Gnosticismo.
Texto de Samuel Aun Weor (1917-1977). O HOMEM EXTERIOR, O HOMEM INTERIOR E O
TESOURO DA FÉ. Querem saber algo sobre a Fé? Pois bem, ocorre que as pessoas
confundem crença com fé, e este equívoco é de ordem geral: confundem, sempre,
“alhos com bugalhos” e é difícil poder tirar dessa gente essa besteira (supor
que fé é o mesmo que crença). A crua realidade dos fatos,
para o meu modo de ver e de entender as coisas, é que, antes de tudo, aquele
que quiser chegar a ter Fé de verdade deve se desdobrar em dois: no Homem
Exterior e no Homem Interior. Enquanto não se consiga se desdobrar
psicologicamente, pois, segue-se vivendo como Homem Exterior. O Homem Exterior vai tirar de
onde a Fé? Há que se dar nascimento, em si mesmo, ao Homem Interior. O novo
homem deve nascer dentro de si mesmo. Esse Homem Interior não é outra coisa que
o Homem Psicológico. O Homem Interior está colocado
em um nível superior ao do Homem Exterior. É necessário “renascer” (como disse
Jesus) “da água e do espírito”, e todos os evangelhos do Grande Cabir Jesus,
vão a isso: ao renascimento do Homem Interior. Ele quer que surja o Homem
Interior em cada pessoa, isso é que o Grande Cabir deseja. As mensagens de Jesus não
estão dirigidas ao Homem Exterior, pois Ele não veio disposto a perder tempo
miseravelmente, dando conhecimentos exclusivos para o Homem Exterior. Os
ensinamentos de Jesus têm um só objetivo: que se renasça da água e do espírito.
Ele quer que em nós renasça o Homem Interior, que nos desdobremos em dois. Obviamente, o Homem Interior
nasce dentro de nós em um nível superior, em uma oitava superior. O Homem
Exterior, o homem comum e corrente, está colocado sempre em um nível de tipo
inferior, e isso é ostensível. Assim, pois, Jesus não se
interessa muito que continue o homem de nível inferior, senão que renasça em
nós o Homem Interior. Ele quer que renasçamos da água e do espírito, quer que
cheguemos ao Segundo Nascimento, quer o desdobramento do homem. Quando se desdobra em si
mesmo, quando se dividiu em Homem Superior e Homem Inferior, então tem uma
experiência direta sobre o Real. O Homem Exterior, realmente,
vive no mundo externo e unicamente pode saber sobre as coisas do mundo externo.
O Homem Interior é distinto: vive em um mundo interior e conhece a vida
exterior completamente, e também a vida de tipo interior. É que o homem que
renasceu da água e do espírito é diferente. Quando isso acontece, o
próprio Homem Exterior se submete à vontade do Homem Interior e atua em
consonância com as leis dos mundos internos (já é um homem diferente). É claro que para que renasça
em nós o Homem Interior, necessita-se, ante tudo, reconhecer nossa própria
nulidade e miséria psicológica. É claro que as pessoas comuns e correntes estão
acostumadas a viver de acordo com as regras deste mundo: sentem-se
perfeitíssimas e cheias de virtudes, melhores que o fulano de tal, que a dona
beltrana etc. Sempre se queixam de que não reconhecem seus méritos: se trabalham em uma
fábrica, pois consideram necessário que lhes paguem bem, que lhes aumentem seu
salário conforme os preços aumentam. Não ponto sem nó, aspiram sempre a um
ascenso. Se são simples soldados no exército, pois querem chegar a ser cabos,
querem ser sargentos, querem ir progredindo pouco a pouco, e lá em seu
interior, sonham em chegar a ser generalíssimos, generais de divisão. Por quê? Porque se consideram
dignos de mérito, creem que merecem todo, e se trabalham em algum sentido, se
fazem algum esforço, exigem seu pagamento, e se não lhes pagam, então
protestam. Como? Não é justo – dizem -, eu trabalhei, lutei, tenho tais e tais
méritos, e, sem embargo, não souberam me pagar, não souberam reconhecer meus
esforços… Assim é o Homem Exterior! Porém, para que nasça o Homem
Interior, deve-se tornar diferente e eis aí o difícil. Só chegando a reconhecer
que não se vale nada, mesmo tendo trabalhado muito duro na vida, acaba com a
psicologia anormal do Homem Exterior. Precisa-se chegar a compreende
que se é um imbecil, no sentido mais completo da palavra, E isso que estou
dizendo não são meras poses de comediante, tampouco fingidas mansidões ou
atitudes pietistas, ou brincadeira de muito mau gosto. Não, senhores, em
verdade quando alguém examina a própria existência, quando se revisa sua
própria vida, chega-se a descobrir que é um idiota, que não vale nada. Porém, enquanto se crê que
vale algo, não pode nascer dentro de si mesmo o Homem Interior. Enquanto se crê
que se vale muito, seguirá sendo o que sempre foi: o homem da rua (comum e
corrente), o senhor que está por trás do balcão do armazém, o boticário que
prepara receitas ou o vendedor de artigos de primeira necessidade, porém,
jamais o Homem Interior. O Homem Interior nasce dentro
de si como resultado de suas próprias reflexões. Se quiser que nasça o Homem
Interior dentro de si mesmo, tem de dar-se ao luxo de destruir o que se é: um
saco de reações mecânicas, absurdas, um saco de preconceitos, de simpatias e de
antipatias mecânicas, de luxúrias etc. Total: um cretino. Se a pessoa se á conta disso,
e nada mais do que isso, quita-se o vestido da vaidade, e se dedica de verdade
ao que deve ser dedicado: a destruição de si mesmo. Isto é algo que soa muito feio
para as pessoas que se amam muito. Ninguém que tenha o Eu do Amor Proprio
poderá gostar destas palavras que estou dizendo aqui. Porém, é assim: quando
alguém trabalha de verdade, sinceramente, está erradicando de sua psique o que
deve erradicar (sua imbecilidade, su idiotice, seu cretinismo, suas ínfulas de
grandeza, sua auto importância etc.). À medida que os elementos
indesejáveis que alguém leva em seu interior se reduzem a cinzas, a Essência (a
Consciência) vai se liberando (isso é ostensível) e vai surgindo nele a Fé.
Essa Consciência liberada é Fé, porém Fé de verdade. Não falo de crenças (essas
crenças não servem para nada), falo de Fé verdadeira, que é sapiencia. Obviamente, à medida que a
Essência é libera, aumenta a sapiência. Quando a totalidade do Ego é destruída,
aniquilada, a Essência (o Homem Interior) fica completamente autoconsciente. Esse Homem, nascido da água e
do espírito, tem Fé verdadeira, é o homem de Fé. Não a fé cega, não a aquela
crença do carvoeiro, nem o que os dogmas de tal ou qual religião nos ensinaram.
Não, eu estou é me referindo à fé do Homem Consciente, desprovido de Ego, ao
que indubitavelmente, por experiência direta, vívida, pode vivenciar os
Mistérios da Vida e da Morte, pode vivenciar isso que está além do corpo, dos
desejos e da mente, isso que não é do tempo, isso que é a Verdade. Assim, pois, enquanto não nos
tenhamos dividido em dois homens (o exterior, comum e corrente, e o interior,
profundo), não seremos homens de Fé. Seremos homens de crenças, porém não de Fé. Entretanto, ao repetir isso de
Fé, temo muito que creiam que se trata da fé do carvoeiro, ou das crenças.
Quando digo “Fé”, refiro-me à sapiência, ao conhecimento. Se o Homem Interior
tem o direito de conhecer (por experiência mística direta) a Verdade, se tem o
direito de experimentar os Mistérios da Vida e da Morte, se tem o direito de
investigar os enigmas do universo, pois então a Fé é Conhecimento autêntico,
não é crença. Quem quiser chegar, em verdade, a ser Homem de Fé, tem de dar nascimento
(em si mesmo) ao Homem Interior, ou seja, tem de se desdobrar em dois: no Homem
Interior, colocado naturalmente no nível de uma oitava mais elevada, e no Homem
Exterior, colocado em um nível mais baixo, no mundo em que vivemos. Porém, enquanto continuarmos
vivendo simplesmente como homens do nível inferior (neste mundo tridimensional
de Euclides), não será possível ter Fé, tampouco será possível conhecer, de
alguma forma, os Mistérios da Vida e da Morte, conhecer o Real. Necessitamos nos dividir em
dois, nos desdobrarmos. Quando alguém se desdobra, chega a reconhecer que
dentro de si mesmo nas profundezas do Homem Interior, há uma autoridade
colocada em outra oitava ainda mais elevada, e se submete a essa autoridade e
então aumenta a Fé. Quando alguém se submete a
essa autoridade (colocada, dentro de si mesmo, em uma oitava ascendente), ou
seja, quando alguém se desdobrou em dois e o Homem Interior se submete, e (por
sua vez) o Homem Externo se submete ao Homem Interior, tudo em geral fica
submetido a uma autoridade íntima, que não é outra senão da própria
Particularidade, a de seu próprio Logoi, a de sua própria Mônada (falando desta
vez ao estilo de Leibnitz), a de seu Pai que está em segredo. Quanto mais se obedecer a essa
Autoridade, tanto nos Céus como na Terra, ou seja, tanto no espaço psicológico
quanto aqui, no espaço tridimensional de Euclides, pois tanto mais aumenta a Fé. Ante tudo, precisa-se dar
conta de que não vale nada, e submeter-se à Autoridade interior, profunda (não
falo de uma autoridade exterior, claro está, senão da Vontade íntima). Se nos
se submetermos a essa Autoridade íntima, se a obedecemos, a Fé aumentará. Para se submeter a essa
Vontade interior profunda, deve-se reconhecer a própria nulidade e miseria. Se
a pessoa crê que vale algo, não se submete, e se não se submete, tampouco
aumentará a Fé. Para que a Fé se multiplique, a pessoa necessitará se submeter
a essa Autoridade superior, interior e profunda: a Vontade do Ser, à Vontade de
sua Mônada particular. A mesma Vontade (esta pessoal, que temos) obviamente
deve-se submeter a essa Vontade interior profunda que se formou graças ao
desdobramento humano. Então, quando a pessoa se
submeter a essa Vontade interior profunda, pois, marchará bem, porque essa
Vontade interior profunda por sua vez se submeterá à autoridade interior do
Ser, e tudo cambiará:a Fé se multiplicará e o Homem Exterior, aqui no mundo
exterior, aqui no mundo tridimensional, trabalha em consonância com as leis
interiores e com a Vontade do Ser. Já será algo diferente já não será
simplesmente um robô como as pessoas comuns e correntes, que não são senão
robôs programados para tal ou qual profissão, para tal ou qual ofício etc. Assim, portanto, ter Fé é
importante, porém ninguém poderia chegar a tê-la se não se deu nascimento ao
Homem Interior, se não chegou a se desdobrar em dois, se não se chegou a
eliminar de sua psique os elementos indesejáveis que ali leva, posto que assim
é como surge a chisparada da Fé, que não é crença senão conhecimento e
sapiência. Distinga-se entre conhecimento e crença, pois são diferentes. Creio que você estão me
entendendo. Vocês têm algo a perguntar, com respeito à Fé ou com respeito à
crença? Pergunta: Mestre,
o conhecimento dos cinco centros e a destruição dos Egos é elemento básico ou
mecanismo para adquirir a Fé e para conseguir o desdobramento? Samael Aun Weor: “Mecanismos”
para adquirir a Fé? A Fé não se adquire com mecanismos, a Fé se adquire à base
de trabalhos conscientes e padecimentos voluntários. Nenhum esforço mecânico
pode nos transformar. Somente podem nos transformar os esforços conscientes. A
Fé não se adquire senão desintegrando o Ego, e o Ego não se desintegra, repito,
senão à base de trabalhos conscientes e padecimentos voluntários. Isto se
aparta dos mecanismos, nada tem a ver com os mecanismos. www.gnosisonline.com.br. Abraço. Davi
Nenhum comentário:
Postar um comentário