quinta-feira, 5 de maio de 2016

I. O Caminho da Prática.



Yoga Sutra. O Caminho da Prática. Kriya Yoga é o sacrifício (tapas), a busca do saber interior (svadhyaya) e a entrega ao Içvara. Tem a finalidade de produzir Samakhi e minimizar as perturbações. Falta de sabedoria, egoidade (asmira) desejo, aversão e apego a vida são as perturbações (kleças). Falta de sabedoria é o campo onde crescem as demais perturbações, quer estejam adormecidas, enfraquecidas, isoladas ou totalmente ativas. Falta de sabedoria é a percepção da eternidade, pureza, bem estar e individualidade naquilo que é perecedor, impuro, desagradável e não individual. 6. Egoidade (asmita) é a identidade aparente das forças da percepção pura com as do instrumento da percepção. A percepção pura tem a natureza da mente, enquanto que o instrumento da percepção tem a natureza da matéria. O olhar é a pura percepção sustentada pela presença de citta, enquanto que o olho é o instrumento que mobiliza forças físicas, químicas e psíquicas para produzir seus resultados. Ao confundir os dois criamos a egoidade em nossa mente. Desejo 9raga) é o que decorre da experiência do prazer (sukha). Aversão (dvesa) é o que decorre da experiência da dor (duhkha). Sutra II,6 “A identidade à qual este sutra faz referência está expressa pela palavra ekatmata, ou seja, sob um único espírito (atma) que anima as forças  do órgão de percepção e as da própria percepção. Os mestres da Índia advertiam seus discípulos para que não permitissem que forças estranhas se apropriassem de seus órgãos de ação ou de percepção. O caminho do Yoga é o mesmo dos magos, e não o dos médiuns. Apego a vida é um sentimento que surge por sua própria força até mesmo no sábio. Essas perturbações, quando se tornam sutis, são destruídas. Sua existência só faz sentido e só é possível no mundo grosseiro e material. Dhyana (meditação) destrói as manifestações (vrttis) dessas aflições. Dhyana devolve ao praticante a sabedoria (vdya), destruindo o único campo em que as aflições podem se desenvolver. O recipiente do Karma (ações), que é a raiz das perturbações, deve ser percebido como a origem do visível e do invisível. Existindo essa raiz, e o seu desfrute de prazer e sofrimento decorrentes do Karma, que faz existir o nascimento, a duração da vida e a maturidade. Quando atribuímos a nós mesmos os méritos e deméritos das ações, nossa consciência se orienta para o desfrute, seja do prazer ou da dor, criando um ciclo interminável de dependência em relação à existência material. Seus frutos são prazer e dor, conforme provenham da virtude ou do vício. 15. Tudo que vem do discernimento, bem como o que vem da luta entre os desdobramentos (vrttis) das qualidades da matéria (gunas) é verdadeiramente sofrimento (duhkam) por força do sofrimento produzido pelas transformações naturais (parinama), pelo sacrifício (tapas) e pelos hábitos (samskara). Sofrimento que ainda não surgiu é o que pode ser evitado. 17. A identificação entre o que percebe e a coisa percebível é a razão dessa dor poder ser evitadas. Sutra 11,15 Viveka é o discernimento que nos permite distinguir os objetos percebidos e os observadores desses objetos. No entanto, toda separação provoca sofrimento. Precisamos, portanto utilizar viveka para distinguir conceitos, e não objetos e para que a luz do conhecimento verdadeiro ilumine esse discernimento. Sutra 11,17 Os objetos materiais são dotados das características de permanência e impermanência, simultaneamente. O aspecto impermanente produz sofrimento no observador. É uma relação maculada. O aspecto permanente é um conjunto de arquétipos aos quais o objeto está associado, e que expressam sua essência espiritual. Ao se ligar a esse perfil espiritual do objeto, o observador encontra a sua própria  essência espiritual ali refletida. Esse forte elo entre observador e objeto é o samyoga. 18. A coisa percebível, que tem a finalidade de fazer completa a fruição, e que tem a mesma natureza dos órgãos sensoriais (bhutendriyani), tem uma disposição ou caráter evidenciável, ativa e estável.  Diferenciado e indiferenciado, dissolúvel e indissolúvel, são as condições dos gunas. 20. O percebedor é a própria medida da percepção. Embora puro, apreende apenas suas próprias convicções. O percebível é apenas uma reprodução imperfeita do próprio percebedor. Seu objetivo, artha, é encontrar a natureza real , atman, do percebível. Quando nos tornamos aquele que vê, nosso objetivo é buscar a percepção do princípio de individualidade daquilo que pode ser visto. Embora destruído para quem tenha alcançado seu objetivo, não é destruído em essência pois é o mesmo em todos os outros. Quando alcançamos nosso objetivo, destruímos em nossa mente o percebível, pois mergulhamos na identidade fundamental de tudo. Mesmo assim a essência do percebível permanece disponível para a experiência de outros. Sutra II,18 Não há percepção se não há algo que se possa perceber. Não há desfrute se não houver algo que se possa perceber distintamente de nós mesmos. Essa coisa percebível compartilha dos mesmos princípios naturais utilizados pelos órgãos sensoriais, senão jamais seria percebida. Ela é, por essa razão, evidenciável, ou seja, capaz de se tornar destacada diante de nossa consciência. É também ativa, no sentido de produzir uma ação sensível sobre nossos órgãos sensoriais, e também é estável, para que possamos atribuir a ela um significado e um valor. Sutra II,20 Pode-se dizer que um ato de percepção pura acontece na esfera de citta, muito longe da natureza material. A consciência, no entanto, está presa aos objetos materiais, impermanentes. Quando nossa relação com os objetos é imaculada, ela acontece na esfera de citta, ainda que se apoie nas atividades inferiores dos órgãos sensoriais. Abraço. Davi.

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