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O SIGNIFICADO DA PÁSCOA PARA AS RELIGIÕES. Uma das celebrações religiosas mais
marcantes e respeitadas no mundo é a Páscoa, que tem
origem na tradição judaico-cristã e em elementos ligados às celebrações do
equinócio da primavera, além daqueles que foram sendo incorporados dos povos
cristianizados ao longo do tempo. Além disso, a Páscoa é uma das mais antigas
celebrações, com data instituída pela Igreja Católica em 325 depois de Cristo,
no Concílio de Niceia. Antes disso, as comemorações desse importante período,
já ocorriam há centenas de anos entre os judeus. A Páscoa, entretanto, não é
celebrada por muitas religiões, em função do conjunto de dogmas próprios de
cada uma. Assim vamos conhecer qual é o significado atribuído a ela por oito
das principais religiões do mundo e com impacto no Brasil. Continue a leitura!
Pascoa para as religiões as principais religiões do mundo. Entre as muitas religiões, há várias formas para se
relacionar com a espiritualidade e se
ligar ao divino. Imagine pensar em todas essas maneiras, considerando a quantidade
de povos, por exemplo, da Ásia e da África. Por isso vamos nos ater às
religiões com as quais convivemos e com as quais de alguma forma interagimos.
Considerando que o Brasil é uma terra acolhedora, que congrega povos do mundo
todo e abraça a liberdade de suas crenças, entenda a seguir como a Páscoa é
vista por elas.
JUDAÍSMO. A palavra “Páscoa” deriva do
hebraico (pessach) e significa passagem. A celebração relembra a libertação do
povo hebreu da escravidão imposta pelo Egito há cerca de 3.500 anos. É a
primeira das grandes festas, muito comemorada pelos judeus, pois as tradições
são mantidas como uma orientação divina aos seus seguidores. A Páscoa passou a
ser celebrada pelo povo judeu como memória da passagem da décima e mais
devastadora praga pelo Egito, informada a Moisés por Deus. A praga da morte dos
primogênitos resultou na saída dos antepassados hebreus dessa região em direção
à Terra Prometida, trajetória descrita no Antigo Testamento da Bíblia, no livro
de Êxodo e que teria ocorrido no ano 1445 antes de Cristo. Moisés orientou cada
família do seu povo a sacrificar a ovelha ou o carneiro mais jovem do rebanho,
tirar o sangue e usá-lo para passar no umbral da porta de casa, permanecendo em
vigília, sem sair dela, durante a noite e a madrugada. Assados inteiros, todos
deveriam comê-los e as sobras deveriam ser incineradas. Nessa data, passou
sobre as casas o Anjo Exterminador enviado por Deus e todas aquelas que não
estavam marcadas tiveram o seu primogênito morto, assim como os filhotes mais
jovens dos rebanhos, inclusive o primeiro filho do faraó morreu nessa noite.
Foi assim que o faraó chamou Moisés e ordenou que ele deixasse o Egito com todo
o povo hebreu. Dessa forma, para o judaísmo, um dos significados da Páscoa é a
passagem do anjo da morte sobre as casas de todos no Egito, com a vida poupada
para quem precisava de justiça e libertação. Ela é comemorada no décimo quarto
dia do Nissan, primeiro mês do calendário judaico, que é lunissolar (seguimos o
gregoriano). Corresponde a março/abril e, como todos os meses judaicos, começa
sempre na Lua Nova. Esse mês marca a primavera do Hemisfério Norte. A Páscoa,
para os judeus, tem um dia fixo a ser considerado para a celebração. A partir
da Lua Nova do mês, conta-se 14 dias. O primeiro domingo, já com Lua Cheia,
marca as comemorações, sempre com muito respeito às tradições, que incluem uma
ceia em família, na qual todos relembram e celebram a libertação do povo hebreu.
Ela é conhecida por Sêder e há a leitura do Hagadá, o livro que conta a
história da saída dos antepassados do Egito rumo à Terra Prometida. Depois,
considerando que nenhum alimento consumido deva passar pelo processo de
fermentação e seguindo à risca a ordem dos alimentos, são servidos: Matzá — pão sem fermento,
de massa fina, para lembrar que quando os hebreus saíram do Egito não houve
tempo para esperar o pão fermentar. Vinho
— na Páscoa, ele não é fermentado e dele são servidas
quatro taças individuais durante todo o jantar. Zeroá — pedaço de osso bem tostado, com
carne, para simbolizar sacrifício dos animais. Maror — raiz amarga para lembrar da amargura
do tempo de escravidão do povo hebreu no Egito. Também é utilizada a escarola,
com a mesma simbologia. Charósset
— pasta de maçã, uva e nozes ou tâmara, canela e vinho não
fermentado, que simboliza a argamassa feita pelos hebreus nas construções
faraônicas. Água salgada — simboliza
o suor e as lágrimas do tempo da escravidão dos hebreus no Egito. Nela são
molhadas as verduras amargas. Beitzá
— é ovo cozido para simbolizar a resistência do povo
hebreu durante a escravidão. Ao contrário de outros alimentos, quanto mais se
cozinha o ovo, mais rígido ele fica. Após os alimentos ritualísticos, os judeus
consomem outros pratos próprios da culinária Kasher, por exemplo o Gefilte Fish
(bolinho de peixe). É importante ressaltar que o Sêder era tão importante para
os hebreus que Cristo, sendo judeu, na Última Ceia, estava celebrando um deles.
Entre os costumes, atualmente, as crianças judias participam da busca por
pedaços embrulhados de matzá, aleatoriamente guardados pela casa, após o
jantar. Há jejum e orações são recitadas durante o Sêder e na sinagoga. As
comemorações duram sete dias e os judeus mais abastados costumam celebrar a
Páscoa em Jerusalém. No ano de 2021, por exemplo, a celebração dessa tradição
religiosa deverá ocorrer entre 27 e 28 de março. CRISTIANISMO. A palavra
“cristianismo” remete a Cristo e representa a religião com o maior número de
seguidores no mundo. Tem raízes semelhantes ao judaísmo e entende Jesus Cristo como
o Messias ou o próprio Deus. Ao longo da história da Humanidade, o cristianismo
sofreu cisões e o surgimento de divisões. Assim sendo, temos o catolicismo
romano, a igreja oriental (ou ortodoxa) e o protestantismo. Embora com atuações diferentes, todas as divisões do cristianismo
ideologicamente entendem Jesus Cristo como o Eleito, o Filho de Deus. E a
celebração da Páscoa é sobre a ressurreição de Jesus e a salvação da
Humanidade, um ponto central da fé cristã. Desse modo, veja como cada uma das
três divisões celebra o período CATOLICISMO ROMANOS. Foi no
Concílio de Niceia que o Imperador Constantino e o Papa Silvestre I
consolidaram a doutrina da Igreja Católica e o catolicismo como a religião
oficial do Império Romano, que já havia admitido a livre escolha da crença
religiosa pelo povo, sem as perseguições e mortes que muitos haviam
anteriormente sofrido. Foi neste Concílio que se instituiu a Semana Santa entre
o Sábado de Aleluia e o Domingo da Ressurreição, que é o Domingo de Páscoa. O
termo Páscoa significa passagem, mas, nesse caso, para a vida eterna, passagem
esta que Jesus Cristo teria feito quando ascendeu aos céus e se juntou ao Pai. A
Páscoa, para os católicos, é a celebração da ressurreição de Jesus Cristo,
depois de ter percorrido a Via Crucis, ter sido humilhado, torturado,
crucificado e morto. Ela traz esperança na vida eterna e a crença de que o
Filho de Deus aqui esteve para que o ser humano fosse salvo de seus pecados,
principalmente porque, à época de sua vida terrena, a conduta humana era
dissonante dos preceitos religiosos deixados pelos profetas. A morte de Cristo
foi um sacrifício voluntário dEle para salvar a Humanidade de seus pecados e,
devido a Ele, o ser humano recebeu uma segunda oportunidade. A data de celebração da Páscoa é móvel e corresponde
ao primeiro domingo da primeira Lua Cheia após o equinócio de primavera no Hemisfério Norte e do equinócio de outono no Hemisfério Sul, entre 22 de março e 25 de abril, de
acordo com o calendário gregoriano. Para a comemoração da Páscoa, os católicos
vão à missa, assistem à encenação da crucificação e da ressurreição de Cristo,
participam de procissões e almoçam com os familiares. Nesse dia, a carne
vermelha pode ser consumida nas refeições, pois durante toda a Quaresma,
incluindo a Semana Santa e a Sexta-Feira Santa, ela foi um item de jejum, tal
qual outras penitências do período para se redimir dos pecados. No domingo de
Páscoa, durante as missas, os párocos utilizam vestuário branco ou dourado,
simbolizando o renascimento. IGREJA ORTODOXA. Embora a Páscoa, para os
ortodoxos, tenha o mesmo significado daquele atribuído pelos católicos romanos
quanto à ressurreição de Jesus Cristo, eles festejam a data de forma bem
rigorosa, com idas às missas, uso de muito vermelho (considerada por eles a cor
da vida) e jejuns seguidos à risca, nos quais não são consumidos defumados,
carnes, manteigas e linguiças. Contudo ele é encerrado na primeira Lua
Cheia após o equinócio de primavera no Oriente, uma data móvel, quando é
servido um pão de frutas secas, além de ovos cozidos e todos pintados de
vermelho, lembrando o sangue derramado por Cristo para salvar a vida dos
Homens. Quanto à data da Páscoa em si, pelo fato de os ortodoxos adotarem o
calendário juliano (referência ao imperador romano Júlio César, que o instituiu
no ano 46 antes de Cristo), ela sempre vai ocorrer após a celebração da Páscoa
judaica. Para se ter uma ideia da diferença, em 2021, os ortodoxos vão celebrar
a Páscoa em 2 de maio. Aliás, diferentemente dos católicos romanos, a
celebração é feita durante toda a semana que segue o domingo de Páscoa. No
período da Quaresma, os representantes religiosos ortodoxos celebram missas
abertas a todos (ortodoxos ou não), com cantos em latim. PROTESTANTES. Os protestantes se dividem em luteranos,
anglicanos, pentecostais e outros. Contudo a Páscoa tem o mesmo significado
para todos os cristãos, variando apenas a forma de celebrar. De um modo geral,
as celebrações são feitas com reflexão e orações. Na sexta-feira da Paixão,
acontece um culto especial com apresentações de teatro, música e dança. No
domingo de Páscoa há um louvor à ressurreição. Quanto à data a ser comemorada,
ela segue basicamente o mesmo calendário da Igreja Católica. ISLAMISMO. Os
muçulmanos acreditam num único Deus, Criador de todas as coisas, a quem
atribuem o nome de Alá e recebem os Seus ensinamentos por meio dos profetas,
como é o caso de Maomé. Eles enxergam Jesus Cristo como um profeta. Para os
muçulmanos, Jesus Cristo não morreu após a Última Ceia, mas foi arrebatado,
indo para perto de Alá sem ter passado pelo sacrifício da crucificação e lá
permanece até o momento de voltar à Terra. Desse ponto de vista, a Páscoa e a
semana que a antecede não têm significado especial para eles. Mesmo
tendo as mesmas origens e profetas como Abraão, Noé e Moisés, o judaísmo, o
cristianismo e o islamismo seguiram destinos históricos diferentes. Lembrando
que esta última religião surgiu no ano 570 depois de Cristo. Para a crença
islâmica, o profeta é um ser sagrado com a missão de trazer a palavra de Deus
e, por tal motivo, nunca poderia ser crucificado. Para eles, a Páscoa significa
a renovação da fé, mas eles não a celebram, sendo o Ramadã o mês de jejum. No
Brasil, há cerca de 35.167 muçulmanos, conforme o censo demográfico do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feito em 2010.
Entretanto instituições islâmicas no país apontam que o número de seguidores da
religião é superior a 1,5 milhão, sendo a maior comunidade no estado do Rio
Grande do Sul. BUDISMO. O budismo é uma
religião que surgiu com Buda (Siddhartha
Gautama) no norte da Índia, por volta do século V antes de Cristo. Atualmente,
ela abrange países como China, Japão, Paquistão, Nepal, Sri Lanka, Afeganistão,
Tailândia e outros. No Brasil, há 243.966 praticantes, conforme dados do IBGE
no censo de 2010. Os adeptos dessa religião não celebram a Páscoa, que não faz
parte de suas doutrinas. SIKHISMO. Embora com cerca de mil adeptos no Brasil,
essa é a quinta maior religião do mundo, com aproximadamente 20 milhões de
seguidores. Entendida como sincrética entre o hinduísmo, o islamismo e o
sufismo (uma das linhas do islamismo), ela concebe Deus como eterno e sem forma
e que todos os seres humanos estão separados dEle devido ao egocentrismo, por
isso todos permanecem num ciclo de renascimento. Entre suas doutrinas
está a crença no karma, para o qual ações positivas geram resultados positivos
e permitem atingir elevação espiritual. Contudo não entende Jesus Cristo como
um ser especial e rejeita o sacrifício dEle como meio de salvação do ser
humano. Para os sikhs, Deus, sendo justo, não pode perdoar um pecado sem que
cada um pague individualmente pela justa dívida. Assim, no sikhismo não existe
significado para a Páscoa. ESPIRITISMO. No Brasil, há 123.4 milhões de
fiéis ao espiritismo, conforme o censo de 2010 do IBGE. Segundo a doutrina da
religião, os espíritas reconhecem em Jesus Cristo um grande Mestre Ascensionado
que veio ensinar aos homens os meios para a evolução espiritual. Eles respeitam
todas as manifestações religiosas, contudo entendem que esse período de Páscoa
deve ser destinado à reflexão e à renovação de pensamentos e atitudes, para
fazer surgir uma nova pessoa. Essa doutrina religiosa percebe
a reforma íntima pela qual os discípulos de Jesus passaram, quando sentiram o
amor do Mestre e entenderam a possibilidade da vida além do túmulo. Logo, a
celebração da Páscoa deve se destinar à conexão com Jesus Cristo e Sua presença
no coração de cada um. A Semana Santa, a exemplo da conduta do Mestre, deve ser
de ajuda ao próximo, similar ao que Ele ensinou, como forma de homenageá-lo. Na
doutrina espírita, Jesus Cristo é a materialização do corpo espiritual no corpo
físico, que cumpriu a sua missão na Terra, ensinando aos seres humanos o amor
divino. Ele passou pela desencarnação e retornou ao plano espiritual do qual já
fazia parte sem ressurreição do corpo. HINDUÍSMO. Embora tenha poucos adeptos da religião no Brasil, ela é a
maior entre as politeístas e uma das oito que mais têm seguidores no mundo. As
divindades mais importantes são Brahma (que representa a força criadora do
universo), Brahma, BKrishna, Ganesha, Vishnu
e Shiva. Jesus Cristo, para os hindus, é compreendido como Deus que
se manifesta em forma humana e protege o povo das forças malignas, como um
avatar. Ele é visto como aquele que vem à História humana para conduzi-la à sua
plenitude, estando inserido nela. Desse ponto de vista, não há morte nem
tampouco ressurreição, por isso os hindus, principalmente na Índia, celebram a
Páscoa como o surgimento do deus Krishna e a chegada da primavera, quando
acontece o Festival Holi, com música, dança, cor e comidas especiais. RELIGIÃO
TRADICIONAL CHINESA. A China é uma nação que tem em suas raízes três grandes
bases filosóficas e religiosas: o confucionismo, o taoísmo e o budismo. Outras
menores ou vertentes dessas três maiores constituem a chamada religião
tradicional chinesa, um conjunto de valores, crenças e práticas espirituais com
várias divindades desenvolvido ao longo dos séculos e que valoriza o culto e o
respeito aos antepassados. É uma das principais do mundo, com cerca de 454
milhões de seguidores. Nela, a Páscoa não é celebrada. No Brasil, essa
religião não é significativa, embora haja em São Paulo e no Rio de Janeiro dois
templos taoístas. Estima-se que a população de chineses e descendentes no país
seja de cerca de 200 mil, embora os dados da imigração na Polícia Federal,
publicados em 2014, apontem apenas 37.417 chineses, concentrados 80% na região
sudeste. RELIGIÃO DE MATRIZ AFRICANA. Os seguidores do candomblé e da
umbanda, religiões de matriz africana, não celebram a Páscoa, embora respeitem
as tradições relacionadas à Igreja Católica. O período da Quaresma, por
exemplo, tem como significado o combate dos orixás ao mal, por isso as
atividades nos terreiros são interrompidas. No Brasil, segundo dados do IBGE,
publicados no censo demográfico de 2010, as duas religiões, juntas, representam
500.219 praticantes, porém abrangem ainda outras religiões menos expressivas.
Para finalizar, vimos que a Páscoa tem significados religiosos profundos, de
épocas milenares, que permanecem vivos nas tradições de celebração da data.
Diferentemente das religiões politeístas e com divindades muito específicas,
Jesus Cristo é respeitado como um grande líder influenciador no aperfeiçoamento
do espírito humano e na conexão do humano com o divino. Renovação,
renascimento, amor ao próximo, caridade, união familiar e fé são alguns temas
centrais com os quais devemos ter contato rotineiramente, especialmente nesse período.
Assim, mantenha a ligação com o que te faz evoluir espiritualmente nesse
mosaico que se chama Humanidade! Feliz Pascoal aos leitores do Mosaico
Espiritual. Do Brasil e de todas as nações de nosso amado planeta Terra. www.eusemfronteiras.com.br. Abraços.
Davi.
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