quinta-feira, 25 de abril de 2024

JESUS NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICA. Parte II

 

Islamismo. Livro Jesus um Profeta no Islam. Por Muhammad Ata Ur Rahim. Capítulo II. JESUS NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICA. Parte II. Plínio e Josephus os mencionaram, mas foram virtualmente esquecidos pelos historiadores subsequentes. Plínio os descreve como a raça, propriamente, mais notável que qualquer outra no mundo: Não têm mulher, renunciam ao amor sexual, não têm dinheiro... A comunidade aumenta firmemente, com um elevado número de pessoas atraídas pelo seu estilo de vida... dessa forma a sua raça durou milhares de anos, embora ninguém tenha nascido no seu seio». Josephus, que começou a vida como Essênio, escreveu: «acreditam que a alma (ruach) é imortal e uma dádiva de Deus. Deus purifica algumas criaturas para Si, removendo todas as manchas da carne. A pessoa, assim aperfeiçoada, atinge uma santidade livre de todas as impurezas». Esses habitantes das cavernas continuaram a levar uma vida que não foi afetada pelas vagas de conquistadores, que tantas vezes destruíram o Templo e conquistaram os judeus. A vida no deserto não era uma fuga à responsabilidade que todo judeu tem, de lutar pela pureza da sua religião e de libertar a Judeia da agressão estrangeira. Lado a lado com aqueles que rezavam diariamente e que estudavam as Escrituras, alguns constituíram uma força eficiente e, não só pregavam a Doutrina de Moisés, mas também, estavam preparados para lutar pela liberdade de viver, de acordo com aquela Doutrina. Assim, a sua luta, apenas, era a serviço de Deus e não para ganhar poder ou consideração pessoal. Os membros dessa força de luta eram chamados pelo inimigo de “Zelotes”. Estavam organizados sob uma bandeira e cada tribo tinha a sua insígnia. Os Zelotes estavam agrupados em quatro divisões, cada uma encabeçada por um chefe. Cada divisão era composta por pessoas de três tribos de Israel. Desta forma, todas as doze tribos judaicas estavam organizadas sob uma bandeira. O chefe tinha que ser um Levita, que era, não só um comandante militar, mas também um professor da Lei. Cada divisão tinha o seu próprio Midrash (escola) e esse Levita, além de executar as tarefas de comandante militar, tinha que dar darsh (lições) regulares na escola. Assim, vivendo nas cavernas do deserto, os essênios se mantinham afastados da procura do prazer, desprezavam o matrimônio e desdenhavam a riqueza. Além disso, formavam uma sociedade secreta, cujos segredos nunca eram revelados a alguém que não fosse seu membro. Os romanos sabiam da existência dessas tribos, mas não conseguiram penetrar a muralha de segredo que os rodeava. O sonho de qualquer judeu, aventureiro, era se tornar membro dessa sociedade, pois esse era o único método prático, disponível, para lutar contra os invasores estrangeiros. Os essênios, tal como já vimos nos registros de Plínio, desprezavam o casamento, mas adotavam os filhos de outros homens desde que fossem dóceis e brandos, aceitando-os como parentes e moldando-os ao seu estilo de vida. Assim, por incrível que pareça, a sociedade essênia se perpetuou através de séculos, muito embora, ninguém nela tenha nascido. Desta forma, Zacarias, Sumo Sacerdote do Templo de Salomão, teve um filho, enviando-o aos essênios, no deserto, local onde a criança foi criada, conhecido na História como João Batista. Agora, sabendo-se que a comunidade essênia existiu, de fato, no deserto, a ação de Zacarias se torna compreensível, pois não estava mandando o filho querido, sozinho ao deserto, mas deixando-o aos cuidados da comunidade de maior confiança. Uma comunidade que procurava viver de maneira agradável a Jeová. Maria, a prima de Elisabete, mulher de Zacarias, foi criada por Zacarias, porque tinha sido entregue ao templo, em concordância com um voto feito por sua mãe. Foi nesse ambiente que nasceu Jesus. Além disso, havia, entre os judeus, a esperança num Messias, num novo «chefe» que seria batizado e anunciado como rei. O rumor que circulava entre os judeus, sobre o seu iminente nascimento, levou Herodes à decisão de matar todos os bebês nascidos em Belém, onde, de acordo com a tradição, o Messias deveria aparecer. A poderosa sociedade secreta dos essênios foi informada por Zacarias e Maria conseguiu, por isso, escapar das garras dos soldados romanos, indo com Jesus ao Egito, onde os Essênios tinham outra colônia. O desaparecimento súbito de Jesus e Maria, a fuga bem-sucedida foi um mistério às autoridades romanas e uma fonte de especulação, até a descoberta dos Pergaminhos do Mar Morto. Nenhum dos Evangelhos cobre esse episódio, nem a existência da comunidade essênia, nem como lhes foi possível fugir dos perseguidores, com tanto sucesso, apesar da publicidade que deve ter rodeado o nascimento. Em circunstâncias diferentes, uma criança que falava coerentemente e com autoridade, desde o berço, que foi visitada por pastores e Magos, não poderia desaparecer tão facilmente. No ano 4 a.C., quando Jesus tinha três ou quatro anos de idade, Herodes morreu. Dessa forma, o perigo eminente, que rodeava sua vida, foi afastado e passou a poder se mover livremente. Ao que parece, Jesus foi educado sob a dura disciplina de professores essênios e, sendo um aluno inteligente, aprendeu a Torá muito depressa. Assim, quando tinha doze anos, foi mandado ao Templo, verificando-se que o aluno, em vez de repetir as lições que recebera, falava com certa confiança e autoridade. Há algumas tradições muçulmanas que falam das singulares dádivas, que tão cedo, foram dadas a Jesus, em sua vida. A citação que se segue pertence a Histórias dos Profetas, de Sa’labi: Wahb disse: «O primeiro sinal de Jesus, que as pessoas viram, ocorreu enquanto sua mãe vivia na casa do chefe da vila, onde José, o carpinteiro, levou-a, quando foi ao Egito; os pobres costumavam ir, frequentemente, à casa desse chefe. Entretanto, foi roubado algum dinheiro do tesouro que lhe pertencia, mas, embora não tivesse suspeitado dos pobres, Maria se afligiu com o seu tormento. Quando Jesus viu a preocupação da mãe com a aflição do anfitrião, perguntou-lhe: "Mãe, queres que eu o guie até o dinheiro?". Ao que ela respondeu: "Sim, meu filho. " Jesus disse: "Diz-lhe que reúna os pobres perante mim, em sua casa." Então, Maria disse isso ao chefe que reuniu os pobres. Quando todos estavam reunidos, Jesus se dirigiu a dois deles, um cego e outro coxo, pôs o coxo nos ombros do cego e disse-lhe: “Levanta-te com ele”. O cego respondeu: “Sou demasiado fraco para isso”. Jesus disse-lhe: “Como foste suficientemente forte para fazer isso ontem?” Quando o ouviram dizer isso, bateram no cego até que se levantasse e, quando isso aconteceu, viram que o coxo chegava à janela do tesouro. Então, Jesus disse ao chefe da aldeia: "Assim conspiraram, ontem, contra a tua propriedade, pois o cego se valeu da sua própria força e o coxo dos olhos. “ Então o cego e o coxo disseram: “Ele falou verdade, por Deus!” E devolveram o dinheiro todo. O dono o pegou, colocou-o no tesouro e disse: "Ouve Maria, podes ficar com metade”. Ela respondeu: “Não fui criada para isso”. O chefe disse: “Então, dá-o ao teu filho”. Ela respondeu: “Ele é-me superior”. ...E nessa altura tinha, ele doze anos». Outro sinal: Tal como disse Sadi: «Quando Jesus, a paz esteja com ele, andava na escola, costumava dizer aos rapazes o que os pais estavam fazendo. Teria dito a um rapaz: "Vai para casa, pois a tua família está comendo tal, prepararam tal para ti e estão comendo tal." Então, o rapaz teria ido à casa e chamado até lhe darem essa coisa. Ter-lhe-iam dito: "Quem te falou disso?" Ao que teria respondido: "Jesus." Reuniram-nos, então, numa casa e quando Jesus chegou à procura deles, disseram-lhe: "Não estão aqui." Jesus disse-lhes: "Então o que é que está nesta casa?" Eles responderam: "Suínos." Jesus disse: "Então que sejam suínos." E assim, quando abriram a porta, vede! Eram suínos. Os filhos de Israel estavam preocupados com Jesus e, assim, quando a sua mãe temeu por ele, pô-lo num burro e foram rapidamente ao Egito ...» Ata' disse: «Depois de Maria ter tirado Jesus da escola, confiou-o a diversos comerciantes, sendo os últimos, tintureiros; assim, entregou-o ao chefe para que Jesus pudesse aprender com ele. O homem, como tinha vários panos para tingir e precisava partir em viagem, disse a Jesus: "Aprendeste esse ofício e vou partir numa viagem, da qual não voltarei, senão daqui dez dias. Esses panos têm cores diferentes e eu marquei cada um de acordo com a cor com que deve ser tingido e, portanto, quero que tenhas o trabalho terminado quando eu voltar". Jesus, a paz esteja com ele, preparou um recipiente com uma cor, pôs nele todos os panos e disse-lhes: "Sede, com a permissão de Deus, o que é esperado de vós. " Quando o tintureiro voltou, vendo que todos os panos estavam no mesmo recipiente, disse: "Oh Jesus, o que foi que fizeste?" Jesus respondeu: "Acabei o trabalho." O homem disse: "Onde está a roupa?" Jesus respondeu: "No recipiente. " O homem disse: "Toda ela? " Jesus respondeu: "Sim. " O homem disse: "Como pode estar toda no mesmo recipiente? Estragaste-me esses panos. " Jesus respondeu: "Levanta-te e olha." O tintureiro levantou-se e Jesus tirou um trajo amarelo e um verde e um vermelho até os ter tirado todos de acordo com as cores que desejara. Então o tintureiro começou a pensar, porque sabia que aquilo era coisa de Deus, pois Ele é Grande e Glorioso. E disse às pessoas: "Venham e vejam o que Jesus (a paz esteja com ele) fez." Deste modo ele e os companheiros, que eram os discípulos, acreditaram e Deus, Grande e Glorioso como Ele é, sabe bem» Durante os primeiros anos da vida adulta de Jesus, espalhou-se o rumor de que João se afastara da sociedade essênia e vivia sozinho no deserto. «Vestia-se de trajes simples, de pelo de camelo, com uma faixa de couro à volta da cintura. Comia apenas gafanhotos e mel selvagem». (Mateus, 3:4) Assim começou a pregar, diretamente, às pessoas e não insistia no longo período de aprendizagem necessário, a qualquer pessoa que desejasse ser membro pleno da irmandade essênia. Era, portanto, um movimento público, pois João convidava todos a se voltarem a Jeová e assegurava-lhes que o Reino de Deus, em breve, seria estabelecido. Relacionado com esses acontecimentos, é de interesse ler na história escrita por Josephus, a parte relativa a outro eremita, de quem esse historiador foi discípulo. Josephus tinha passado três anos no deserto como um asceta. Durante esse tempo, era orientado por um eremita chamado Bannus, que se vestia com o que crescia nas árvores, comia apenas alimentos selvagens e se disciplinava à castidade, com constantes banhos frios. Portanto, é obvio que João seguia a tradição comum dos eremitas. O deserto tinha sido um lugar de refúgio a David e aos outros Profetas anteriores. Era um local onde os judeus podiam estar livres do domínio dos governantes estrangeiros e da influência de falsos deuses. No deserto, não havia a procura dos favores dos governantes pagãos. Essa atmosfera, onde apenas poderia haver a dependência do Criador e a Sua adoração como Deus Único, foi o berço do monoteísmo. A solidão do deserto removia qualquer falso sentido de segurança e o homem aprendia a confiar apenas na Realidade: «Na aridez do deserto faltam todos os outros apoios e o homem fica entregue ao Deus Único, Poder e Fonte Permanente de toda a Vida e Raiz de toda a Segurança». Assim, a luta no deserto tinha dois aspectos. Primeiro, ocorria no interior dos corações dos próprios homens, que tinham que travar batalhas internas, uma vez que se propunham a viver de maneira a agradar seu Senhor. Em segundo lugar, tal como já tínhamos visto, a escolha desse rumo de ação tinha, como resultado inevitável, o conflito com os que desejavam viver de outra maneira. A primeira luta era uma questão de fé em Jeová e na vitória espiritual, independentemente da segunda batalha poder ser ganha ou perdida. Abraço. Davi

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