quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A Crença na Pessoalidade do diabo. Parte II.

Continuamos o assunto da Crença na Pessoalidade do diabo. Como falei estou transcrevendo da obra de Helena P. Blavatsky (1831-1899) usando o livro Ísis Sem Véu, volume IV páginas 135-140. "Deus ordena a ela, (a serpente no jardim do Éden), arrastar-se eternamente sobre seu ventre, e comer a poeira do chão. "Uma sentença", observa Eliphas Levi (1810-1875), "que em nada se parece às tradicionais chamas do inferno". Não levaram em consideração os autores dessa alegoria que a serpente zoológica real, criada antes de Adão e Eva, arrastava-se sobre seu ventre e comia a poeira do chão, antes que existisse qualquer pecado original. Por outro lado, não foi Ophion, o Daimôn ou diabo, como Deus, chamado Dominus? A palavra Deus (deidade0 deriva da palavra sânscrita Deva, e diabo provém do persa daêva, palavra substancialmente semelhantes. Hércules, filho de Jove e de Alcmena, um dos deuses sóis mais elevados e também o Logos manifesto, e, não obstante. representado numa natureza dupla, como todos os outros. O Agathodimôn, o daêmon beneficente, o mesmo que encontramos posteriormente entre os ofitas com a denominação de Logos, ou sabedoria divina, era representado por uma serpente que se mantinha ereta sobre uma vara, nos mistérios das bacanais. A serpente com cabeça de falção está entre os emblemas egípcios mais antigos e representa a mente divina, diz Deane. Azâzel é Moloch e Samuel, diz Movers, e Aaron, o irmão do grande legislador Moisés, faz sacrifícios idênticos a Jeová e Azâzel. "E a Aarão deita sortes sobre os dois bodes, uma para o Senhor (Toth no original) e outra para o bode emissário (Azâzel). No Velho Testamento, Jeová exibe todos os atributos do velho saturno, apesar de suas metamorfoses de Aoni em Elói e em Deus dos deuses, Senhor dos senhores. Jesus é tentado na montanha pelo diabo, que lhe promete reino e glória se se prostrasse e o adorasse (Mateus 4: 8,9), Buda (563 AC 483) é tentado pelo demônio Wasawartti-Mâra, que lhe diz, no momento em que deixava o palácio de seu pai: "Fica, que possuíras as honras que estiverem ao teu alcance. Não vás, não vás". E com a recusa de Gautama em aceitar suas oferendas, rangeu seus dentes com raiva e prometeu vingar´se. Como Cristo, buda triunfa sobre o diabo. Nos mistérios báquicos, um cálice consagrado, chamado cálice de Agathodaimôn, passava de mão em mão entre os fiéis após o jantar. O rito ofita de mesma descrição foi evidentemente tomado desses mistérios. A comunhão, que consistia de pão e vinho, foi usada na adoração de quase todas as divindades importantes. Em relação com o sacramento semi mítrico adotado pelos marcosianos, uma outra seita gnóstica, totalmente cabalística e teúrgica, há uma estranha história oferecida por Epifânio como uma ilustração das artimanhas do diabo. Na celebração da sua Eucaristia, os  marcosianos traziam traziam três grandes vasos do cristal mais fino e mais claro para o meio da congregação e os enchiam de vinho branco. No transcorrer da cerimônia, à vista de todos, esse vinho era instantaneamente mudado para vermelho sangue, para púrpura e depois para azul celeste. "Então o Mago", diz Epifânio, "entrega um desses vasos para uma mulher da congregação e lhe pede que o abençoe. Feito isso, o mago despeja o seu conteúdo num vaso de maior capacidade, formulando o seguinte pedido: "Possa a graça de Deus, que está acima de tudo, é inconcebível e inexplicável, preencher o teu interior e aumentar o conhecimento daquele que está dentro de ti semeando o grão de mostarda em terreno fértil, Depois disso o licor do vaso maior aumenta e aumenta até chegar à borda. Em relação com muitas divindades pagâs que, após a morte, e antes de sua ressurreição, descem ao inferno, seria útil comparar as narrativas pré cristãs com as pós cristãs. Orfeu fez a sua viagem, e Cristo foi o último desses viajantes subterrâneos. No Credo dos Apóstolos, que está dividido em doze frases ou artigos, que foram inseridos cada um por um apóstolo em particular, segundo Santo Agostinho (354-430), a frase "Desceu ao inferno, no terceiro dia ressurgiu dos mortos" é atribuída a Tomé, talvez como uma expiação da sua incredulidade. Seja como for, diz-se que a frase é uma falsificação e não há evidencia "De que esse Credo tenha sido modelado pelos apóstolos, ou pelo menos que existisse como credo em sua época. Trata-se da adição mais importante que foi efetuada no Credo dos Apóstolos e data do ano 600. Esse artigo não era conhecido na época de Eusébio. O bispo J. Pearson diz que ele não fazia parte dos credos antigos ou das regras de fé. Irineu de Lyon (130-202), Orígenes de Alexandria (182-254) e Tertuliano (160-220) não parecem conhecê-lo. Não é mencionado em nenhum dos Concílios realizados antes do século VII. Theodoreto (393-457), Epifânio (310-403) e Sócrates (469-399) silenciam-se a seu respeito. Difere do credo de Santo Agostinho. Rufino afirma que, em sua época, ele não constava nem dos credos romanos nem dos orientais. Mas o problema se resolve quando lemos que séculos atrás Hermes falou da seguinte maneira a Prometeu, acorrentado no rochedo árido do Cáucaso. "Teu tormento não cessará até que Deus o substitua em tua aflição e desça ao lúgubre hades e às profundezas sombrias do tártaro. Esse deus era Hérculaes, o "Unigênito", e o salvador. E é ele que foi escolhido como modelo pelos padres engenhosos. Hércules, chamado Alexikakos porque converteu os malvados à virtude, Soter, ou Salvador, também chamado Neulos Eumélos, o Bom Pastor, astrochitón, o vestido de estrelas, e o senhor do fogo. "Ele não sujeitou as nações pela força, mas pela sabedoria divina e pela persuasão", diz Luciano. "Hércules disseminou cultura e uma religião suave e destruiu a doutrina da punição eterna expulsando Cérbero (demônio do poço - era um monstruoso cão de múltiplas cabeças e pescoço, que guardava a entrada do inferno - mundo inferior. O reino subterrâneo dos mortos, deixando as almas entrarem, mas jamais saírem e despedaçando os mortais que por lá se aventurassem). E, como vemos, foi também Hércules quem libertou Prometeu (o Adão dos pagãos), pondo um fim à tortuta infligida a ele por suas transgressões, descendo ao hades e ao tártaro. Como cristo, ele apareceu como um substituto para as aflições da humanidade, oferecendo-se em sacríficio numa pira funerária. "Sua imolação voluntária", diz Bart, "augurou o novo nascimento etêreo dos homens, ( ... ). Com a libertação de Prometeu, e a ereção de altares, vemos nele um mediador entre os credos antigos e os novos, ( ... ). Ele aboliu o sacrifício humano onde quer que fosse praticado. Desceu ao reino sombrio de Plutão, como uma sombra ( ... ) ascendeu como espírito a seu pai, Zeus, no Olimpo. A antiguidade estava tão marcada pela lenda de Hércules, que até mesmo os judeus monteístas daquela época, para não serem ultrapassados pelos seus contemporâneos, utilizaram-na na manufatura das fábulas originais. Hércules é acusado, em sua mito biografia, de uma tentativa de roubo do oráculo de Delfos. No Sepher Toledoth Yeshu, os rabinos acusam Jesus de roubar do seu santuário o Nome Inefável! Portanto, nada há de estranho em suas numerosas aventuras, mundanas e religiosas, tão fielmente espelhadas na Descida do Inferno. Por uma extraordinária ousadia de embuste e um plágio despudorado, o Evangelho de Nicodemo, só agora proclamado apócrifo, ultrapassa tudo que já lemos. Que o leitor julgue. No começo do capítulo XVI, Satã e o "Príncipe do Inferno" são apresentados conversando, amigavelmente. De repente, ambos são colhidos por "uma voz como de trovão" e pelo assalto dos ventos, que lhes ordenam abrir as portas para que "O Rei da Glória possa entrar". Logo após o Príncipe do Inferno ter ouvido esta ordem, "começa a discutir com Satã por não ter sido prevenido para tomar as precauções necessárias contra essa visita". A discussão termina como o príncipe lançando Satã "para fora de seu inferno", ordenando ao mesmo tempo que seus oficiais impiedosos "cerrassem as portas brônzeas da crueldade e as aferrolhassem com barras de ferro e lutassem corajosamente para não sermos tomados como prisioneiro". Mas "quando toda a companhia de santos( no inferno?) ouviu isto, todos eles disseram com voz encolerizada ao príncipe do inferno "Abre as portas, deixa O Rei da Glória entrar", provando que o príncipe precisava de arautos. "E o profeta Davi gritou: "Acaso não profetizei em verdade quando estava na terra?" Após isso, outro profeta, chamado Isaías, falou da mesma: "Não profetizei eu em verdade?", etc. Então, a companhia dos santos e profetas, deposi de se jactar por um capítulo inteiro e de comparar as notas de suas profecias, iniciou um tumulto, o que fez o príncipe do inferno, observar que "os mortos nunca se comportaram tão insolentemente, fingindo ignorar sobre quem estava pedindo admissão". Paramos por aqui quanto a transcrição do livro Ísis Sem Véu. Lembrando aos leitores que devem fazer seus juízos particulares dentro de suas perspectivas religiosas e espirituais. Não tenho a pretensão de formar opiniões com meus argumentos e nem influenciar nenhum de vocês. Considero-os corajosos por lerem alguns artigos do Mosaico, como esse, que desmistifica alguns dogmas milenares impostos pela Igreja para em muitos casos oficializar e fundamentar doutrinas baseadas em superstições e crendices. Aos amigos de outros países, no Brasil temos enormes problemas com esse tema específico, pois vemos em Igrejas Cristãs Protestante, shows com a invocação de espírito dos mundos inferiores. Onde eles se manifestam e criam um ambiente de engano e subordinação de todos os participantes, desde os líderes (pastores) que supostamente praticam o exorcismo, até os simples do povo que vão em busca de curas, alívio para suas dores, bençãos materiais e felicidade eterna. Assim, podemos tristemente assistir esses espetáculos na TV, nos cultos presenciais, e, campanhas missionárias organizadas por Igrejas Neo Pentecostais que usam mais esse tipo de artifício para atrair multidões necessitadas de refrigério para seus sofrimentos. O que é dito no texto com outras palavras "o diabo toma o lugar de Deus" é verdadeiro quando observamos os rituais de expulsão de demônios nesses ambientes carregados de emocionalismos e sensacionalismos exacerbados. Outro aspecto da demonização é culpar o demônio por todas as coisas negativas que nos acontecem, e creditar a Deus os sucessos que obtivemos em nossas convivências sociais, profissionais e espirituais. Isso representa nossa covardia e pulsilanimidade, pois não querendo assumir nossas escolhas certas ou erradas e nossas decisões em igual valor, jogamos a culpa no demônio que não tem nada haver com nossa maneira desidiosa de expressar nosso comportamento estereotipado. Assim descumprimos as Escrituras quando dizem: "O reino de Deus não é comida e nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo". Essas coisa são sutil e precisamos da intuição vinda dO Inefável para abarcarmos seu sentido completo. Não tendo medo de encarar de frente a questão e dando um basta nesse codinome, disfarçado de santo, com a essência e substância de demônio dos mundos inferiores. A pessoalidade desses seres (vulgarmente chamados de demônios) que habitam os mundos inferiores, divididos em hierarquias são representações de nosso inconsciente, vindas das correntes dos mundos das ideias e pensamentos. Tomo esse argumento da filosofia de Platão (428 AC 347) que baseia-se no mundo ideal e real. O real é esse mundo físico, material, grosseiro, enquanto que o mundo ideal é justamente o mundo dos pensamentos, das ideias, das coisas abstratas. Para Platão o corpo é o cárcere da alma que precisa se libertar para alcançar seu "eu" ideal, de modo a possuir seu verdadeiro conhecimento. Então, enquanto estivermos presos ao corpo (mundo real, físico) veremos demônios agindo por todos os lados e supostamente influenciando nossa vida, pois em uma condição corrupta seremos tendentes a negociar nossa culpa e ressentimento, como os demônios ou outros seres que nos iludam com suas dissimulações. Precisamos transcender  para o mundo ideal, dos pensamentos com nossa alma migrando das coisas fúteis e ilusórias da vida para uma dimensão de fraternidade e amor ao próximo.  Assim seremos nós mesmos no mundo, evoluindo com o que temos e somos. As vezes involuindo devido aos vícios e deméritos, mas conscientes que o processo de desenvolvimento da divindade em nosso ser é nossa total responsabilidade e somos o auto fiador desse sistema de completude cósmica. Abraço. Davi.

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