Hinduísmo. O Livro das
Religiões. Por meio do sacrifício nós mantemos a ordem do universo. UM MUNDO RACIONAL. Parte I. Em contexto – Principal fonte os Vedas. Quando e onde 1500 –
500 a.C. Antes – A partir da Pré-História. Segundo as crenças iniciais, os
acontecimentos são imprevisíveis e dependem da vontade dos deuses. 1700 a.C.
Raças arianas começam a migrar para o subcontinente indiano. Depois – Século VI
a.C. A autoridade da classe brâmane que realiza sacrifícios é contestada por
Buda e Mahavira, fundador do movimento jainista. Século VI d.C. O hinduísmo
devocional ou bhakti, ganha popularidade. Adoradores fazem suas próprias
oferendas para manter um relacionamento pessoal com os deuses, uma ideia muito
diferente do estabelecimento da ordem pelo sacrifício védico. Existe uma ordem
racional oculta no universo. Esse sentido de ordem é confirmado quando
realizamos sacrifícios aos deuses. No sacrifício, ficamos sabendo qual o nosso
lugar nessa ordem e a maneira certa de viver. Por meio do sacrifício, mantemos
a ordem do universo. A rigor não existe nenhuma religião que possa ser chamada
de hinduísmo. Hinduísmo é um termo ocidental corrente utilizado para denominar
as diferentes religiões e filosofias espirituais do subcontinente indiano. Não
obstante, algumas características básicas nessas ideias e práticas religiosas
são compartilhadas pela maioria dos hinduístas, e são essas ideias que
agrupadas, recebem o nome de “hinduísmo”. Na prática os hindus são livres para
escolher quais divindades reverenciar, em casa ou no templo, e com que
frequência participarão das cerimônias religiosas. Contudo todos possuem
antecedentes sociais e religiosos comuns, o que diferencia o hinduísmo dos
outros sistemas de crenças, sobretudo os credos monoteístas. Da mesma forma que
outras religiões, entretanto, o hinduísmo procura explicar a relação da vida
humana com o contexto universal. Seus rituais e práticas voltam-se para três
níveis de relacionamento – da pessoa com a divindade, de uma pessoa com outra e
da pessoa com ela mesma – e a ligação disso tudo com a ordem universal das
coisas. A ordem cósmica eterna. Dharma ou “o caminho certo” é um termo
essencial para explicar o que é o hinduísmo. Em sua forma original, sanatana
dharma, poderia ser traduzido como “a eterna ordem das coisas, verdade ou
realidade”, expressando a ideia de que há uma estrutura e um sentido oculto no
Mundo. Por trás da complexidade e aparente aleatoriedade dos acontecimentos,
existem princípios fundamentais, sustentados por uma realidade única e
imutável. Essas ideias manifestam-se na hierarquia de deuses e deusas, cada um
responsável por um aspecto específico de uma verdade absoluta. A ideia de
“ordem eterna” também possui implicações individuais e sociais. A religião, de
fato, é uma forma de compreender o lugar da humanidade no mundo. Se o mundo for
compreendido e tiver uma hierarquia ou estrutura definida, o indivíduo, ao
seguir essa estrutura, poderá viver em harmonia com o resto da sociedade e com
o universo como um todo. Uma característica axial das vertentes religiosas que
orientam o hinduísmo é que, para manter essa ordem, ou dharma, a pessoa pode
ter que realizar rituais e oferendas aos deuses, como forma de sacrifício. “O
hinduísmo não é apenas uma religião. É a união entre a razão e a intuição, algo
que não pode ser explicado, somente vivido. Radhakrishnan, Bhagavad-Gita”. As
ideias hinduístas de tempo. Os hindus veem o tempo como cíclico, acreditando
que o universo já passou por três grandes ciclos de milhões de anos. Considerar
o tempo como algo cíclico tem uma importante inferência no pensamento
religioso. No conceito ocidental linear de tempo, tudo é resultado de algo
precedente, lei de causa e efeito, e, portanto, é natural querer saber como o
mundo começou. Esse ponto de partida é o único estágio no qual as teorias
lineares de tempo requerem explicações para além do mundo. Algo tem que ter
sido responsável por colocar em movimento o grande. Ao realizar rituais da
maneira prescrita, os hindus acreditam que estão se alinhando com a ordem
racional do mundo e tornando-se um com o universo. Imagens e ações são cheias
de simbolismo. Por outro lado, no pensamento hindu, os infinitos ciclos de
tempo sucessivos contrastam com a ideia da eterna realidade imutável, conhecido
como Brahman, que existe em tudo e através de tudo. O tempo terrestre acontece
em ciclos, porém o Brahman é atemporal – a força central que mantem os ciclos
em movimento, a realidade eterna por trás do processo de criação e destruição
que caracteriza o mundo da experiência humana. Se os grandes ciclos de tempo
são totalmente dependentes de uma realidade atemporal, o ordenamento correto
deste mundo em constante transformação da consciência dessa realidade. Essa
lógica dá origem à ideia de que um dos objetivos da religião é compreender e
manter a ordem correta do mundo. Rituais religiosos e ordem. A partir de 1700
a.C., e nos séculos seguintes, o povo ariano da Ásia central exerceu uma
influência gradual na Índia, trazendo consigo seu panteão e suas ideias,
similares as dos gregos antigos. Os arianos integraram-se a civilização no vale
do Indo, no norte da Índia, uma antiga sociedade conhecida por ter suas
próprias tradições religiosas. Existem fortes evidências de banhos
ritualísticos e adoração de uma grande deusa-mãe. Outros artefatos encontrados
incluem urnas de cremação e um selo com a imagem de uma divindade de chifre e
pernas cruzadas. A mudança não se deu de maneira repentina e opressiva. O que
ocorreu foi uma mistura de culturas. Em termos de religião, surgiu uma tradição
de devoção e rituais de sacrifícios manifestada nos hinos da primeira grande
coleção de escritos sagrados hindus, os Vedas. Nessa nova tradição, os rituais
e sacrifícios religiosos eram considerados importantes porque se acreditava que
eles mantinham a ordem do universo, além de ajudarem os participantes a
compreender seu dentro dessa ordem. “Concentramo-nos na luz radiante do deus
Sol, que sustenta o céu, a Terra e o espaço. Mantra Gayatri, Rig Veda”. O
sacrifício foi o principal rito da tradição védica – uma encenação simbólica da
criação do mundo na qual se evocavam divindades que representavam
características do universo ou da verdadeira realidade. Segundo a tradição, por
meio desses cultos o ser humano realiza a mais importantes da tarefa humanas,
criar uma ligação com o divino. O sacrifício ritualístico, além de possibilitar
uma conexão com o plano invisível da realidade, também ajudava a estabelecer a
ordem certa das coisas. Em troca do sacrifício, o indivíduo podia obter
proteção de forças malignas e benefícios materiais – como melhores colheitas,
tempo bom, saúde e felicidade. “Sacrifício” nesse contexto significava apenas
fazer uma oferenda aos deuses, geralmente de comida ou bebida. O fogo
desempenhava um papel crucial nos sacrifícios, pois, segundo a tradição ele
existe tanto na Terra quanto no Céu, possuindo, portanto, o poder de alcançar
os deuses. Com o desenvolvimento da religião védica , tornou-se importante que
os sacrifícios fossem realizados pelas pessoas certas – a classe brâmane – e de
maneira exata. Detalhes dos hinos a serem recitados e das ações a serem
realizadas foram cuidadosamente prescritos. O terreno dos sacrifícios numa área
específica, conforme recomendado pelos Vedas. Os textos também especificavam o
modo certo de acender o fogo sacrificial e o tipo de recipiente necessário para
receber a oferenda. Os sacerdotes tinham a missão de alimentar o fogo com
oferendas que incluíam manteiga de garrafa, cereais, frutas ou flores, entoando
cânticos dos Vedas. O sacrifício também devia ser realizado numa data propícia.
A oferenda podia ser para um deus específico – ou deusa – mas os preferidos
eram Agni, Varuna e Indra. Agni é o deus do fogo. Sua principal função é
manifestar-se como fogo no altar do sacrifício, destruindo qualquer demônio que
queira tentar interromper o culto. Varuna, o deus do céu, das águas e do oceano
celestial, é também o guardião do rta – a ordem cósmica. Responsável por
separar a noite e o dia, é o mais importante deus do Riga Veda – o livro de
rituais dos Vedas. Indra, o deus dos trovões, da chuva e da guerra, é conhecido
por gostar de soma, uma bebida sagrada utilizada nos sacrifícios. É fundamental
garantir a boa vontade de Indra – ele está preso numa eterna luta contra as
forças do caos e da destruição, e são seus esforços que separam e sustentam o
Céu e a Terra. A bebida dos deuses. A bebida ritualística soma aparece nos
Vedas e nos textos sagrados de zoroastrismo, a antiga religião persa, que, como
o hinduísmo, remonta às primeiras culturas arianas. Produzida a partir do sumo
de determinadas plantas, a bebida tem propriedades inebriantes, possivelmente
estimulantes e alucinógenas. O Rig Veda descreve-a como “Rei Soma”,
proclamando. Já tomamos soma e nos tornamos imortais. Atingimos a luz, os
deuses descobriram. O soma era preparado pelos sacerdotes como uma oferenda aos
deuses. Abraço. Davi
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