quarta-feira, 8 de agosto de 2018

GHOST


Editor do Mosaico. O filme Ghost – Do outro Lado da Vida é um clássico do cinema.  Dirigido por Jerry Zucker (1950-  ), estreando mundialmente em 1990, impressiona pelo roteiro arrojado bem ao estilo melodrama. A música cantada no início da filmagem pelo grupo Righteous Brothers – Unchainde Melody chama atenção, tal o profundo romantismo colocado na letra. O refrão diz: “Preciso do seu amor. Necessito do seu amor. Deus acelera seu amor comigo”. O ato, no começo da narrativa em que os protagonistas Sam Wheat e Molly Jansen, nomes na história, contracenam, causa embaraço àqueles desacostumados a cenas mais insinuantes. Porém, esse romantismo sincero, oriundo de corações abertos ao comprometimento com o próximo baseado no amor, respeito e fidelidade, humaniza o ser ao encontro da alma gêmea que a Divina Providência preparou para vivermos nossa encarnação. É difícil entendermos a tragédia misturada ao amor. Isso é algo místico, que a razão pura, ofuscada pelo objetivismo ilusionista da realidade, não percebe a transcendência ocorrendo no presente, passado e futuro. Uma ideia ventilada no roteiro é a circularidade dos eventos. Algo que não estamos acostumados a viver, confundindo nossa mente tridimensional (altura, largura e comprimento) limitada no tempo e espaço. Como diz Helena P. Blavatsky (1831-1891) “a mente é a assassina do real”. Um conceito, que entre outras explicações, podemos dizer que a mente atrapalha nossas emoções e sentimentos de traspassarem o visível, enxergando aquilo que está “do outro lado da vida”. Sam e Molly vivem uma convivência amigável e respeitosa. Percebe-se que ambos conversam abertamente questões profissionais e principalmente o casamento formalizado. O modernismo atual, vulgarizou o sagrado rito matrimonial, onde os “amantes” já no primeiro dia de contato vão para cama. Algo prejudicial quanto a intimidade, e segundo terapeutas espirituais, aqueles que violam a virgindade antes do tempo, têm enormes chances de divorciarem-se no percurso do matrimônio. A cultura do “ficar”, hoje, entre os jovens é de grande dano à fidelidade conjugal. Criando no inconsciente um estereótipo do sexo como um prazer individual e egoísta. Não importando a condição do parceiro a querer o ato, além da banalização irresponsável, caso aconteça uma gravidez inesperada. O sentimento de culpa antes e depois do coito, é outro agravante a uma normalidade, que só o ambiente familiar pode proporcionar com a benção da Divina Providência. Enquanto ambos conversam, após saírem do teatro ao assistiram uma peça de William Shakespeare (1564-1616) são abordados por um assaltante de nome William Lopes. Sam para defender sua querida, trava uma luta com o marginal. Esse o fere mortalmente com um tiro. Aqui começa o filme na perspectiva do nome ghost – fantasma na tradução em inglês. A teosofia compreende que a consciência do ser humano tem sete princípios. Isso é fundamental para entendermos a possibilidade do desenrolar do enredo que o autor sugere nas cenas criadas para este propósito. O primeiro princípio é Sthula Sharira – o veículo, corpo ou instrumento físico. O segundo é Prana – a vitalidade. O terceiro é Linga Sharira – o astral, o duplo, o modelo, o corpo-fantasma. O quarto é Kama – a sede das paixões animais e dos sentimentos de apego e paixão. O quinto Manas – a mente, o princípio dual, gravitando em buddhi ou mana. O sexto é Buddhi – alma espiritual, compaixão universal, o veículo de Atma. O sétimo é Atma – o princípio supremo que existe em unidade com o Absoluto. Sam ao morrer é separado do corpo físico e da vitalidade, assumindo a forma fantasmagórica. Esse corpo é sutil, impalpável, imperceptível a olho nu, formado essencialmente por energia. Como espectro, Sam se reconhece naquele que foi atingido mortalmente, e desesperado grita por socorro, igualmente preocupado com Molly. O sepultamento de Sam mostrou que ele era alguém de boa índole em sua encarnação. Algo intuído pela prédica do oficiante no funeral. Nossas ações passadas determinam o que seremos em vidas futuras. A Lei Divina do Karma é justa quanto a disciplina punitiva de nossos atos e o benemérito daquilo que foi realizado para o conforto e suprimento da necessidade do outro. No interim, das entre vidas, sofreremos a dor da maldade física ou psicológica que praticamos através de palavras, atitudes e pensamento. Na mesma medida o gozo e alegria da benevolência que realizamos. Sam, agora, tem um relacionamento “excepcional” com Molly, vendo-a em sua visão astral. Ela, ao contrário, não pode vê-lo, percebe-lo ou senti-lo. Sam, em vida, trabalhava numa corretora de valores mobiliário, orientando sobre as melhores oportunidades de investimento financeiro aos clientes. Seu “amigo” Carl Bruner também realizava a mesma função. Ocorre que esse, claramente usando de má-fé na profissão, tenta desonestamente aproveitar-se de situação criada para desviar uma enorme quantia em dinheiro US$ 4.000.000,00 (quatro milhões de dólares) de uma correntista do banco que fecharia a conta. A morte de Sam fora encomendada por Carl a Willie Lopes, que estava encarregado do assassinato. Como era notório o relacionamento de Sam e Molly, Carl imaginou, que o morto deveria ter dado a conhecer à sua namorada a situação dessa quantia, que estava sob sua responsabilidade a definição. Assim, também, precisava silenciar Molly, porém, antes de fazê-lo, arrancar dela as valiosas informações, que suponha, possibilitar o desvio da vultuosa quantia à algum paraíso fiscal. Não se esclarece, definitivamente, na narrativa, a origem desde dinheiro, e porque Sam tinha a probabilidade de dar uma destinação a ele. Oda Mae – a vidente, aparece numa “sessão espírita”, onde algumas pessoas procuram falar com espíritos de parentes mortos. O tema do espiritismo, abordado no enredo é mal compreendido em geral pela maioria das pessoas, notadamente os cristãos. Em todas as vertentes, de qualquer área, pode existir aquele que usando de falsidade, tenta enganar seu irmão. O Espiritismo tem sua história inicialmente a partir da segunda metade do século XIX com as irmãs americanas Fox. Kate (1837-1892) e Margareth Fox (1833-1893) ouvindo na parede da casa onde moravam, ruídos estranhos de alguém batendo do outro lado. O pai das irmãs, um pastor presbiteriano, convidou alguns vizinhos para confirma o fenômeno. Foi encontrado um buraco no quintal da casa, onde haviam cabelos, ossos e pertences de alguém. Pouco depois, deu-se início os encontros em mesas girantes. O movimento ganhou vulto envolvendo intelectuais e cientistas que tentaram comprovar a veracidade dos fatos. Contudo, o aspecto espiritual dos eventos, desconcertava a mente filosófica dos curiosos. Entretanto, com o francês Hippolyte Leon Denizard Rivail, posteriormente Allan Kardec (1804-1869), a luz Divina Providência descortinou as sombras, que ainda pairavam sobre o legado das irmãs Fox. O novo nome pelo qual se denominou, Kardec, justificou-se para não confundir com seus trabalhos e pesquisas no espiritismo, pois era de formação pedagógica. Nascido numa família católica, desde cedo demonstrou propensão para o estudo das ciências e da filosofia. Estudou na Escola de Pestalozzi, em Yverdun, na Suíça. Concluídos os estudos, retornou à França. Falava vários idiomas e traduzia para o alemão obras de educação e moral, entre elas as obras de François Fénelon (1651-1715). Kardec, pesquisou, investigou e demonstrou o espiritismo na luz da filosofia, ciência e espiritualidade. Assim, a nova vertente espiritual alço voo da Europa, à América, Ásia e Oceania. Ao assistirem o filme, perceberão que a personagem – vidente, é um estereótipo da “realidade”, um chamamento à reflexão da vida após a morte. Os pilares da doutrina espírita são: 1. A existência de Deus. 2. A imortalidade da alma. 3. Pluralidade das existências. 4. Pluralidade dos mundos habitados. 5. Comunicabilidade dos espíritos. www.ceov.com.br . “Os espíritos são seres humanos desencarnados. Eles são o que eram quando vivos, bons ou maus, sérios ou brincalhões, trabalhadores ou preguiçosos, cultos ou medíocres, verdadeiros ou mentirosos. Eles estão por toda parte. Não estão ociosos. Pelo contrário, eles têm as suas ocupações, como nós, os encarnados, temos as nossas. Não há lugar determinado para os espíritos. Geralmente os mais imperfeitos estão junto de nós, atraídos pela materialidade a qual estão ainda jungidos, e pela similaridade de sentimentos com as quais nos afinizamos. Não os vemos, pois se encontram numa dimensão diferente da nossa, mas eles podem ver-nos e até conhecer nossos pensamentos. Os espíritos agem sobre nós, mas essa ação é quase que restrita ao pensamento, porque eles não conseguem agir diretamente sobre a matéria. Para isso, eles precisam de pessoas que lhes ofereçam recursos especiais: essas pessoas são chamadas médiuns. Pelo médium, o espírito desencarnado pode comunicar-se, se puder e quiser. Essa comunicação depende do tipo de mediunidade ou de faculdade do médium: pode ser pela fala (psicofonia), pela escrita (psicografia) etc. Mas, toda e qualquer comunicação não deve ser aceita cegamente; precisa ser encarada com reserva, examinada com o devido cuidado, para não sermos vítimas de espíritos enganadores. A comunicação depende da conduta moral do médium. Se for uma pessoa idônea, de bons princípios morais, oferece campo para a aproximação e manifestação de bons espíritos. É preciso ficar alerta contra as mistificações e contra os falsos médiuns, que tentam iludir o público menos avisado em troca de vantagens materiais. Por isso, é importante que, antes de ouvir uma comunicação, a pessoa se esclareça a respeito do Espiritismo”. www.ceov.com.br . Esse texto anterior, esclarece o ânimo duplo da vidente. A “sessão espírita” que comandava era inadequada, uma mistura de trapaça e suposto misticismo baseado na recompensa financeira.  Nenhum médium, por mais honrado que seja, está autorizado receber recompensa por serviços prestados à coletividade ou individualidade. Nada justifica qualquer bônus em troca do benefício ao próximo. Atitude igual a essa, mostra um espírito mesquinho, egoísta e  involuído. Predisposto à disciplina cármica na encarnação presente e futura. Ela tinha uma ficha policial extensa, retrato de sua amoralidade, contudo, havia em seu coração uma propensão para o bem. A vida desencarnada de Sam, também pode ser explicada nas linhas acima. Seu espírito evoluído esperava justiça baseada na remissão pela fraternidade. Sam, convence Oda Mae a ajuda-lo quanto a Molly, pois seu assassino, Lopes, tentaria matá-la. Carl vai ao Banco fora do expediente para transferir o dinheiro ilicitamente. Contudo, não contando com a presença expectral de Sam, que criando fenômenos paranormais na sala onde estavam, distrai-o impedindo a concretização de seu sujo intento. Sam, mesmo morto, acessa o computador concretizando a transação para a senhora Rita Miller, impedindo que sua fortuna fosse roubada. A ideia passada aqui, nesta cena, é que os mortos estão vivos e atuando no mundo dos encarnados de forma fantasmagórica, imperceptível a visão humana. O exagero, colocado pelo enredo do filme, é que eles não podem mudar a realidade dos fenômenos por si, precisam usar os vivos; mesmo sendo isso possível, apenas quando estes dão lugar. Essas incorporações, acontecem ao nível energético astral, sem contudo, influenciar diretamente a "realidade". Há um limite de afastamento e de atuação do espírito desencarnado no encarnado. A ideia da possessão é bem diferente da que conhecemos, pois a doutrina espírita, postula que o espírito não ter poderes de sub julgar ou sabotar a consciência dos vivos. Ele só age naqueles com o qual têm afinidade, “identificando-se ao espírito encarnado, cujos defeitos e qualidades, sejam os mesmos que os seus, afim de obrar juntamente com ele”. Uma incorporação astral. Entretanto, os atos praticados pelo encarnado são de sua inteira responsabilidade. O livre arbítrio é um processo dentro da divina Lei do Carma, que recompensa ou disciplina o indivíduo na justa medida do feito realizado. A predestinação é um fato ao nível divino. Unicamente Deus tem a prerrogativa e autoridade quanto a essa circunstância, e dentro das principais tradições espiritualista, chegaremos a Unidade com a Consciência Cósmica. Todos estamos caminhando pelo processo coletivo de redenção, uns mais cedo outros mais tarde alcançaremos a salvação completa. Tanto que, no cristianismo, a danação eterna para onde irão àqueles que forem condenados, por não receberem a redenção substitutiva realizada pelo Salvador Jesus Cristo; é questionada no judaísmo e no misticismo da cabala. As quatro palavras que denominam "inferno" na Bíblia Sagrada não tem o significado de um lugar permanente e real. No Novo Testamento os termos gregos são: tártaro, geena e hades. No Antigo Testamentos o termo hebraico é sheol. Esse, em alguns textos é traduzido como sepultura; não existindo literalmente a palavra "inferno" na escritura hebraica da Torah. A descoberta que a fortuna havia sumido da conta bancária desespera Carl, que junto com Willie vão ao apartamento de Molly. Antes disso, Oda Mae e Sam em seu corpo astral, já haviam ido ao banco, e ela, disfarçada de Rita Miller resgatou os US$ 4.000,000,00 de dólares. Os milhões foram passados a uma instituição de caridade católica, quando iam à casa de Molly. As freiras que recebiam donativos na rua, não acreditaram ao verem o cheque com a vultuosa quantia. Tanto que uma delas desmaio. Um gato, aparece em duas tomadas de cena destacando seu olhar. A primeira na casa de Molly e a segunda no local onde Oda Mae realizava suas sessões. Esse animal conseguia, sentir e perceber a presença da energia astral de Sam. Algumas tradições conceituam, que nosso processo evolucionário tem início na consciência mineral. Depois desenvolvemos a consciência vegetal. Progredimos na consciência animal e finalmente alcançamos o estágio consciente dos humanos. Esses estágios incluem milhares de encarnações, sendo que, no último estágio chegaremos ao nirvana ou a iluminação búdica. Incitado por Sam, o animal foi decisivo para que Willie não finalizasse sua intenção maligna contra a vidente e Molly. A morte de Carl Bruner e Willie Lopez são exemplo da disciplina cármica como correção pedagógica. É bom entendermos, que em cada uma de nossas encarnações, temos total condições de reparar ou retificar nosso carma negativo. Com nossos atos de justiça, fraternidade e irmandade espiritual quitamos a dívida passada. Todavia, caso permaneçamos na prática dolosa das obras da carne, envolvidos no egoísmo e apego materialista, na vida futura, seremos cobrados pelo Senhor do Carma na justa medida com que ofendemos ou menosprezamos as necessidade físicas e psicológicas do nosso próximo. Os dois perseguiam Molly e Oda Mae, armados, contudo com a ajuda dos efeitos paranormais realizados por Sam; as duas conseguiram fugir temporariamente. Lopez chega ao apartamento de Molly, onde também está Mae. Elas escapam, principalmente pela desorientação de Lopez, pois Sam, criara situações "excepcionais" que o confundiu. Na perseguição, ele, ao atravessar uma rua é esmagado por dois carros tendo morte imediata. Segundos, depois, de se perceber morto e desencarnado, os senhores do carma, o carregam forçosamente para cumprir seu período de disciplina (sofrimento) em sua entre vida. Carl teve fim bem parecido, pois caçando as duas, em determinado momento esbarra em uma vidraça alta que não percebeu. Bate no vidro, fazendo com que se despenque um enorme pedaço, que crava-lhe no peito, morrendo instantaneamente. Ao se reconhecer desencarnado, imediatamente é levado às pressas, para que se execute a punição (sofrimento) pelo mal uso do dom divino que lhe foi outorgado. Nossas atitudes más, mesquinhas, egoístas, apegadas ao materialismo e desejos insaciáveis, retardam o desfazimento de nossa personalidade – corpo físico, energético, emocional e mental. Esses são fatores em nossas entre vidas de muita dor e sofrimento, atrasando a entrada no devachan e, consequentemente, diminuindo nosso período de conforto celestial. Ao final, depois que as questões são resolvidas, numa visão celestial, Sam percebe uma luz diáfana que irá transportá-lo ao outro lado da vida. Ele teve em sua encarnação uma vida justa e responsável, praticando a moralidade e ética, também, preocupado com a necessidade dos menos favorecidos. Foi levado ao devachan para desfrutar o gozo celestial. Algumas tradições dizem que esse período vai de 1.000 a 1.500 anos conforme sua solidariedade humana na Terra, tendo uma vida pura e santa na Senda Espiritual. “Devakhan em tibetano é a morada dos deuses. Um estado intermediária entre duas vidas na terra, em que o Ego (atma-budhhi-Manas), ou seja, o Trinity feito Um) entra. Isso após a sua separação a partir de Kama rupa e desintegração dos princípios inferiores, finda a existência do corpo físico na terra. É o Svarga dos hindus, o Sukhavati dos budistas, o céu dos zoroastrianos e cristãos, bem como os muçulmanos menos materialistas. É uma parte do plano especialmente protegido do mundo astral, do qual todo sofrimento e todo o mal são excluídos pelas grandes inteligências espirituais que presidem a evolução humana”. Abraço. Davi

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