sexta-feira, 6 de novembro de 2020

OS ANALECTOS - LIVRO XIX

 

Confucionismo. www.https//rt.br. OS ANALECTOS – LIVRO XIX. Tzu-chang disse: “Pode-se, talvez, ficar satisfeito com um cavalheiro que, em face do perigo, esteja pronto a sacrificar a própria vida, que, à vista de um benefício a ser obtido, não esquece do que é certo [203] e que, durante um sacrifício, não esquece a reverência, nem a dor enquanto de luto”. 2. Tzu-chang disse: “Se um homem não consegue se agarrar à virtude com todas as suas forças nem acreditar no Caminho com todo o coração, como se pode dizer que ele tem alguma coisa, ou que não tem nada?”. 3. Os discípulos de Tzu-hsia perguntaram a Tzu-chang sobre a amizade. Tzuchang disse: “O que Tzu-hsia diz?”. “Tzu-hsia diz: ‘Você deveria fazer amizade com aqueles que são adequados e desprezar os inadequados’.” Tzu-chang disse: “Isso é diferente do que eu ouvi. Ouvi que o cavalheiro honra aqueles que lhe são superiores e é tolerante para com a multidão, que é cheio de elogios para com os bons ao mesmo tempo em que se apieda dos incapazes. Se sou muito superior, qual homem eu não toleraria? Se sou inferior, então outros vão me desprezar, e como poderia eu desprezá-los?”. 4. Tzu-hsia disse: “Mesmo artes menores têm aspectos válidos, mas o cavalheiro não se aventura com elas, pois o medo do homem que tem um longo caminho a percorrer é ser barrado por algo”. 5. Tzu-hsia disse: “Se um homem tem consciência, ao longo do dia, do que ele não sabe e não esquece, ao longo de um mês, aquilo que ele já dominou, então ele pode, de fato, ser considerado alguém que gosta de aprender”. 6. Tzu-hsia disse: “Aprenda bastante e seja persistente; pergunte com sinceridade e reflita sobre o que está à disposição, e não haverá necessidade de procurar benevolência em outro lugar”. 7. Tzu-hsia disse: “Os artesãos das cem artes dominam seu ofício ao permanecerem na oficina; o cavalheiro aperfeiçoa seu Caminho por meio do estudo”. 8. Tzu-hsia disse: “Quando o homem vulgar comete um erro, ele com certeza tenta mascará-lo”. 9. Tzu-hsia disse: “O cavalheiro passa três impressões diferentes. À distância ele parece formal; de perto ele parece cordial; ao falar ele parece severo”. 10. Tzu-hsia disse: “Apenas depois de conquistar a confiança do povo o cavalheiro o faz trabalhar duramente, pois de outra maneira o povo se sentiria usado. Apenas depois de conquistar a confiança dos senhores o cavalheiro pode criticar suas medidas, pois de outra maneira o senhor se sentiria ofendido”. 11. Tzu-hsia disse: “Se uma pessoa não passa dos limites no que diz respeito a questões importantes, não importa se ela não é meticulosa no que diz respeito a questões desimportantes”. 12. Tzu-y u disse: “Os discípulos e jovens seguidores de Tzu-hsia com certeza conseguem varrer e limpar, atender a porta e responder perguntas corriqueiras, apresentar-se e retirar-se, mas isso são apenas detalhes. Em tudo que é básico eles são ignorantes. O que se pode fazer com eles?”. Quando Tzu-hsia ouviu isso, disse: “Oh! Quão enganado está Yen Yu! No caminho do cavalheiro, como saber o que pode ser ensinado antes e o que deve ser deixado por último, por ser menos urgente? O primeiro pode ser facilmente distinguido do último como a grama o é das árvores. É fútil tentar passar um retrato tão falso do caminho do cavalheiro. Apenas o sábio, tendo começado alguma coisa, sempre a levará a cabo”. [204] 13. Tzu-hsia disse: “Quando um homem com um cargo oficial descobre que pode fazer mais do que dar conta dos seus deveres, então ele estuda; quando um estudante descobre que ele pode mais do que dar conta dos seus estudos, então ele aceita um cargo oficial”. 14. Tzu-y u disse: “Quando o luto dá plena expressão à tristeza, nada mais pode ser pedido”. 15. Tzu-y u disse: “Meu amigo Chang é difícil de ser imitado. Mesmo assim ele ainda não conseguiu atingir a benevolência”. 16. Tseng Tzu disse: “Grande, de fato, é Chang, tanto que é difícil trabalhar ao lado dele no cultivo da benevolência”. 17. Tseng Tzu disse: “Ouvi o Mestre dizer que em nenhuma ocasião um homem tem plena consciência de si próprio, embora, quando pressionado, ele tenha dito que o luto pelos próprios pais pode ser uma exceção”. 18. Tseng Tzu disse: “Ouvi o Mestre dizer que outros homens poderiam imitar tudo que Meng Chuang Tzu fazia como bom filho, exceto uma coisa: ele manteve inalterados tanto os oficiais de seu pai quanto suas políticas. Eis o que era difícil de imitar”. [205] 19. A família Meng apontou Yang Fu como magistrado, e ele buscou o conselho de Tseng Tzu. Tseng Tzu disse: “As autoridades perderam o Caminho, e o povo está, há muito tempo, sem raízes. Se você conseguir extrair a verdade de pessoas do povo, não se congratule por isso, mas tenha-lhes compaixão”. 20. Tzu-kung disse: “Chou não era tão malvado assim. É por isso que o cavalheiro detesta morar para os lados do sul, pois é lá que tudo o que é sórdido no Império abre caminho”. 21. Tzu-kung disse: “Os erros do cavalheiro são como um eclipse do sol e da lua no sentido de que, quando ele erra, o mundo inteiro vê e, quando ele corrige seu erro, o mundo inteiro o observa, admirado”. 22. Kung-sun Ch’ao de Wei perguntou a Tzu-kung: “Com quem Chung-ni [206] aprendeu?”. Tzu-kung disse: “O caminho do rei Wen e do rei Wu ainda não caiu por terra, mas ainda pode ser encontrado nos homens. Não há homem que não tenha algo do caminho de Wen e Wu em si. Homens superiores guardaram aquilo que tem maior importância, ao passo que homens inferiores guardaram o que é de pouca importância. De quem, então, o Mestre não aprende? Do mesmo modo, como poderia ele ter um único professor?” 23. Shu-sun Wu-shu disse para os ministros da corte: “Tzu-kung é superior a Chung-ni”. Isso foi relatado a Tzu-kung por Tzu-fu Ching-po. Tzu-kung disse: “Peguemos os muros como uma analogia. Meus muros são da altura do ombro, de modo que é possível olhar por sobre eles e apreciar a beleza da casa. Mas os muros do Mestre têm sete ou dez metros de altura, de modo que, a não ser que uma pessoa seja admitida pelo portão, não é possível ver a magnificência dos templos ancestrais ou a suntuosidade dos prédios oficiais. Já que aqueles que são admitidos pelo portão são, podemos dizer, poucos, é de se admirar que o cavalheiro falasse como falou?”. 24. Shu-sun Wu-shu fez comentários difamatórios sobre Chung-ni. Tzu-kung disse: “Ele está simplesmente perdendo o seu tempo. Não é possível difamar Chung-ni. Em outros casos, homens de excelência são como montanhas que uma pessoa pode escalar. Chung-ni é como o sol e a lua, que ninguém escala. Mesmo que alguém quisesse escapar do sol e da lua, como isso deporia contra eles? Isso somente serviria para mostrar mais claramente que não teve consciência do seu próprio tamanho”. 25. Ch’en Tzu-ch’in disse para Tzu-kung: “Você está apenas sendo respeitoso, não é? Certamente Chung-ni não é superior a você”. Tzu-kung disse: “Um homem é considerado sábio por apenas uma palavra que ele diga; igualmente, ele é considerado tolo por apenas uma palavra que ele diga. É por isso que devemos ter muito cuidado quanto ao que dizemos. O Mestre não pode ser igualado, assim como o céu não pode ser medido. Estivesse o Mestre prestes a se tornar o líder de um reino ou de uma família nobre, ele seria como o homem descrito no provérbio: tudo o que ele tem a fazer é ajudá-los a ficar de pé, e eles ficarão de pé, guiá-los, e eles caminharão, trazer paz a eles, e eles o seguirão, destinar-lhes tarefas, e eles trabalharão em harmonia. Em vida, ele é glorificado e, na morte, será pranteado. Como pode ele ser igualado?”. www.https//rt.br. Abraço. Davi

Nenhum comentário:

Postar um comentário