Hare Krishna. www.voltaaosupremo.com. Texto de Sri Nandanandana.
II. O DEVER E O CARÁTER IDEAL DE UM POLÍTICO. Lidando com um Inimigo. Uma
vez que um inimigo tenha sido reconhecido, há maneiras específicas de lidar com
ele, segundo a sua posição. “É apropriado amigar-se com um inimigo
reconciliando-se com ele com um falso ar de amizade, mas se deve temê-lo
constantemente, assim como se teme uma cobra dentro de casa”. (Mahabharata 12.140.15).
“Deve-se falar [com um inimigo] brandamente, mas, interiormente, deve-se ter
uma postura insensível. Deve-se falar com um sorriso, e a verdadeira natureza
jamais deve ser revelada através de um ato rude”. (Mahabharata 1.140.66).
“Alguém tolo o bastante para menosprezar um inimigo em ascensão será
completamente aniquilado por ele, assim como faz uma doença em seu estágio
terminal”. (Mahabharata 2.55.16). “O indivíduo não deve
deixar que o inimigo se dê conta de suas fraquezas. Em contrapartida, deve
certamente buscar as fraquezas do inimigo. Assim como uma tartaruga mantém
todas as partes de seu corpo escondidas sob o casco, o rei deve manter todas as
estratégias da nação em segredo e deve ser cuidadoso quanto às suas fraquezas”.
(Mahabharata 12.140.24) “Quem confia em um
inimigo e dorme pacificamente após estabelecer trégua com o mesmo é como um
homem que dorme no topo de uma árvore e acorda apenas após sua queda”. (Mahabharata12.140.37).
“Assim como uma dívida continua crescendo mesmo se apenas uma fração dela não
foi paga, se a vida de seu inimigo for poupada, então, porque foram insultados,
eles, no futuro, gerarão grande terror, tal qual uma doença negligenciada que
mais tarde se torna formidável”. (Mahabharata 12.140.59).
“O rei deve primeiramente conquistar sua própria mente, após o que se torna
mais fácil conquistar seu inimigo. Como alguém que não domina a própria mente
poderá aniquilar seu inimigo?”. (Mahabharata 12.69.4).
Espera-se que o rei tenha autocontrole sobre sua mente e sobre seus sentidos se
ele pretende controlar seus inimigos e cidadãos. Ele tem que se elevar acima da
influência dos seis defeitos, a saber, desejo, ira, cobiça, orgulho e avidez
por fama e felicidade. De outro modo, tanto o rei quanto seu reino estarão
condenados. Vemos com frequência governantes que exibem fraquezas voltadas a
mulheres, bebidas, jogos ou caçadas e outros vícios provenientes de desejos,
bem como outros desequilíbrios baseados em crítica, apropriação indevida de
dinheiro, crueldade excessiva nas punições etc., tudo o que se origina de ira e
orgulho em excesso e conduz a uma queda ou desastre. Assim, tem que evitar
essas questões e fraquezas a fim de reinar prazerosamente sobre seus cidadãos.
Nesta era de Kali-yuga, os governantes em qualquer parte do mundo não conseguem
liderar apropriadamente em razão de que estão cheios de fraquezas pessoais e não
são capazes de controlar a própria mente e os sentidos. Foco é fundamental ao
líder, que não deve se distrair com os sentidos ou ter a tendência a conferir
privilégios a grupos políticos devido a estar atraído pelo dinheiro que
oferecem. Quando os sentidos de um governante estão controlados, o Estado pode
prosperar sob todos os aspectos e, como resultado, enriquecer. Quando o
governante não é capaz de controlar seus sentidos, os cidadãos sofrem as
consequências de ter um líder muito facilmente influenciável e propenso à
distração – o resultado disso é falta de justiça e falta de liderança
imparcial. Assim, o próprio governo se torna uma casa de corruptos e ladrões.
Quando o líder se torna ladrão, os cidadãos se tornam mendigos. O que segue
também explica que qualquer resposta de um rei a um inimigo ou a alguém no
mundo que deve ser detido tem que ser dada após um plano perfeitamente
elaborado, e não por uma reação meramente baseada em emoções, o que
frequentemente tem por motivação a impulsividade e o orgulho em vez de
sabedoria e objetividade. Bhisma disse a Yudhisthira: “Homens grandiosos não
expressam hostilidade de imediato contra aqueles que os insultam. Não obstante,
exibem sua bravura gradualmente, no devido tempo”. (Mahabharata 12.157.10).
Em outras palavras, fazem um plano para lidar com isso posteriormente de uma
maneira mais eficaz. O EXÉRCITO. O exército, é
claro, é o principal agente pelo qual o rei lida com os inimigos. Aqui estão
algumas declarações pertinentes à como o exército deve ser guiado, não
necessariamente pelo próprio rei, mas por líderes militares sagazes. “Uma
organização militar funciona melhor se é bem guiada. O exército é cego e
ignorante. Diante disso, líderes sagazes devem guiá-lo apropriadamente”. (Mahabharata 2.20.16).
“Soldados cheios de entusiasmo para a batalha é o primeiro sinal de vitória”. (Mahabharata 6.3.75).
Muito embora houvesse conflitos entre tribos e reinos, princípios estritos eram
seguidos nos tempos védicos, como os princípios de que a guerra era travada
apenas em áreas específicas, os guerreiros paravam de batalhas à noite e
retomavam apenas na manhã seguinte depois que um búzio houvesse sido tocado por
ambos os lados. Nenhum civil era incentivado a batalhar, e mulheres e crianças
jamais eram atacadas. Pessoas ocupadas em atividades de fazenda e comércio,
artesãos, manufatureiros e outros em profissões similares não eram forçados a
se dedicar a campanhas militares. Não-combatentes jamais eram mortos, e
habitações diferentes de fortes jamais eram atacadas. Os civis jamais eram
saqueados, tampouco se violava a castidade das mulheres ou se tocava nos brahmanas,
sacerdotes, templos e vacas. Muitas dessas regras ainda são utilizadas por
organizações internacionais e pela Cruz Vermelha. Infelizmente, nestes dias de
terrorismo, e quando crianças são forçadas por tiranos a prestar serviços
militares brutais e mulheres e moças são estupradas rotineiramente, podemos ver
o quanto a sociedade se afastou dessas disciplinas e desse código de honra e se
perdeu em uma mentalidade genuinamente demoníaca. O REI DEVE BUSCAR
ACONSELHAMENTO. O poder do governo deve ser supervisionado e monitorado por
diferentes pessoas ou organizações uma vez que, se apenas uma pessoa ou classe
o controla, será criado um monopólio que gera medo e suspeita no povo em geral.
Além disso, um governante jamais se destina a tomar decisões unilaterais sem
conselho, haja vista que isso conduz à tirania e à ditadura. Rama perguntou a
Bharata: “Tomás decisões por ti mesmo ou consultas o conselho de muitos outros?
Tua política é publicada muito antes de ser implementada?”. (Ramayana 2.100.18).
Um governante, independente de quão arguto ou inteligente possa ser, jamais
deve tomar decisões sozinho, sem consultar seus ministros. A História nos
mostra repetidamente que qualquer líder que projeta seus planos sem consultar
seus conselheiros logo se dá com a ruína. Comenta-se sobre a escolha de um
ministro: “O rei deve ser proficiente na arte de escolher homens honestos para
a ocupação de ofícios importantes”. “Aquele que julga a força do inimigo em
comparação com a de sua própria nação, que contempla com inteligência o estado
atual, crescimento e destruição de seu exército e do exército do inimigo e
sugere as medidas necessárias para o bem-estar de seu mestre pode ser
verdadeiramente chamado de ministro”. (Ramayana 6.14.22). O CARÁTER DOS LEGISLADORES.
Yudhisthira perguntou: “Quais devem ser as características dos legisladores,
dos ministros de guerra, dos cortesãos e dos conselheiros de um rei?”. Bhisma
respondeu: “Os legisladores devem ser homens que são modestos, autocontrolados,
verazes e sinceros. Devem também ter a coragem de falar o que é apropriado. Os
ministros de guerra devem ser aqueles que estão sempre ao lado do rei e devem
ser muito corajosos. Devem ser eruditos e afáveis no tocante a defeitos do rei.
Um cortesão deve sempre ser honrado pelo rei. Deve ser um homem que tem sempre
no coração os interesses do rei. Jamais deve abandonar o rei, independente de
qual sejam as circunstâncias. Os oficiais do exército devem ser conterrâneos do
rei, possuidores de sabedoria, grande aprendizado e beleza física e de caráter.
Devem ser de excelente comportamento e devem ser devotados ao rei”. A NECESSIDADE DE SIGILO.
“Venenos e armas matam apenas uma pessoa por vez, mas alguma discrepância nos
planos de um rei torna-se a causa da destruição de todos os cidadãos junto do
rei”. (Mahabharata 5.33.45) “Assim como os pavões
mantêm-se em silêncio no outono, o rei deve sempre manter em segredo suas
políticas”. (Mahabharata 12.120.7). O sábio Narada explica
a Yudhisthira: “O principal caminho para a vitória de um rei é o aconselhamento
sigiloso”. (Mahabharata 2.5.27). ESPIÕES. Um
governante deve ouvir as intenções das pessoas e saber de seus atos, tanto
dentro quanto fora de seu reino e tanto de pessoas honestas quanto desonestas.
Com isso não se intenta a violação dos direitos do povo, mas se trata apenas de
uma medida para que o rei compreenda como as coisas estão funcionando entre
seus dependentes. Compreendendo as intenções dos cidadãos, o rei pode propor
planos apropriados para que seus legisladores levem ao conselho. “O rei observa
seus cidadãos através de seus espiões”. (Mahabharata 5.34.34).
“É dito que os espiões são o suporte de um Estado, e que o conselho secreto é
sua força”. (Mahabharata 12.83.51). O REI DEVE
COMPREENDER AS CARACTERÍSTICAS DE UM SÁBIO E DE UM TOLO.
O Mahabharata também explica como o rei
deve compreender as características tanto de um homem sábio quanto de um homem
tolo. Isso também tem um efeito sobre o caráter do rei. Isso se encontra na
seção vidura-niti do Mahabharata,
na qual Vidura dirige a palavra ao rei Dhritarastra. Vidura disse: “Falar-te-ei
como deve ser um homem sábio. Deve aspirar às coisas e ideais superiores na
vida. Os atributos de semelhante sujeito são o autoconhecimento, a aplicação, a
paciência e a constância na virtude. Eis o sábio. Nem ira nem júbilo nem
orgulho nem falsa modéstia ou vaidade pode distraí-lo de seu propósito. Suas
ações são feitas sempre com o pensamento de que deve servir a ambos os mundos.
O desejo não macula suas ações. Atos honestos deleitam-no, e ele ama o que é
bom. Ele não é afetado nem por honrarias nem por menosprezo. Como um lago no
curso do rio Ganges, é ele calmo, tranquilo e livre de agitações”. “Em contraste”,
disse ainda Vidura, “as qualidades de um tolo são igualmente fáceis de serem
enumeradas. A escritura é um livro fechado para ele. É vaidoso e convencido e,
quando quer algo, jamais hesitará em recorrer a meios injustos. É propenso a
desejar o que não é de seu direito desejar. Aqueles que são poderosos
despertam-lhe inveja”. LIDANDO COM OS CRIMINOSOS.
Definitivamente é necessário haver um rei ou governante para, em qualquer
posição, assumir uma postura severa contra os criminosos. Criminosos e malfeitores
são uma fonte primária de medo e perturbação para a vida de cidadãos honestos.
Assim, é preciso lidar com eles firmemente. Entretanto, o rei também precisa
ter um caráter sólido, ou não terá a disposição mental em que será capaz de
afrontar tais criminosos com o rigor exigido. Eis porque, desde o começo,
deve-se escolher um rei apropriado para o trono, e não alguém incompetente.
“Depois de punido ou perdoado, o ladrão fica livre do [karma do]
roubo. Se o rei, porém, não o pune, toma para si a culpa do roubo”. (Manu-samhita 8.316).
“Os homens que cometeram crimes e foram punidos pelo rei, vão para o céu,
estando purificados como aqueles que executaram feitos piedosos”. (Manu-samhita 8.318).
“Se alguém que agiu de maneira iníqua é morto, seu ato inapropriado não é
contabilizado”. (Ramayana 2.96.24). “Não há nenhum
pecado em matar um inimigo aterrorizante”. (Mahabharata 5.3.21).
“Aquele que tem que proteger seus cidadãos não deve hesitar se, algumas vezes,
veja-se compelido a ser um pouco cruel ou a realizar ações ligeiramente erradas
a fim de protegê-los”. (Ramayana 1.25.18). O PROPÓSITO DA
PUNIÇÃO. “Sem punição no universo, os cidadãos teriam se extinguido.
Assim como um grande peixe na água engole os pequenos, homens poderosos teriam
destruído os fracos”. (Mahabharata 12 15.30). “É somente a punição
que disciplina todos os cidadãos e protege a todos. A lei permanece vigilante
até mesmo quando todos estão dormindo. Eis porque os eruditos opinam que são as
punições o que mantém o dharma”.
(Mahabharata 12.15.2 “Todos se mantêm sob
controle por temor à punição. Um indivíduo basicamente puro é muito raramente
encontrado. É o medo de ser punido que faz alguém agir apropriadamente e
cumprir as obrigações que lhe são atribuídas”. (Mahabharata 12.15.34).
“As punições a que são submetidos os ofensores devem ser proporcionais à
ofensa”. CONSEQUÊNCIAS
PARA O REI. “O rei arrogante em cujo reino pessoas inocentes são
atormentadas por malfeitores perde sua fama, sua longevidade, sua fortuna e um
local meritório após a morte”. (Bhagavata Purana 1.17.10).
“Indubitavelmente, o rei que não cumpre seus deveres para com seus cidadãos
regularmente tem o inferno por destino, um local destituído de ar”. (Ramayana 7.53.6).
“O rei que protege recebe de todo cidadão um sexto de seus méritos espirituais.
Caso não os proteja, um sexto de seus deméritos também [recebe]. Quaisquer
[méritos decorrentes de] leitura dos Vedas,
prática espiritual, presentes caridosos e adoração a Deus que aconteçam em seu
reino beneficiam o rei em um sexto em consequência do reino estar sob sua
devida proteção”. (Manu-samhita 8.304-5). “Um rei que protege os
seres criados de acordo com a lei sagrada e golpeia aqueles merecedores de
punições corporais é como se oferecesse diariamente sacrifícios em que são dadas
cem mil joias”. (Manu-samhita 8.306). “O rei que não confere
proteção, apesar de receber sua cota de afeição, impostos, taxas, reverências,
presentes diários e multas, logo cairá no inferno. Declara-se que um rei que
não confere proteção, apesar de receber um sexto da produção, toma para si toda
impureza de todo o seu povo. Tem por certo que semelhante rei deslizará
lentamente [para o inferno]”. (Manu-samhita 8.307-9).
“Os cidadãos rejeitam um rei cuja administração seja defeituosa”. (Yogavasistha 6.84.27).
Ninguém nem mesmo seus parentes, resgatam um rei que procede com crueldade, que
paga pouco a seus ministros e outros homens, comporta-se arrogantemente, é
presunçoso e que prejudica pessoas em segredo em tempos de calamidade”. (Ramayana 3.33.15).
“Mesmo se alguém que atormenta seres vivos e é deveras cruel e pecador se torna
mestre de todas as três regiões, ele não permanece no poder por muito tempo”. (Ramayana 3.29.3).
“O rei que não organiza uma rede de espiões [para ter notícias do reino] ou que
não propicia aos cidadãos oportunidades de expressarem a ele suas queixas e que
é controlado por outros é rejeitado pelo povo assim como elefantes abandonam um
rio ao verem lama na água”. (Ramayana 3.33.5).
A Manu-samhita (7.46-52) também explica: “Um rei
apegado aos vícios decorrentes do amor ao prazer perde sua riqueza e sua
virtude, ao passo que aquele dado aos vícios nascidos da ira perde até mesmo
sua vida. Caçar, jogar, dormir de dia, censurar excessivamente, apego excessivo
a mulheres ou apego em qualquer grau a sexo ilícito, bebedeira, afeição
desordenada por dança, canto e música, e viagens inúteis são os dez vícios
nascidos do amor ao prazer. Contar histórias exageradas, violência, traição,
inveja, caluniar, difamação, injusta confiscação de bens, insultos e ataque são
os oito vícios produzidos pela ira. A ganância, a qual todos os sábios dizem
ser a raiz de ambos os conjuntos de vícios, conquista cuidadosamente.
Bebedeira, jogar dados, conexões ilícitas com mulheres e caçada – estes quatro
devem ser entendidos como os mais perniciosos no conjunto de vícios que surgem
do amor ao prazer. Causar ferimentos corpóreos, insultar e privar dos bens –
estes quatro devem ser entendidos como os mais perniciosos no conjunto de
vícios produzidos pela ira”. CONCLUSÃO: POLÍTICA E
LIDERANÇA NO CAMINHO VÉDICO. Na aplicação dos
princípios védicos em nossa vida, também mudará como vemos a política e o
sistema de liderança que escolhemos. Haverá certos padrões, no entanto, que
quereremos manter. Muitas civilizações no planeta que se orgulham de serem
avançadas não são civilizações genuínas. Isso significa que não são tão
civilizadas quanto pensam. Uma sociedade verdadeiramente civilizada terá como
sua base e fundação o amor, a compaixão, a cooperação, a sabedoria e a
liberdade, e não mera superioridade tecnológica, econômica ou militar para
dominar os fracos. A sociedade tem que selecionar um líder de verdade, e não
meramente eleger “o menos ruim” entre os candidatos. Contudo, é preciso saber o
que é um verdadeiro líder. Um líder de verdade tem também que ser conhecedor
das verdades espirituais universais. Semelhante líder, então, poderá fazer
programas que têm como fundação o que é universalmente aplicável a todos. Deste
modo, o líder deve se valer de uma filosofia completa para suas convicções
políticas. De outro modo, um líder imperfeito não será capaz de criar uma
ideologia que seja aceitável a todos, senão que continuará especulando sobre o
que talvez funcione e continuará sugerindo ideias não experimentadas, falsas e
que seguem desorientando. Isso se dá enquanto os verdadeiros objetivos são
ocultados, os quais, em geral, consistem em enganar as pessoas de modo que
trabalhem duro para pagar impostos elevados que não serão utilizados para
beneficiar verdadeiramente as pessoas e o planeta. Se o líder é tolo, o governo
é o paraíso de um tolo. Se o líder é ladrão, os cidadãos se tornam indigentes.
Um líder tem que ser ético e forte a fim de subjugar apropriadamente as
perturbações. Antes que um líder possa afetar o mundo, tem que cuidar dos
assuntos locais, em seu próprio domínio. Tem primeiramente que refrear
quaisquer sofrimentos experimentados por seus próprios cidadãos. Eles o estão
apoiando, são os impostos deles que ele está administrando. Diante disso, devem
ser os primeiros a receber as recompensas da liderança apropriada e dos fundos
governamentais. A primeira medida, portanto, é que todos os ladrões,
estupradores, sequestradores, assassinos e violadores da lei em geral sejam
detidos e presos. Isso ajudará a criar uma situação de paz para todos os
cidadãos honestos. Além disso, os programas que beneficiam as pessoas, como
garantir oportunidades de emprego e proteger os recursos naturais e o meio
ambiente, devem ser estabelecidos a fim de que as pessoas não percam as
esperanças em relação ao futuro. Criminosos e sujeitos desonestos na sociedade
abundam em virtude de líderes covardes e impotentes. Se tais líderes não sabem
exercer sua posição devidamente, os criminosos se valem da situação para
aterrorizar os cidadãos de bem. Entretanto, quando os líderes são poderosos o
bastante para deter toda sorte de infratores em qualquer parte da nação, não
serão capazes de crescer tais ameaças. Quando os indivíduos perversos são
punidos de maneira exemplar e imediata, a boa sorte reina. Os crimes decaem, os
custos para imposição da lei decrescem. Ademais, os cidadãos em geral não
precisam viver com medo. Isso afetará a confiança que têm no governo e a
maneira como contribuem com o país. Em contraste, quando as leis protegem os
criminosos e tornam os cidadãos honestos incapazes de se defender, ou quando a
imposição da lei é lenta e ineficaz, os ladrões se tornam proeminentes na
sociedade em virtude de um governo inapto. Semelhante governo logo se torna um
local perigoso para se viver. Infortúnios, destarte, certamente decorrerão.
Assim, a prioridade de um líder é sua terra e os cidadãos da mesma. Apenas
depois que sua própria área está segura e nela tenham sido estabelecidos
firmemente programas de bem-estar deve haver algum arranjo para grandes gastos
ou expedições militares fora da defesa da própria jurisdição, além das próprias
fronteiras, e somente se tais ações militares não comprometam
desnecessariamente a economia. Uma vez que os problemas locais tenham sido
solucionados e corrigidos, os líderes e o povo terão uma base mais forte para
tentar ajudar em desafios e dificuldades em outras partes do mundo. Se um
governante ou governo é efetivo em refrear a criminalidade em seu país, manter
os cidadãos livres das perturbações de homens de negócios enganadores,
políticos corruptos, terroristas, ladrões etc., ele poderá, por revelar-se como
tão forte líder, cobrar impostos mais facilmente, pois mais cidadãos serão
honestos e dispostos a pagar. Todavia, se um líder ou governo não é capaz de
proteger os cidadãos de ladrões em público ou de abusos no governo, tal líder
ineficaz não deve pensar que tem o direito de continuar cobrando pesados
impostos de seus cidadãos, ou mesmo o direito de continuar em sua posição. Se o
líder é ineficiente e permite que criminosos ocupem sua jurisdição, recairá
sobre ele parte das reações pelos atos malfazejos que são conduzidos dentro de
seu regime, e seu futuro será muito trevoso. Assim, um governante ruim perpetua
a degradação de toda a nação. Ainda pior é a situação em que os próprios
ladrões são eleitos para o governo. Tais enganadores, então, tirando proveito
de sua situação ou posição, desfrutam da vida assenhoreando-se dos elevados
impostos pagos pelos cidadãos. Ou, então, dedicam-se a intrigas políticas ou
financeiras que resultarão em grande lucro em seus bolsos a custo dos
contribuintes. A consequência disso é que as pessoas se tornam mais desonestas
ao tentarem esconder sua renda, sabendo que os cobradores de impostos servem
políticos corruptos. Então, conforme essa mentalidade criminosa se difunde,
partindo dos políticos, todo o país se torna cada mais corrupto. As hierarquias
e os regimes que operam de acordo com métodos egoístas que são, em verdade,
viciosos e injustos, especialmente em relação às pessoas honestas, não podem ir
adiante. A força última da Verdade no mundo os verá cair cedo ou tarde. Temos
que trazer à tona o poder da transformação, não pela força ou pela manipulação,
mas por nos opormos ao que não é certo através de preocupação genuína e amor
espiritual. Todavia, não é o bastante que líderes tentem propiciar a paz por
meio de dominação militar e força. É preciso que haja fundos que apoiarão
projetos educacionais que difundirão o conhecimento espiritual genuíno. Tal
conhecimento pode invocar uma verdadeira mudança de consciência na humanidade
em grande escala. Isso não significa simplesmente propagar uma religião em
particular, mas propagar a informação espiritual que possa ser aplicada por
todos e em todo lugar independente de afiliações religiosas. Providenciando os
meios para uma mudança genuína de consciência, e um crescimento em percepção de
nossa unidade espiritual, pode haver paz através de escolha deliberada da
sociedade em vez de mero temor da força militar. Pode haver harmonia através de
crescimento intelectual e espiritual. De outra maneira, paz verdadeira não será
possível, senão que haverá apenas paz forçada, haja vista que a causa por trás
da desunião e dos problemas persiste, aguardando por uma oportunidade para os
conflitos recomeçarem. Naturalmente, pode haver momentos em que a força militar
seja insubstituível para colocar fim a um conflito desnecessário ou para
subjugar os criminosos, mas jamais será um meio para a paz duradoura. Um
governante deve ser o representante da moralidade perfeita. Deve exibir uma
conduta exemplar em suas ações, ordens e fala. Assim como é absolutamente
benéfico para a sociedade em geral trabalhar para o avanço espiritual, também é
benefício para um governante trabalhar de maneiras que aprimorem seu próprio
desenvolvimento espiritual. Ele deve buscar soluções para que todos tenham as
mesmas oportunidades para fazer isso. Isso é verdadeira liderança. www.voltaaosupremo.com. Abraço. Davi
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