terça-feira, 5 de abril de 2022

I. O REVELADOR (ALLAH). O MENSAGEIRO (PROFETA). A MENSAGEM (ISLAM)

 

Islamismo. www.arresala.org.br. Por Sayyed Mohammad Bagir Assadr. Tradução de Edna Andrade. II. O REVELADOR (ALLAH). O MENSAGEIRO (PROFETA). A MENSAGEM (ISLAM). Em Nome de Deus, O Clemente, O Misericordioso. INTRODUÇÃO. Certos Ulemás eminentes, assim como um grande número de nossos estudantes e fieis me pediram seguir o exemplo de meus predecessores e de suas obras, respeito a um sujeito cuja importância cresce dia após dia: se trata de escrever uma “tese prática” (Al-Riçala al- amaliyya, espécie de manual ou guia prático escrito pelo mujtahid (sábio religioso competente) com o fim de que os fiéis se referissem a ele para cumprir corretamente suas obrigações religiosas), como é habitual entre os Ulemas, uma introdução breve ou detalhada tratando sobre a demonstração da existência de Deus e a pertinência dos fundamentos dos Uçul ( fontes, princípios, raízes) da religião islâmica. Pois uma “tese prática” é a expressão do esforço de busca pessoal sobre os estatutos da Shariah (a lei ou legislação islâmica) que Deus revelou por mediação do Selo dos Profetas (o último mensageiro de Deus, o Profeta Muhammad), para o benefício dos mundos. Esta expressão baseia-se essencialmente na aceitação destes “Uçul”, pois a crença em Deus o Revelador, o Profeta Mensageiro e a Mensagem que Deus enviou, constitui a base do conteúdo de toda “tese prática” e a prova de sua necessidade. Impulsionado pelo desejo de servir ao Senhor e estimando a necessidade de tal ação, respondi positivamente a esta demanda. E neste sentido, me confrontei à pergunta seguinte: em que estilo deveria escrever esta introdução? Deveria me esforçar em escrevê-la em um estilo tão claro e fácil como o do livro “Al-Fatawah al-Widhiha” (“As decisões jurídicas claras”, título da “tese prática” do autor) o qual está destinado para o leitor que é capaz de compreender o juízo jurídico destes “Fatawah” (decisões jurídicas emitidas pelo mujtahid) e pode compreende-los facilmente? Depois da reflexão, me dei conta que há uma diferença essencial entre a introdução em questão e o livro à que vai dirigida. Quando o livro é próximo a expor as leis religiosas e os resultados de ijtihad (esforço pessoal de busca, feito por um sábio religioso competente com vistas a emitir um juízo religioso) e da dedução sem demonstra-las nem discuti-las, a introdução proposta não se contenta em expor os sujeitos que aborda. Porque, por um lado, a convicção é uma obrigação religiosa quando se trata dos Fundamentos Religiosos, e de outro lado, o propósito da introdução é afirmar os pilares e os fundamentos da religião. Dito arraigo ou afirmação não se pode fazer mais que com a demonstração. Agora bem, a demonstração em si mesma tem seus graus. Porém estes graus, mesmo os mais simples e mais evidentes dentre eles, são totalmente convincentes. E se o homem conservasse sua consciência ao estado livre e natural, bastara-lhe o modo de demonstração mais simples para crer no Criador: “são eles os criados do nada, ou eles os criadores” (Alcorão LII, 35). Infelizmente, o pensamento moderno, há dois séculos, não deixou a esta consciência sua liberdade e sua pureza. É por isto que a demonstração precisa de um aprofundamento, quando vai destinada a um indivíduo impregnado do pensamento moderno e de seus métodos de busca com o fim de culpar as vidas que a consciência livre a cumpre, na demonstração mais simples e evidente. E todavia, devo optar por uma das duas possibilidades seguintes que me oferecem: Quer dizer, ou escrevo a introdução para aqueles cuja consciência permanece livre e protegida das correntes do pensamento moderno (neste caso, a demonstração deve ser simplificada, e a expressão clara e compreensível para a maioria dos leitores da “Al-Fatawah Al Wadhiha”). Ou a escrevo para aqueles que vivem o pensamento moderno, estudando em seu quadro e aprendendo mais ou menos de suas posições frente a frente da teologia. Decidi optar pela segunda solução. Dito isto, me esforcei em ser explícito, em geral, escrevendo ao nível dos intelectuais médios, universitários ou teólogos. Evitei, o mais possível, os termos e expressões matemáticas, assim como as evocações complicadas. Porém, ao mesmo tempo, preservei ao leitor mais conhecedor, seu direito a uma compreensão mais exaustiva, resumindo-lhe certos pontos profundos e remetendo-lhe, para mais detalhes, as minhas outras obras tais como “Al-Usus Al-Mantiqiyya Lil Istiqrá” (Os fundamentos Lógicos do Raciocínio Indutivo). Ao mesmo tempo, provei fazê-lo de forma que o leitor de um nível menos elevado encontre em certas partes desta introdução um sustento intelectual assimilável e uma demonstração convincente. Em um plano geral, o primeiro processo na demonstração científica indutiva da existência do Criador pode ser, em si mesma suficiente e clara. Na continuação vamos a tratar da questão do Revelador, do mensageiro de Deus e seguidamente da mensagem. Para guiar minha tarefa, não conto mais que com Deus, ao qual me confiei e ao qual pertenço. Muhammad Baqr As-Sadr. PRIMEIRA PARTE. O REVELADOR (Al-Mursil). CRER EM DEUS, GLORIFICADO E EXALTADO. O homem chega a crer em Deus desde os tempos mais remotos. Tem adorado a Deus, tem lhe vertido sua fidelidade e provou um profundo apego a Ele, antes de conhecer toda abstração especulativa e filosófica e de alcançar a compreensão completa dos modos de demonstração. Esta crença não nasceu de uma contradição de classes; nem do produto de exploradores injustos querendo consagrar sua exploração, nem do fato de explorados, vítimas de injustiças e com desejos de encontrar assim uma escapatória; pois na história humana precede todas as contradições deste gênero. Tampouco é consequência de apreensões várias, nem de um sentimento de terror diante das catástrofes naturais e seus comportamentos hostis. Se a religião fosse o fruto do medo e o resultado de um sentimento de terror, as pessoas mais religiosas seriam ao largo da história, os mais medrosos e os mais inclinados ao pavor, quando melhor são as pessoas mais valentes e os mais aguerridos que tem levado o estandarte da religião através dos tempos. Esta crença é o reflexo de um pendimento original que empurra o homem a unir-se com seu Criador; um sentimento íntimo e sólido que une o ser humano de uma forma inata ao Senhor e a sua existência. Em uma etapa anterior de sua história, o Homem se pôs a filosofar sobre as coisas da existência que lhe rodeavam. Ele tem lançado em mente noções gerais, tais como a existência, o nascimento, o dever, a possibilidade, a impossibilidade, a unidade, o número, a complexidade, a simplicidade, a parte, o todo, o progresso, subdesenvolvimento, a causa e o efeito. Tem tendido a utilizá-las e a aplicá-las sobretudo no domínio da demonstração com o fim de reforçar melhor sua crença original em Deus, tratá-la filosoficamente e remetê-la em evidência pelos métodos de busca filosófica. Quando a experiência foi um instrumento de saber no domínio da busca científica, e quando os pensadores raciocinaram que estas noções gerais não bastavam por elas mesmas para descobrir as leis da natureza, nem para conhecer os segredos do Universo, estes últimos (os pensadores) adquiriram a convicção de que a sensação e a observação científica constituem o ponto de partida essencial para a busca dos ditos segredos e leis. Esta corrente sensualista de busca é útil em geral para desenvolver a experiência do Universo e para ampliá-lo em grande medida (dimensão). Seu caminho começa pela afirmação de que a sensação e a experiência são dois instrumentos que a razão e o conhecimento humano deveriam utilizar para descobrir os segredos do Universo e seu sistema completo que rodeia o homem. Assim, em lugar de Aristóteles, por exemplo, que se sentaria em seu quarto fechado meditando sobre o tipo de relação que existiria entre o desprazamento de um corpo de um ponto a outro do espaço e a força motriz concluindo que o corpo em movimento se imobiliza quando a força motriz se esgota; um Galileu que observa os corpos móveis para tomar nota e deduzir outro resultado e relação diferente entre o movimento do corpo e a força que o anima: quando um corpo encontra uma força que o põe em movimento, não cessa seu movimento (ainda se esta força se esgota), se não se opõe a uma força que o para. O sensualismo em questão, pois, tende a encorajar aos buscadores no domínio da natureza e das leis dos fenômenos do Universo, cumprindo sua busca através de duas etapas: a primeira é aquela de sensação e experiência e do aparente de seus dons; a segunda é a etapa racional, dedução e coordenação desses dons, com vistas a antecipar uma interpretação geral e aceitável. O sensualismo, em sua realidade científica e através das práticas de seus sábios, não pretende passar-se nem um ponto a razão. Ao contrário nenhum dos sábios da natureza tem conseguido descobrir, pela sensação e a experiência, um segredo do universo nem uma de suas leis sem o concurso da razão. Pois o sábio encontra, na primeira etapa, as notas que lhe proporcionam suas experiências, assim como suas próprias notas; e na segunda etapa as confronta com sua razão até que chega a um resultado. A nosso juízo, nenhuma conquista científica tem conseguido realizar-se sem a conjugação das duas etapas: a primeira, tratando do aspecto sensível; a segunda, havendo tratando o aspecto dedutível e racional que a razão realiza, e que não pode ser percebido diretamente pelas sensações. Assim, tomemos o exemplo da lei de atração universal. Newton não a percebeu pela sensação direta, nem pela força de atração entre dois corpos, nem pelo fato de que são inversamente proporcionais ao quadrado da distância entre seus corpos e diretamente proporcionais ao produto de multiplicação de suas massas; a percebeu pela sensação; tanto a queda da pedra quando a lançou ao ar, assim como a revolução dos planetas ao redor do sol. Pôs-se a pensar, então, sobre os dois fenômenos simultaneamente e esforçou-se em explicá-los ajudando-se das teorias de Galileu e da aceleração regular dos corpos caindo sobre terra ou rodando superfícies em pendente e beneficiando-se das leis de Kepler que tratavam do movimento dos planetas e entre as quais uma estipula que “o quadrado do tempo da revolução de cada planeta ao redor do Sol é proporcional a distância que o separa”. É, pois, à luz de todos estes conhecimentos e observações, quando descobre a lei de atração universal em virtude da qual “todos os corpos materiais se atraem mutuamente, em razão de suas massas e em razão inversa ao quadrado de suas distâncias”. Esta tendência sensualista e experimental de busca sobre o sistema do Universo poderia ter conseguido, e deveria, prover um novo argumento excelente à crença em Deus, em razão de suas possibilidades de descobrir todas as classes de harmonia (os fenômenos do Universo e as provas da Sabedoria) que indicam a existência do Criador. Porém os sábios naturalistas, entanto que sábios da natureza, não estavam preocupados no esclarecimento desta questão, considerada hoje, todavia, como um problema filosófico, segundo a classificação em vigor, entre os problemas e questões do saber humano. Assim, a tendência filosófica e racional não tem demorado em fazer sua aparição no domínio da filosofia, e ao exterior do quadro da ciência, para provar racionalizar este sensualismo e convertê-lo em filosofia. Tem anunciado que o único meio de conhecimento é a sensação: que ali onde se para a sensação, se detêm o conhecimento do homem, e que tudo aquilo que não pode ser submetido nem de uma forma nem de outra a experiência, o homem não têm meios de prová-lo. Partindo desta afirmação serviram-se rapidamente deste sensualismo e da ciência experimental, para refutar a ideia da crença em Deus: dado que Deus não é um ser perceptível pela sensação e que não se pode nem Ver-lhe nem ter a sensação de Sua existência, não se pode, pois, prová-lo. Esta utilização impertinente do sensualismo não foi feita pelos sábios que tinham praticado com êxito a experimentação, senão por um grupo de filósofos de tendência racionalista que lhe deram uma interpretação filosófica ou racional inexata. Mas pouco a pouco, estas tendências extremistas caíram na contradição. No plano filosófico se viram arrastadas a renegar a realidade objetiva, quer dizer, no Universo o qual vivemos em bloco e em detalhe, dado que depois delas, o homem não possui mais que a sensação e ela lhe permite conhecer as coisas entanto que as sente, e não entanto que são. Assim, quando percebemos uma coisa, podemos afirmar que existe em nossa sensação; quanto a sua existência fora de nossa consciência, de uma forma objetiva, independente e anterior à sensação, não podemos prová-la. Vendo a lua e o céu, podemos afirmar somente que nós vemos e percebemos a lua neste momento exato. Quanto, a saber, se a lua existe realmente no céu, e se ela existia antes que nós abríssemos nossos olhos para vê-la, aqueles que tinham estas tendências, eram incapazes de afirmá-la, exatamente como o estrabista que vê as coisas que não existem e afirma que as vê, porém sem poder afirmar sua existência em realidade. Assim, em sensação e si mesma, deixou de ser o meio de conhecimento do sensualismo filosófico. Em lugar de ser um meio de conhecimento, será seu termo final. O conhecimento sensitivo não existirá mais que como um fenômeno independente de nossa consciência e percepção. No plano racional, o sensualismo, em sua versão mais moderna, se encaminha para a posição seguinte: se a verdade ou a falsidade da significação de uma frase não podem ser verificadas pela sensação ou a experiência, a frase é considerada como um grupo de palavras desprovidas de sentido, exatamente como as letras do alfabeto que se pronunciam em uma ordem dispersa. Porém, quando se pode verificar a veracidade ou a falsidade de sua significação, constitui uma palavra que tem um sentido. Neste segundo caso, se a sensação estabelece a conformidade de seu significado à realidade, a frase é verídica. Em revanche, se esta sensação estabelece o contrário, é considerada como falsa. Assim, se dizemos: A chuva cai do céu no inverno, fazemos uma frase significativa (por seu conteúdo). Porém se dizemos: a chuva cai no verão, a frase tem um sentido, mas o conteúdo é falso. E se dizemos: uma coisa que não se pode ver nem perceber cai na “Noite do Destino” (Laylat Al-Qadr, noite especial para os muçulmanos), teremos uma frase desprovida de sentido, abstração feita de sua veracidade ou de sua falsidade, dado que não se pode verificar o conteúdo nem pela sensação nem pela experiência; pois é exatamente como se disséssemos: dize (palavra sem sentido, inventada pelo autor como exemplo de um sem-sentido) descenda a Noite do Destino. Da mesma forma que aquela frase não tem sentido, esta outra não tem tampouco. Por conseguinte, dizer, Deus existe, é como se dissesse: Dize existe. Do mesmo jeito que a segunda frase está desnuda de sentido, a primeira está também, dado que não se pode conhecer a Deus pela sensação e a experiência. Esta corrente racionalista tropeça-se com uma contradição pela simples razão de que seu raciocínio, baseado na extrapolação, não pode ser percebido pela sensação e percepção direta, resultando assim, uma palavra carente de sentido. O racionalismo procede por generalização, do fato que pretende que toda frase cuja significação não pode ser verificada pela sensação e a experiência não tem sentido. Ou toda generalização adianta o quadro da sensação, pois esta não cobre mais que os casos parciais limitados. Desta forma, esta corrente tem acabado por contradizer-se ela mesma, além de contradizer todas as generalizações científicas pelas quais os sábios interpretam de uma forma global os fenômenos do Universo; pois a generalização (toda generalização), não pode ser percebida diretamente pela sensação, e é sobretudo deduzida e demonstrada a partir dos indícios provenientes dos fenômenos sensíveis limitados. Por sorte, a ciência não tem prestado atenção, em sua marcha e em sua evolução continua, a estas correntes. Ela prossegue suas buscas nos descobrimentos do Universo, sempre a partir da sensação e da experiência; e, sobrepassando os limites estreito das tendências filosóficas e racionalistas, ela emprega os esforços racionais em vistas a coordenar os fenômenos, voltar a colocá-los nos quadros normativos gerais e descobrir os laços e as relações que existem entre eles. Paralelamente, a influência filosófica e racional das tendências extremistas se reduz ao mesmo nível que as doutrinas filosóficas materialistas. Assim, a filosofia materialista moderna, representada pelos adeptos do materialismo dialético, rejeita completamente todas estas tendências e se atribui o direito de sobrepassar o quadro da sensação e a experiência, constituindo a primeira fase pela qual o sábio começa sua busca, assim como a da segunda fase, pela qual termina essa busca, com o fim de poder comparar os diferentes dons da ciência, dar uma interpretação teórica geral e determinar os laços e as relações eventuais que existem entre elas. Quando o materialismo dialético, último herdeiro do materialismo na história, tem respondido a uma interpretação global do Universo em um quadro dialético, tem resultado ele mesmo no metafísico, segundo o ponto de vista das tendências sensualistas extremistas. Isto significa que o materialismo e o teísmo concordam para ultrapassar o quadro da sensação (que as tendências materialistas extremistas afirmavam, portanto, não é necessário superar) e que será admitido em adiante; que o conhecimento passa por duas fases: a da concentração dos dons da sensação e da experiência, e da interpretação teórica e racional destes dons. Porém, o que separa ao teísmo do materialismo é o tipo de interpretação que necessita deduzir os diferentes dons da ciência ao termo da segunda fase. Quando o materialismo propõe uma interpretação que renega a existência de um Criador, o teísmo pensa que estes dons não podem ser convincentes senão admitindo a existência de um Criador. Agora vamos expor dois tipos de demonstração da existência do Criador. Cada um deles encarna os dons da sensação e a experiência de um lado, e a organização racional de ditos dons em vistas a deduzir a existência de um Criador deste universo, de outro lado. Chamamos a primeira demonstração, científica (indutiva), e a segunda demonstração filosófica. Antes de começar com a primeira demonstração, quer dizer a científica, é conveniente começar definindo-a: A demonstração científica é toda demonstração baseada na sensação e na experiência, seguindo o método de raciocínio indutivo fundado sobre o cálculo das possibilidades. É este método de raciocínio indutivo fundado sobre o cálculo das possibilidades, o que nós adotamos como método de demonstração científica, com o fim de provar a existência do Criador (1). Pelo que chamaremos a demonstração científica da existência do Criador: demonstração indutiva. (1) O método da demonstração, não é a demonstração em si mesma. Pois vocês podem demonstrar que o Sol é maior que a Lua, baseando-se nas afirmações dos sábios. O método é aqui, o fato de considerar a afirmação dos sábios como demonstração da verdade. Vocês poderiam igualmente pretextar que fulano vai morrer rapidamente baseando-se em um sonho que tivessem tido, e no qual sonhassem sua morte. O método, neste caso, é tomar os sonhos como demonstração da verdade. Vocês podem, enfim, argumentar que a terra é um grande imã bipolar que tem um pólo negativo e um pólo positivo; remarquem que uma agulha imantada em posição horizontal orienta sempre uma de suas duas extremidades para o Norte, a outra para o Sul. O método consiste aqui, em adotar a experiência como demonstração. A veracidade de cada demonstração está fundamentalmente ligada à veracidade do método do qual depende. A DEMONSTRAÇÃO CIENTÍFICA DA EXISTÊNCIA DE DEUS. Já temos dito que a demonstração científica da existência de Deus adota o método de raciocínio indutivo baseado sobre o cálculo das possibilidades. Antes de revisar esta demonstração queremos explicar de antemão este método e avaliá-lo, com o fim de conhecer em que medida podemos confiar nele, para descobrir as verdades e reconhecer as coisas. O método da demonstração indutiva fundada sobre o cálculo das possibilidades tem formas complexas e um alto grau de precisão. Uma apreciação global e precisa deste método necessita de um estudo analítico completo dos fundamentos lógicos da indução e da teoria da probabilidade. Também prestaremos atenção para evitar ao leitor as dificuldades, assim como todas as fórmulas complexas e toda analise dificilmente compreensível. Para isto, devemos tomar seguidamente duas demarcações: Determinar o método da demonstração que vamos a seguir prosseguir explicando, simplificando e resumindo seus limites. Apreciar este método e determinar em que medida nós podemos confiar nele. Para isto, não procederemos por análise racional, nem pela explicação das bases lógicas e matemáticas sobre as quais está fundado (pois isto nos obrigaria a abordar as questões complexas e as idéias fortemente delicadas), senão referindo-nos as suas outras aplicações científicas, admitidas geralmente por todo homem constituído normalmente. Explicaremos que o método adotado na demonstração da ciência do Criador é o mesmo que utilizamos tanto na demonstração da nossa vida ordinária e cotidiana, como naquelas de buscas científicas e experimentais, demonstrações as quais damos inteira confiança. E dado que colocamos confiança nesse método para demonstrar as verdades de nossa vida cotidiana, devemos confiar, nele, igualmente, para demonstrar a existência do Criador, o Qual é à base de todas as verdades. Isto é o que vamos explicar na continuação. Em sua vida cotidiana e habitual, quando você recebe uma carta pode adivinhar antes de lê-la que vem de vosso irmão, por exemplo. Quando você constata que um médico persiste em curar numerosas enfermidades, põe confiança nele e estima que é hábil. Quando uma injeção de penicilina que injeta em dez casos de enfermidade provoca depois de cada utilização sintomas similares, você deduz que vosso corpo tem uma alergia particular contra a penicilina. Em todas estas deduções e em outros casos similares, utiliza-se, em realidade, o método da demonstração indutiva, baseada no cálculo das probabilidades. Em outro plano, o sábio tem remarcado através de sua busca científica as propiedades particulares do sistema solar, e conclui que os astros que o compõe fazem parte, de fato, do Sol separando-se a continuação. Tem demonstrado a existência de Netuno, um dos planetas deste sistema, deduzindo-o da observação das trajetórias dos movimentos dos planetas, antes de descobrir Netuno e a sensação. Quando ele tem deduzido, à luz de fenômenos precisos, a existência dos elétrons antes de descobrir o microscópio atômico, tem seguido (em todos estes casos) em verdade, o método de raciocínio indutivo, baseado sobre o cálculo das probabilidades. É este mesmo método que vamos adotar para demonstrar a existência do Criador; e é o que vamos ver claramente, quando passarmos revista sobre esta demonstração. A DETERMINAÇÃO DO MÉTODO E SUAS DEMARCAÇÕES: O método da demonstração indutiva baseada sobre o cálculo das probabilidades pode resumir-se (por ser simples e claro) em cinco demarcações: 1a Consideramos, no quadro da sensação e da experiência, numerosos fenômenos. 2a Depois de observá-los e reuni-los passamos à fase de sua interpretação. O que se exige nesta fase é achar uma hipótese válida para interpretar todos estes fenômenos e justificá-los. Por “válida para interpretar todos esses fenômenos”, entendemos que se a hipótese se estabelecia na realidade, deveria poder sondar (e concordar com) a existência de todos esses fenômenos (que existem efetivamente). 3a Remarcamos que se esta hipótese não está nem justificada nem estabelecida na realidade, à sorte de existência da simultaneidade destes fenômenos reunidos é muito pequena. Em outros termos, se supomos que a hipótese é inexata, o informe da probabilidade da existência de todos estes fenômenos, tem a probabilidade de sua inexistência, ou ao menos, a inexistência de um dentre eles, é muito fraca: 1%, por exemplo; 4a Do precedente concluímos que a hipótese é justa, e nesse caso, nossa previsão de sua justiça é a existência destes fenômenos que temos percebido na 1a demarcação. 5a A possibilidade destes fenômenos de demonstrar a hipótese (emitida na 2a demarcação) varia, em razão direta ao informe da probabilidade da existência da união destes fenômenos, à probabilidade de sua existência (entendendo: sua inexistência, ou a inexistência de um deles, pelo menos), no caso em que a hipótese era inexata. Quanto mais fraco era este estudo, mais cresce a possibilidade de que a demonstração alcance, em muitos casos ordinários, o grau de certeza total da exatidão da hipótese. De fato, há regras e critérios precisos baseados sobre o cálculo das possibilidades para a determinação de uma probabilidade. Nos casos ordinários, o homem aplica de uma forma natural e inata, e quase muito corretamente, estes critérios e regras. É pelo que nos contentaremos em basear-nos aqui na apreciação natural e inata do valor da probabilidade, sem entrar nos detalhes complexos dos fundamentos lógicos e metafísicos de dita apreciação. Tais são, pois, as demarcações que se seguem habitualmente em todo raciocínio indutivo baseado sobre o cálculo das probabilidades, assentado no domínio da vida ordinária, ou de busca científica, ou o da demonstração que vamos utilizar a seguir para provar a existência do Criador. A APRECIAÇÃO DO MÉTODO: Para apreciar o valor deste método através das aplicações e dos exemplos, como temos prometido, começaremos a continuação com alguns exemplos correntes: Temos dito, que quando vocês recebem uma carta, a leem e deduzem que vêm de seu irmão (e não de outra pessoa anelando corresponder-se com vocês), tem se utilizado em efeito, a um raciocínio indutivo baseado no cálculo das probabilidades. E tão evidente possa parecer-lhes esta dedução, fizeram-na, na verdade por raciocínio indutivo idêntico ao que nós fazemos referência. Assim, a primeira demarcação que vocês têm efetuado mentalmente foi a de confrontar vários ‘fenômenos’ (indicações) tais como: o fato de que o homem do remetente corresponde perfeitamente ao seu irmão, que a escritura da carta, em todos seus detalhes (a grafia de todo alfabeto) é idêntica a de seu irmão; que as palavras, e os sinais de pontuação estão depostos da mesma forma à que seu irmão utiliza; que o estilo, a expressão e seu grau de solidez, assim como seus pontos fracos e seus pontos fortes, correspondem inteiramente aos de seu irmão; que a ortografia e as faltas de ortografia são as mesmas; que as informações descritas pela carta, correspondem às que seu irmão conhece; que seu remetente lhes pede em sua carta, as coisas e expõe as opiniões que traduzem perfeitamente as necessidades e as opiniões de seu irmão… Tais são, pois, as indicações (os fenômenos) que vocês têm remarcado na primeira demarcação. Na segunda demarcação, vocês têm se perguntado se esta carta tem sido enviada realmente por seu irmão ou por outro indivíduo que leva o mesmo nome… Aqui, emitem uma hipótese com o fim de explicar e justificar todas essas indicações: ‘a letra é bela, pois é de meu irmão’. Dado que se é de seu irmão, é de todo normal que comporte todos estes dons que vocês têm remarcado na primeira demarcação. No curso da terceira demarcação, vocês se perguntam o seguinte: se a carta não fosse de meu irmão, senão de outra pessoa, qual seria a sorte que ela contém todos os dons e particularidades que tenho observado sobre a primeira demarcação? Para que tivesse tal sorte é necessário à existência de muitas coincidências correspondentes ao número de todos os dons e particularidades observadas: é necessário supor que se trata de uma pessoa que leva o mesmo nome que seu irmão e tivesse a mesma escrita (grafia, disposição das palavras), o mesmo estilo, a mesma expressão, o mesmo nível linguístico e ortográfico, o mesmo número de informações e necessidade, assim como muitas outras circunstâncias e equívocos… A probabilidade da reunião de tal número de coincidências é muito fraca. E, mais o número de coincidências que tem que supor a existência aumenta mais se debilita a probabilidade. Os fundamentos lógicos da indução nos ensinam como avaliar uma probabilidade e nos explicam se debilita, proporcionalmente ao aumento de número de azares que supõe. Porém não é necessário para um leitor que não é um expert, entrar em tais detalhes difíceis e complexos. Felizmente, a debilidade da probabilidade não depende imperativamente da compreensão de ditos detalhes: assim como a queda de um homem ao solo não depende de sua compreensão da força de atração, nem de seu conhecimento da educação científica da lei de atração universal. Você não tem necessidade de realizar um grande esforço para compreender que a sorte da existência de um indivíduo que se parece com seu irmão em todos esses detalhes, é improvável. Um banco igualmente não necessita assimilar os fundamentos lógicos da indução, para compreender que o grau de probabilidade de ver a todos seus clientes retirar ao mesmo tempo seus depósitos bancários, é muito baixa; assim como a probabilidade de que um ou dois deles os retirem, é muito possível. Na primeira demarcação, vocês dizem: dado que é pouco provável achar todas estas indicações em dita carta que não seja de meu irmão, é muito provável, pois, que seja de meu irmão. Na quinta demarcação, vocês relacionam a forte probabilidade (pela qual optam na quarta demarcação e segundo a qual “a carta seguramente é de seu irmão”), à fraca probabilidade da terceira demarcação e segundo qual “é pouco provável encontrar todas estas indicações na carta senão é de seu irmão”, concluindo que a forte probabilidade é inversamente proporcional à fraca probabilidade. Assim, mais se debilita a fraca probabilidade, mais cresce a forte probabilidade; se reforça e aparece mais convincente, todavia. E se não tem contraindicações suscetíveis de fazer pensar que esta carta não é de seu irmão, as cinco demarcações são suficientes para levar-lhes à convicção total de que dita carta vem dele. Depois desse exemplo escolhido da vida cotidiana de todas as pessoas, tomamos outro exemplo escolhido dos procedimentos que utilizam os sábios para demonstrar e provar uma teoria científica; neste caso, o nascimento dos planetas. Segundo esta teoria, os nove planetas são originários do sol e, estando separados dele, passam milhões de anos embaixo de formas de pedaços flamejantes. Os sábios coincidem geralmente sobre a origem dos planetas, porém divergem quanto à causa de sua separação do sol. A demonstração da origem do planeta se realiza segundo as demarcações seguintes: Na primeira demarcação, os sábios têm observado muitos fenômenos e os tem percebido pela sensação e a experiência. Dentre esses fenômenos assinalamos os seguintes: A revolução da Terra ao redor do Sol está em concordância com a rotação do sol, e este e aquelas o efetuam no sentido Oeste-Leste. A rotação da Terra ao redor de si mesma concorda com a rotação do Sol ao redor de si mesmo (Oeste-Leste). A Terra gira ao redor do Sol sobre uma órbita paralela e seu equador (do Sol), de tal forma que o Sol forma um pólo, e a Terra um ponto situado sobre a órbita. Os mesmos elementos dos elementos que se compõe a Terra existem mais ou menos no Sol. Há uma concordância dos quocientes dos elementos sobre a Terra e no Sol. O hidrogênio é, por exemplo, o elemento dominante. A velocidade da revolução da Terra sobre si mesma, concorda com a velocidade da rotação do Sol ao redor de si mesmo. A idade da Terra concorda com a do Sol, segunda a estimação feita pelos sábios. O interior da Terra é quente o que prova que a Terra foi muito quente em seu nascimento. A segunda demarcação: os sábios têm encontrado uma hipótese que pode explicar todos os fenômenos que tinham observado na primeira demarcação. Dito de outra forma, se a hipótese se estabelece em realidade, deve poder justificar e sondar todos os fenômenos em questão. Segundo esta hipótese, a Terra faz corpo com o Sol antes de separar-se dela por uma razão qualquer; isto é o que deve permitir-nos explicar estes fenômenos. Assim, no primeiro fenômeno segundo o qual “a revolução da Terra ao redor do Sol concorda com a rotação do sol ao redor de si mesma, e este e aquela o efetuam no sentido Oeste-Leste”, a concordância se explica (admitindo a possibilidade da hipótese) pelo fato de que quando um pedaço se separa de um corpo ele gira, permanecendo atado por um fio ou outro laço, deve continuar girando no mesmo sentido que o movimento do corpo, como o estipula a lei da continuidade. Para o segundo fenômeno, a concordância de rotação da Terra ao redor de si mesma com a rotação do Sol ao redor de si mesmo, no sentido Oeste-Leste, se explica pela mesma lei, pois o pedaço desprendido de um corpo deve continuar girando o mesmo sentido que o movimento do corpo. O que é válido para o 2o fenômeno, é válido igualmente para o 3º. No quarto e quintos fenômenos, a concordância dos elementos e de seus quocientes no Sol e a Terra, se justificam facilmente pelo fato de que a Terra é uma parte do Sol, e os elementos da ‘parte’ de um ‘todo’, são os mesmos que os do ‘todo’. No concerne ao sexto fenômeno, a concordância da velocidade da revolução da Terra ao redor do Sol e sua rotação ao redor de si mesmo, tende ao fato que os movimentos da terra obtêm sua origem do movimento do Sol. No sétimo fenômeno, temos a teoria da separação (da Terra do Sol), a qual explica ‘a concordância da idade da Terra com a do Sol’. É igualmente esta teoria da separação que nos explica o oitavo fenômeno, segundo o qual a Terra estava muito quente quando passou pelo seu nascimento. A terceira demarcação: se supõe-se que a teoria da Separação da Terra do Sol é inexata será fácil pensar que é pouco provável reencontrar todos esses fenômenos reunidos. Pois sua reunião nestas condições significa a reunião de uma série de azares sem laço compreensível. Pois a probabilidade de vê-los todos reunidos, supondo a inexatidão da teoria em questão é fraca demais; dado que para poder explicar todos os fenômenos descritos, se necessitam muitas suposições: Assim, no que concerne à concordância da revolução da Terra ao redor do Sol, com a rotação deste ao redor de si mesmo (sentido Oeste-Leste), tem que supor que a Terra era originalmente um corpo celeste, situada longe do Sol (seja se fosse criada independentemente do Sol, seja se fizesse parte de outro sol antes de ser separada dele) se aproximou-lhe; por conseguinte tem que supor igualmente que esta Terra assim lançada, entrou em sua órbita ao redor do Sol, por um ponto situado ao Oeste deste. De outra forma, se tivesse entrado nesta órbita por um ponto situado ao Leste, ela teria girado ao sentido contrário (Leste-Oeste). No que concerne à concordância da rotação da Terra ao redor de si mesma com a do Sol ao redor de si mesmo (sentido Oeste-Leste), podemos supor, por exemplo, que o outro sol do qual a Terra foi terminada, giraria de oeste a leste. Para justificar a revolução da Terra ao redor do Sol em uma órbita paralela ao equador solar, podemos supor aqui, igualmente, que ‘o outro sol’ do qual a Terra seria original, estaria situado em ponto perpendicular ao equador do nosso Sol. Quanto à concordância dos elementos e de seus quocientes na Terra e no Sol, devemos supor que a Terra (onde o ‘outro sol’ do qual ela tinha sido separada) tinham os mesmos elementos (e em proporções idênticas) que encontramos em nosso sol. Quanto à concordância da velocidade da revolução da Terra ao redor do Sol e sua rotação do Sol sobre si mesmo, podemos supor, sempre a título de exemplo, que ‘este outro sol’ em questão, explorado de maneira que deu a nossa Terra a velocidade que concorda com o movimento do Sol. E, enfim, pelo que concerne a concordância da idade respectiva da Terra e do Sol com o calor da Terra em seu nascimento, podemos supor que a Terra teria sido separada de outro sol que tivesse a mesma idade que nosso Sol, e, que está separação foi produzida de tal forma, que teria provocado nela um grau de calor muito alto. Como acabamos de ver, para justificar a reunião dos fenômenos observados tem que admitir se supor falsa a hipótese da separação, a presença de uma série de acasos, pois dita reunião é pouco provável demais. Supondo exata a hipótese, basta explicar todos os fenômenos e ligá-los uns aos outros. A quarta demarcação: dada à existência de todos esses fenômenos observados na Terra, é pouco provável demais supor que a Terra não se separou do Sol; logo estes fenômenos existem efetivamente, pois é provável que a Terra fosse separada do Sol. A quinta demarcação: estabelecemos um laço entre a forte probabilidade (a da separação da Terra do nosso Sol) que escolhida na quarta demarcação, e a fraca probabilidade (a de achar todos os fenômenos reunidos na Terra sem admitir a separação desta do nosso Sol) que temos emitido na terceira demarcação. Unindo estas duas demarcações, podemos concluir que, tanto mais a debilidade da probabilidade enunciada na terceira demarcação se acentua, mais a plausibilidade da forte probabilidade estabelecida na quarta demarcação aumenta. E a partir destes fatos podemos demonstrar a teoria da separação da Terra do Sol; e é por meio deste método que os sábios têm adquirido sua convicção absoluta. COMO APLICAR ESTE MÉTODO PARA DEMONSTRAR A EXISTÊNCIA DO CRIADOR: Depois de aprender o método geral da demonstração indutiva baseada sobre o cálculo das probabilidades, e depois de tê-lo apreciado através de suas aplicações, nos esforçamos agora em ampliá-lo em vistas a demonstrar a existência do Criador, seguindo as mesmas demarcações: A primeira demarcação: remarcamos sem cessar que um número considerável de fenômenos naturais regulares concorda perfeitamente com a necessidade do Homem entanto que ser vivente e com as exigências do desenvolvimento de sua vida, de forma que toda substituição de um destes fenômenos conduz à asfixia da vida humana sobre a Terra, ou sua paralisia. Na continuação mencionamos, a título de exemplo, alguns destes fenômenos: A Terra recebe do Sol uma quantidade de calor que lhe assegura uma temperatura suficiente à formação da vida e à satisfação das necessidades exatas (nem mais, nem menos) do ser vivente. Constatou-se cientificamente que a distância que separa a Terra do Sol, concorda perfeitamente com a quantidade de calor necessária para a vida na Terra. Se esta distância fosse o dobro da que é efetivamente, não teria existido o calor suficiente para a formação da vida; e se ela tivesse sido a metade, o calor teria sido o dobro e insuportável para a vida. Remarcamos igualmente que o córtex terrestre e dos oceanos, retém formas compostas e a maior parte do oxigênio que constitui a oitava parte de todas as águas do mundo. Apesar disso, e apesar de sua dupla disposição a combinar-se quimicamente, uma limitada parte deste gás permanece livre e participa na composição do ar. Esta parte realiza uma das condições necessárias da vida. Pois os seres viventes (Homem ou animal) têm uma necessidade imperiosa do oxigênio para respirar. E se todo oxigênio tivesse sido retido em forma composta, a vida não poderia ter existido. Tem-se remarcado que a taxa de oxigênio livre corresponde perfeitamente à necessidade do Homem e de sua vida prática. O ar se compõe, em efeito, de 21% de oxigênio. Se esta porcentagem fosse mais elevada, o meio ambiente teria sido exposto a incêndios permanentes. E se menos elevado, a vida teria sido impossível ou difícil, e não teria tido bastante oxigênio para atender as necessidades da vida. Observamos igualmente um fenômeno natural que se repete continuamente milhões de vezes através dos tempos, e que permite o mantimento de uma taxa determinada de oxigênio em constância: quando o Homem, e de uma maneira geral o Animal, respira e inspira o oxigênio, o sangue recebe-o e distribui em diferentes partes do corpo. Este oxigênio consome então a alimentação; o que produz o gás carbônico, o qual remonta aos pulmões para ser devolvido ao ar. Assim, o Homem e outras espécies animais produzem continuamente este gás que constitui uma condição necessária na vida de todo vegetal; este, por sua vez, recebendo o gás carbônico, lhe separa o oxigênio que devolve em sua forma pura no ar, para ser apto de novo à respiração. Pois nesse processo de mudança entre o animal e o vegetal, o oxigênio tem conseguido manter sua taxa; e sem ele, o oxigênio se faria raro e a vida do Homem teria sido quase impossível. E são milhares de fenômenos naturais que têm concorrido na realização deste processo de mudança, perfeitamente adaptado às exigências da vida. Remarcamos que o nitrogênio entanto, que é o gás pesado tendendo sobretudo ao gelo, aligeira pertinentemente o oxigênio de forma a fazer útil, misturando-se no ar. Assim mesmo, se constata que as quantidades respectivas de oxigênio e de nitrogênio que permanecem livres no ar, concordam perfeitamente. Em outros termos a quantidade de oxigênio do ar é justamente o que a quantidade de nitrogênio do ar pode aligeirar. Se o oxigênio aumentasse, ou o nitrogênio diminuísse, a operação de aligeiramento necessário não teria lugar. Remarcamos também que a quantidade de ar existente sobre a Terra é limitada: não sobrepassará uma milionésima da massa do globo terrestre. Esta quantidade é justamente o que faz falta para fazer possível a vida do Homem na Terra. Se chegasse a aumentar ou a diminuir, a vida seria ao menos difícil, senão impossível. Pois seu aumento significa o aumento da pressão do ar sobre o Homem, aumento que poderia chegar a uma temperatura insuportável; e se sua diminuição significa que se deixa aos meteoros que se derramem cada dia, caberia a possibilidade de que penetrassem na terra facilmente e aniquilassem tudo quanto vive nela. Remarcamos que o córtex terrestre que absorve o óxido de carbono e o oxigênio, é de uma espessura limitado de forma que não absorve a quantidade de todo este gás. Se fossem mais espessos os absorveria inteiramente, o que teria acarretado na aniquilação da Vegetal, do Animal e do Homem. Remarcamos que a Lua está situada a uma distância precisa da Terra, distância que corresponde muito exatamente à necessária para que a vida prática do Homem sobre a Terra possa desenvolver-se normalmente. Se essa distância fosse relativamente mais curta, a maré que a Lua teria provocado, teria sido capaz de deslocar as montanhas. Remarcamos muitos instintos nos distintos seres viventes. Se o instinto é uma noção metafísica e não pode ser submetida à observação científica. Este comportamento instintivo expresso por milhares de instintos que o homem pôde remarcar através de sua vida cotidiana ou suas buscas científicas, concorda perfeitamente com o desenvolvimento da vida e sua proteção. Se atém às vezes, a um alto grau de complexidade, e de precisão. Quando lhe dividimos em unidade, remarcamos que cada unidade está localizada na posição exata que lhe permite dirigir bem sua missão, fazer que se desenvolva a vida e protegê-la. A estrutura fisiológica de Homem representa os milhões de fenômenos naturais e fisiológicos. Cada um destes fenômenos corresponde constantemente (por sua concepção, seu rol fisiológico, e suas correlações com todos os outros fenômenos) à tarefa do encaminhamento da vida e da proteção da vida. Tomemos, por exemplo, um grupo de fenômenos que estão ligados entre si, de forma a adaptar-se perfeitamente à função da vista e à ação de facilitar a percepção das coisas de forma útil: A lente de contato do olho projeta a imagem sobre a retina. Esta está constituída de novas capas; a última delas se compõe de milhões de cones e bastões pequenos que, por seus informes recíprocos de uma parte e seu rendimento de lente de contato de outra, estão devidamente dispostos segundo uma ordem concordante com a função da vista. Certamente, tem uma só exceção a esta concordância: a imagem refletida sobre a retina está invertida, porém se trata de uma exceção momentânea, pois situa-se a uma fase anterior à da percepção visual definitiva e não nos deixa perceber os objetos de uma forma inversa. A imagem invertida sobre a retina, será, em efeito, transposta nas milhões de redes de nervos, conduzindo ao encéfalo reaprendendo sua posição correta, e é neste justo momento somente que a percepção visual se produz em harmonia no desenvolvimento da vida. Da mesma forma, a beleza, o perfume e o esplendor, entanto que fenômenos naturais, lhes reencontra ali, ou sua presença concorda com a marcha da vida. Assim, as flores, cuja fecundação se efetua por meio de insetos, são dotadas de elementos de beleza e atração, tais como as cores estalantes e o perfume atrativo, que corresponde à necessidade de atrair ao inseto para a flor fará fazê-lo fecundar quando as flores, cuja polinização se faz graças ao vento, são privados do mesmo. Quanto ao fenômeno do acoplamento em geral e da concordância perfeita da estrutura fisiológica do macho com a fêmea, no Homem no Animal e no Vegetal (concordância que permite assegurar a fecundação e a perpetuação da vida), constitui outro índice universal da harmonia entre a natureza e a missão de facilitar a marcha da vida: “Porém, se pretenderdes contar as mercês de Deus, jamais poderá enumerá-los. Sabei que Deus é Indulgente, Misericordioso” (Alcorão XVI, 18). A segunda demarcação: Remarcamos que esta concordância constante do fenômeno natural com a missão de assegurar e facilitar a vida, que encontramos em milhões de situações, pode ser explicada em todas as partes e sempre por uma só hipótese: a suposição da existência de um Criador deste Universo, tendo querido dotar esta Terra de dois elementos da vida e facilitar a missão dela mesma. Esta hipótese pode justificar e sondar todas as concordâncias observadas. A terceira demarcação: Perguntamo-nos o seguinte: se a hipótese da existência de um Criador não tem sido provada, qual será a plausibilidade da probabilidade da existência fortuita ou gratuita de todas estas concordâncias (as concordâncias dos fenômenos naturais com a missão de assegurar a vida)?; É evidente que tal probabilidade, pode ser plausível, supõe a presença de um número elevado demais de acasos. Ou, se a hipótese emitida no parecido da carta (e segundo a qual, esta carta provinha de outra pessoa que não era seu irmão, porém que lhe parecia por todos os indícios assinalados), revelou de uma probabilidade fraca demais (dando por suposto que um parecido em milhares de particularidades é pouco possível demais segundo o cálculo das probabilidades), quer dizer então de uma probabilidade que supõe que nossa Terra, assim como tudo o que a reafirma, seja o produto de uma matéria fortuita e acidental? Quem se parecerá, por milhões de qualidades, a um Criador sensato e finalista? A quarta demarcação: Pensamos, pois, sem vacilação possível na hipótese que temos formulado na segunda demarcação; quer dizer, a existência de um Criador. A quinta demarcação: Relacionamos está fraca probabilidade com a forte probabilidade que temos constatado na terceira demarcação. E sendo que a probabilidade da terceira demarcação se debilita proporcionalmente ao aumento do número de acasos que devíamos supor-lhe, é evidente que esta probabilidade é fraca demais com relação às probabilidades da terceira demarcação de raciocínio indutivo utilizado em toda a lei científica. Pois o número de acasos que devemos supor imperativamente na terceira demarcação de nossa presente demonstração, é superior ao número de acasos supostos em toda outra probabilidade similar ou semblante. Esta probabilidade é, pois, nula. Assim, chegamos à conclusão da existência de um Criador, baseada em todos os sinais da harmonia e da ordem que nos proporciona o Universo: “Em breve lhes faremos ver nossos sinais em todos os horizontes, tudo como em suas próprias pessoas, até que lhes seja evidente que, sim é esta a verdade. Como? Não basta que teu Senhor seja Testemunha de todas as coisas?” (Alcorão XLI, 53). “Na criação dos céus e da terra; na alteração do dia e da noite; nos navios que singram o mar para o benefício do homem; na água que Deus envia do céu, com a qual vivifica a terra, depois de haver sido árida e onde dissemina toda espécie animal; na mudança dos ventos; nas nuvens submetidas entre o céu e a terra, (nisso tudo) há sinais para os sensatos.” (Alcorão II, 164). “Voltai, pois, a olhar! Vês, acaso, alguma fenda? Novamente, olha e torna a fazê-lo, o teu olhar voltará a ti, confuso e fatigado.” (Alcorão LXVII, 3,4). www.arresala.org.br. Abraço. Davi.

 

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