segunda-feira, 18 de abril de 2016

Incrível História de Adeline



Assisti recentemente o filme A Incrível história de Adeline. Um drama interessante, estreado em 2015, e sugiro aos leitores que quando tiverem tempo assistam tirando suas conclusões. Segue algumas reflexão sobre o enredo. O drama de Adeline apesar das tragédias e vicissitudes encontradas pelo personagem é positivamente emotivo, sentimental e motivacional. Subliminarmente o diretor, principalmente nas falas dos personagens e criações das cenas simples e complexas, passa a ideia da surpresa, tristeza e angústia que é vencida pela superação, otimismo, motivação e bom ânimo. Comparando seria um dia com trovoadas, ventos e fortes chuvas que depois é clareado por um céu límpido, sol com raios reluzentes e uma brisa suave e leve. Considero o filme com forte expressão de "magia" e encanto que faxina aquele que o aprecia. Minha esposa não desgrudou os olhos da tela, assistindo a projeção sem se levantar da poltrona, coisa rara em se falando de cinema. Adeline traz ao inconsciente humano a lembrança de que todo indivíduo passa por situações imprevisível que não temos como controlar, num primeiro momento, tal seu impacto em nossa emoção ou sentimento. O conceito do livre arbítrio e da predestinação é levantado como um dos temas. Doutrinas cristãs irreconciliáveis na moderna teologia que causou tantos "estragos" à necessidade de aproximação das divergentes correntes teológicas. De um lado os ortodoxos conservadores "predestinados" não abrem um centímetro de brecha à que os progressistas do "livre arbítrio" assumam uma postura menos dogmática na questão eclesial. O jovem diretor Lee Toland Krieger (1983-  ) foi feliz por não se envolver na polêmica cristã, mostrando nas ações e intenções de Adeline os pressupostos dos dois aspectos. Fazendo o que o cristianismo não conseguiu até agora, reconciliando no drama  as duas milenares correntes divergências do credo cristão. Desse modo em sua história Adeline sobrepõe os extremo, criando a percepção de que em nossa alma ou espírito somos perduráveis e em nosso corpo somos perecível. Isso é a conclusão da história quando ela finalmente depois de 107 de vida consegue enxergar um fio de cabelo branco em sua cabeça. Entretanto até que esse fato fosse percebido muitas situações foram necessária que se realizassem em sua vida. Interessante que o roteiro do drama não se preocupou em mensurar o tempo como costumamos entendê-lo em sua linearidade no passado, presente e futuro. A ideia de Adeline chegar “pronta” no mundo vivendo-o como uma pessoa adulta, acaba provocando um susto. Isso é mostrado, penso, quando seu nascimento e infância, mal são detectados pelo espectador; supondo, um claro detalhe quase imperceptível. O desenrolar do enredo tem a preocupação de circularizar o tempo como se não tivesse início e nem fim. Essa ideia é percebida na forma como Adeline vive seu drama que na verdade expressa uma crise existencial onde no tempo, vê-se uma extemporânea. Chegando a sua juventude ela não é desgastada fisicamente como os demais humanos. Permanece jovem, em pleno vigor físico e sem acrescentar ao menos uma única ruga. Uma abstração mais refletiva pode nos levar a pensar na reencarnação de Adeline, quem sabe ela renasceu naquele corpo para passar pela disciplina pedagógica do carma que balancearia suas atitudes boas e más ao longo das vidas passadas que ela enfrentou. Uma posição explicativa à luz da filosofia oriental para suas duas "ressurreições" apresentadas nos acidentes fatais onde ela retorna à vida. Apesar de ser mencionado quanto a esses fatos esclarecimentos científicos que poucos de nós compreendemos sua essência. E convenhamos, se isso for possível (a longevidade humana) a técnicas genética levará centenas de anos à disponibilizar mecanismos para esse propósito. Sendo um sonho desde a Escola Platônica e os Alquimistas. Lembram da mitologia da Pedra Filosofal que os homens antigos imaginavam que poderiam manufaturar um objeto capaz de produzir a conservação da vida em seu estado de juvenilidade; além de garantir fortuna ao que realizasse esse intento. Dizem que o místico, mago e alquimista Nícholas Flamel nascido no século XIV viveu mais de 400 anos. Uma vida rodeada de mistérios e enigmas experimentando algo parecido com a narrativa de Adeline, mas em seu caso acumulou enorme riqueza que distribuiu toda aos pobres da Idade Média. Uma ideia cristã discutida no roteiro do drama é a expressão material da eternidade. Nesse aspecto podemos inferir pelo drama que é inaceitável na condição à expressão da vida humana. O processo de morte é inalienável ao Ser ou Ente. Todos e tudo tem a experiência da morte como requisito do Vir a Ser. Tudo o que é deixa de Ser para depois voltar a Ser. É o contínuo Devir que os filósofos explicam ao dizer que Tudo Flui. Impensável o homem se eternizar no planeta não havendo circunstância razoável capaz de sustentar tal fato. O roteiro de Adeline questiona essa possibilidade colocando em check o conceito de uma eternidade na forma que aprendemos na teologia. A ideia da continuidade da vida desenvolvida no enredo faz pensarmos no big bang. Se o Universo tem 13,3 bilhões de anos e a Terra 4,5 bilhões de anos; se os átomos são divisíveis e destrutíveis fazendo ligações químicas entre seus prótons, nêutron e elétrons. Possivelmente originamos das partículas materiais cósmicas quando do ajuntamento para formar a Terra há bilhões de anos atrás. Lembrando que nossa constituição química básica é oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, fluor, cálcio, fósforo, enxofre, potássio, (...), cobalto, urânio, berilo e rádio. São 47 elemento químicos e enumerei como exemplo apenas 13. Seria uma interpretação esotérica de Gênesis 2:7 “E formou o Senhor Deus ao homem do pó da Terra”. Mencionarei algumas cenas da filmagem que chamaram-me a atenção. Quando Adeline observa uma gravura mostrando a devastação do terremoto em São Francisco no ano de 1906, quando possivelmente ela tinha 21 anos. Isso pensando que na noite do ano novo de 1986 já contava 107 anos, sendo a fatídica data de seu segundo acidente. Essa hecatombe na Califórnia suscita a lembrança de que a península espera segundo geólogos um novo terremoto de proporções parecidas com a daquele do início do século XX. Agora provavelmente agravado com as também projeções da erupção do vulcão kilauea no Havaí que alcançará Manhattan em Nova Iorque. O estado da Califórnia é o mais rico da América com aproximadamente US$ 2 trilhões de dólares em seu produto interno bruto, bem próximo do PIB brasileiro que é que US$ 2,3 trilhões de dólares. O povo californiano sempre foi "guerreiro" e corajoso desde os tempos da "corrida do ouro" em seu estado (1848-1855). A prova disso é a construção da famosa ponte Golden Gate em São Francisco em plena depressão econômica de 1929. Aos americanos que leem esse texto estejam tranquilos e em paz. Tudo tem uma causa e efeito; nada acontecendo sem a permissão da Natureza e seus deuses. Como diz o Eclesiastes bíblico "Tudo tem o seu tempo determinado e a tempo para todo propósito debaixo do céu". O cãozinho que Adeline criava foi seu único amigo por alguns anos. Uma expressão de companheirismo e convivência que, as vezes, supera a dos humanos. Sua morte produziu angústia e tristeza em seu ser. A cena dela ajoelhada chorando por essa circunstância é comovente. Um sentimento visto mais nos budistas e hinduísta que consideram a existência estendida em todos os reinos da Natureza. Um animal, pode ter sido um humano em vidas passadas que devido sua retificação cármica acabou regredindo no nível evolutivo. Seu relacionamento com sua mãe que envelhecia rapidamente e ela continuava vigorosa e bela é estranho aos nossos olhos. Sua amizade e depois o comprometimento amoroso com o patrocinador da biblioteca pública onde ela trabalhava dá o tom romântico ao drama. Também um desfecho trágico e esperançoso da história que se desenrola a partir do momento em que o pai do favorecedor de livros descobre que no passado teve um caso com Adeline. Ela continua jovem e linda sem as marcas do tempo advindas com a velhice. É hilário quando Adeline, parada no trânsito, é questionada por um policial que lhe pede a carteira, e conferindo com a idade fica perplexo ao perceber a incompatibilidade dos anos. A história acaba sem terminar como se Adeline começasse a reviver novamente seu drama. Agora com uma expectativa de alcançar a velhice e finalmente a morte da qual todos os seres terão que inexoravelmente passar. O filme, suponho, teve inspiração no famoso romance da filósofa francesa Simone de Beauvoir (1908-1968) com o título Todos os Homens são Mortais (1960). Nele é contado a história do rei de Carmona Fosca nascido no ano de 1279 que bebe o elixir da imortalidade, vivendo a angústia de não morrer atravessando vários séculos de existência. A Incrível Historia de Adeline contem em seu figurino e cenas charme, glamour e beleza. A protagonista Blake Lively (1987-  ) é linda e seu desempenho no drama é nota 10. Tem um caráter firme, é misteriosa, se expressa com ponderação, fala pouco mas com discernimento, é discreta e serena. A beleza física e interior da Lively encanta o espectador em especial os homens. Qualidades vistas em poucas mulheres no mundo ocidental. Esses fatores já valem os 112 minutos de apresentação da filmagem. Assistindo-o lembrei do famoso filme de Alfred Hitchcok (1899-1980) Os Pássaros (1963) estrelado pela famosa e linda atriz Tippi Hedren (1930-  ) no papel de Madelaine. Nele também é misturado a tragédia, motivação e esperança. Abraço. Davi.     

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