Gnosticismo. www.gnosisonline.org.br. Por All
Onaissi. VINHO NOVO EM ODRE VELHO. É primordial e absolutamente necessário que
cada discípulo tenha consciência da necessidade de realizar seu trabalho
psicológico a partir da auto-observação, pois se não fizermos isso, estaremos
perdendo o tempo lamentavelmente. E nossa vida deve ser aproveitada ao máximo
para que dê frutos espirituais. O Cristo ensina que há que se “colocar vinho
novo em odre novo”. Esse vinho novo é a sabedoria gnóstica, e o odre novo é a
mente purificada com o trabalho psicológico, para, aí sim, receber o vinho como
ensinamento. Se não fazemos assim, simplesmente haveremos computado como
máquinas o ensinamento gnóstico, para realizar logo comparações com outras
informações, estabelecendo verdades falsas e geralmente deformadas, adulteradas
e tergiversadas. É irrefutável que o trabalho esotérico começa com a rigorosa
observação de “si mesmo” e o fugir deste tipo de trabalho ou buscar desculpas
ou evasivas, é sinal inconfundível de degeneração , ou seja, é impossível uma
criação ou desenvolvimento interior. Desafortunadamente, no mundo das opiniões
subjetivas, diversa teorias pseudo esotéricas servem de rua sem saída para os
discípulos que não trabalham sobre “si mesmos”. O conhecimento deste
ensinamento só serve se o levarmos à prática, à vivência, à compreensão
profunda e iluminadora. Mas, infelizmente, o homem-máquina desenvolve unicamente
o lado do conhecimento, acumulando em seu computador ou subconsciente mais e
mais teorias e conceitos, esquecendo-se do Ser Divino que se encontra dentro de
si. Um estudante gnóstico perguntou: “Há coisas nos estudos gnósticos com as
quais estou de acordo e outras não”. Mas esse estudante se equivoca, porque a
Gnosis como sabedoria transcendental não é para se estar ou não de acordo com
ela, senão para comprová-la, levando à prática o ensinamento do Mestre Samael
Aun Weor (1917-1977), para que assim o Centro de Gravidade de nossas ações seja
a consciência e não o ego com seu subconsciente computadorizado. O trabalho
psicológico nos permite ir estabelecendo uma continuidade de propósitos. É
normal que alguém se entusiasme pelo trabalho espiritual e logo o abandone. Necessitamos
mudar com urgência máxima, para que os germes do homem, desse Cristo Interior
em nós, comece a dar frutos. Só trabalhando sobre “si mesmo”, com verdadeira
continuidade de propósitos, é que poderemos nos converter em homens solares e
isso implica consagrar a totalidade de nossa existência ao trabalho esotérico
sobre “si mesmo”, não nos perdendo nem nos identificando com as diferentes
circunstâncias da vida. Desafortunadamente, essa continuidade de propósitos que
nos permite consagrar a totalidade de nossa existência ao trabalho sobre “si
mesmos” é muito difícil, já que não possuímos a verdadeira individualidade.
Somos uma multiplicidade egóica, e cada eu ou defeito tem seus critérios,
projetos, ilusões. Aqui está o porquê de tantas desculpas, tantas evasivas,
tantas atrações fascinantes para realizarmos o trabalho psicológico que torna
quase impossível a urgência do trabalho interior. Um homem é o que é sua vida.
Um dia de nossa vida é uma pequena réplica desta mesma vida, em sua totalidade.
Se o discípulo não se propuser a trabalhar um primeiro dia sobre “si mesmo”,
nunca poderá mudar nem se autoconhecer. Nossa vida divide-se em dias, meses e
anos, e se não trabalhamos no primeiro dia, ou seja, o aqui e agora, é claro
que não haverá um ponto de partida. Talvez digamos “amanhã”, mas lembre-se:
“Não deixe para amanhã o que pode ser feito hoje”. E: “O ontem não existe mais,
o amanhã é somente uma possibilidade, e a única realidade é o hoje”. Enquanto
dissermos que começaremos amanhã, nunca começaremos. Cada dia é uma réplica ou
cópia de toda a vida. Por quê? Porque todos os dias fazemos o mesmo, na grande
maioria das vezes de forma repetitiva e mecânica: levantamos, tomamos banho,
comemos, saímos à rua, vamos ao trabalho sempre pelo mesmo caminho e da mesma
forma, trabalhamos, nos relacionamos com pessoas sempre com as mesmas reações,
voltamos para casa e dormimos… Se começamos a nos auto-observar e estamos
conscientes no primeiro dia, é lógico que teremos iniciado um verdadeiro
desenvolvimento espiritual, e continuando-o no próximo “hoje”, diariamente, nos
permitirá estabelecer uma continuidade de propósitos, logrando, assim,
progressivamente um CENTRO DE GRAVIDADE SOBRE A NOSSA CONSCIÊNCIA. Com o
propósito de trabalhar sobre “si mesmo” é preciso demarcar o campo de trabalho,
não devemos sonhar preguiçosamente a trabalhar num futuro, ou em esperar uma
oportunidade extraordinária, senão trabalhar hoje, demarcar o trabalho prático
para o dia de hoje, a esse mesmo dia em todos os seus eventos, e a não pensar em
termos de amanhã. Caro leitor, você começou a observar-se no tocante ao dia de
hoje, AGORA, ao dia comum, sempre recorrente, miniatura de um ano e de sua vida
inteira? Todos conhecem este ditado: “A cada dia lhe basta seu afã”. Mas você
tem pensado alguma vez no que significa esse ditado e tem considerado o
contexto sob o qual o Cristo Jesus fez essa observação? Por exemplo, que
sentido tem quando diz “basta”? “Basta”, para quê? Basta trabalhar para o afã
de hoje? Se um homem começa a trabalhar, ainda que seja um pouco, a cada dia,
sobre seus desgostos e penas, e a fazer-se consciente de seus atos recorrentes
diários, começa então a trabalhar praticamente sobre “si mesmo”. Mas é preciso
que conheça seu dia e que você se conheça em relação com seu dia. Há um certo
dia ordinário que cada pessoa experimenta, exceto nos acontecimentos
inusitados. Os eventos do dia ordinário têm certa similaridade recorrente para
cada pessoa. Agora bem, vamos supor que um homem nunca se dá conta deste
particular e nunca observa a “si mesmo” em conexão com os eventos do dia comum.
Então, como pode ocorrer a ele que está trabalhando sobre si e como pode supor
que é possível mudar? A mudança do Ser começa com a troca das reações ante os
verdadeiros incidentes do dia. Isto é o começo de viver a vida de uma nova
maneira, num sentido verdadeiro e prático. Se você se comporta de mesma maneira
todos os dias ante os mesmos eventos recorrentes (ou seja, que se repetem
continuamente), como poderão crer que é possível mudar? Para chegar ao conhecimento
de si, comece a observar sua conduta ante os acontecimentos de um só dia de
suas vida. Observe quais são suas reações, quer dizer, observe suas reações
mecânicas ante todos os pequenos eventos que ocorrem e ante as demais pessoas;
examine o que dizem, sentem e pensam, e como você reage mentalmente,
verbalmente e fisicamente. Então, trate de ver como podem mudar essas reações.
Claro está, se tem a certeza de que SEMPRE SE COMPORTA DE FORMA CONSCIENTE e
racional e que NUNCA ESTÁ EQUIVOCADO, nada mudará em você, porque nunca será
capaz de se dar conta de que VIVE COMO UMA MÁQUINA, absolutamente repetitiva,
uma pessoa mecânica, que sempre diz, sente, pensa e faz uma e outra vez as
mesmas coisas. Mas, quiçá, devido a uma crescente consciência de si, você se dá
conta de que não é uno, de que não é um indivíduo plenamente consciente, senão
que em certo momento é uma pessoa mesquinha, no próximo uma pessoa irritável,
depois uma pessoa benevolente, mais tarde uma pessoa escandalosa ou
caluniadora, depois um santo e logo um embusteiro. Faça o exercício de se
comportar de forma consciente durante uma pequeníssima parte de sua vida,
porque tudo o que fazemos aqui e agora nos afeta para sempre. Um só momento em
que se está bastante consciente para não se comportar mecanicamente, se fez
isso voluntariamente, modificará muitos resultados futuros. Se você aprende,
digamos, um pouco de francês hoje, conhecerá mais amanhã; mas se hoje não faz
nada, amanhã não conhecerá nada. Ocorre o mesmo com o trabalho sobre si. Mas é
preciso trabalhar voluntariamente sobre si e não porque alguém lhe diga que
deve fazê-lo. Trabalhar de má vontade ou para fazer méritos é uma coisa; e
trabalhar sobre si porque há algo que não nos agrada e anelamos mudar, é outra
coisa. O modo como tomamos a vida é equivocado porque a causa do hábito chega a
se petrificar e deste modo torna-se mecânica. Logo, em verdade, como mecânicos
e por isso carecemos de todo sentido verdadeiro do que estamos fazendo e nossos
dias passam de uma estranha maneira não sentida, por exemplo, levamos a cabo os
hábitos mecânicos do dia. Assim, não temos uma verdadeira vida e não recebemos
novas impressões. O “eu”, quer dizer, a máquina, atua. Mas se um homem inicia
seu dia conscientemente, o dia inteiro será diferente para ele. O discípulo
deve chegar a conhecer o que significa trabalhar sobre “si mesmo” e, desta
forma, tomará sua vida como um dia. Deve ver, observar e compreender que é para
ele um dia, e não crer que um dia carece de importância por ser tão habitual e
que o trabalho não tem significado para o futuro ou que o trabalho é algo “que
ainda não tem oportunidade de aplicar a si, porque está ocupado com o trabalho
do dia a dia”. Como você se levanta? Qual seu estado de ânimo no desjejum? O
que é que sempre o transtorna? Etc. Rogo a você, caro estudante, não pensar que
a mudança de si mesmo significa um mero fumar menos ou comer menos. Recorde que
esse trabalho é psicológico. Nossa vida cotidiana, nossa profissão, nosso
negócio, nossa ocupação etc., não são senão um sonho com o qual nos
identificamos. Esta compreensão vem lentamente quando compreendemos melhor o
que significam o sonho e a mecanicidade e por que se diz que a humanidade está
adormecida e que sua vida é mecânica. Para trabalhar sobre si mesmo é preciso trabalhar
sobre a vida cotidiana e então compreenderemos o que significa a misteriosa
frase na Oração do Senhor: “O PÃO-NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE”. A frase
“cada dia”, significa, “O pão substancial” em grego “o pão do alto”. Os
ensinamentos como produto deste trabalho psicológico nos dão o pão para a vida,
a vida psicologicamente vivida, no duplo sentido de ideias e de forças para
fazer frente aos desgostos da vida mecânica cotidiana; nos oferecem “o pão
substancial” e assinala a nova vida que começa em nós mesmos; porque no
trabalho psicológico todos buscamos ser uma nova pessoa, absolutamente
diferente de tudo quanto temos vivido. Agora, ninguém pode alterar sua vida ou
modificar coisa alguma a respeito das reações mecânicas de sua vida cotidiana a
menos que conte com a ajuda de novas ideia e receba auxílio Divino. No trabalho
psicológico não existe nada depreciável. Qualquer pensamento, por
insignificante que seja, merece ser observado do mesmo modo que qualquer emoção
ou reação negativa. Necessitamos preparar os centros inferiores para receber as
ideias e as forças que sempre vêm dos centros superiores (mas não são captados
devido ao pesado estado de sono interno). Mas toda tentativa feita
voluntariamente, para corrigir uma ação negativa ou separar-se dela, todo
intento de recordação de si ante uma dificuldade, todo ato de sincera
observação de si, como quando alguém mente ou se dá demasiada importância
devido à falsa personalidade, ou se deforma a verdade para ferir outra pessoa,
ajuda a fazer as conexões corretas nos centros inferiores e os prepara assim
para sua união com os centros superiores e para receber a ajuda que provém
deles. Nesse trabalho psicológico, o discípulo, ao voltar-se consciente de seus
atos recorrentes, afasta-se dos efeitos mecânicos da vida. De outro modo,
estaria devorado pela mecânica da vida. Se o discípulo se identifica com todos
os eventos da vida prática e esgota suas forças em emoções negativas e em
autoconsiderações e em vão palavrório insubstancial de conversa ambígua nada
edificante, nenhum elemento real pode se desenvolver nele fora do que pertence
ao mundo mecânico. Se nós queremos que algo real cresça em nosso interior, é
claro que devemos evitar o escape das energias psíquicas. Quando temos perda de
energia e não estamos isolados na intimidade, é inquestionável que não
poderemos lograr o desenvolvimento de algo real em nossa psique. A vida
ordinária comum e corrente quer nos devorar implacavelmente, e nós devemos
lutar contra a vida diariamente, devemos aprender a nadar contra a corrente.
Esse trabalho psicológico vai contra a vida, trata-se de algo muito distinto
aos nossos dias, e sem embargo devemos praticá-lo de instante em instante,
então, com isso nos referimos à Revolução de Consciência. www.gnosisonline.org.br. Abraço. Davi.
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