Yoga
Sutra. “Disso vem a introversão da inteligência e a dissolução dos obstáculos”.
As perturbações quando a mente gravita em direção a Citta, em atitude de
recolhimento, desaparecem. Da mesma forma, aqui, buscamos elevar nossa
inteligência para uma esfera mais sutil de atuação buscando o Içvara como
referencial. Por isso os obstáculos se dissolvem. “Os obstáculos, Antarayas,
limitadores, são as nove dispersões da mente, Citta: doença, insensibilidade,
dúvida, negligência, imobilismo, desinteresse, divagação, não realização e
instabilidade. Dor, desepero, agitação dos membros, inspiração e expiração
aparecem junto com essas dispersões. Para
evita-las, exercita-se um único princípio, Tattva”. Esse Tattva é Atma,
conforme o que aparece no aforismo 47. “O assentamento, tranquilização, de
Citta se demonstra pela amizade para como o feliz, compaixão com o sofredor,
alegria com o virtuoso e indiferença com o malvado”. A partir deste Sutra, e
até o Sutra 41 o assunto é a tranquilização, Prosad, de Citta. 34. "Ou então,
se demonstra, por meio da expulsão e do controle do Prana, sopro vital. Ou
produzindo a estabilidade da mente que surge de uma transformação relacionada
aos objetos perceptíveis, os objetos passam a ser percebidos sem interferência
dos pensamentos limitado ao mundo objetivo. Sutra 1:36. “Ou, é, o brilho
celestial que liberta da dor. Esse brilho, Jyotis, é o brilho dos astros
noturnos, relacionado ao espírito e à inconsciência. Sutra 1:31. Inspiração e
expiração, conforme aparecem nesse sutra, não representam apenas a respiração
ofegante, mas representam as duas fases de movimento da respiração,
consideradas inferiores às duas fases de repouso que há entre elas. Sutra 1:34.
Prana é sinônimo de atividade. Expulsar o Prana é o mesmo que buscar um estado
de repouso; controlar o Prana é a capacidade de controlar as forças do
comportamento para que obedeça a invocação interior. Sutra 1:36. Esse brilho,
Jyotis, é o influxo astral relacionado à nossa vocação. Pode-se dizer que é a
luz das estrelas de nossa carta natal astrológica indicando os caminhos que
levam à realização de nosso Dharma. Conforme Krishna fala para Arjuna no
Bhagavad Gita, quando agimos em conformidade com o Dharma, não há sofrimento. É
a divindade suprema que age por nosso intermédio. Como poderia haver dor, que é
o sinal do errôneo, num ato que é o sinal do errôneo, num ato que está
perfeitamente correto, como todo ato baseado em nossa vocação espiritual? 37.
“Ou é, demonstrado pela presença de Citta, em relação ao apego aos desejos,
porque Citta só se manifesta quanto não está presente o apego. Ou é orindo, o
assentamento da mente, do saber que vem dos sonhos em sono profundo, quando
silenciam as interferências externas na produção dos sonhos, e estes passam a
refletir a sabedoria serena do Samprajnata. Ou então provem da meditação,
Dhyana, no que é agradável, por corresponder à vocação 40. O controle sobre
isto, do assentamento de Citta, se estende desde o infinitesimal ao imensamente
grande. Encontra-se o colorido da joia, Mani, nascida em consequência do
enfraquecimento material das Vrttis, com aquele mesmo colorido que está no
observador, nos órgãos sensoriais e nos objetos observados”. A gema preciosa
representa tradicionalmente a alma individual espiritualizada. “Dai, a razão,
Saviitarka, combina-se perfeitamente com a imaginação, Vikalpa, aplicada ao
conhecimento aprendido com palavras. Ao romper com a lógica racional, a
imaginação liberta o pensamento dos limites do mundo material, abrindo caminho
para o Samadhi. 43. A negação da razão, Nirvitarka, que servirá para a
purificação da memória, Smrti, é semelhante a um referir-se às coisas que na
verdade não levasse em conta suas peculiaridades externas, grosseiras”.
Purificar a memória é torna-la apta para trazer para a consciência as reminiscências da percepção sutil, que normalmente se
desfazem ao contato com nossos pensamento. “Da mesma maneira são explicados,
numa esfera mais sutil, a abstração, Savicara, e sua negação, Nirvicara”. Para
poder dispor das impressões suas trazidas à sua mente e fruir da plenitude do
estado de Samadhi, o yogue precisa aprender a prescindir até mesmo dos modos de
pensamento mais abstratos. Sutra 1:40. Ao exercitar um único Tattva, que é a
individualidade universal, Atma, o yogue se identifica plenamente com cada
objeto, Visaya, tornando-se integrado a todos eles. O domínio que ele passa a
ter sobre suas forças interiores se converte em controle sobre as forças que movem todos os fenômenos
materiais, das menores partículas, Anu, aos corpos celestiais. Sutra 1:43. Note
que a memória foi descrita em 1:11 com a retenção do objeto percebido. A
purificação da memória é, por conseguinte, a eliminação dos aspectos inferiores
desse objeto retido, e que são os detalhes percebidos pela mente mais
grosseira. O processo de purificação é referido em II:21 que explica que o objeto do percebedor é encontrar o Atma nos objetos
percebidos, o que também se confirma em I:47. Vitarka: pensamento lógico, baseado
nos objetos e nas palavras. Vicara: pensamento com que se elabora conceitos
abstratos ou julgamentos de valor e mérito, sem a necessidade de referência a
objetos materiais. Os prefixos As e Nir significam com e sem. 45. “E certamente
o próprio conceito de esfera mais sutil termina no que não tem mais sinais
perceptíveis, isto é, aquilo que não pode ser percebido ou observado. Este é de
fato o Samadhi com semente. Na utilização habilidosa do Nirvicara, o Atma se
assenta, junto a consciência, em sua condição superior, Adhyatma. Lá, ele é
aquele que possui o conhecimento verdadeiro, Prajna. A semente de todo o
conhecimento Sarvajna Bijam, está ligada ao Içvara. É uma outra natureza, de
conhecimento, que não a daquele obtido por dedução ou revelação, mas que provem
de causas diferentes. 50. O Samskara que nasce daí interrompe outros Samskara.
51. O que surge do recolhimento total, dentro deste recolhimento, é o Samadhi
sem semente. É a condição em que não há mais objeto e observador. Onde o Atma
se assenta por si só, de modo que o Samadhi não é construído, mas apenas
existe”. Assim se completa o primeiro capítulo, chamdo Samadhi no tratado sobre
Yoga de Çri Patanjali, na doutrina do Samkhya. Sutra I:46. O Samadhi é descrito aqui como uma condição
dinâmica da mente em que gradualmente o praticante descobre o Atma em cada
objeto no qual empresta sua atenção. Eles passam a ser partes de um corpo
vivente, inteligente e dotado de consciência, que é o Içvara, um reflexo
elevado de nossa própria individualidade. Cada objeto, torna-se, junto a
Içvara, uma semente de conhecimento e o ponto de partida dos pensamentos
encadeados em direção ao abstrato e ao infinito. Sutra 1:50. Cabe esclarecer
aqui que o Samadhi é uma condição de elevação da consciência que se obtém
através de uma prática continuada, persistente e somada ao desapego. Por isso podemos
dizer que ele próprio é, seguramente um hábito mental cultivado, um Samskara.
Na verdade é o mais elevado de todos, que se sobrepõe e interrompe todos os
demais. Abraço. Davi.
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