Judaísmo. As duas
almas do homem. Ensina a Cabalá que cada pessoa, independentemente de sua
natureza ou comportamento, possui duas almas: uma Divina e uma natural. Essas
são as almas básicas do ser humano; e não devem ser confundidas com a alma
adicional que um judeu recebe durante o Shabat, ou com os cinco níveis da alma
– Nefesh, Ruach, Neshamá, Chaya e Yechidá. É a interação entre a alma Divina e
a alma natural e a maneira pela qual cada uma delas se manifesta que respondem
pelos pensamentos, palavras e atos do ser humano. Uma definição simples da alma
é que é a entidade espiritual que dá vida à pessoa, cuja manifestação física é
o corpo. Ao contrário da crença popular, o ser humano não é constituído por uma
alma única, sagrada, em um corpo profano. O organismo humano, ensina a Cabalá,
é como um campo de batalha, e é a guerra entre a alma Divina e a natural o que
define se o indivíduo irá viver, ou não, como um ser humano justo e digno. A
vida, em essência, é uma luta sem fim – não entre a alma e o corpo, mas entre a
alma Divina e a natural, também chamada de alma animal. Uma alusão a este
conceito é encontrada em uma porção de Bereshit, o primeiro livro da Torá
(Gênesis), onde aprendemos sobre Yaacov e Esav, os dois filhos de nosso segundo
patriarca, Itzhak. Enquanto se encontravam no útero de sua mãe, Rivca, os dois
irmãos já estavam em conflito. Nossa segunda matriarca, não percebendo que
carregava gêmeos, preocupava-se com sua gravidez, pois sentia a agitação em seu
ventre sempre que passava por um templo monoteísta ou uma casa de idolatria.
Temerosa de dar à luz uma criança com problemas, talvez esquizofrênica, ela foi
aconselhar-se com um profeta para perguntar sobre o feto que carregava. Foi
quando soube que levava gêmeos e que eles, ao crescer, constituiriam duas
nações que estariam em guerra entre si. Rivca também foi informada de que ambas
as nações não iriam prevalecer simultaneamente: quando uma estivesse no ápice,
a outra conheceria o declínio. A elucidação cabalística para essa famosa
passagem da Torá é que os dois gêmeos simbolizam as duas almas que coabitam
dentro do ser humano – a Divina e a natural. Elas estão constantemente em luta,
pois não podem, de fato, ser simultaneamente vitoriosas. Por um lado, a alma
Divina, sendo parte de D’us Infinito, deseja cumprir a Vontade de Divina
dedicando-se ao Eterno e a outros seres humanos. Desconhece o ego, o egoísmo, o
vício e a autogratificação. Serve a D’us e desempenha boas ações sem nenhuma
razão maior – apenas porque faz parte de sua natureza Divina fazê-lo. Seu único
desejo é que todas as forças e órgãos do corpo sirvam como veículo de expressão
da santidade. Por outro lado, a alma oponente da Divina, a alma natural, é
essencialmente autocentrada. Preocupa-se apenas com um aspecto, a autogratificação.
Se estiver indomada, fará tudo a seu alcance para conquistar o que pretende. A
alma natural pode mesmo ser dócil, generosa e capaz de profunda reflexão, mas
tudo o que faz é para seu próprio benefício. Somente se preocupa com suas
necessidades e desejos. Seu objetivo é obter prazer, admiração e
engrandecimento. Evidentemente, a alma natural e a Divina desejam o oposto e
ambas querem ter o comando sobre todo o ser. Estão constantemente em guerra,
esperando prevalecer sobre a outra, para que possam ter pleno controle do corpo
humano. Todo ser humano contém essas duas almas separadas e não, como se pensa,
uma alma que age corretamente e um corpo que age com maldade. A percepção de
que possuímos duas almas que se opõem entre si explica certos fenômenos que intrigam
as pessoas e que, em geral, nos causam sofrimento: por que, às vezes, somos tão
bondosos, e, logo depois, tão malvados? Como pode uma pessoa religiosa e boa
subitamente comportar-se de forma deplorável? E como é possível que uma pessoa
ignóbil e cruel possa, ocasionalmente, realizar atos grandiosos e abnegados? A
resposta a estas e outras perguntas é que tais inconsistências ocorrem pelo
fato de uma alma prevalecer sobre a outra. Certamente, o mundo está repleto de
hipócritas. Mas, a maioria dos homens de bem que comentem erros não vivem vidas
hipócritas nem esquizofrênicas. Erramos porque não somos criaturas
unidimensionais. Está escrito no Pirkei Avot – a Ética dos Pais, um livro
sagrado de sabedoria judaica – que um homem não pode estar completamente seguro
de si mesmo até o dia de sua morte. A razão disto é que mesmo um homem
genuinamente justo está sempre aberto a alguma outra força dentro dele que pode
reorientá-lo. Em algum momento de sua vida, ele até pode vir a acreditar que
está sendo guiado apenas por sua alma Divina, mas então, quando menos espera,
sua alma natural, que estava adormecida há muito tempo, pode subitamente
despertar e subjugá-lo. Por este motivo, nunca devemos estar muito seguros de
nós mesmos, já que a alma natural é astuta – ela se camufla e ataca de surpresa
a alma Divina quando o ser humano menos o espera. Na verdade, todos
sabemos que um dos aspectos mais resistentes de nossa personalidade é sua
inconstância: certos dias aspiramos alcançar os Céus e aperfeiçoar a Terra; em
outros, nos deliciamos com nossos desejos egoístas, e entendemos a Vontade
Divina como se impondo sobre o que consideramos nosso, por direito. A vida é
geralmente complicada porque a maioria de nós se empenha por um nível de
bondade, decência, até mesmo de santidade. Mas, com frequência, mesmo após
trabalhar durante anos em nosso auto aperfeiçoamento, há obstáculos no caminho
e as coisas dão para trás – turbulências inesperadas durante as quais fazemos
coisas que nos trazem embaraço. Felizmente, o oposto também é verdadeiro.
Enquanto uma pessoa está viva, ela não pode ser espiritualmente derrotada.
Sempre há oportunidade de corrigir erros passados e progredir espiritualmente,
e muitas vezes a pessoa é inspirada a fazê-lo pelos Céus, e pela alma Divina que
nela habita. Contudo, a luta entre as duas almas não significa que a alma
natural seja algum tipo de maldição que somos forçados a levar dentro de nós.
Uma alma humana que não seja dividida e estática não consegue funcionar, assim
como um pássaro com uma asa só não consegue voar. Sem algo contra que lutar,
sem alguma resistência, não pode haver progresso. Assim como não conseguimos
desenvolver e fortalecer nosso corpo sem treinamento de resistência e assim
como não conseguimos dominar a Matemática sem solucionar problemas cada vez
mais difíceis, precisamos, também, ser desafiados pela alma natural para que
possamos nos aperfeiçoar. E, portanto, não é justo chamar a alma natural de
“alma do mal”. Sua função é desafiar, e ainda assim, por ser fiel a seu Criador,
sua esperança mais profunda é que o homem não caia presa de suas tentações. O
Zohar, obra fundamental da Cabalá, oferece uma famosa analogia para ilustrar
este conceito. Fala-nos de um rei que contratou uma cortesã para testar seu
filho. A cortesã foi enviada pelo rei para seduzir o filho que fora alertado
para se manter afastado de tais mulheres. Por um lado, a cortesã, que fora
enviada em missão pelo rei, precisava desincumbir-se de sua tarefa da melhor
maneira possível. Mas, por outro, ela não queria realmente seduzir o príncipe,
pois isto faria com que o rei se decepcionasse com o rapaz. O dilema da
cortesã, que simboliza a alma natural, é óbvio. A alma natural nos desafia e
nos testa, e, aparentemente, fará tudo a seu alcance para nos fazer cair. Mas,
na verdade, torce, com veemência, para nosso sucesso. Não deseja que nós,
filhos do Rei do Universo, cedamos a seus caprichos. Pois, falando de forma
metafórica, isso causaria dor e desapontamento a D’us. Além da alma natural,
D’us inseriu em nosso interior uma parte d’Ele – a alma Divina – para poder
elevar-nos e para que nós possamos, por nossa vez, elevar o mundo. Assim como
os mineiros descem às profundezas da terra para trazer o valioso minério,
também a alma Divina é introduzida no fundo do corpo humano para buscar o que
há de precioso no mais íntimo do ser humano. A interação das Duas Almas. O
Talmud ensina que “quanto maior a pessoa, maior sua Inclinação para o mal”4.
Isto significa que as pessoas que têm grande potencial para a santidade e
bondade também possuem uma maior capacidade de pecar. Este ensinamento do
Talmud não significa que um homem que comete ações terríveis é essencialmente
um grande homem e, com certeza, não desculpa algum de seus pecados. O que o
Talmud quer dizer é que um homem verdadeiramente santo e bondoso será mais
tentado a transgredir a Vontade de D’us. E a razão para tanto é que se a pessoa
possui uma alma Divina que se manifesta com força, a pessoa também possuirá uma
alma natural que irá atraí-lo com força para o proibido. Este conceito pode
parecer um paradoxo – faria mais sentido se quanto maior o homem, menos
inclinado ele fosse ao pecado – mas, na realidade, esta é a Justiça Divina básica.
Afinal, por que um ser humano enfrentaria uma guerra espiritual mais fácil do
que o outro? Para que o mundo seja justo, aqueles que são dotados de maiores
aptidões para o jogo da vida também são forçados a enfrentar maiores desafios.
Desta forma, a guerra entre as duas almas do homem tem intensidade e
importância similar para todos. Se a pessoa nasceu com melhores aptidões para o
jogo, ela terá que enfrentar um jogo mais difícil. Portanto, todos têm que se
esforçar para melhorar – cada qual segundo seu nível. Um sábio dotado de
extraordinários dons espirituais que não se esforce para viver de acordo com
seu potencial pode ser um pecador maior – uma grande decepção para D’us – do
que uma pessoa simplória que se empenha para evitar cometer pecados terríveis.
O julgamento de uma pessoa inclui seu esforço de ir além de suas aparentes
limitações. Um corolário deste conceito é que à medida que um ser humano
fortalece sua alma Divina, tanto mais forte sua alma natural se tornará. Na
vida, assim como em qualquer jogo brilhante e criativo, o grau de dificuldade
aumenta à medida que se vai passando de uma fase à outra. Quanto mais elevado
espiritualmente se torna o homem, maior se torna sua inclinação para o mal.
Quanto mais sábio se torna, mais astuta fica sua alma natural. E tentará
levá-lo a racionalizar seus maus atos; tentará confundi-lo a ponto de deixá-lo
inseguro se um ato é grandioso e sagrado ou um grave pecado. A alma natural
pode mesmo se disfarçar em alma Divina, levando a pessoa a fazer o que não
deveria. Por isso, não basta uma pessoa desejar fazer o bem e agir com justiça;
o progresso espiritual requer a aquisição de grande sabedoria e muito
conhecimento, para que a pessoa possa evitar o risco de ser enganada pela alma
natural. É muito importante notar – já que estamos discutindo aqui questões de
espírito – que a espiritualidade em si não é sinônimo de santidade. Muitos de
nós temos a crença errônea de que a maioria das pessoas são seres físicos e que
entre nós há poucas pessoas espirituais – os bons e iluminados. A realidade é
que cada pessoa é um ser espiritual. Vivemos mais no reino espiritual do que no
físico, pois muito de nossa vida revolve em torno de nossos pensamentos e
sentimentos, que são fenômenos espirituais. Por exemplo, a luxúria é um fenômeno
físico, mas o amor, que é a motivação primária para quase tudo que fazemos na
vida, é uma manifestação espiritual. Contudo, toda moeda tem dois lados. O
ódio, também, é uma manifestação espiritual, o que significa que
espiritualmente também pode haver mal. Um exemplo de um homem profundamente
espiritual e completamente malvado foi o profeta Bilaam, que foi contratado
para amaldiçoar o Povo Judeu. O que ele tentou fazer espiritualmente foi
semelhante ao que Haman, na história de Purim, tentou fazer fisicamente, que
foi aniquilar todos os Filhos de Israel. Portanto, temos que ter em mente que o
mal tem muitas manifestações espirituais. A vitória da alma Divina sobre a alma
natural não ocorre quando a pessoa se torna mais espiritual; ocorre quando a
pessoa pára de pensar em si própria e começa a pensar mais sobre as demais. A
alma Divina se manifesta quando a pessoa realiza boas ações, simplesmente para
ajudar outros seres humanos, sem quaisquer motivos pessoais, ou quando a pessoa
atende a Vontade de D’us, simplesmente porque é o que D’us quer, e não porque
procura uma recompensa pessoal. Educando a alma natural. O conceito de
que “quanto maior a pessoa, maior sua Inclinação para o mal” significa que a
pessoa que é fortemente atraída para o proibido tem em si o potencial de se
tornar um ser humano elevado e sagrado. Pois enquanto a alma Divina é
pura-parte integral de D’us, é a alma natural, com suas paixões, que pode ser
utilizada para fazer o maior bem. Como vivemos em um mundo físico, estamos mais
em contato com nossa alma natural do que com a Divina: a maioria de nós
despenderá mais esforços para adquirir algo do que para realizar um ato
abnegado. Como não se pode viver neste mundo físico sem uma alma natural – pois
está vinculada a nosso sangue – apenas podemos redirecioná-la. Redirecionamos
nossa alma natural ensinando à mesma que pode haver grande alegria e
autorrealização em assuntos de bondade e santidade. Por exemplo, se a pessoa
tem uma alma natural apaixonada por assuntos intelectuais, direcione-a ao
estudo do Talmud. Sua alma Divina já deseja estudar a Torá; se sua alma natural
se une ao estudo, haverá duas almas estudando a um só tempo: a alma Divina, por
estar assim espiritualmente programada, e a alma natural, porque encontra
prazer no desafio intelectual. Uma pessoa justa em toda a sua plenitude, um
Tzadik Gamur, é aquele que não apenas redireciona sua alma natural – mas que a
transforma. Sua alma natural continua a ser apaixonada, mas agora almeja a
santidade. Voltando a uma analogia vista anteriormente: a guerra espiritual
travada entre as duas almas é como um jogo, quanto maior o nível alcançado
maior será o grau de dificuldade. Um Tzadik é aquele que passou com sucesso por
todos os estágios do jogo. Apesar dos desafios, até dos sofrimentos, ele
pôde prevalecer sobre todos os testes e tribulações. Seu prêmio por vencer o
jogo é que sua alma natural se tornou seu aliado permanente e poderoso, ao
invés de ser um adversário. O Tzadik é como um aluno que se torna professor –
já não lhe dão problemas para solucionar. Com certeza, precisa continuar a
crescer, mas agora o fará porque o quer, não porque o forçam a isso. Um Tzadik
é esta força de bondade e justiça porque emprega toda a força de suas duas
almas para praticar atos de bondade e santidade. O motivo de ser tão raro
encontrar Tzadikim como Avraham Avinu ou Moshé Rabenu – não é apenas porque
poucos têm o potencial espiritual para ser tornarem verdadeiros Tzadikim, mas
porque para uma pessoa ser verdadeiramente justa precisa empenhar-se enormemente
em orações e estudo e na realização de caridade e boas ações. E ela precisa
conseguir levantar-se sempre que cair. O conceito da pessoa ideal que nunca
falha é estranho ao judaísmo. Nenhum judeu – nem mesmo o maior dos sábios ou
dos profetas – jamais esteve livre de dificuldades,
desapontamentos, falhas ou dúvidas. Não há tal coisa como alguém que só ascende
e nunca descende. Uma grande pessoa que cai, ainda pode se encontrar em um
nível muito mais elevado que os demais, mas inevitavelmente vivenciará contratempos
em sua vida. Pois está escrito que “o justo poderá cair sete vezes e ainda
assim se levantará”5. E a maioria de nós cairá muitas, muitas vezes
mais do que sete. Mas não são as quedas que distinguem um homem do outro – são
a sua capacidade de suportar as crises e de se recuperar, e, sobretudo, de
fazer do fracasso uma fonte de força. Pois como pode se comprovar com um
trampolim, quanto maior a queda, maior será o subsequente levantar. Poucos
entre nós podem se tornar completos Tzadikim. Mas, ao longo de nossas vidas,
temos a oportunidade de nos aperfeiçoar. Na luta entre a alma Divina e a
natural, sempre haverá dias melhores e dias piores. Às vezes, prevalece um,
outras vezes o outro. Este padrão de queda e ascensão são indicações da luta
entre as duas almas. Cair, portanto, não é sinal de fraqueza, mas uma indicação
de que a alma natural se tornou mais forte, mais astuta, porque a alma Divina
da pessoa está sendo melhor utilizada. O essencial é seguir em frente sem
desistir – não importa quantas vezes uma pessoa cai, o que importa é que no fim
da vida, entre no Mundo Vindouro como um ser humano melhor do que era quando
entrou neste mundo terreno. A reencarnação da alma. A alma Divina entra
em guerra contra a alma natural porque busca seu prêmio máximo: o progresso em
direção a D’us. Mas é uma batalha difícil. Não seria mais fácil não lutar e
ceder às demandas da alma natural? Não; porque ao contrário da alma natural, a
alma Divina não pode ser redirecionada. Ela pode ser acorrentada, algemada, mas
não silenciada. Quando fazemos algo errado e sofremos ou nos sentimos
envergonhados, é a alma Divina que chora e grita dentro de nós. Algumas
pessoas, no entanto, ignoram a alma Divina que nelas reside. Vivem como os
antigos romanos – os descendentes de Esav: acreditam que devemos “comer e beber
e viver felizes, pois amanhã morreremos”. Tais pessoas não se comportam como
agentes de D’us no mundo, mas como turistas em uma viagem de prazer, que não
estão aqui para dar, mas para receber. O problema desta mentalidade e deste
modo de vida é que suas almas serão forçadas a retornar ao mundo para reparar
os erros cometidos. Somos enviados a este mundo por D’us para desempenhar uma
missão. Se a missão não for terminada, a alma terá que voltar ao mundo, em um
corpo diferente, até ter cumprido sua missão. Talvez muitas pessoas não estejam
familiarizadas com o fato de que a reencarnação seja um princípio fundamental
do judaísmo. A reencarnação significa que a maioria das pessoas que morrem
renascem inteiramente, ou quase inteiramente, como a mesma pessoa, apenas em
outro corpo. O processo da reencarnação pode ocorrer mais de uma vez. Como a
maioria das pessoas não completam sua missão em uma só vida devido a muitos
erros e confundem o que é importante com o que não o é – eles são enviados de
volta a este mundo. É como um estudante que precisa repetir uma matéria, ou até
o ano inteiro, até que ele entenda o que é preciso entender para que possa ter
sucesso e passar de ano nas provas que precisa fazer. Quando somos crianças,
D’us nos trata como crianças. Mas quando nos tornamos adultos, D’us espera que
façamos algo de bom com nossa vida. Não podemos viver existências sem
propósito, nas quais a alma natural é constantemente alimentada e a alma
Divina é negligenciada. Com certeza, a luta diária dentro de cada pessoa é
sempre difícil, dolorosa, pois sempre envolve a frustração de não ceder a todos
os desejos de sua alma natural. Mas tudo o que tem valor deve ser trabalhado –
e quanto mais valor tem, mais esforço requer. Como ensina o Talmud, nada de bom
dura a não ser que tenha sido adquirido mediante muito esforço. Nisso se
inclui, é claro, o Mundo Vindouro, que é a recompensa eterna da alma. Pois está
escrito que “Uma hora de felicidade no Mundo Vindouro é melhor do que toda a
vida neste mundo”. De fato, não há meio de comparação entre os prazeres deste
mundo – não importa quão intensos ou doces possam ser – com os prazeres do
Mundo Vindouro. Não se trata meramente de uma diferença de intensidade;
simplesmente não há denominador comum, e, portanto, não podemos entendê-lo nem
descrevê-lo. Só podemos dizer que as alegrias do Mundo Vindouro são tão
superiores a qualquer prazer deste mundo que valem uma vida de sacrifício para
obtê-las. http://www.morasha.com.br.
Abraço. Davi.
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