terça-feira, 30 de abril de 2024

JESUS NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICA. Parte III

 

Islamismo. Livro Jesus um Profeta do Islam. Por Muhammad At Ur Rahim. Capítulo II. Parte III. JESUS NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICA. O toque de clarim de João começou a atrair uma grande multidão, na medida em que deixara de observar um importante regra do código de conduta dos essênios: «Não revelar a outrem nenhum dos segredos da comunidade, mesmo sendo torturado até a morte»14 A quebra no cumprimento dessa regra tornou possível aos romanos infiltrarem-se no movimento como espiões. No entanto, João com a sua visão profética, reconheceu-os, além da aparência e chamou-lhes “víboras” . (Mateus 3:7) Também Jesus, o seu primo mais novo, juntou-se ao movimento, sendo, provavelmente, um dos primeiros a receber o batismo; é provável, ainda, que Barnabé, que foi seu companheiro constante, tivesse sido batizado juntamente com Jesus e, também, com um outro companheiro chamado Matias. João sabia que as "víboras" iam ser bem-sucedidas, antes de poder começar a luta e, como tal, o batismo de Jesus lhe deu tão grande satisfação que teve a certeza de que o movimento não acabaria com a sua vida. Como fora previsto por João, o Rei Herodes o degolou e a sua manta foi cair sobre os ombros de Jesus. Jesus tinha trinta anos quando percebeu que o tempo de preparação terminara e começara a parte significativa de sua vida, uma missão que não durou mais do que três anos. Desse modo, para podermos apreciar o pleno significado desse período, teremos que integrar a vida de Jesus no seu enquadramento histórico e, em particular, na história dos judeus. Isso clarificará, ainda mais, a imagem que já começou a emergir, de que a existência da comunidade essênia, as atividades de João e, finalmente, o conflito entre Jesus e os romanos, fazem parte de um padrão que se repete, vezes sem conta, através da história dos judeus. Em todos os casos, o que, finalmente, moveu os judeus a se revoltarem contra os invasores estrangeiros foi a tentativa desses últimos, de associarem-no aos seus soberanos, pois a fé dos judeus na Unidade Divina e na crença de que não existe outro objeto de adoração, além d'Ele, era categórica. Como governantes, os judeus mostraram uma absoluta falta de conhecimento acerca dos assuntos do Estado, embora tenham florescido sob a escravidão política. Nos primórdios da história, encontramos os judeus fazendo intriga contra o próprio Rei, porque fazia tudo o que "era mau aos olhos do Senhor." (II Reis 13:11) Entretanto, Nabucodonosor da Babilônia conquistou Jerusalém. O templo foi deixado intacto, mas os tesouros, quer do templo, quer do palácio real, ficaram sob o poder do novo governador. Ora, os judeus não perderam tempo e se rebelaram contra o senhor absoluto da Babilônia, o que provocou um novo ataque, originando a destruição do templo e da cidade. A roda da fortuna deu outra volta: os persas, sob o comando de Ciro, conquistaram Babilônia e os judeus, uma vez mais, intrigaram contra os invasores. Assim, Ciro apercebendo-se, imediatamente, de que uma tão grande população de aliados da Babilônia constituía um perigo, pediu-lhes para partirem e regressarem a Jerusalém, onde, além disso, eram autorizados a reconstruir o templo. A tropa que se dirigia a Jerusalém era composta por 42.360 judeus, levando com eles 7.337 criados e mulheres, incluindo 200 cantores, homens e raparigas. Essa caravana foi conduzida por 736 cavalos, 245 mulas, 435 camelos e 6.720 burros (Ezra 2:64-69), para além dos animais que carregavam o tesouro que, entretanto, tinha sido acumulado. Ao chegar em Jerusalém, começaram a planejar a reconstrução do templo e, com esse fim, recolheram 61.000 dracmas de ouro e 5.000 libras de prata, que juntaram ao que tinham trazido da Babilônia, que consistia em trinta cavalos carregados de ouro e numa centena transportando prata. Mais ainda, havia 5.400 recipientes de ouro e de prata para serem colocados no templo (Ezra, 1:9-11). Portanto, os cativos que regressaram a Jerusalém tinham crescido em número e em fortuna. Como governadores de Jerusalém, os judeus não gostavam de longos períodos de paz. Em 323 a.C., a conquista de Alexandre, o Grande, tinha alcançado a Índia, mas logo após sua morte, nesse mesmo ano, os generais do exército dividiram o império entre eles. Ptolomeu começou a governar o Egito, tendo Alexandria por capital; o reino dos Seleceus foi dividido em duas partes — Antioquia tornou-se capital do reino do norte e Babilônia passou a ser o centro do que restava do império de Alexandre. Mas os governantes do reino de Ptolomeu e dos Seleceus viviam em contendas constantes e, num dos primeiros reencontros, Jerusalém caiu nas mãos dos gregos egípcios. Os novos governantes não ficaram satisfeitos com a abundante concentração de judeus em Israel; por isso, grande parte foi deportada para o Egito, dando origem ao que viria a se tornar a maior colônia de judeus fora de Israel. Aqui, entraram em contato com a civilização da Grécia e traduziram as Escrituras hebraicas para o grego. Para os chefes ptolomaicos, Israel era uma colônia distante e os judeus, após o pagamento dum tributo anual, ficavam praticamente entregues a si mesmos. Em 198 A.C. os Seleceus, para quem Jerusalém estava muito mais próxima e à mão, tomaram a cidade dos governantes de Ptolomeu, passando a se interessar muito mais pelos assuntos dos habitantes de Jerusalém do que os governantes anteriores. O processo de helenização, que tinha decorrido gradualmente e num andamento natural sob a lei ptolomaica, foi acelerado pelos novos chefes numa tentativa deliberada de fazer com que os judeus assimilassem o novo modo de vida. Essa concordância cultural forçada alcançou a expressão extrema durante o reinado de Antiochus Epeplianus, que cometeu o erro de instalar uma estátua de Zeus no Templo de Salomão, ultrajando os judeus e levando-os a se revoltar contra Judas Macabeus! O martelo foi o emblema da revolta que originou a expulsão dos gregos da cidade de Jerusalém. Os judeus vitoriosos, ao encontrarem o templo em ruínas, com o santuário assolado, o altar profanado e a porta queimada, reconstruíram-no de acordo com a Torá. Os novos governadores foram tão populares que chegaram a ser sumos sacerdotes do templo e reis de Israel. Entretanto, com a concentração do poder nas mesmas mãos, os governantes se tornaram muito rígidos na observação da lei, o que levou o povo a começar a ansiar pela administração benevolente dos governantes estrangeiros. Verificando que o povo estava insatisfeito com o seu governo, os macabeus tornaram-se mais altivos e arrogantes. Os judeus começaram, então, uma vez mais, a intrigar contra os governantes, o que não teve um papel menor na penetração do governo romano em Jerusalém. "Na. época, em que Jesus nasceu, os romanos repetiam os erros dos governantes anteriores. Ergueram uma grande águia dourada sobre o portão principal do templo, enfurecendo os judeus e originando uma série de revoltas contra os ocupantes. Os primeiros a desfraldar a bandeira da revolta, com o objetivo de destruir a águia, foram dois descendentes dos macabeus. Para os romanos, não era apenas um ato de rebelião, era também um insulto à sua religião. Assim, depois de muito sangue derramado, a revolta foi esmagada e os dois dirigentes foram capturados e queimados vivos. Pouco depois os romanos tiveram que enfrentar outra rebelião e dois mil rebeldes judeus foram crucificados. Embora derrotados, os ânimos ainda estavam exaltados quando, em 6 D.C., o Imperador Augusto ordenou um censo dos judeus a fim de facilitar a cobrança dos impostos. Ora, pagar impostos ao imperador Divinizado era contra o ensino da Torá, pois os judeus reconheciam apenas um rei: Jeová. Seguiu-se, por isso, um distúrbio. Os elementos mais moderados, que compreenderam que o conflito iria resultar num completo massacre dos judeus, aconselharam o meio termo e concordaram em pagar os impostos a fim de salvarem o povo de cometer um suicídio sem sentido. Porém os chefes que procuravam a paz por este preço não eram populares e foram considerados traidores da nação judia. A situação concreta e social existente na época do nascimento de Jesus, juntamente com os acontecimentos que levaram à morte de João, já foram mencionados e, chegamos, agora, a um ponto em que todo o movimento de resistência estava concentrado à volta da dominante inspirada figura de Jesus. Antes de fazer qualquer outra coisa, Jesus passou quarenta dias vivendo e rezando no deserto. Tinha, então, trinta anos de idade, tempo que, de acordo com a lei judaica, um homem ficava liberto da dominação de seu pai. Ao contrário de João, Jesus, não ensinou abertamente às multidões, nas suas pregações, que deviam tomar posição contra os governadores romanos. Havia necessidade de manter uma atuação discreta, pois os atentados anteriores tinham terminado em desastre e a morte, recente, de João estava ainda fresca na mente de Jesus. Por isso, com previdência e prudência, começou a preparar e a organizar os judeus. Não batizou ninguém, pois teria atraído desnecessariamente demasiadas atenções por parte dos romanos e teria constituído uma prática perigosa, dado não poder evitar a infiltração de "víboras" no movimento de resistência. Nessas circunstâncias, elegeu doze discípulos, o número tradicional que representava as doze tribos de Israel, que alistaram setenta patriotas para servirem sob o seu comando. Os fariseus sempre tinham evitado familiaridades com o Am Al Arez, judeus robustos que viviam nas aldeias, porém Jesus os colocou sob sua proteção. Esses camponeses, muitos dos quais, provindos da comunidade essênia, tornaram-se seguidores zelosos e estavam dispostos a entregar suas vidas pela causa de Jesus. Eram conhecidos por Zelotes. De acordo com a Bíblia, pelo menos seis, dos doze discípulos, são considerados zelotes. Jesus, que tinha vindo para reafirmar e não para rejeitar o ensino de Moisés, emitiu o apelo do Antigo Testamento: «Aquele que sentir zelo pela Lei e permanecer fiel à aliança, venha e siga-me». (Macabeus 2:27-31) Uma grande parte começou, então, a se alistar, mas era mantida escondida e os seus treinos efetuados no deserto. Eram igualmente chamados Bar Yonim, o que significa "filhos do deserto". Dentre esses, os que tinham aprendido a usar o punhal eram conhecidos como Siccari (homens do punhal). Um grupo suplementar de homens, cuidadosamente selecionados, formaram uma espécie de guarda-costas, sendo conhecidos por Bar Jesus, ou "filhos de Jesus". Uma quantidade desse último grupo é mencionada nos registros históricos, mas uma cortina de mistério rodeia os homens desse grupo e muito pouco se conhece acerca deles, o que é compreensível, visto que suas identidades tinham que ser escondidas dos olhos dos espiões romanos, por pertencerem ao círculo mais próximo dos seguidores de Jesus. Jesus ordenou aos seus seguidores: «Mas agora quem tem uma bolsa que a tome, assim como o alforje, quem não tem espada, venda a capa e compre uma.» (Lucas 22:36) E assim, o número dos que o acompanhava, inspirado também pelos seus ensinamentos e milagres, cresceu. O resultado de toda essa preparação foi Sossianus Hiérocles, sucessor de Pilatos (citado por Lactanius, Pai da Igreja), que disse, sem constrangimento, que Jesus era o chefe de um bando de salteadores estimados em novecentos homens. Uma cópia medieval, em hebreu, de uma versão perdida de um trabalho de Josephus, relata, também, que Jesus tinha entre 2.000 e 4.000 seguidores armados. Jesus tinha um grande cuidado para não se desviar do ensinamento dos essênios, conhecidos pelo fato de "os ritos e os preceitos dos Evangelhos e das Epístolas se encontrarem em todas as páginas das suas produções literárias."16 Durante a sua missão, contudo, não divulgou a totalidade dos ensinamentos à maior parte de seus seguidores e, assim, muito poucos conheciam toda a verdade: «Ainda tenho muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Espírito da Verdade, Ele guiar-vos-á à verdade total, porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e anunciar-vos-á o que há de vir.» (João 16:12-14). Jesus não pretendia poder material, nem como governante da região, nem dentro da fechada hierarquia dos Escribas e dos Fariseus. No entanto, a popularidade de que gozava junto às pessoas comuns e o grande número de seguidores levaram os romanos e os sacerdotes que o apoiavam, a recear que fosse essa a sua intenção. Foi essa aparente ameaça à posição de poder que desfrutavam, que os impeliu a tentarem se livrar de Jesus. A missão de Jesus era, unicamente, a de estabelecer o culto do Criador, da maneira como o próprio Criador tinha ordenado. Logo, tanto Jesus como os seus seguidores estavam preparados para lutar contra quem quer que tentasse impedilos de viver como o seu Senhor desejava. A primeira luta teve lugar contra os judeus leais aos romanos e foi dirigida por Bar Jesus Barabbas, que conseguiu desmoralizá-los completamente, matando o chefe num reencontro; Bar Jesus Barabbas, no entanto, foi preso. O objetivo seguinte era o próprio templo. Os romanos tinham uma poderosa força localizada por perto, uma vez que era a ocasião do festival anual e que se aproximava a festa da Páscoa. Nessa época do ano, os romanos, que estavam sempre atentos aos pequenos distúrbios, ficavam ainda mais alertas do que de costume. Além disso, a polícia do templo guardava o local sagrado. No entanto, a entrada de Jesus foi tão bem planejada que os soldados romanos foram totalmente apanhados de surpresa e Jesus conseguiu o controle do templo. Esse acontecimento é conhecido como a "limpeza do templo" e o Evangelho de João o descreve com as seguintes palavras: «Encontrou no templo os vendedores de bois, de ovelhas de pombas e os cambistas abancados. Com umas cordas, fez um chicote e os expulsou do templo, com as ovelhas e bois. Deitou por terra o dinheiro dos banqueiros, derrogou-lhes as mesas...» (João 2:14-15) Comentando as palavras "as cordas do chicote", Carmichâel diz: «Eles empregam abertamente a violência e apresentam-na como um acontecimento atenuado ao mínimo, em relação ao que , na realidade, deve ter sido um forte combate. Se imaginarmos simplesmente o tamanho do templo e as dezenas de milhares de peregrinos amontoados duma ponta à outra, os numerosos servidores, a força policial, os soldados romanos, assim como a reação dos boleiros, para não falar dos próprios cambistas, apercebemo-nos de que deve ter sido necessário algo mais do que mera surpresa para tudo aquilo ter acontecido. O cenário por trás desta fragmentada lembrança do quarto Evangelho tem que ter sido muito diferente. O cronista suavizou os acontecimentos "espiritualizando-os" para além de toda a realidade.» Uma das lições de todo o defensor da liberdade foi a de que a polícia tem simpatia pelos patriotas e não pelo exército de ocupação. Esse pode ter sido um fator que contribuiu para o colapso completo da defesa do Templo. Os romanos sofreram um recuo local, mas o seu poder não tinha sido esmagado; chamaram reforços e novas tropas começaram a se dirigir à Jerusalém. A defesa da porta de Jerusalém durou alguns dias, mas por fim a armada romana provou ser forte demais para os patriotas. Os seguidores de Jesus tiveram que se dispersar e desapareceram; até os discípulos fugiram, deixando Jesus com muitos poucos homens à sua volta, refugiando-se nos subterrâneos e se escondendo dos romanos, que começaram uma busca intensiva para encontrá-lo. A "prisão", o "julgamento" e a "crucificação" estão rodeados de tantas contradições e mal-entendidos, que é extremamente difícil destrinçá-los e conseguir penetrar no sucedido, de modo a apreender o que realmente aconteceu. Pensamos que o governo romano foi bem-sucedido na utilização dos serviços da pequena minoria de judeus que esperava beneficiar com a continuação do governo romano em Jerusalém. Judas Iscariotes, um discípulo de Jesus, deixou-se persuadir pela promessa de receber trinta peças de prata, se, através de sua ajuda, Jesus fosse preso. De modo a evitar qualquer outro problema, foi decidido esperar pela noite. Ao chegar ao local aonde Jesus tinha ido com alguns seguidores, Judas tinha ordens para beijar Jesus, para que os soldados romanos, estrangeiros, pudessem identificá-lo. Porém, o plano foi malsucedido, pois quando as soldadas surgiram na noite, seguiu-se um tumulto, os dois judeus confundiam-se no escuro e os soldados, erradamente, prenderam Judas, em vez de Jesus. Deste modo foi possível a sua fuga. O Alcorão diz: “... não sendo, na realidade, certo de que o mataram, nem o crucificaram, mas o confundiram com outro...” (Alcorão 4:157). Quando o prisioneiro foi levado à presença de Pilatos — o Magistrado Romano — a dramática reviravolta dos acontecimentos satisfez toda a gente. A maior parte dos judeus estava feliz por, devido a um milagre, o traidor estar sentado no banco dos acusados, em vez de Jesus. Os judeus pros romanos estavam contentes, porque, com a morte de Judas, a prova da sua culpa iria ser destruída. Mais ainda, uma vez que Jesus estaria legalmente morto, não poderia sair a céu aberto para lhes causar problemas. O papel desempenhado por Pôncio Pilatos, o Magistrado Romano, é difícil de determinar. A sua indecisão, tal como é descrita na Bíblia, a sua parcialidade em relação aos chefes judeus, juntamente com a sua boa vontade com Jesus, torna difícil acreditar na história. Esse pode ter sido o resultado da tentativa, por parte dos autores dos Evangelhos, de distorcer os fatos, de forma a atirar a responsabilidade da "crucificação" a toda nação judaica e dessa forma ilibar completamente os romanos do seu papel na suposta morte de Jesus.18 A única maneira de um registro oficial da vida de Jesus existir, seria descrevê-la de forma que não fosse ofensiva aos governantes estrangeiros, omitindo, disfarçando ou mesmo mudando os pormenores que pudessem ser desagradáveis a quem estava no poder. Outra explicação provém duma forte tradição de que Pilatos foi "conquistado" por um considerável suborno, o equivalente a 30.000 libras. Se é verdade o que se descreve nos Evangelhos, então é óbvio que Pilatos teve um interesse real no drama ocorrido nesse dia em Jerusalém. Finalmente, há outro fato significativo. Nos calendários dos Santos da Igreja Copta, tanto no Egito como na Etiópia, Pilatos e a sua mulher aparecem como "santos". Ora, isso só pode ser possível se aceitarmos que Pilatos, sabendo perfeitamente que os seus soldados tinham efetuado uma prisão errada, condenou intencionalmente Judas em vez de Jesus e lhe permitiu fugir. Na descrição feita por Barnabé, diz-se que, na ocasião da captura, Judas foi transformado pelo Criador, de maneira que, até sua mãe e seus seguidores mais próximos acreditassem que ele era Jesus. Só foram informados do que tinha sucedido, realmente, quando Jesus lhes apareceu, depois de sua suposta morte. Isso iria explicar por que razão existe tanta confusão à volta dos acontecimentos que tiveram lugar naquela época e, porque alguns registros, escritos por pessoas que não estiveram presentes nesses acontecimentos, apoiam a falsa crença de que foi Jesus o crucificado. Nem todos estão inteiramente de acordo em relação ao fato do traidor de Jesus ter sido crucificado. Os Cirenaicos e, mais tarde, os Basilidianos, que estavam entre os primeiros cristãos, negaram que Jesus tivesse sido crucificado e acreditavam que, em vez dele, tinha sido Simão de Cirene. Cerinthus, um contemporâneo de Pedro, Paulo e João, também negou a ressurreição de Jesus. Os Carpocratianos, outros das primeiras minorias Cristãs, acreditavam que não tinha sido Jesus o crucificado, mas sim um dos seus seguidores, que se parecia muito com ele. Plotino, que viveu no século IV, diz-nos que tinha lido um livro intitulado The Journies of the Apostles (As Jornadas dos Apóstolos), que relatava os atos de Pedro, João, André, Tomás e Paulo. Entre outras coisas, afirmava-se que não foi Jesus, mas outro em seu lugar e, portanto, ria-se daqueles que acreditavam que o crucificaram. Assim, embora se soubesse que Jesus não tinha sido crucificado, as fontes, ou diferem, ou não são específicas em relação a quem o substituiu. Algumas pessoas acham difícil acreditar no que quer que seja: «Quando nos apercebemos de que o rol de atrocidades imputado à tropa romana, repete, quase literalmente, certas passagens do Antigo Testamento ... começamos a desconfiar de que todo o episódio seja pura invenção” 20 Não existe nenhum outro registro histórico do que aconteceu a Jesus depois da "crucificação", além do Evangelho de Barnabé e do Alcorão, que descrevem o acontecimento relativo à forma como Jesus foi levado deste mundo, geralmente conhecido como "ascensão" nos quatro Evangelhos aceitos. Abraços. Davi

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