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DEZ ENSINAMENTOS PARA OS DEZ DIAS DE TESHUVÁ. Os Dez Dias de Teshuvá, também
conhecidos como os Yamim HaNorayim (“Dias Temíveis”), iniciam-se em Rosh
Hashaná – o Ano Novo Judaico – e terminam no final de Yom Kipur. O Talmud
ensina que esses dez dias constituem um período de julgamento Divino. Os Yamim
HaNorayim são, pois, uma época de profunda introspecção que deve ser dedicada a
orações, exame de consciência e tomada de boas resoluções. Neste artigo,
preparamos dez ensinamentos que tocam alguns dos temas relevantes para os Dez
Dias de Teshuvá. 1o Dia: Rosh Hashaná: o destino do
mundo está em nossas mãos. Contrariamente ao que muitos pensam, Rosh
Hashaná não é o aniversário da Criação do mundo, mas sim, de Adão e
Eva. Em nossas preces, muitas vezes nos referimos a Rosh Hashaná como
o dia que marca a gênese do universo, mas apenas por que o homem é seu ponto
alto e propósito de sua criação. Rosh Hashaná – Ano Novo
Judaico – é o aniversário da humanidade. É, também, Yom HaDin: Dia
do Julgamento. É em Rosh Hashaná que D’us decide se renovará
Seu contrato com o mundo para mais um ano: se manterá sua existência ou não.
D’us decreta o destino de todo o universo – e de todos aqueles que nele habitam
– em Rosh Hashaná. Quando nós, Povo Judeu, vamos à sinagoga
em Rosh Hashaná, e oramos e ouvimos o toque do Shofar,
estamos compelindo D’us a continuar sustentando o mundo durante mais um ano. A
Humanidade pode não perceber isto, mas os Céus decidem seu destino em Rosh
Hashaná. D’us confiou ao Povo Judeu a missão de sermos os agentes de toda a
Criação. Nenhum de nós pode descuidar-se dessa responsabilidade. Nos ombros de
cada um de nós, judeus, repousa o destino do mundo no ano por vir. Portanto,
erra quem pensa em Rosh Hashaná como o dia 1o de
janeiro judaico. Nosso ano novo não é um momento de se estourar champanha e
festejar. Pelo contrário, os dois dias de Rosh Hashaná são os
mais cruciais do ano. Rosh Hashaná é, por certo, um Yom
Tov, e, como em todos os dias sagrados, devemos nos alegrar, vestir nossas
melhores roupas e realizar refeições festivas. No entanto, devemos nos
comportar em Rosh Hashaná com a seriedade que a data requer.
Nesses dois dias, o destino do mundo está em jogo. Nosso comportamento nessa
festividade – nossas preces, nossa atenção plena e nossas resoluções –
influenciarão o curso do ano inteiro, para nós mesmos e para o mundo. 2o Dia: uma
oportunidade de se ter um julgamento Divino mais favorável. Rosh Hashaná é
celebrado durante dois dias, mesmo em Israel. Há razões técnicas para a festa
ser observada durante dois dias mesmo na Terra Santa. Estas são, também,
profundas e místicas. A Cabalá ensina que o primeiro dia de Rosh
Hashaná está associado com a Sefirá de Guevurá –
o Divino atributo de força, justiça e severidade. Se D’us apenas julgasse o
mundo no primeiro dia de Rosh Hashaná, Ele o faria de acordo com
Seu atributo de Guevurá – a justiça rígida. Se assim fosse, é
possível que muitos de nós – e talvez o mundo todo – não fôssemos atendidos.
D’us, portanto, deu-nos um segundo dia de Rosh Hashaná – um
dia adicional de julgamento – para atenuar qualquer Decreto Celestial severo
que porventura tenha sido emitido no primeiro dia da festa. O segundo dia
de Rosh Hashaná é uma dádiva da misericórdia Divina, que todos
nós tanto necessitamos, quer estejamos em Israel ou na Diáspora. Muitos judeus
observam apenas o primeiro dia de Rosh Hashaná. Costumam ir à
sinagoga apenas no primeiro dia porque creem já ser suficiente. Grave erro. O
segundo dia da festa é uma oportunidade de se conseguir um Julgamento Divino
mais favorável, para nós e para o mundo todo. É aconselhável guardarmos o
segundo dia de Rosh Hashaná com igual respeito como no
primeiro. São muitos os judeus que passam os dois dias da festividade imersos
em oração. Há um costume de se recitar todo o Livro dos Salmos duas vezes
durante esses dois dias. Como os dois dias de Rosh Hashaná influenciam
todos os outros dias do ano, cada um de seus minutos é precioso. Assim sendo,
reduzimos as horas de sono e evitamos conversas triviais. Rosh Hashaná são
os dois dias no ano em que precisamos dar o melhor de nós, espiritualmente. 3o Dia: O
Jejum de Guedália: o propósito de um jejum segundo o Judaísmo. O dia após Rosh
Hashaná é o Jejum de Guedália. Trata-se de um meio-jejum:
diferentemente de Yom Kipur e Tisha b’Av, inicia
antes do sol nascer e termina após o pôr-do-sol. As razões para nossos Sábios
terem instituído o Jejum de Guedália vão além do escopo deste artigo. Mas, têm
relevância para nossa discussão algumas das razões por que o Judaísmo nos
ordena jejuar em certas ocasiões, ao longo do ano. Muitos erroneamente creem
que o jejum seja uma forma de autopunição. Na realidade, como ensina
Maimônides, o dia de jejum é uma oportunidade de introspecção e arrependimento.
O dia em que deixamos de comer e beber – quando temporariamente nos abstemos
das necessidades da vida física – é o momento de refletirmos sobre nossa
posição espiritual e nosso comportamento. O Judaísmo ensina que um dos
objetivos do jejum – e, de fato, de qualquer forma de aflição – é a elevação
espiritual. O processo de busca interior e crescimento espiritual é
particularmente relevante durante os Dez Dias de Teshuvá. Um dos
propósitos do Jejum de Guedália é nos forçar a intensificar o processo de
autoanálise moral e espiritual, para que estejamos prontos para o grande jejum
– Yom Kipur, o Dia da Expiação – que ocorre uma semana depois. O
Talmud ensina que um dos méritos de se cumprir o jejum está em dar ao
necessitado o dinheiro que usaríamos para comer e beber, se não estivéssemos
jejuando. A Torá nos ordena transformar a privação física e o desconforto de um
dia de jejum em atos de generosidade e bondade. Ademais, jejuar alguns dias ao
ano nos mostra as dores da fome, para que possamos começar a compreender o
terrível sofrimento de muitos, no mundo, que frequentemente sentem fome. O
jejum deve inculcar em nós uma maior compaixão e um sentido de responsabilidade
pelos menos afortunados. 4o Dia: Shabat Shuvá e o
verdadeiro significado da Teshuvá. O Shabat que cai entre Rosh Hashaná e Yom
Kipur é conhecido como Shabat Shuvá – o “Shabat do
Retorno”. O nome vem da Haftará que é lida nesse Shabat, que
se inicia com a palavra Shuvá: “Volta”! O Shabat Shuvá é
também chamado de Shabat Teshuvá – o “Shabat do
Arrependimento” –, um jogo de palavras que revela a verdadeira definição
de Teshuvá. O fato de as palavras Shuvá (Retorno)
e Teshuvá (Arrependimento) serem quase idênticas, do ponto de
vista semântico, nos ensina que a Teshuvá genuína não
significa culpa ou auto recriminação, como muito acreditam. Significa um
retorno ao caminho correto: às nossas raízes, ao âmago de nossa alma e a D’us.
De acordo com o Judaísmo, as transgressões, quer por comissão quer por omissão,
são o resultado da opção por um caminho estranho à alma judaica. Teshuvá significa
retornar ao caminho correto, que deve resultar em aperfeiçoamento, crescimento
espiritual, equilíbrio e paz interior. É significativo que a palavra Shabat
tenha a mesma raiz semântica que Shuvá e Teshuvá.
Isso nos transmite um dos propósitos e o poder do Shabat. Nossos Sábios ensinam
que quem guarda o Shabat tem os pecados cometidos contra D’us perdoados. Sendo
assim, o cumprimento do Shabat é um meio de Shuvá – de retorno
a D’us e ao Judaísmo – e, portanto, à Teshuvá. Muitos podem
surpreender-se ao saber que é mais importante guardar o Shabat do que Yom
Kipur. É inegável o fato de que o Dia da Expiação é o mais sagrado do ano –
e, para muitos judeus, a única ocasião em que vão à sinagoga. No entanto, no que
concerne a Lei Judaica, o Shabat é até mais importante do que Yom Kipur.
E o Shabat Shuvá, que cai durante os Dez Dias de Teshuvá,
é um Shabat particularmente especial, que os judeus devem se esforçar para
guardar da melhor maneira que puderem. 5o Dia: Os
Dez Dias de Teshuvá correspondem às Dez Sefirot. Um dos ensinamentos
fundamentais da Cabalá é a noção de que D’us criou e mantém o mundo por meio
das Sefirot, que são canais de energia Divina. Tudo o que existe e
acontece no universo são manifestações das Sefirot. Ensina a Cabalá
que D’us criou o mundo com dez Sefirot. Três delas são
intelectuais: Chochmá (Sabedoria), Biná (Compreensão)
e Da’at (Conhecimento). As outras sete são emocionais: Chessed (Bondade,
Generosidade e Expansividade), Guevurá (Poder, Contenção e
Severidade), Tiferet (Compaixão, Harmonia e Beleza), Netzach (Vitória,
Ambição e Eternidade), Hod (Humildade, Submissão e
Glória), Yessod (Carisma) e Malchut (Liderança
e Autoridade). A alma de todo ser humano é formada por essas dez Sefirot,
e cada um de nossos pensamentos, palavras e atos são uma manifestação de uma ou
mais dentre elas. Os Dez Dias de Teshuvá correspondem às
Dez Sefirot porque os erros, pecados e transgressões, seja por
comissão ou por omissão, são resultado de uso indevido que fazemos dessas dez
faculdades da alma. Por exemplo, quando perseguimos algo que a Torá nos proíbe,
estamos fazendo mau uso de Chessed; quando somos cruéis e
mesquinhos, estamos usando inadequadamente Guevurá; quando somos
preguiçosos, estamos desperdiçando nossos poderes de Netzach. Um
dos propósitos da Teshuvá é o reequilíbrio e realinhamento
das Sefirot de nossa alma. A Torá e seus mandamentos nos
ajudam a melhor utilizar as Dez Sefirot para que tenhamos uma
vida mais produtiva, proativa e espiritualmente mais saudável. Os Dez Dias
de Teshuvá são um período de reflexão sobre o quão bem estamos
usando as Dez Sefirot de nossa alma, para que possamos refinar
nossos pensamentos, palavras e atos. 6o Dia: O
Shofar nos ensina que o progresso espiritual requer sacrifícios. O mandamento
mais importante da festa de Rosh Hashaná é ouvir os toques
do Shofar. Uma das várias razões para esse mandamento é que o Shofar é
o chifre de um carneiro – o animal que nosso Patriarca Avraham sacrificou em
lugar de seu filho, Yitzhak, no famoso episódio da Torá conhecido como Akedat
Yitzhak. Os sopros com o chifre de carneiro “relembram” a D’us da
extraordinária devoção dos primeiros dois Patriarcas do Povo Judeu. Para
atender o mandamento Divino, Avraham estava pronto a sacrificar seu filho e, de
igual maneira, Yitzhak estava pronto a ser sacrificado por seu pai. A
extraordinária devoção de Avraham e de Yitzhak a D’us é fonte de eterno mérito
para seus descendentes – o Povo Judeu. Em Rosh Hashaná, quando os
Céus nos julgam, invocamos o mérito da Akedat Yitzhak como
fonte de bênção e proteção, seja por mencioná-la em nossas preces, seja por
ouvir os toques do Shofar. O sacrifício tem sido tema comum ao
longo de toda a História Judaica. Desde o nascimento de nosso povo, inúmeros
judeus se sacrificaram para santificar o Nome de D’us e salvar o Judaísmo
daqueles que queriam extirpá-lo. Muitos judeus personificaram Avraham e
Yitzhak, especialmente durante a Inquisição e o Holocausto. Ainda hoje, no
Estado de Israel, milhões de judeus estão dispostos a se sacrificar em defesa
do Povo Judeu e da Pátria Judaica. No entanto, para muitos judeus que vivem
confortavelmente na Diáspora, particularmente em países como o Brasil e os
Estados Unidos, a ideia de sacrificar sua própria vida em prol do Judaísmo é,
graças a D’us, um conceito estranho. Em nossa geração pós-Holocausto, pós-êxodo
dos países árabes, pós-União Soviética, grande parte do Povo Judeu vive em
relativa paz e segurança. Mesmo as ameaças enfrentadas pelos judeus em Israel e
em certos países europeus são leves se comparadas com o que nosso povo
enfrentou quando não tinha seu país nem seu exército. Nossa geração é
privilegiada de viver em uma época em que a grande maioria dos judeus não
precisam dar sua vida em prol do Judaísmo. Ainda assim, o som do Shofar transmite
a mensagem de que D’us exige alguma forma de sacrifício de cada um de nós,
judeus. Esse sacrifício é necessário para nosso crescimento e progresso
espiritual. Para a maioria dos judeus de hoje, os sacrifícios que se exigem
nada são em comparação com o que se exigiu das gerações que nos precederam. O
sacrifício em prol do Judaísmo, hoje, não significa enfrentar legiões romanas,
fogueiras da Inquisição, campos de extermínio nazistas enem gulags soviéticos.
Para a maioria dos judeus de hoje, o sacrifício pelo Judaísmo talvez signifique
acordar mais cedo do que de costume para ir à sinagoga e rezar em companhia de
um Minyan ou dar um pouco mais de Tzedacá a
cada mês; pode significar passar menos tempo assistindo à televisão e mais
tempo estudando a Torá. Em nossa geração, a maioria de nós não é chamada para
morrer pelo Judaísmo; mas, se quisermos avançar espiritualmente, temos que estar
prontos a viver pelo Judaísmo – e isso requer certos sacrifícios. Quando
ouvimos os toques do Shofar em Rosh Hashaná,
devemos recordar o Sacrifício de Yitzhak e o que esse episódio nos ensina.
Devemos inculcar em nosso íntimo a ideia de que D’us espera que deixemos nossa
zona de conforto e façamos sacrifícios diários. 7o Dia: Yom
Kipur: um jejum festivo no “Shabat Shabaton”. Para a grande maioria das
pessoas, jejuar é uma experiência muito desagradável. É por isso que a Torá nos
proíbe jejuar no Shabat – dia sagrado de deleite espiritual e físico. Não
jejuamos nem mesmo em Tisha b’Av se a data cair em um Shabat:
adiamos o jejum para o dia seguinte. Há apenas um cenário possível no qual a
Torá não só permite como nos ordena jejuar no Shabat – e é quando Yom
Kipur cai nesse dia sagrado. Isto porque a Torá chama Yom
Kipur de Shabat Shabaton – o Shabat dos Shabatot –
o Shabat Supremo. Jejuamos no Shabat se Yom Kipur cai nesse
dia sagrado porque jejuar no Dia da Expiação é diferente de deixar de comer e
beber em qualquer outro dia do ano. O jejum do Yom Kipur é
único, especial, por ser um jejum alegre. Apesar de a Torá nos ordenar “afligir
nossa alma” nesse dia, o prazer espiritual de Yom Kipur deve
ofuscar o desconforto do jejum. Abster-se do alimento e bebida em Yom
Kipur é uma oportunidade de elevação espiritual. Nesse dia, os judeus
são comparados a anjos, que transcendem a fisicalidade deste nosso mundo. O
Talmud ensina que Yom Kipur deve ser o dia mais feliz do ano
por ser a ocasião mais propícia para que os judeus purifiquem sua alma de
qualquer mancha espiritual que possa ter-se acumulado durante o ano. Não
devemos considerar o jejum de Yom Kipur um ônus – o preço a
pagar pelos nossos pecados –, mas, uma oportunidade de renovação e purificação
espiritual. Yom Kipur é o dia mais propício do ano para se
fazer Teshuvá – retornar ao caminho adequado e mudar nossa
vida para melhor. 8o Dia: Yom Kipur e o poder do
estudo da Torá. Na época do Templo Sagrado de Jerusalém, o ponto culminante do
serviço de Yom Kipur era a entrada do Sumo Sacerdote, o Cohen
Gadol, no Kodesh HaKodashim – o Sagrado dos Sagrados –,
câmara mais interna e sagrada do Beit HaMikdash. Apenas em Yom
Kipur, dia mais sagrado do ano, o Cohen Gadol, o mais sagrado
dos judeus, podia entrar no local mais sagrado da Terra, o Kodesh
HaKodashim. O privilégio de entrar nesse recinto foi concedido a
pouquíssimos judeus, em toda a nossa História. No entanto, sempre houve uma
maneira de qualquer judeu poder replicar a experiência de entrar no Kodesh
HaKodashim – e não apenas em Yom Kipur, mas a qualquer dia
do ano. Ensina o Talmud que quando um judeu estuda a Torá, ele se assemelha
ao Cohen Gadol ao entrar no Sagrado dos Sagrados em Yom
Kipur. Estudar a Torá significa abraçar e ser abraçado pelo Divino. O grau
de proximidade a D’us que se atinge ao estudar a Torá equivale a entrar
no Kodesh HaKodashim – local tão sagrado que nem mesmo os
anjos podiam entrar. Esse ensinamento talmúdico é estupendo. Surpreende muitas
pessoas porque a maioria de nós não aprecia o imenso poder do estudo da Torá.
Não percebemos que seja a experiência extraordinariamente mística que é. Mas, a
bem da justiça, devemos perguntar: Se o estudo da Torá é tão potente, por que a
maioria de nós não sente seu fogo Divino ao estudá-la? Por que, quando
estudamos a Parashá da semana ou tentamos entender uma
passagem do Talmud, não nos sentimos como o Cohen Gadol entrando
no Kodesh HaKodashim? Uma das respostas da Cabalá a essa pergunta é
que nossa falta de sensibilidade face ao estudo da Torá é um escudo que nos
permite estudá-la sem ficarmos estupefatos por seu fogo espiritual. Se
sentíssemos a força do estudo da Torá, não íamos querer fazer outra coisa na
vida. Ficaríamos viciados com esse estudo e impossibilitados de realizar as
obrigações mundanas do cotidiano, necessárias para nossa existência física e a
manutenção do mundo. A maioria de nós não sente o intenso fogo e poder do
estudo da Torá, mas temos que ter bem claro em nossa mente que estudar a
Palavra de D’us se assemelha a entrar no Kodesh HaKodashim em Yom
Kipur. Isso é algo que todos nós, judeus, podemos fazer em todos os dias de
nossa vida. 9o Dia: Yom Kipur e os cinco níveis da
alma. Ensina a Cabalá que são cinco os níveis da alma: Nefesh, Ruach, Neshamá, Chayá e Yechidá.
Os três primeiros residem dentro de nosso corpo; os dois últimos o transcendem.
Na maioria dos dias do ano, podemos acessar apenas os primeiros três – uma das
razões para orarmos três vezes ao dia: Shacharit, Minchá e Arvit.
Em certos dias, como o Shabat e Rosh Chodesh (o novo mês
judaico), podemos acessar o quarto nível da alma, Chayá, razãopela
qualtemos uma oração adicional no dia – Mussaf. O único dia no ano
em que temos livre acesso ao quinto nível da alma, Yechidá, é Yom
Kipur. Por essa razão, Yom Kipur é o único dia no ano em
que recitamos uma quinta prece – a Neilá –, a última oração do
dia. Muitos judeus que não frequentam a sinagoga ao longo do ano – no Shabat,
feriados judaicos e nem mesmo em Rosh Hashaná – vão à sinagoga
na oração de Neilá. A razão para esse fenômeno é que o quinto
nível, o mais elevado de sua alma, Yechidá, brilha durante a oração
de Neilá, forçando-os a ir à sinagoga. O poder da Yechidá desperta
muitos judeus que estão adormecidos espiritualmente, levando-os à sinagoga,
apesar de não entenderem bem nem poderem explicar o que os leva a fazê-lo. A
agitação do mais alto nível de nossa alma é uma poderosa experiência. A oração
de Neilá tem feito muitos judeus iniciarem o processo de Teshuvá.
No entanto, temos que saber que ir à sinagoga na hora da Neilá não
compensa nossa ausência no restante do ano. Ir à sinagoga uma vez ao ano é
melhor do que não ir nunca, claro. E a Neilá, em geral, é o último
elo entre muitos judeus e seu cumprimento do Judaísmo. Mas, ir à sinagoga uma
vez ao ano não é o mesmo que fazê-lo uma vez por semana – no Shabat –, ou
melhor – diariamente. O brilho da nossa Yechidá não deve ser
relegado a uma única experiência no ano, mas deve ser um trampolim para um
relacionamento mais forte e profundo com D’us e Sua Torá. 10o Dia: O
dia que se segue a Yom Kipur: verdadeira medida de Teshuvá. Em Yom
Kipur, as sinagogas ao redor do mundo estão lotadas. No dia mais sagrado do
ano, a sinagoga pode receber centenas ou até milhares de pessoas,
especialmente, como vimos acima, na hora da Neilá. Contudo, em
muitas das sinagogas em que é difícil se encontrar um lugar vazio nessa hora,
dificilmente se consegue um Minyan – um grupo de dez homens
judeus – nas orações matinais do dia seguinte a Yom Kipur. No dia
mais sagrado do ano, muitas sinagogas ficam lotadas; no dia seguinte,
praticamente vazias. A verdadeira medida de crescimento espiritual e de Teshuvá se
toma não em Yom Kipur, mas no dia seguinte. É relativamente fácil
ser religioso em Yom Kipur – o único dia no ano em que podemos
acessar todos os cinco níveis da alma e o dia em que milhões de judeus, mundo
afora, se unem em oração. A melodia do Kol Nidrei e as
palavras das orações de Neilá têm o poder de derreter até o
coração mais duro. Mas, é muito mais difícil sentir-se inspirado e religioso no
dia seguinte: acordar cedo apesar do cansaço provocado pelo jejum para ir à
sinagoga, colocar os Tefilin e fazer parte do Minyan.
Os Dez Dias de Teshuvá – os Yamim HaNorayim –,
que se iniciam em Rosh Hashaná e terminam na conclusão
de Yom Kipur – são o período mais intenso espiritualmente do
calendário judaico. Contudo, o Judaísmo não se resume a uma questão de dez dias
– requer estudo e prática diários. Se queremos dominar qualquer coisa na vida –
uma arte, um esporte ou qualquer área do conhecimento –, precisamos estudar e
praticar continuamente. O mesmo é válido para o Judaísmo. O caminho para a
sabedoria e o domínio espiritual é um empenho contínuo e duradouro que requer
um esforço tremendo e sacrifícios diários. A verdadeira medida da Teshuvá e
dedicação ao Judaísmo não é evidenciada nos dez dias entre Rosh Hashaná e Yom
Kipur, mas do dia após Yom Kipur até Rosh Hashaná do
ano seguinte. www.morasha.com.br. Abraço.
Davi
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