Islamismo.
www.arresala.org.br. Por Sayyed
Mohammad Bagir Assadr. Tradução de Edna Andrade. II. O REVELADOR (ALLAH). O
MENSAGEIRO (PROFETA). A MENSAGEM (ISLAM). Em
Nome de Deus, O Clemente, O Misericordioso. INTRODUÇÃO. Certos
Ulemás eminentes, assim como um grande número de nossos estudantes e fieis me
pediram seguir o exemplo de meus predecessores e de suas obras, respeito a um
sujeito cuja importância cresce dia após dia: se trata de escrever uma “tese prática”
(Al-Riçala al- amaliyya, espécie de manual ou guia prático escrito pelo
mujtahid (sábio religioso competente) com o fim de que os fiéis se referissem a
ele para cumprir corretamente suas obrigações religiosas), como é habitual
entre os Ulemas, uma introdução breve ou detalhada tratando sobre a
demonstração da existência de Deus e a pertinência dos fundamentos dos Uçul (
fontes, princípios, raízes) da religião islâmica. Pois uma “tese prática” é a
expressão do esforço de busca pessoal sobre os estatutos da Shariah (a lei ou
legislação islâmica) que Deus revelou por mediação do Selo dos Profetas (o
último mensageiro de Deus, o Profeta Muhammad), para o benefício dos mundos.
Esta expressão baseia-se essencialmente na aceitação destes “Uçul”, pois a
crença em Deus o Revelador, o Profeta Mensageiro e a Mensagem que Deus enviou,
constitui a base do conteúdo de toda “tese prática” e a prova de sua
necessidade. Impulsionado pelo desejo de servir ao Senhor e estimando a
necessidade de tal ação, respondi positivamente a esta demanda. E neste
sentido, me confrontei à pergunta seguinte: em que estilo deveria escrever esta
introdução? Deveria me esforçar em escrevê-la em um estilo tão claro e fácil
como o do livro “Al-Fatawah al-Widhiha” (“As decisões jurídicas claras”, título
da “tese prática” do autor) o qual está destinado para o leitor que é capaz de
compreender o juízo jurídico destes “Fatawah” (decisões jurídicas emitidas pelo
mujtahid) e pode compreende-los facilmente? Depois da reflexão, me dei conta
que há uma diferença essencial entre a introdução em questão e o livro à que
vai dirigida. Quando o livro é próximo a expor as leis religiosas e os
resultados de ijtihad (esforço pessoal de busca, feito por um sábio religioso
competente com vistas a emitir um juízo religioso) e da dedução sem
demonstra-las nem discuti-las, a introdução proposta não se contenta em expor
os sujeitos que aborda. Porque, por um lado, a convicção é uma obrigação
religiosa quando se trata dos Fundamentos Religiosos, e de outro lado, o propósito
da introdução é afirmar os pilares e os fundamentos da religião. Dito arraigo
ou afirmação não se pode fazer mais que com a demonstração. Agora bem, a
demonstração em si mesma tem seus graus. Porém estes graus, mesmo os mais
simples e mais evidentes dentre eles, são totalmente convincentes. E se o homem
conservasse sua consciência ao estado livre e natural, bastara-lhe o modo de
demonstração mais simples para crer no Criador: “são eles os criados do nada,
ou eles os criadores” (Alcorão LII, 35). Infelizmente, o pensamento moderno, há
dois séculos, não deixou a esta consciência sua liberdade e sua pureza. É por
isto que a demonstração precisa de um aprofundamento, quando vai destinada a um
indivíduo impregnado do pensamento moderno e de seus métodos de busca com o fim
de culpar as vidas que a consciência livre a cumpre, na demonstração mais
simples e evidente. E todavia, devo optar por uma das duas possibilidades
seguintes que me oferecem: Quer dizer, ou escrevo a introdução para aqueles
cuja consciência permanece livre e protegida das correntes do pensamento
moderno (neste caso, a demonstração deve ser simplificada, e a expressão clara
e compreensível para a maioria dos leitores da “Al-Fatawah Al Wadhiha”). Ou a
escrevo para aqueles que vivem o pensamento moderno, estudando em seu quadro e
aprendendo mais ou menos de suas posições frente a frente da teologia. Decidi
optar pela segunda solução. Dito isto, me esforcei em ser explícito, em geral,
escrevendo ao nível dos intelectuais médios, universitários ou teólogos.
Evitei, o mais possível, os termos e expressões matemáticas, assim como as
evocações complicadas. Porém, ao mesmo tempo, preservei ao leitor mais
conhecedor, seu direito a uma compreensão mais exaustiva, resumindo-lhe certos
pontos profundos e remetendo-lhe, para mais detalhes, as minhas outras obras
tais como “Al-Usus Al-Mantiqiyya Lil Istiqrá” (Os fundamentos Lógicos do
Raciocínio Indutivo). Ao mesmo tempo, provei fazê-lo de forma que o leitor de
um nível menos elevado encontre em certas partes desta introdução um sustento
intelectual assimilável e uma demonstração convincente. Em um plano geral, o
primeiro processo na demonstração científica indutiva da existência do Criador
pode ser, em si mesma suficiente e clara. Na continuação vamos a tratar da
questão do Revelador, do mensageiro de Deus e seguidamente da mensagem. Para
guiar minha tarefa, não conto mais que com Deus, ao qual me confiei e ao qual
pertenço. Muhammad Baqr As-Sadr. PRIMEIRA PARTE. O REVELADOR (Al-Mursil). CRER
EM DEUS, GLORIFICADO E EXALTADO. O homem chega a crer em Deus desde os tempos
mais remotos. Tem adorado a Deus, tem lhe vertido sua fidelidade e provou um
profundo apego a Ele, antes de conhecer toda abstração especulativa e
filosófica e de alcançar a compreensão completa dos modos de demonstração. Esta
crença não nasceu de uma contradição de classes; nem do produto de exploradores
injustos querendo consagrar sua exploração, nem do fato de explorados, vítimas
de injustiças e com desejos de encontrar assim uma escapatória; pois na
história humana precede todas as contradições deste gênero. Tampouco é
consequência de apreensões várias, nem de um sentimento de terror diante das
catástrofes naturais e seus comportamentos hostis. Se a religião fosse o fruto
do medo e o resultado de um sentimento de terror, as pessoas mais religiosas
seriam ao largo da história, os mais medrosos e os mais inclinados ao pavor,
quando melhor são as pessoas mais valentes e os mais aguerridos que tem levado
o estandarte da religião através dos tempos. Esta crença é o reflexo de um
pendimento original que empurra o homem a unir-se com seu Criador; um
sentimento íntimo e sólido que une o ser humano de uma forma inata ao Senhor e
a sua existência. Em uma etapa anterior de sua história, o Homem se pôs a filosofar
sobre as coisas da existência que lhe rodeavam. Ele tem lançado em mente noções
gerais, tais como a existência, o nascimento, o dever, a possibilidade, a
impossibilidade, a unidade, o número, a complexidade, a simplicidade, a parte,
o todo, o progresso, subdesenvolvimento, a causa e o efeito. Tem tendido a
utilizá-las e a aplicá-las sobretudo no domínio da demonstração com o fim de
reforçar melhor sua crença original em Deus, tratá-la filosoficamente e
remetê-la em evidência pelos métodos de busca filosófica. Quando a experiência
foi um instrumento de saber no domínio da busca científica, e quando os
pensadores raciocinaram que estas noções gerais não bastavam por elas mesmas
para descobrir as leis da natureza, nem para conhecer os segredos do Universo,
estes últimos (os pensadores) adquiriram a convicção de que a sensação e a
observação científica constituem o ponto de partida essencial para a busca dos
ditos segredos e leis. Esta corrente sensualista de busca é útil em geral para
desenvolver a experiência do Universo e para ampliá-lo em grande medida
(dimensão). Seu caminho começa pela afirmação de que a sensação e a experiência
são dois instrumentos que a razão e o conhecimento humano deveriam utilizar
para descobrir os segredos do Universo e seu sistema completo que rodeia o
homem. Assim, em lugar de Aristóteles, por exemplo, que se sentaria em seu
quarto fechado meditando sobre o tipo de relação que existiria entre o
desprazamento de um corpo de um ponto a outro do espaço e a força motriz
concluindo que o corpo em movimento se imobiliza quando a força motriz se
esgota; um Galileu que observa os corpos móveis para tomar nota e deduzir outro
resultado e relação diferente entre o movimento do corpo e a força que o anima:
quando um corpo encontra uma força que o põe em movimento, não cessa seu
movimento (ainda se esta força se esgota), se não se opõe a uma força que o
para. O sensualismo em questão, pois, tende a encorajar aos buscadores no
domínio da natureza e das leis dos fenômenos do Universo, cumprindo sua busca
através de duas etapas: a primeira é aquela de sensação e experiência e do
aparente de seus dons; a segunda é a etapa racional, dedução e coordenação
desses dons, com vistas a antecipar uma interpretação geral e aceitável. O
sensualismo, em sua realidade científica e através das práticas de seus sábios,
não pretende passar-se nem um ponto a razão. Ao contrário nenhum dos sábios da
natureza tem conseguido descobrir, pela sensação e a experiência, um segredo do
universo nem uma de suas leis sem o concurso da razão. Pois o sábio encontra,
na primeira etapa, as notas que lhe proporcionam suas experiências, assim como
suas próprias notas; e na segunda etapa as confronta com sua razão até que
chega a um resultado. A nosso juízo, nenhuma conquista científica tem
conseguido realizar-se sem a conjugação das duas etapas: a primeira, tratando
do aspecto sensível; a segunda, havendo tratando o aspecto dedutível e racional
que a razão realiza, e que não pode ser percebido diretamente pelas sensações.
Assim, tomemos o exemplo da lei de atração universal. Newton não a percebeu
pela sensação direta, nem pela força de atração entre dois corpos, nem pelo
fato de que são inversamente proporcionais ao quadrado da distância entre seus
corpos e diretamente proporcionais ao produto de multiplicação de suas massas;
a percebeu pela sensação; tanto a queda da pedra quando a lançou ao ar, assim
como a revolução dos planetas ao redor do sol. Pôs-se a pensar, então, sobre os
dois fenômenos simultaneamente e esforçou-se em explicá-los ajudando-se das
teorias de Galileu e da aceleração regular dos corpos caindo sobre terra ou
rodando superfícies em pendente e beneficiando-se das leis de Kepler que
tratavam do movimento dos planetas e entre as quais uma estipula que “o
quadrado do tempo da revolução de cada planeta ao redor do Sol é proporcional a
distância que o separa”. É, pois, à luz de todos estes conhecimentos e
observações, quando descobre a lei de atração universal em virtude da qual
“todos os corpos materiais se atraem mutuamente, em razão de suas massas e em
razão inversa ao quadrado de suas distâncias”. Esta tendência sensualista e
experimental de busca sobre o sistema do Universo poderia ter conseguido, e
deveria, prover um novo argumento excelente à crença em Deus, em razão de suas
possibilidades de descobrir todas as classes de harmonia (os fenômenos do
Universo e as provas da Sabedoria) que indicam a existência do Criador. Porém
os sábios naturalistas, entanto que sábios da natureza, não estavam preocupados
no esclarecimento desta questão, considerada hoje, todavia, como um problema
filosófico, segundo a classificação em vigor, entre os problemas e questões do
saber humano. Assim, a tendência filosófica e racional não tem demorado em
fazer sua aparição no domínio da filosofia, e ao exterior do quadro da ciência,
para provar racionalizar este sensualismo e convertê-lo em filosofia. Tem
anunciado que o único meio de conhecimento é a sensação: que ali onde se para a
sensação, se detêm o conhecimento do homem, e que tudo aquilo que não pode ser
submetido nem de uma forma nem de outra a experiência, o homem não têm meios de
prová-lo. Partindo desta afirmação serviram-se rapidamente deste sensualismo e
da ciência experimental, para refutar a ideia da crença em Deus: dado que Deus
não é um ser perceptível pela sensação e que não se pode nem Ver-lhe nem ter a
sensação de Sua existência, não se pode, pois, prová-lo. Esta utilização
impertinente do sensualismo não foi feita pelos sábios que tinham praticado com
êxito a experimentação, senão por um grupo de filósofos de tendência
racionalista que lhe deram uma interpretação filosófica ou racional inexata.
Mas pouco a pouco, estas tendências extremistas caíram na contradição. No plano
filosófico se viram arrastadas a renegar a realidade objetiva, quer dizer, no
Universo o qual vivemos em bloco e em detalhe, dado que depois delas, o homem
não possui mais que a sensação e ela lhe permite conhecer as coisas entanto que
as sente, e não entanto que são. Assim, quando percebemos uma coisa, podemos
afirmar que existe em nossa sensação; quanto a sua existência fora de nossa
consciência, de uma forma objetiva, independente e anterior à sensação, não
podemos prová-la. Vendo a lua e o céu, podemos afirmar somente que nós vemos e
percebemos a lua neste momento exato. Quanto, a saber, se a lua existe
realmente no céu, e se ela existia antes que nós abríssemos nossos olhos para
vê-la, aqueles que tinham estas tendências, eram incapazes de afirmá-la,
exatamente como o estrabista que vê as coisas que não existem e afirma que as
vê, porém sem poder afirmar sua existência em realidade. Assim, em sensação e
si mesma, deixou de ser o meio de conhecimento do sensualismo filosófico. Em
lugar de ser um meio de conhecimento, será seu termo final. O conhecimento sensitivo
não existirá mais que como um fenômeno independente de nossa consciência e
percepção. No plano racional, o sensualismo, em sua versão mais moderna, se
encaminha para a posição seguinte: se a verdade ou a falsidade da significação
de uma frase não podem ser verificadas pela sensação ou a experiência, a frase
é considerada como um grupo de palavras desprovidas de sentido, exatamente como
as letras do alfabeto que se pronunciam em uma ordem dispersa. Porém, quando se
pode verificar a veracidade ou a falsidade de sua significação, constitui uma
palavra que tem um sentido. Neste segundo caso, se a sensação estabelece a
conformidade de seu significado à realidade, a frase é verídica. Em revanche,
se esta sensação estabelece o contrário, é considerada como falsa. Assim, se
dizemos: A chuva cai do céu no inverno, fazemos uma frase significativa (por
seu conteúdo). Porém se dizemos: a chuva cai no verão, a frase tem um sentido,
mas o conteúdo é falso. E se dizemos: uma coisa que não se pode ver nem
perceber cai na “Noite do Destino” (Laylat Al-Qadr, noite especial para os
muçulmanos), teremos uma frase desprovida de sentido, abstração feita de sua
veracidade ou de sua falsidade, dado que não se pode verificar o conteúdo nem
pela sensação nem pela experiência; pois é exatamente como se disséssemos: dize
(palavra sem sentido, inventada pelo autor como exemplo de um sem-sentido)
descenda a Noite do Destino. Da mesma forma que aquela frase não tem sentido,
esta outra não tem tampouco. Por conseguinte, dizer, Deus existe, é como se
dissesse: Dize existe. Do mesmo jeito que a segunda frase está desnuda de
sentido, a primeira está também, dado que não se pode conhecer a Deus pela
sensação e a experiência. Esta corrente racionalista tropeça-se com uma
contradição pela simples razão de que seu raciocínio, baseado na extrapolação,
não pode ser percebido pela sensação e percepção direta, resultando assim, uma
palavra carente de sentido. O racionalismo procede por generalização, do fato
que pretende que toda frase cuja significação não pode ser verificada pela
sensação e a experiência não tem sentido. Ou toda generalização adianta o
quadro da sensação, pois esta não cobre mais que os casos parciais limitados.
Desta forma, esta corrente tem acabado por contradizer-se ela mesma, além de
contradizer todas as generalizações científicas pelas quais os sábios
interpretam de uma forma global os fenômenos do Universo; pois a generalização
(toda generalização), não pode ser percebida diretamente pela sensação, e é
sobretudo deduzida e demonstrada a partir dos indícios provenientes dos
fenômenos sensíveis limitados. Por sorte, a ciência não tem prestado atenção,
em sua marcha e em sua evolução continua, a estas correntes. Ela prossegue suas
buscas nos descobrimentos do Universo, sempre a partir da sensação e da
experiência; e, sobrepassando os limites estreito das tendências filosóficas e
racionalistas, ela emprega os esforços racionais em vistas a coordenar os
fenômenos, voltar a colocá-los nos quadros normativos gerais e descobrir os laços
e as relações que existem entre eles. Paralelamente, a influência filosófica e
racional das tendências extremistas se reduz ao mesmo nível que as doutrinas
filosóficas materialistas. Assim, a filosofia materialista moderna,
representada pelos adeptos do materialismo dialético, rejeita completamente
todas estas tendências e se atribui o direito de sobrepassar o quadro da
sensação e a experiência, constituindo a primeira fase pela qual o sábio começa
sua busca, assim como a da segunda fase, pela qual termina essa busca, com o
fim de poder comparar os diferentes dons da ciência, dar uma interpretação
teórica geral e determinar os laços e as relações eventuais que existem entre
elas. Quando o materialismo dialético, último herdeiro do materialismo na
história, tem respondido a uma interpretação global do Universo em um quadro
dialético, tem resultado ele mesmo no metafísico, segundo o ponto de vista das
tendências sensualistas extremistas. Isto significa que o materialismo e o
teísmo concordam para ultrapassar o quadro da sensação (que as tendências
materialistas extremistas afirmavam, portanto, não é necessário superar) e que
será admitido em adiante; que o conhecimento passa por duas fases: a da
concentração dos dons da sensação e da experiência, e da interpretação teórica
e racional destes dons. Porém, o que separa ao teísmo do materialismo é o tipo
de interpretação que necessita deduzir os diferentes dons da ciência ao termo
da segunda fase. Quando o materialismo propõe uma interpretação que renega a
existência de um Criador, o teísmo pensa que estes dons não podem ser
convincentes senão admitindo a existência de um Criador. Agora vamos expor dois
tipos de demonstração da existência do Criador. Cada um deles encarna os dons
da sensação e a experiência de um lado, e a organização racional de ditos dons
em vistas a deduzir a existência de um Criador deste universo, de outro lado.
Chamamos a primeira demonstração, científica (indutiva), e a segunda
demonstração filosófica. Antes de começar com a primeira demonstração, quer
dizer a científica, é conveniente começar definindo-a: A demonstração
científica é toda demonstração baseada na sensação e na experiência, seguindo o
método de raciocínio indutivo fundado sobre o cálculo das possibilidades. É
este método de raciocínio indutivo fundado sobre o cálculo das possibilidades,
o que nós adotamos como método de demonstração científica, com o fim de provar
a existência do Criador (1). Pelo que chamaremos a demonstração científica da
existência do Criador: demonstração indutiva. (1) O método da demonstração, não
é a demonstração em si mesma. Pois vocês podem demonstrar que o Sol é maior que
a Lua, baseando-se nas afirmações dos sábios. O método é aqui, o fato de
considerar a afirmação dos sábios como demonstração da verdade. Vocês poderiam
igualmente pretextar que fulano vai morrer rapidamente baseando-se em um sonho
que tivessem tido, e no qual sonhassem sua morte. O método, neste caso, é tomar
os sonhos como demonstração da verdade. Vocês podem, enfim, argumentar que a terra
é um grande imã bipolar que tem um pólo negativo e um pólo positivo; remarquem
que uma agulha imantada em posição horizontal orienta sempre uma de suas duas
extremidades para o Norte, a outra para o Sul. O método consiste aqui, em
adotar a experiência como demonstração. A veracidade de cada demonstração está
fundamentalmente ligada à veracidade do método do qual depende. A DEMONSTRAÇÃO
CIENTÍFICA DA EXISTÊNCIA DE DEUS. Já temos dito que a demonstração científica
da existência de Deus adota o método de raciocínio indutivo baseado sobre o
cálculo das possibilidades. Antes de revisar esta demonstração queremos
explicar de antemão este método e avaliá-lo, com o fim de conhecer em que
medida podemos confiar nele, para descobrir as verdades e reconhecer as coisas.
O método da demonstração indutiva fundada sobre o cálculo das possibilidades
tem formas complexas e um alto grau de precisão. Uma apreciação global e
precisa deste método necessita de um estudo analítico completo dos fundamentos
lógicos da indução e da teoria da probabilidade. Também prestaremos atenção
para evitar ao leitor as dificuldades, assim como todas as fórmulas complexas e
toda analise dificilmente compreensível. Para isto, devemos tomar seguidamente
duas demarcações: Determinar o método da demonstração que vamos a seguir
prosseguir explicando, simplificando e resumindo seus limites. Apreciar este
método e determinar em que medida nós podemos confiar nele. Para isto, não
procederemos por análise racional, nem pela explicação das bases lógicas e matemáticas
sobre as quais está fundado (pois isto nos obrigaria a abordar as questões
complexas e as idéias fortemente delicadas), senão referindo-nos as suas outras
aplicações científicas, admitidas geralmente por todo homem constituído
normalmente. Explicaremos que o método adotado na demonstração da ciência do
Criador é o mesmo que utilizamos tanto na demonstração da nossa vida ordinária
e cotidiana, como naquelas de buscas científicas e experimentais, demonstrações
as quais damos inteira confiança. E dado que colocamos confiança nesse método
para demonstrar as verdades de nossa vida cotidiana, devemos confiar, nele,
igualmente, para demonstrar a existência do Criador, o Qual é à base de todas
as verdades. Isto é o que vamos explicar na continuação. Em sua vida cotidiana
e habitual, quando você recebe uma carta pode adivinhar antes de lê-la que vem
de vosso irmão, por exemplo. Quando você constata que um médico persiste em
curar numerosas enfermidades, põe confiança nele e estima que é hábil. Quando
uma injeção de penicilina que injeta em dez casos de enfermidade provoca depois
de cada utilização sintomas similares, você deduz que vosso corpo tem uma
alergia particular contra a penicilina. Em todas estas deduções e em outros
casos similares, utiliza-se, em realidade, o método da demonstração indutiva,
baseada no cálculo das probabilidades. Em outro plano, o sábio tem remarcado
através de sua busca científica as propiedades particulares do sistema solar, e
conclui que os astros que o compõe fazem parte, de fato, do Sol separando-se a
continuação. Tem demonstrado a existência de Netuno, um dos planetas deste
sistema, deduzindo-o da observação das trajetórias dos movimentos dos planetas,
antes de descobrir Netuno e a sensação. Quando ele tem deduzido, à luz de fenômenos
precisos, a existência dos elétrons antes de descobrir o microscópio atômico,
tem seguido (em todos estes casos) em verdade, o método de raciocínio indutivo,
baseado sobre o cálculo das probabilidades. É este mesmo método que vamos
adotar para demonstrar a existência do Criador; e é o que vamos ver claramente,
quando passarmos revista sobre esta demonstração. A DETERMINAÇÃO DO MÉTODO E
SUAS DEMARCAÇÕES: O método da demonstração indutiva baseada sobre o cálculo das
probabilidades pode resumir-se (por ser simples e claro) em cinco demarcações:
1a Consideramos, no quadro da sensação e da experiência, numerosos fenômenos.
2a Depois de observá-los e reuni-los passamos à fase de sua interpretação. O
que se exige nesta fase é achar uma hipótese válida para interpretar todos
estes fenômenos e justificá-los. Por “válida para interpretar todos esses
fenômenos”, entendemos que se a hipótese se estabelecia na realidade, deveria
poder sondar (e concordar com) a existência de todos esses fenômenos (que
existem efetivamente). 3a Remarcamos que se esta hipótese não está nem
justificada nem estabelecida na realidade, à sorte de existência da
simultaneidade destes fenômenos reunidos é muito pequena. Em outros termos, se
supomos que a hipótese é inexata, o informe da probabilidade da existência de
todos estes fenômenos, tem a probabilidade de sua inexistência, ou ao menos, a
inexistência de um dentre eles, é muito fraca: 1%, por exemplo; 4a Do
precedente concluímos que a hipótese é justa, e nesse caso, nossa previsão de
sua justiça é a existência destes fenômenos que temos percebido na 1a
demarcação. 5a A possibilidade destes fenômenos de demonstrar a hipótese
(emitida na 2a demarcação) varia, em razão direta ao informe da probabilidade
da existência da união destes fenômenos, à probabilidade de sua existência
(entendendo: sua inexistência, ou a inexistência de um deles, pelo menos), no
caso em que a hipótese era inexata. Quanto mais fraco era este estudo, mais
cresce a possibilidade de que a demonstração alcance, em muitos casos
ordinários, o grau de certeza total da exatidão da hipótese. De fato, há regras
e critérios precisos baseados sobre o cálculo das possibilidades para a
determinação de uma probabilidade. Nos casos ordinários, o homem aplica de uma
forma natural e inata, e quase muito corretamente, estes critérios e regras. É
pelo que nos contentaremos em basear-nos aqui na apreciação natural e inata do
valor da probabilidade, sem entrar nos detalhes complexos dos fundamentos
lógicos e metafísicos de dita apreciação. Tais são, pois, as demarcações que se
seguem habitualmente em todo raciocínio indutivo baseado sobre o cálculo das
probabilidades, assentado no domínio da vida ordinária, ou de busca científica,
ou o da demonstração que vamos utilizar a seguir para provar a existência do
Criador. A APRECIAÇÃO DO MÉTODO: Para apreciar o valor deste método através das
aplicações e dos exemplos, como temos prometido, começaremos a continuação com
alguns exemplos correntes: Temos dito, que quando vocês recebem uma carta, a leem
e deduzem que vêm de seu irmão (e não de outra pessoa anelando corresponder-se
com vocês), tem se utilizado em efeito, a um raciocínio indutivo baseado no
cálculo das probabilidades. E tão evidente possa parecer-lhes esta dedução,
fizeram-na, na verdade por raciocínio indutivo idêntico ao que nós fazemos
referência. Assim, a primeira demarcação que vocês têm efetuado mentalmente foi
a de confrontar vários ‘fenômenos’ (indicações) tais como: o fato de que o
homem do remetente corresponde perfeitamente ao seu irmão, que a escritura da
carta, em todos seus detalhes (a grafia de todo alfabeto) é idêntica a de seu
irmão; que as palavras, e os sinais de pontuação estão depostos da mesma forma
à que seu irmão utiliza; que o estilo, a expressão e seu grau de solidez, assim
como seus pontos fracos e seus pontos fortes, correspondem inteiramente aos de
seu irmão; que a ortografia e as faltas de ortografia são as mesmas; que as
informações descritas pela carta, correspondem às que seu irmão conhece; que
seu remetente lhes pede em sua carta, as coisas e expõe as opiniões que
traduzem perfeitamente as necessidades e as opiniões de seu irmão… Tais são,
pois, as indicações (os fenômenos) que vocês têm remarcado na primeira
demarcação. Na segunda demarcação, vocês têm se perguntado se esta carta tem
sido enviada realmente por seu irmão ou por outro indivíduo que leva o mesmo
nome… Aqui, emitem uma hipótese com o fim de explicar e justificar todas essas
indicações: ‘a letra é bela, pois é de meu irmão’. Dado que se é de seu irmão,
é de todo normal que comporte todos estes dons que vocês têm remarcado na
primeira demarcação. No curso da terceira demarcação, vocês se perguntam o
seguinte: se a carta não fosse de meu irmão, senão de outra pessoa, qual seria
a sorte que ela contém todos os dons e particularidades que tenho observado
sobre a primeira demarcação? Para que tivesse tal sorte é necessário à
existência de muitas coincidências correspondentes ao número de todos os dons e
particularidades observadas: é necessário supor que se trata de uma pessoa que
leva o mesmo nome que seu irmão e tivesse a mesma escrita (grafia, disposição
das palavras), o mesmo estilo, a mesma expressão, o mesmo nível linguístico e
ortográfico, o mesmo número de informações e necessidade, assim como muitas
outras circunstâncias e equívocos… A probabilidade da reunião de tal número de
coincidências é muito fraca. E, mais o número de coincidências que tem que
supor a existência aumenta mais se debilita a probabilidade. Os fundamentos
lógicos da indução nos ensinam como avaliar uma probabilidade e nos explicam se
debilita, proporcionalmente ao aumento de número de azares que supõe. Porém não
é necessário para um leitor que não é um expert, entrar em tais detalhes
difíceis e complexos. Felizmente, a debilidade da probabilidade não depende
imperativamente da compreensão de ditos detalhes: assim como a queda de um
homem ao solo não depende de sua compreensão da força de atração, nem de seu
conhecimento da educação científica da lei de atração universal. Você não tem
necessidade de realizar um grande esforço para compreender que a sorte da
existência de um indivíduo que se parece com seu irmão em todos esses detalhes,
é improvável. Um banco igualmente não necessita assimilar os fundamentos
lógicos da indução, para compreender que o grau de probabilidade de ver a todos
seus clientes retirar ao mesmo tempo seus depósitos bancários, é muito baixa;
assim como a probabilidade de que um ou dois deles os retirem, é muito
possível. Na primeira demarcação, vocês dizem: dado que é pouco provável achar
todas estas indicações em dita carta que não seja de meu irmão, é muito
provável, pois, que seja de meu irmão. Na quinta demarcação, vocês relacionam a
forte probabilidade (pela qual optam na quarta demarcação e segundo a qual “a
carta seguramente é de seu irmão”), à fraca probabilidade da terceira
demarcação e segundo qual “é pouco provável encontrar todas estas indicações na
carta senão é de seu irmão”, concluindo que a forte probabilidade é
inversamente proporcional à fraca probabilidade. Assim, mais se debilita a
fraca probabilidade, mais cresce a forte probabilidade; se reforça e aparece
mais convincente, todavia. E se não tem contraindicações suscetíveis de fazer
pensar que esta carta não é de seu irmão, as cinco demarcações são suficientes
para levar-lhes à convicção total de que dita carta vem dele. Depois desse
exemplo escolhido da vida cotidiana de todas as pessoas, tomamos outro exemplo
escolhido dos procedimentos que utilizam os sábios para demonstrar e provar uma
teoria científica; neste caso, o nascimento dos planetas. Segundo esta teoria,
os nove planetas são originários do sol e, estando separados dele, passam
milhões de anos embaixo de formas de pedaços flamejantes. Os sábios coincidem
geralmente sobre a origem dos planetas, porém divergem quanto à causa de sua
separação do sol. A demonstração da origem do planeta se realiza segundo as
demarcações seguintes: Na primeira demarcação, os sábios têm observado muitos
fenômenos e os tem percebido pela sensação e a experiência. Dentre esses
fenômenos assinalamos os seguintes: A revolução da Terra ao redor do Sol está
em concordância com a rotação do sol, e este e aquelas o efetuam no sentido
Oeste-Leste. A rotação da Terra ao redor de si mesma concorda com a rotação do
Sol ao redor de si mesmo (Oeste-Leste). A Terra gira ao redor do Sol sobre uma
órbita paralela e seu equador (do Sol), de tal forma que o Sol forma um pólo, e
a Terra um ponto situado sobre a órbita. Os mesmos elementos dos elementos que
se compõe a Terra existem mais ou menos no Sol. Há uma concordância dos
quocientes dos elementos sobre a Terra e no Sol. O hidrogênio é, por exemplo, o
elemento dominante. A velocidade da revolução da Terra sobre si mesma, concorda
com a velocidade da rotação do Sol ao redor de si mesmo. A idade da Terra
concorda com a do Sol, segunda a estimação feita pelos sábios. O interior da
Terra é quente o que prova que a Terra foi muito quente em seu nascimento. A
segunda demarcação: os sábios têm encontrado uma hipótese que pode explicar
todos os fenômenos que tinham observado na primeira demarcação. Dito de outra
forma, se a hipótese se estabelece em realidade, deve poder justificar e sondar
todos os fenômenos em questão. Segundo esta hipótese, a Terra faz corpo com o
Sol antes de separar-se dela por uma razão qualquer; isto é o que deve
permitir-nos explicar estes fenômenos. Assim, no primeiro fenômeno segundo o
qual “a revolução da Terra ao redor do Sol concorda com a rotação do sol ao
redor de si mesma, e este e aquela o efetuam no sentido Oeste-Leste”, a
concordância se explica (admitindo a possibilidade da hipótese) pelo fato de
que quando um pedaço se separa de um corpo ele gira, permanecendo atado por um
fio ou outro laço, deve continuar girando no mesmo sentido que o movimento do corpo,
como o estipula a lei da continuidade. Para o segundo fenômeno, a concordância
de rotação da Terra ao redor de si mesma com a rotação do Sol ao redor de si
mesmo, no sentido Oeste-Leste, se explica pela mesma lei, pois o pedaço
desprendido de um corpo deve continuar girando o mesmo sentido que o movimento
do corpo. O que é válido para o 2o fenômeno, é válido igualmente para o 3º. No
quarto e quintos fenômenos, a concordância dos elementos e de seus quocientes
no Sol e a Terra, se justificam facilmente pelo fato de que a Terra é uma parte
do Sol, e os elementos da ‘parte’ de um ‘todo’, são os mesmos que os do ‘todo’.
No concerne ao sexto fenômeno, a concordância da velocidade da revolução da
Terra ao redor do Sol e sua rotação ao redor de si mesmo, tende ao fato que os
movimentos da terra obtêm sua origem do movimento do Sol. No sétimo fenômeno,
temos a teoria da separação (da Terra do Sol), a qual explica ‘a concordância
da idade da Terra com a do Sol’. É igualmente esta teoria da separação que nos
explica o oitavo fenômeno, segundo o qual a Terra estava muito quente quando
passou pelo seu nascimento. A terceira demarcação: se supõe-se que a teoria da
Separação da Terra do Sol é inexata será fácil pensar que é pouco provável
reencontrar todos esses fenômenos reunidos. Pois sua reunião nestas condições
significa a reunião de uma série de azares sem laço compreensível. Pois a
probabilidade de vê-los todos reunidos, supondo a inexatidão da teoria em
questão é fraca demais; dado que para poder explicar todos os fenômenos
descritos, se necessitam muitas suposições: Assim, no que concerne à
concordância da revolução da Terra ao redor do Sol, com a rotação deste ao
redor de si mesmo (sentido Oeste-Leste), tem que supor que a Terra era
originalmente um corpo celeste, situada longe do Sol (seja se fosse criada
independentemente do Sol, seja se fizesse parte de outro sol antes de ser
separada dele) se aproximou-lhe; por conseguinte tem que supor igualmente que
esta Terra assim lançada, entrou em sua órbita ao redor do Sol, por um ponto
situado ao Oeste deste. De outra forma, se tivesse entrado nesta órbita por um
ponto situado ao Leste, ela teria girado ao sentido contrário (Leste-Oeste). No
que concerne à concordância da rotação da Terra ao redor de si mesma com a do
Sol ao redor de si mesmo (sentido Oeste-Leste), podemos supor, por exemplo, que
o outro sol do qual a Terra foi terminada, giraria de oeste a leste. Para
justificar a revolução da Terra ao redor do Sol em uma órbita paralela ao
equador solar, podemos supor aqui, igualmente, que ‘o outro sol’ do qual a
Terra seria original, estaria situado em ponto perpendicular ao equador do
nosso Sol. Quanto à concordância dos elementos e de seus quocientes na Terra e
no Sol, devemos supor que a Terra (onde o ‘outro sol’ do qual ela tinha sido
separada) tinham os mesmos elementos (e em proporções idênticas) que
encontramos em nosso sol. Quanto à concordância da velocidade da revolução da
Terra ao redor do Sol e sua rotação do Sol sobre si mesmo, podemos supor,
sempre a título de exemplo, que ‘este outro sol’ em questão, explorado de
maneira que deu a nossa Terra a velocidade que concorda com o movimento do Sol.
E, enfim, pelo que concerne a concordância da idade respectiva da Terra e do
Sol com o calor da Terra em seu nascimento, podemos supor que a Terra teria
sido separada de outro sol que tivesse a mesma idade que nosso Sol, e, que está
separação foi produzida de tal forma, que teria provocado nela um grau de calor
muito alto. Como acabamos de ver, para justificar a reunião dos fenômenos
observados tem que admitir se supor falsa a hipótese da separação, a presença
de uma série de acasos, pois dita reunião é pouco provável demais. Supondo
exata a hipótese, basta explicar todos os fenômenos e ligá-los uns aos outros.
A quarta demarcação: dada à existência de todos esses fenômenos observados na
Terra, é pouco provável demais supor que a Terra não se separou do Sol; logo
estes fenômenos existem efetivamente, pois é provável que a Terra fosse
separada do Sol. A quinta demarcação: estabelecemos um laço entre a forte
probabilidade (a da separação da Terra do nosso Sol) que escolhida na quarta
demarcação, e a fraca probabilidade (a de achar todos os fenômenos reunidos na
Terra sem admitir a separação desta do nosso Sol) que temos emitido na terceira
demarcação. Unindo estas duas demarcações, podemos concluir que, tanto mais a
debilidade da probabilidade enunciada na terceira demarcação se acentua, mais a
plausibilidade da forte probabilidade estabelecida na quarta demarcação aumenta.
E a partir destes fatos podemos demonstrar a teoria da separação da Terra do
Sol; e é por meio deste método que os sábios têm adquirido sua convicção
absoluta. COMO APLICAR ESTE MÉTODO PARA DEMONSTRAR A EXISTÊNCIA DO CRIADOR:
Depois de aprender o método geral da demonstração indutiva baseada sobre o
cálculo das probabilidades, e depois de tê-lo apreciado através de suas
aplicações, nos esforçamos agora em ampliá-lo em vistas a demonstrar a
existência do Criador, seguindo as mesmas demarcações: A primeira demarcação:
remarcamos sem cessar que um número considerável de fenômenos naturais
regulares concorda perfeitamente com a necessidade do Homem entanto que ser
vivente e com as exigências do desenvolvimento de sua vida, de forma que toda
substituição de um destes fenômenos conduz à asfixia da vida humana sobre a
Terra, ou sua paralisia. Na continuação mencionamos, a título de exemplo,
alguns destes fenômenos: A Terra recebe do Sol uma quantidade de calor que lhe
assegura uma temperatura suficiente à formação da vida e à satisfação das
necessidades exatas (nem mais, nem menos) do ser vivente. Constatou-se
cientificamente que a distância que separa a Terra do Sol, concorda
perfeitamente com a quantidade de calor necessária para a vida na Terra. Se
esta distância fosse o dobro da que é efetivamente, não teria existido o calor
suficiente para a formação da vida; e se ela tivesse sido a metade, o calor
teria sido o dobro e insuportável para a vida. Remarcamos igualmente que o
córtex terrestre e dos oceanos, retém formas compostas e a maior parte do
oxigênio que constitui a oitava parte de todas as águas do mundo. Apesar disso,
e apesar de sua dupla disposição a combinar-se quimicamente, uma limitada parte
deste gás permanece livre e participa na composição do ar. Esta parte realiza
uma das condições necessárias da vida. Pois os seres viventes (Homem ou animal)
têm uma necessidade imperiosa do oxigênio para respirar. E se todo oxigênio
tivesse sido retido em forma composta, a vida não poderia ter existido. Tem-se
remarcado que a taxa de oxigênio livre corresponde perfeitamente à necessidade
do Homem e de sua vida prática. O ar se compõe, em efeito, de 21% de oxigênio.
Se esta porcentagem fosse mais elevada, o meio ambiente teria sido exposto a
incêndios permanentes. E se menos elevado, a vida teria sido impossível ou
difícil, e não teria tido bastante oxigênio para atender as necessidades da
vida. Observamos igualmente um fenômeno natural que se repete continuamente
milhões de vezes através dos tempos, e que permite o mantimento de uma taxa
determinada de oxigênio em constância: quando o Homem, e de uma maneira geral o
Animal, respira e inspira o oxigênio, o sangue recebe-o e distribui em
diferentes partes do corpo. Este oxigênio consome então a alimentação; o que
produz o gás carbônico, o qual remonta aos pulmões para ser devolvido ao ar.
Assim, o Homem e outras espécies animais produzem continuamente este gás que
constitui uma condição necessária na vida de todo vegetal; este, por sua vez,
recebendo o gás carbônico, lhe separa o oxigênio que devolve em sua forma pura
no ar, para ser apto de novo à respiração. Pois nesse processo de mudança entre
o animal e o vegetal, o oxigênio tem conseguido manter sua taxa; e sem ele, o
oxigênio se faria raro e a vida do Homem teria sido quase impossível. E são
milhares de fenômenos naturais que têm concorrido na realização deste processo
de mudança, perfeitamente adaptado às exigências da vida. Remarcamos que o
nitrogênio entanto, que é o gás pesado tendendo sobretudo ao gelo, aligeira
pertinentemente o oxigênio de forma a fazer útil, misturando-se no ar. Assim
mesmo, se constata que as quantidades respectivas de oxigênio e de nitrogênio
que permanecem livres no ar, concordam perfeitamente. Em outros termos a
quantidade de oxigênio do ar é justamente o que a quantidade de nitrogênio do
ar pode aligeirar. Se o oxigênio aumentasse, ou o nitrogênio diminuísse, a
operação de aligeiramento necessário não teria lugar. Remarcamos também que a
quantidade de ar existente sobre a Terra é limitada: não sobrepassará uma
milionésima da massa do globo terrestre. Esta quantidade é justamente o que faz
falta para fazer possível a vida do Homem na Terra. Se chegasse a aumentar ou a
diminuir, a vida seria ao menos difícil, senão impossível. Pois seu aumento
significa o aumento da pressão do ar sobre o Homem, aumento que poderia chegar
a uma temperatura insuportável; e se sua diminuição significa que se deixa aos
meteoros que se derramem cada dia, caberia a possibilidade de que penetrassem
na terra facilmente e aniquilassem tudo quanto vive nela. Remarcamos que o
córtex terrestre que absorve o óxido de carbono e o oxigênio, é de uma
espessura limitado de forma que não absorve a quantidade de todo este gás. Se
fossem mais espessos os absorveria inteiramente, o que teria acarretado na
aniquilação da Vegetal, do Animal e do Homem. Remarcamos que a Lua está situada
a uma distância precisa da Terra, distância que corresponde muito exatamente à
necessária para que a vida prática do Homem sobre a Terra possa desenvolver-se
normalmente. Se essa distância fosse relativamente mais curta, a maré que a Lua
teria provocado, teria sido capaz de deslocar as montanhas. Remarcamos muitos
instintos nos distintos seres viventes. Se o instinto é uma noção metafísica e
não pode ser submetida à observação científica. Este comportamento instintivo
expresso por milhares de instintos que o homem pôde remarcar através de sua
vida cotidiana ou suas buscas científicas, concorda perfeitamente com o
desenvolvimento da vida e sua proteção. Se atém às vezes, a um alto grau de
complexidade, e de precisão. Quando lhe dividimos em unidade, remarcamos que
cada unidade está localizada na posição exata que lhe permite dirigir bem sua
missão, fazer que se desenvolva a vida e protegê-la. A estrutura fisiológica de
Homem representa os milhões de fenômenos naturais e fisiológicos. Cada um
destes fenômenos corresponde constantemente (por sua concepção, seu rol
fisiológico, e suas correlações com todos os outros fenômenos) à tarefa do
encaminhamento da vida e da proteção da vida. Tomemos, por exemplo, um grupo de
fenômenos que estão ligados entre si, de forma a adaptar-se perfeitamente à
função da vista e à ação de facilitar a percepção das coisas de forma útil: A
lente de contato do olho projeta a imagem sobre a retina. Esta está constituída
de novas capas; a última delas se compõe de milhões de cones e bastões pequenos
que, por seus informes recíprocos de uma parte e seu rendimento de lente de
contato de outra, estão devidamente dispostos segundo uma ordem concordante com
a função da vista. Certamente, tem uma só exceção a esta concordância: a imagem
refletida sobre a retina está invertida, porém se trata de uma exceção
momentânea, pois situa-se a uma fase anterior à da percepção visual definitiva
e não nos deixa perceber os objetos de uma forma inversa. A imagem invertida
sobre a retina, será, em efeito, transposta nas milhões de redes de nervos,
conduzindo ao encéfalo reaprendendo sua posição correta, e é neste justo
momento somente que a percepção visual se produz em harmonia no desenvolvimento
da vida. Da mesma forma, a beleza, o perfume e o esplendor, entanto que
fenômenos naturais, lhes reencontra ali, ou sua presença concorda com a marcha
da vida. Assim, as flores, cuja fecundação se efetua por meio de insetos, são
dotadas de elementos de beleza e atração, tais como as cores estalantes e o
perfume atrativo, que corresponde à necessidade de atrair ao inseto para a flor
fará fazê-lo fecundar quando as flores, cuja polinização se faz graças ao
vento, são privados do mesmo. Quanto ao fenômeno do acoplamento em geral e da
concordância perfeita da estrutura fisiológica do macho com a fêmea, no Homem
no Animal e no Vegetal (concordância que permite assegurar a fecundação e a
perpetuação da vida), constitui outro índice universal da harmonia entre a
natureza e a missão de facilitar a marcha da vida: “Porém, se pretenderdes
contar as mercês de Deus, jamais poderá enumerá-los. Sabei que Deus é
Indulgente, Misericordioso” (Alcorão XVI, 18). A segunda demarcação: Remarcamos
que esta concordância constante do fenômeno natural com a missão de assegurar e
facilitar a vida, que encontramos em milhões de situações, pode ser explicada
em todas as partes e sempre por uma só hipótese: a suposição da existência de
um Criador deste Universo, tendo querido dotar esta Terra de dois elementos da
vida e facilitar a missão dela mesma. Esta hipótese pode justificar e sondar
todas as concordâncias observadas. A terceira demarcação: Perguntamo-nos o
seguinte: se a hipótese da existência de um Criador não tem sido provada, qual
será a plausibilidade da probabilidade da existência fortuita ou gratuita de
todas estas concordâncias (as concordâncias dos fenômenos naturais com a missão
de assegurar a vida)?; É evidente que tal probabilidade, pode ser plausível,
supõe a presença de um número elevado demais de acasos. Ou, se a hipótese
emitida no parecido da carta (e segundo a qual, esta carta provinha de outra
pessoa que não era seu irmão, porém que lhe parecia por todos os indícios
assinalados), revelou de uma probabilidade fraca demais (dando por suposto que
um parecido em milhares de particularidades é pouco possível demais segundo o
cálculo das probabilidades), quer dizer então de uma probabilidade que supõe
que nossa Terra, assim como tudo o que a reafirma, seja o produto de uma
matéria fortuita e acidental? Quem se parecerá, por milhões de qualidades, a um
Criador sensato e finalista? A quarta demarcação: Pensamos, pois, sem vacilação
possível na hipótese que temos formulado na segunda demarcação; quer dizer, a
existência de um Criador. A quinta demarcação: Relacionamos está fraca
probabilidade com a forte probabilidade que temos constatado na terceira
demarcação. E sendo que a probabilidade da terceira demarcação se debilita
proporcionalmente ao aumento do número de acasos que devíamos supor-lhe, é
evidente que esta probabilidade é fraca demais com relação às probabilidades da
terceira demarcação de raciocínio indutivo utilizado em toda a lei científica.
Pois o número de acasos que devemos supor imperativamente na terceira
demarcação de nossa presente demonstração, é superior ao número de acasos
supostos em toda outra probabilidade similar ou semblante. Esta probabilidade
é, pois, nula. Assim, chegamos à conclusão da existência de um Criador, baseada
em todos os sinais da harmonia e da ordem que nos proporciona o Universo: “Em
breve lhes faremos ver nossos sinais em todos os horizontes, tudo como em suas
próprias pessoas, até que lhes seja evidente que, sim é esta a verdade. Como?
Não basta que teu Senhor seja Testemunha de todas as coisas?” (Alcorão XLI,
53). “Na criação dos céus e da terra; na alteração do dia e da noite; nos
navios que singram o mar para o benefício do homem; na água que Deus envia do
céu, com a qual vivifica a terra, depois de haver sido árida e onde dissemina
toda espécie animal; na mudança dos ventos; nas nuvens submetidas entre o céu e
a terra, (nisso tudo) há sinais para os sensatos.” (Alcorão II, 164). “Voltai,
pois, a olhar! Vês, acaso, alguma fenda? Novamente, olha e torna a fazê-lo, o
teu olhar voltará a ti, confuso e fatigado.” (Alcorão LXVII, 3,4). www.arresala.org.br. Abraço. Davi.
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