Judaísmo. www.morasha.com.br. A SUCÁ E SEU
SIGNIFICADO. “E falou o Eterno a Moisés: Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos
quinze dias deste sétimo mês, será festa das cabanas (Sucot), por sete dias, ao
Eterno. E celebrareis esta festa ao Eterno por sete dias cada ano; estatuto
perpétuo pelas vossas gerações; no sétimo mês a celebrareis. Nas cabanas
habitareis por sete dias; todo natural de Israel habitará nas cabanas. Para que
as vossas gerações saibam que nas cabanas fiz habitar os filhos de Israel,
quando os tirei da terra do Egito, Eu sou o Eterno, vosso Deus”. (Levítico 23,
33-34;41-43) Morashá traz uma leitura diferente da mitzvá da celebração de
Sucot através dos ensinamentos do Rabino S. R. Hirsch. Nascido em Hamburgo em
1808, o rabino e filósofo liderou a criação de um judaísmo ortodoxo modernizado
que pudesse conter o desafio do movimento liberal no judaísmo alemão – então
nascente – sem abandonar o que de melhor havia na civilização européia. Quando
em 1876 a Prússia adotou a lei que emancipava os judeus, permitindo-lhes
estabelecerem-se em sociedades independentes, Rav Hirsch separou sua
congregação do restante da comunidade, lutando para mantê-la a fiel à Torá e
seus preceitos, pois considerava que o grupo neo-ortodoxo era infiel à Lei de
nossos antepassados. Verdadeiro líder da ortodoxia alemã no século 19,
apresentava o judaísmo como uma comunidade baseada na fé, que almejava a
santificação da vida, a espiritualização do homem e a conscientização da
presença Divina na terra. Os trechos selecionados fazem parte da obra HOREB: A
Philosophy of Jewish Laws and Observances, em que o Rabino Hirsch apresenta
magistralmente nossas leis e como devemos observá-las, dando ênfase especial às
idéias subjacentes às mesmas. A obra é considerada um marco do retorno à
Halachá como o centro da vida e do pensamento judaico. Rav Hirsch interpreta o
mandamento Divino de habitar na fragilidade das tendas, durante Sucot; explica
o propósito da festividade, que visa nossa preservação física e espiritual na
fartura e na escassez, na riqueza ou na pobreza, sempre confiantes na mão de
D’s a guiar nosso povo: “(...). A festa de Sucot é dedicada à preservação
física de Israel por D’s. É a época quando a colheita do ano está quase
terminada e o celeiro e a casa estão abastecidos. Já não mais voltas, ansioso,
teus olhos aos céus, implorando por uma bênção, pois já colheste o que te
tocava e, confiante no que estocaste, enfrentas o inverno com serenidade. Por
outro lado, a colheita do ano pode ter-te dado escassos resultados e,
refletindo sobre tua privação e pobreza, tu e tua mulher e teus filhos podem
tornar-se desesperançados e, tomados pelo desespero, vislumbrar um futuro submerso
em necessidade.” “(...). Deixa tua moradia, sólida e segura; habita sob o
esparso teto de folhagens e aprende a lição que estas nos transmitem: HaShem,
teu D’s, fez com que teus antepassados habitassem em tendas durante quarenta
anos, quando os tirou do Egito; e Ele os sustentou em suas cabanas e desta
forma revelou-Se como a Divina Providência que a todos ampara”. Seus textos
mostram-nos o real valor da vida, quão fugazes são as riquezas, quão vazio é o
culto ao dinheiro e aos bens materiais. Apontam-nos a riqueza que há na
humildade e no respeito a D’s, HaShem, o Único que nos sustenta e nos ampara,
onde quer que estejamos, no deserto ou na segurança de nossos lares, nesta e em
todas as gerações de nosso povo: “(...). Se és rico, fica ciente de que não são
as riquezas nem as posses – nem tampouco os talentos dos quais o homem tanto se
orgulha – os deuses que tornam mais segura a tua existência. Somente D’s o faz,
este D’s que ampara mesmo nas tendas aqueles que se rendem a Ele em total
devoção e lealdade. Lembra-te, então, de agradecer a D’s – e somente a Ele –
por tua riqueza, por tua distinção, por teus tesouros; pois tudo isto só é teu
enquanto a D’s aprouver. Lembra-te, também, de que cada talento adquirido pode
mudar e que os antepassados dos hoje ricos netos, viveram em cabanas, durante
40 anos, na aridez do deserto. Portanto, aprende a não ser escravo da tua
riqueza e a não te afastar de D’s. Te sentirás livre sob Sua proteção, quer
estejas em uma cabana coberta de folhagens ou sob um firme teto de cimento. No
final, se estabeleceres teu próspero lar não sobre a riqueza e o conforto, mas
sobre D’s – pois que Ele guarda a tua morada ainda que teu telhado seja de
pedra; e foi apenas através de Sua bondade que conseguiste conquistar tuas
posses e sobretudo mantê-las – só assim aprenderás – através da opulência e da
riqueza – a depositar tua confiança apenas em D’s, que é o Único Sustento de
todos os seres vivos.” As palavras do Rabino Hirsch nos dão alento quando a
sorte não parece sorrir-nos, quando a roda da fortuna gira para outro lado.
Mostram-nos que a mesma Mão que nos tirou do desespero e da desolação do
deserto, que nos colocou em cabanas, virará o Seu olhar sobre nós: “(...). E se
fores pobre, meu querido irmão judeu, se estiveres na pobreza e no desespero,
eu te suplico: vai viver na tenda coberta de folhagem! Afasta-te de teu antigo
abrigo protegido e de bom grado vive a vida dos mais pobres e aprenda esta
lição: D’s sustentou teus antepassados em meio à aridez das cabanas. Esse mesmo
D’s ainda vive e Ele é teu D’s, e assim como o brilho das estrelas cintila
sobre o teto de folhagens, assim Ele, com Seu olhar cuidadoso, abraça-te com
amor, contempla teu sofrimento e tuas lágrimas, ouve teus suspiros e conhece
tuas angústias. Ele não te abandonará assim como não abandonou os teus
antepassados. Por acaso estás desesperado por não possuíres os bens sobre os
quais os homens constroem suas vidas? Deveras (...) por acaso os teus
antepassados, que foram alimentados com o maná, não aprenderam em suas cabanas
que sua vida é governada por cada uma das sentenças Divinas? Será que tu não
aprenderás esta lição, como o fizeram teus antepassados, ao seguires o teu
caminho ao longo da dura estrada da vida? Entra já na Sucá! Aprende a ser forte
e animado no sofrimento; tem fé em D’s, Aquele que dá o sustento mesmo nas
cabanas e na penúria.” “(...). O que será, na vida, que nos afasta de D’s,
tornando-nos convencidos ou despidos de esperança e, em meio a todas as nossas
aflições por nosso bem-estar, não deixa espaço para nossa verdadeira
felicidade? Porventura será a loucura com a qual nos agarramos aos bens
mundanos, colocando-os em um pedestal como se fossem os deuses de nossa vida?
Será a loucura com a qual cada um de nós constrói sua própria Torre de Babel,
levando-nos a nos sentirmos seguros em nossos falsos abrigos? Que a festa de
Sucot possa livrar-nos dessa loucura; que dessa idolatria das posses e bens
materiais e das obras humanas possa nossa submissão à Sucá nos libertar; e que
ao invés disso leve-nos a D’s que é a única base de nossa vida. Que a festa de
Sucot possa nos ensinar a colocar nossa confiança nas mãos de D’s, para apenas
em D’s confiar. Isto é a verdadeira fé, isto é emuná.” Nestes trechos, de
extrema beleza, Rav Hirsch traça um paralelo com as palavras do profeta
Jeremias para alertar os judeus europeus que, deslumbrados com a emancipação
que lhes era concedida, afastavam-se de sua lealdade com a herança religiosa de
nossos pais. Conclama-os a voltar para a Sucá, voltando a buscar a orientação
Divina em meio à dispersão em que se encontravam entre as nações: “(...). Mas
tu não deves transferir-te para a Sucá pensando apenas no teu próprio destino
ou na emuná que envolve apenas a tua vida; mas sim como um filho de Israel,
ciente do destino de teu povo e, portanto, estendendo essa fé também ao destino
de teu povo. Ó, se ao menos Israel, enquanto ainda vivia feliz e unido no solo
abençoado por D’s, tivesse adentrado a Sucá imbuído do verdadeiro espírito
desta, nunca, em tempo algum, teriam “seus deuses se tornado tão numerosos
quanto suas cidades”; jamais teria sido ouvida a voz do Profeta: “Voltem à
desolada aridez do deserto!” No entanto, vós, queridos irmãos judeus, que
novamente estais dispersos pela desolação do deserto, entrai na Sucá e gravai
na memória como D’s sustentou vossos antepassados enquanto erravam pelo deserto
inóspito. Ele está a teu lado, também, em tua atual vagueação pelos áridos
desertos. Olha para trás, para os séculos de sofrimento, opressão, degradação e
escuridão – estavam ausentes as nuvens protetoras do Todo Poderoso? Porventura
não estava a chama ardente a indicar o caminho? Não foi D’s quem te sustentou,
ó pobre filho de Israel? E agora, ó Israel, tua geração mais jovem vislumbra
nesses atos de misericórdia a sua libertação, o triunfo de sua luta, uma luta
pela livre construção de seu ser e a livre consumação de seu próprio modo de
vida. Comportam-se como se Israel tivesse sido separado de outras nações para
marchar através da história apenas para submergir em meio das nações que
idolatram e veneram os bens materiais. Ó jovens de Israel, que ainda estais
imbuídos do espírito de Israel, adentrai na Sucá; mantende-vos afastados da
loucura deste momento! Agarrai-vos rapidamente a D’s, este D’s que vos
transporta nas asas das águias também neste exato momento de provação.” “(...).
Sim, adentrai na Sucá como cidadãos do mundo, ó juventude de Israel! Nossos
profetas e sábios, no passado, em seus pronunciamentos, nos deram uma visão do
que está por acontecer no futuro. E, portanto, quando no futuro os homens
tiverem aprendido na própria carne o vazio e a irrealidade de suas obras – este
vazio que começou pela Torre de Babel e continua agora, nesta tentativa de
fundamentar a vida em deuses terrenos, sem a presença de D’s – quando tiverem
aprendido, eles hão de entrar na Sucá. Nesse momento do futuro, um vínculo de
fraternidade envolverá a humanidade e, unidos em irmandade sob um Único D’s,
estarão libertos do culto ao ídolo do dinheiro. E aí este D’s Único os
receberá, a todos, no Tabernáculo da Paz, como seu Pai; e como tal, HaShem, D’s
Único, Ele e somente Ele será adorado na face da terra.” Festejemos, pois, em
Sucot, a nossa fé, seguindo os ensinamentos de Rav Hirsch! Dispamo-nos de tudo
o que denigre a dignidade humana e de tudo aquilo que leva ao nosso coração a
adoração pelo poder das riquezas. Estaremos, assim, cada um de nós, em paz com
D’s, com o mundo, com nossa própria vida! As palavras do Rabino Hirsch nos dão
alento quando a sorte não parece sorrir-nos, quando a roda da fortuna gira para
outro lado. Mostram-nos que a mesma Mão que nos tirou do desespero e da
desolação do deserto, que nos colocou em cabanas, virará o Seu olhar sobre nós:
“(...). E se fores pobre, meu querido irmão judeu, se estiveres na pobreza e no
desespero, eu te suplico: vai viver na tenda coberta de folhagem! Afasta-te de
teu antigo abrigo protegido e de bom grado vive a vida dos mais pobres e
aprenda esta lição: D’s sustentou teus antepassados em meio à aridez das
cabanas. Esse mesmo D’s ainda vive e Ele é teu D’s, e assim como o brilho das
estrelas cintila sobre o teto de folhagens, assim Ele, com Seu olhar cuidadoso,
abraça-te com amor, contempla teu sofrimento e tuas lágrimas, ouve teus
suspiros e conhece tuas angústias. Ele não te abandonará assim como não
abandonou os teus antepassados. Por acaso estás desesperado por não possuíres
os bens sobre os quais os homens constroem suas vidas? Deveras (...) por acaso
os teus antepassados, que foram alimentados com o maná, não aprenderam em suas
cabanas que sua vida é governada por cada uma das sentenças Divinas? Será que
tu não aprenderás esta lição, como o fizeram teus antepassados, ao seguires o
teu caminho ao longo da dura estrada da vida? Entra já na Sucá! Aprende a ser
forte e animado no sofrimento; tem fé em D’s, Aquele que dá o sustento mesmo
nas cabanas e na penúria.” “(...). O que será, na vida, que nos afasta de D’s,
tornando-nos convencidos ou despidos de esperança e, em meio a todas as nossas
aflições por nosso bem-estar, não deixa espaço para nossa verdadeira
felicidade? Porventura será a loucura com a qual nos agarramos aos bens
mundanos, colocando-os em um pedestal como se fossem os deuses de nossa vida?
Será a loucura com a qual cada um de nós constrói sua própria Torre de Babel,
levando-nos a nos sentirmos seguros em nossos falsos abrigos? Que a festa de
Sucot possa livrar-nos dessa loucura; que dessa idolatria das posses e bens
materiais e das obras humanas possa nossa submissão à Sucá nos libertar; e que
ao invés disso leve-nos a D’s que é a única base de nossa vida. Que a festa de
Sucot possa nos ensinar a colocar nossa confiança nas mãos de D’s, para apenas
em D’s confiar. Isto é a verdadeira fé, isto é emuná.” Nestes trechos, de
extrema beleza, Rav Hirsch traça um paralelo com as palavras do profeta
Jeremias para alertar os judeus europeus que, deslumbrados com a emancipação
que lhes era concedida, afastavam-se de sua lealdade com a herança religiosa de
nossos pais. Conclama-os a voltar para a Sucá, voltando a buscar a orientação
Divina em meio à dispersão em que se encontravam entre as nações: “(...). Mas
tu não deves transferir-te para a Sucá pensando apenas no teu próprio destino
ou na emuná que envolve apenas a tua vida; mas sim como um filho de Israel,
ciente do destino de teu povo e, portanto, estendendo essa fé também ao destino
de teu povo. Ó, se ao menos Israel, enquanto ainda vivia feliz e unido no solo
abençoado por D’s, tivesse adentrado a Sucá imbuído do verdadeiro espírito
desta, nunca, em tempo algum, teriam “seus deuses se tornado tão numerosos
quanto suas cidades”; jamais teria sido ouvida a voz do Profeta: “Voltem à
desolada aridez do deserto!” No entanto, vós, queridos irmãos judeus, que
novamente estais dispersos pela desolação do deserto, entrai na Sucá e gravai
na memória como D’s sustentou vossos antepassados enquanto erravam pelo deserto
inóspito. Ele está a teu lado, também, em tua atual vagueação pelos áridos
desertos. Olha para trás, para os séculos de sofrimento, opressão, degradação e
escuridão – estavam ausentes as nuvens protetoras do Todo Poderoso? Porventura
não estava a chama ardente a indicar o caminho? Não foi D’s quem te sustentou,
ó pobre filho de Israel? E agora, ó Israel, tua geração mais jovem vislumbra
nesses atos de misericórdia a sua libertação, o triunfo de sua luta, uma luta
pela livre construção de seu ser e a livre consumação de seu próprio modo de
vida. Comportam-se como se Israel tivesse sido separado de outras nações para
marchar através da história apenas para submergir em meio das nações que
idolatram e veneram os bens materiais. Ó jovens de Israel, que ainda estais
imbuídos do espírito de Israel, adentrai na Sucá; mantende-vos afastados da
loucura deste momento! Agarrai-vos rapidamente a D’s, este D’s que vos
transporta nas asas das águias também neste exato momento de provação.” “(...).
Sim, adentrai na Sucá como cidadãos do mundo, ó juventude de Israel! Nossos
profetas e sábios, no passado, em seus pronunciamentos, nos deram uma visão do
que está por acontecer no futuro. E, portanto, quando no futuro os homens
tiverem aprendido na própria carne o vazio e a irrealidade de suas obras – este
vazio que começou pela Torre de Babel e continua agora, nesta tentativa de
fundamentar a vida em deuses terrenos, sem a presença de D’s – quando tiverem
aprendido, eles hão de entrar na Sucá. Nesse momento do futuro, um vínculo de
fraternidade envolverá a humanidade e, unidos em irmandade sob um Único D’s,
estarão libertos do culto ao ídolo do dinheiro. E aí este D’s Único os
receberá, a todos, no Tabernáculo da Paz, como seu Pai; e como tal, HaShem, D’s
Único, Ele e somente Ele será adorado na face da terra.” Festejemos, pois, em
Sucot, a nossa fé, seguindo os ensinamentos de Rav Hirsch! Dispamo-nos de tudo
o que denigre a dignidade humana e de tudo aquilo que leva ao nosso coração a
adoração pelo poder das riquezas. Estaremos, assim, cada um de nós, em paz com
D’s, com o mundo, com nossa própria vida!
Do capít. Edot da obra Horeb: A
Philosophy of Jewish Laws and Observances, Hirsch, S. Raphael. www.morasha.com.br. Abraço. Davi
Nenhum comentário:
Postar um comentário