quarta-feira, 13 de abril de 2022

LIVRO A CIÊNCIA DO YOGA - SAMADHI PADA III

 

Yoga. Livro A Ciência do Yoga. SAMADHI PADA III. Autor I. K. Taimni. Tada drastuh svraupe vasthanam. I-3. Este sutra assinala, de maneira geral, o que acontece quando todas as modificações da mente, em todos os níveis, foram completamente inibidas. O vidente é estabelecido em seu próprio svarupa ou, em outras palavras, atinge a autorrealização. Não podemos saber o que é este estado de autorrealização enquanto estivermos envolvidos no movimento das citta vrttis. Só pode ser percebido de dentro para fora, não pode ser compreendido de fora para dentro. Mesmo a compreensão parcial e superficial que podemos obter sob nossas limitações atuais, por meio do estudo e da reflexão, somente é possível alcançar após dominarmos por completo a teoria e a técnica do Yoga, apresentadas neste tratado. Os estágios mais elevados de consciência que se revelam no estado do samadhi, mencionados em I-44 e 45. São chamados de rtambhara ou geradores de verdade e retidão. À sua luz, o yogi pode conhecer a verdade subjacente em todas as coisas em manifestação. Mas ele pode conhecer a verdade dessa maneira, somente nas coisas que fazem parte de drsyam, o visto, e não de drasta, o vidente. Para isso ele tem que praticar nirbija samadhi (I-51). Vrtti-sarupyam itaratra. I-4. Nos outros estados existe assimilação (do vidente) com as modificações (da mente). Quando as citta vrttis não estão no estado de nirodha, e drasta não estã estabelecido em seu svarupa, ele está assimialado com aquele vrtti particular que ocorre ocupar, no momento, o campo de sua consciência. Uma comparação talvez ajude o estudante a compreender essa assimilação da consciência com a transformação da mente. Que ele imagine uma lâmpada elétrica acesa suspensa em um recipiente cheio de água límpida. Se a água for violentamente agitada por um dispositivo mecânico, ela apresentará toda espécie de formas, em três dimensões, em torno da lâmpada, sendo essas formas iluminada pela luz da lâmpada e mudando a cada momento. Mas, e a lâmpada? Ela se perderá de vista, e toda a luz dela emanada será assimilada, ou perdida, na água que a cerca. Que ele imagine, agora, que a agitação da água vá, aos poucos, diminuindo até que a água fique completamente parada. A medida que as formas tridimensionais começarem a desaparecer, a lâmpada elétrica irá aparecendo gradualmente e, quando a água estiver complemente tranquila, somente a lâmpada será visível. Esta comparação ilustra, de modo um tanto precário, tanto a assimilação da consciência do purusa, com a modificação da mente, quanto sua reversão a seu próprio estado não modificado quando a mente entra em repouso. A mente entra em repouso, ou através de para-vairagya, desenvolvido por Isvara-pranidhana, ou através da prática do samadhi. O resultado em ambos os casos é o mesmo, ou seja, Iluminação e Liberação. Este sutra, a exemplo do anterior, tem o propósito de responder, de uma forma geral, apenas à pergunta que acontece a purusa quando não está estabelecido em seu svarupa? Seu completo significado somente pode ser compreendido quando todo o livro tiver sido estudado, e os vários aspectos do assunto adequadamente entendidos. Vrttayh pancataryyah klistaklistah. I-5. As modificações da mente são de cinco tipos e são dolorosas ou não-dolorosas. Após indicar a natureza essencial da técnica do Yoga, o autor classifica os vrttis. Ele os agrupa de duas maneiras. Primeiro, em relação aos nossos sentimentos, se eles são dolorosos, prazeroso ou de caráter neutro. Em segundo lugar, de acordo com a natureza do pratyaya produzido em nossa consciência. Consideremos, primeiramente, a reação desses vrttis sobre nossos sentimentos. Essa reação, de acordo com Patanjali, é dolorosa ou não dolorosa, o que parecerá ao estudante superficial, um modo um tanto estranho de classificar as modificações mentais. É claro que há certas modificações que tem um caráter neutro, isto é, não produzem em nossa mente qualquer reação prazerosa ou dolorosa. Quando, por exemplo, ao caminhar, notamos uma árvore, trata-se de mera percepção sensorial que não desperta em nós qualquer sentimento de prazer ou de dor. A grande maioria de nossas percepções sensoriais, que resultam nas modificações da mente, tem este caráter neutro e foram classificadas como “não dolorosas”. Mas há outras modificações da mente que despertam em nós prazer ou dor. Por exemplo, quando provamos um alimento saboroso ou vemos um belo pôr-do-sol, ou cheiramos uma rosa, temos um sentimento nítido de prazer. Por outro lado, quando vemos uma cena horrível, ou ouvimos um grito de angústia, a transformação da mente é definitivamente. Por que, então, classificou todas essas modificações da mente, que despertam em nós algum sentimento, como dolorosas? A razão é dada em II-15, juntamente com a filosofia dos Klesas. Basta, de momento, mencionar que, de acordo com a teoria dos klesas, na qual se baseia a filosofia do Yoga. Todas as experiências de prazer ou dor são realmente penosas para as pessoas que desenvolveram a faculdade de discernimento e não estão cegas pegas ilusões da vida inferior. É a nossa ignorância, causada por essas ilusões, que nos faz correr atrás desses prazeres. É nossa ignorância, causada por essas ilusões, que nos faz ver prazer em experiências que são fonte potencial de dor e, portanto, nos faz correr atrás desses prazeres. Se nossos olhos interiores estivessem abertos, veríamos a dor “potencial” oculta em tais prazeres, e não apenas quando a dor está presente de modo “ativo”. Veríamos, então, a justificativa para a classificação de todas as experiências que envolvem nossos sentimentos e, assim, dão origem a raga e dvesa como dolorosas. Isto pode parecer ao estudante um ponto de vista um tanto pessimista sobre a vida, mas que ele suspenda seu julgamento, até que tenha estudado a filosofia dos klesas, na seção II. Se todas as experiências envolvendo os nossos sentimentos são dolorosas, então, é lógico que se classifique as demais, que são de caráter neutro e não afetam nossos sentimentos, como não dolorosas. Ver-se á, então, que a classificação primária de citta-vrttis como dolorosas e não dolorosas não é desarrazoada, mas, do ponto de vista do Yoga, perfeitamente lógica e razoável. O outro ponto de vista com base no qual as citta vrttis foram classificadas é a natureza do pratyaya produzido em citta. O objetivo de classificá-los dessa maneira é mostrar que todas as nossas experiências, no domínio da mente, consistem em modificações mentais e nada mais. O controle e a total supressão dessas modificações, portanto, extinguem por completo nossa vida interior e levam-nos, inevitavelmente, à aurora da consciência superior. Classificados dessa maneira, os vrttis ou modificações são de cinco tipos, como se mostra no próximo sutra. Pramana viparyaya vikalpa nidra smrtayah. I-6. Elas são conhecimento correto, conhecimento errôneo, fantasia, sono e memória. Mais em vez, num exame superficial, a classificação quíntupla pode parecer um tanto estranha, porém, um estudo mais profundo comprovará ser ela perfeitamente científica. Se analisarmos nossa vida mental, no que concerne ao seu conteúdo, verificaremos que ela consiste num grande número de imagens variadas. Um estudo mais acurado dessas imagens mostrará, todavia, que todas elas podem ser classificadas em cinco amplos subtítulos, enumerados neste sutra. Antes de examinarmos cada um desses subtítulos, separadamente, nos cinco sutras subsequentes, tentemos entender, de maneira geral, o sistema fundamental de classificação. Pramana e viparayaya abrangem todas as imagens que são formadas por algum tipo de contado direto, através dos órgãos dos sentidos, como o mundo exterior dos objetos. Vikalpa e smrti abrangem todas as imagens ou modificações da mente que são produzidas sem qualquer contato direto com o mundo exterior. Elas são o resultado da atividade independente da mente inferior, usando as percepções sensoriais reunidas antes na mente e aí armazenadas. No caso de smrti ou memória, essas percepções sensoriais são reproduzidas na mente com fidelidade, isto é, na forma e na ordem em que foram obtidas previamente, através dos órgãos dos sentidos. No caso de vikalpa ou imaginação, elas são reproduzidas de qualquer forma e em qualquer ordem, a partir do material sensorial presente na mente. A imaginação pode combinar essas percepções sensoriais em qualquer forma ou ordem, coerente ou incoerente. Mas o poder de combinar as percepções sensórias está sob o controle da vontade. No estado de sonho, a vontade não tem controle sobre essas combinações, e elas aparecem ante a consciência, ao acaso, fantásticas e, frequentemente, absurdas, influenciadas até certo ponto pelos desejos presentes na mente subconsciente. O Eu Superior, com sua vontade e razão, retira-se, por assim dizer, para além do limiar da consciência, deixando a mente inferior parcialmente enredada, com o cérebro privado da influência racionalizante da razão e da influência controladora da vontade. Quando até mesmo os resquícios da mente inferior também se retiram para além do limiar da consciência cerebral, temos um sono sem sonhos ou nidra. Neste estado, não há imagens mentais no cérebro. A mente continua ativa em seu próprio plano, mas suas imagens não são refletidas na tela do cérebro físico. Que o estudante examine agora sua atividade mental, à luz do que se disse acima. Que ele adote qualquer modificação da mente inferior, que opera com nomes e formas, e veja se não consegue inseri-las em um dos cinco grupos. Ele verificará, para sua surpresa, que todas as modificações da mente inferior podem ser classificadas sob um ou outro dos subtítulos e, portanto, o sistema de classificação é perfeitamente racional. É verdade que muitas das modificações, sob análise, apresentar-se-ão complexas e inseridas em dois ou mais grupos. Mas logo se verificará que os vários ingredientes se adaptam a um ou outro dos cinco grupos. Eis por que os vrttis são chamados pancatayyah – quíntuplos. Pode-se perguntar por que somente as modificações da mente concreta inferior podem ser levadas em consideração na classificação das citta-vrttis. Cita inclui todos os níveis da mente, o mais baixo dos quais é chamado manas inferior, o qual funciona através de manomaya kosa e trata das imagens mentais concretas, com nomes e formas. A resposta a esta pergunta é óbvia. O homem comum, cuja consciência está confinada à mente inferior, pode conceber apenas as imagens concretas derivadas de percepções obtidas através dos órgãos sensoriais físicos. As citta-vrttis correspondentes aos níveis mais elevados da mente, embora definidos, vividos e capazes de serem expressos indiretamente, através da mente inferior, estão além de sua compreensão e podem ser percebidas em seus próprios planos no estado do samadhi, quando a consciência transcende a mente inferior. O Yoga começa o controle e a supressão do tipo inferior das citta-vrttis. Com o que o sadhaka está familiarizado e a qual ele pode compreender. Não haveria por que tratar das cittas-vrttis correspondestes aos níveis superiores da mente, mesmo que estas citta-vrttis fossem suscetíveis de classificação comum. O sadhaka tem de esperar até que ele aprenda a técnica do samadhi. Consideremos agora os cinco tipos de modificações, individualmente, um a um. Livro A Ciência do Yoga de I. K. Taimni. Abraço. Davi

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