, nem ocupar-se com os pensamentos estranhos. Se constante e firme em teu propósito, e repete silenciosamente a mística palavra AUM, cujos três sons ou letras são símbolos do Ser Supremo, como Criador, Conservador e Destruidor. Se assim te comportares, quando chegar a hora de deixares o teu invólucro corpóreo, entraras no caminho da Suprema Ventura. O iogue que pensa em Mim incessante e fixamente, Oh! Príncipe, e nunca se apega com os seus pensamentos a qualquer outro objeto, com facilidade Me achará (3). (3). Isto não quer dizer que não devamos ocupar-nos com os negócios e objetos exteriores, mas que devemos, qualquer que seja a nossa ocupação, fazer tudo com boas intenções e sem nunca nos esquecermos da divina origem e do divino alvo da nossa vida. Todos os nobres  e elevados espíritos que se uniram comigo, não precisam mais renascer na terra, neste lugar de sofrimentos e limitações. Não, eles não tem mais necessidade de voltar a esta escola da vida, porque já atingiram a esfera da Perfeita Sabedoria, Suprema Ventura e Vida imperecível. Todos os mundos e universos (4), mesmo o mundo de Brahma, onde um dia é igual a mil yugas (5), e a noite da mesma extensão, todos hão de passar. Mas ainda que passem e se renovem e de novo passem, não há necessidade de volta para a alma do sábio que se uniu a Mim. (4). Os hindus distinguem sete mundos (lokas) ou planos espirituais, a saber 1. Bhurloka (o mundo físico). 2. Antariskshaloka (o mundo astral) 3. Swarloka ou devachan (o céu). 4. Maharloka (o mundo das almas elevadas). 5. Janaloka. 6. Tapasloka. 7. Satyaloka. Estes três últimos chamam-se Brahmalokas os mundos divinos. O sétimo é o munda da Realidade; a Verdade Absoluta (Satya). (5). Um Maha Yuga dura 4.320.000 anos solares. Aos dias de brahma sucedem as noites de Brahma; a sua duração é enorme, pois conta-se em milhares de séculos. No princípio de cada dia bramânico, emergem todas as coisas da invisibilidade e fazem-se visíveis; quando, porém, começa a note bramânica, todas as coisas visíveis dissolvem-se e tornam a ser invisíveis. Esta multidão de seres, tendo existido antes, manifesta-se com o despontar do novo dia, e desaparece necessariamente ao chegar a noite, para ressurgir com o alvorecer do novo dia seguinte. Pois acima desta natureza visível e invisível existe o que se chama o Imanifesto, o Imperecível. Neste supremo caminho, Oh! Príncipe! Chega-se ao Brahma, que é o Imanifesto e Indestrutível; e quem o atingiu, não o perderá nunca mais; esta é a minha morada suprema. A suprema Essência, em que todas as coisas tem o seu ser, e pela qual  todo este Universo foi criado, pode ser encontrada só pelo espírito purificado, submisso à vontade Suprema, desapegado de tudo o que não é divino. Agora vou esclarecer-te sobre as condições que determinam se os que passaram pela porta da morte não hão de renascer, ou se não voltam mais à terra. Aqueles que se desencarnam quando neles arde o fogo do amor divino, iluminados pela luz do verdadeiro conhecimento que distribui o sol da sabedoria, conhecem o Espírito Supremo e com Ele se unem; esses não são obrigados a renascer. Aqueles, porém, que se desencarnam no meio da fumaça dos erros, na noite da ignorância, não podem ultrapassar a região da Lua (6) e hão de voltar à esfera da mortalidade e ir renascendo até que adquiram o grau necessário de amor e de saber (6). Isto é, a região astro mental  ou de Kama Manas. Estes dois caminhos são denominados os caminhos eternos do mundo; um é claro, o outro é escuro. Pelo primeiro chega-se à esfera donde não volta mais; o segundo vai até a certa altura e dá volta para trás. O verdadeiro iogue, o homem que se dedica todo à Divindade, sabe isto e não tem medo. Aperfeiçoa-te, pois em ioga e esforça-te por atingir o Saber Perfeito. Os frutos deste Saber, OH! Arjuna! São superiores a tudo o que se pode alcançar pelo estudo das Escrituras Sagradas, pelos ritos e sacrifícios, pelas austeridades e pela distribuição de esmolas. O iogue que possui o Saber Perfeito, alcançou o Alvo Supremo. Abraço. Davi.

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