Cristianismo.
www.graodetrigo.com. Texto de David W.
Dayer. O SACERDÓCIO. Capítulo 6 do Livro Sementes. Quando, no século XVI,
Martinho Lutero pregou suas 95 teses na porta daquele templo, acabava de
iniciar o movimento que hoje conhecemos por “a Reforma”. Sua intenção foi de
expor os erros da Igreja Católica para trazê-la de volta a Deus. Naqueles dias,
grande parte da revelação divina havia sido perdida. Muitos aspectos
elementares da vida espiritual, tais como a salvação pela fé – hoje
considerados certos e indiscutíveis – eram então desconhecidos. Deus, naquela
época, usou Lutero para mostrar que o cristianismo seguia por um caminho errado,
contrário à Sua vontade. No entanto, muitos enganos e desvios do cristianismo
não chegaram a ser notados por esse irmão. Então, à medida que passaram os
séculos, Deus continuou a revelar outras verdades esquecidas, tais como, o uso
e função dos dons espirituais e o verdadeiro significado da adoração e da
santificação. O que se pode notar é que, desde o tempo de Lutero, tem havido um
contínuo aumento das revelações divinas para o Seu povo. Mas essa evolução
ainda não terminou e prosseguirá até que Cristo venha em Sua glória. Por essa
razão, devemos estar sempre prontos para receber a orientação de Deus e agir de
acordo com o que Ele atualmente estiver nos revelando, hoje. Esta mensagem faz
parte do que, segundo penso, Deus deseja restaurar nestes dias. Em verdade, não
chega a ser algo “novo.” Tampouco é minha própria e independente revelação. São
aspectos da vontade de Deus compreendidos por muitos cristãos sinceros por pelo
menos um século. Não obstante, como veremos, as tendências naturais do homem
tornam tais verdades difíceis de praticar e preservar. Desde o princípio, os
desejos de Deus para o homem são os mesmos. Ele anseia continuamente andar
conosco em intimidade e doce comunhão. Era esse o Seu propósito ao criar Adão e
ao chamar para Si os filhos de Israel e, por certo, é o Seu desígnio hoje em
relação à Igreja. Esse desejo amoroso tem em mira não só o “corpo de Cristo”
como um todo, mas também cada um de nós individualmente. A intenção de Deus é
estabelecer conosco um relacionamento íntimo, o qual transformará nossa
natureza e caráter para serem como os Seus. No início, Deus trabalhou apenas
com indivíduos, como Noé, Sete e Enoque. Posteriormente é nos apresentada a
ideia de “povo de Deus”, ao lermos a respeito de Moisés e dos israelitas no
deserto. Mas mesmo naquela época Ele não buscava apenas uma multidão de adeptos
religiosos. Ao contrário, o que desejava ardentemente era um relacionamento
pessoal e íntimo com cada um. Já no começo, cerca de três meses após a saída do
Egito, Deus falou a Moisés com relação aos israelitas. Revelou Sua intenção
original e mais sublime para com eles. Disse Ele: “...vós me sereis reino de
sacerdotes...” (Êxodo 19:6). Essa declaração demonstra o tipo de relacionamento
que Deus pretende ter com cada um de nós. Ele planejou uma intimidade que os
qualificaria a estarem em pé em Sua presença e a desempenharem as funções
sacerdotais. Entre elas, incluía-se o ministrar a Ele em adoração e intercessão
e, a seguir, ministrar a outras pessoas, a partir do que fluísse de Sua presença
durante aqueles momentos. Seu plano não era simplesmente que aprendessem
algumas informações a Seu respeito e, depois, se envolvessem periodicamente com
algumas atividades religiosas. Nosso Deus desejava intensamente que Seu povo O
conhecesse e se relacionasse com Ele pessoal e intimamente. Entretanto, é claro
que os filhos de Israel fracassaram, não entrando nesse relacionamento com
Deus. Quando Ele começou a aproximar-Se e a revelar-lhes Sua santidade no monte
Sinai, afastaram-se dele e transferiram a incumbência a um único homem. Eles
disseram a Moisés: “Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale Deus conosco,
para que não morramos” (Êxodo 20:19). “...O povo estava de longe em pé; Moisés,
porém, se chegou à nuvem escura, onde Deus estava” (v. 21). O coração daquelas
pessoas não estava correto para com Deus, e, por isso, quando Ele passou a
falar-lhes, não puderam suportar. Exatamente naquele instante, abandonaram o
nobre chamamento que Deus lhes fizera a ser sacerdotes Dele e ficaram
satisfeitos em deixar que outro indivíduo se relacionasse com Deus em seu
favor. Em vez de se arrependerem, depois de ouvirem as palavras sobre a justiça
divina, e de permitirem que Deus os limpasse, decidiram aumentar ainda mais a
distância entre eles e Deus. Eles acabaram colocando um mediador que arcasse
com toda a responsabilidade de intimidade com Deus em seu benefício. Esse
afastamento do ideal divino logo produziu seus frutos. Enquanto Moisés gastava
tempo na presença de Deus, o povo foi seduzido pelas próprias paixões. O
relacionamento pessoal com o Criador era tão limitado, que logo estavam
duvidando de Sua existência e de Sua capacidade para cumprir promessas feitas.
A solução encontrada foi criar, para eles mesmos, um deus impessoal, profano e
de fácil manipulação – um deus que não os amedrontasse e cuja presença não
exigisse uma santidade que não conseguiam praticar. A esse ponto, Deus os
abandonou quase totalmente e tornaram-se inaptos para andar de acordo com a Sua
intenção original (Êxodo 32:9-10). É provável que, por não haver o coração do
povo em geral correspondido à Sua vontade, tenha Ele designado um grupo
especial de sacerdotes. Talvez a tribo de Levi tenha sido escolhida porque
estava pronta para ouvi-Lo, ao menos até certo ponto, bem como para executar Seus
julgamentos (Êxodo 32:28). Vemos, portanto, que com a ordenação de um
sacerdócio especial, para se aproximar de Deus no lugar do povo, a maioria da
assembleia perdeu o privilégio de se tornar aquilo que seu Criador desejava que
fosse. O sacerdócio levítico transformou-se numa espécie de obstáculo ou
barreira, destinado a fazer Deus parecer mais remoto, de modo que os outros se
sentissem mais à vontade. Um evento semelhante é encontrado no livro de 1
Samuel, quando Deus permitiu ao povo ter um rei. Os filhos de Israel nunca
haviam tido um rei até então. O pensamento de Deus era que fossem únicos entre
os povos da terra: um povo governado exclusivamente pelo Deus poderoso e
invisível. Eles, contudo, rebelaram-se contra tal proposta. Para se adaptarem a
essa forma de governo que Deus desejava, era necessário que cada um deles
mantivesse um relacionamento pessoal com Ele. Isso não era fácil,
principalmente para o homem natural. Portanto, aquelas pessoas mais uma vez
rejeitaram os objetivos divinos e insistiram em ter um rei terreno. Ansiavam
por um líder palpável, um ser humano que pudessem enxergar; alguém que
assumisse a responsabilidade de guiá-los; alguém que se colocasse entre eles e
Deus. Samuel foi totalmente contrário a essa outra proposta. Mas Deus o
confortou, dizendo: “Não te rejeitou a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre
ele” (1 Samuel 8:7). Esse episódio nos traz para a situação de hoje. Não é de
se espantar que haja grandes semelhanças entre os cristãos e o povo de Deus do
Velho Testamento. A história da Igreja informa que, logo após a partida dos
apóstolos, os líderes das igrejas começaram a obter um destaque cada vez maior.
Bispos passaram a estender sua autoridade para além de uma cidade, por fim
“cobrindo” regiões inteiras. Mais e mais ênfase foi colocada em posições
religiosas e sobre a necessidade de submissão àqueles que as ocupavam. Essa
tendência continuou através dos séculos até atingir seu apogeu com o
aparecimento de chefes supremos, “infalíveis”. Pouco depois, as Escrituras
foram completamente arrancadas das mãos das pessoas e essa inclinação por um
intermediário, sobre a qual estamos comentando, chegou à sua expressão mais
intensa. Tal resultado não deveria nos surpreender. É a tendência natural do
homem. A menos que não nos esforcemos juntos contra essa tendência, é natural
que todos os movimentos cristãos se deixem levar para essa direção. Atualmente,
embora o protestantismo tenha feito algum progresso, libertando-se da
escravidão das trevas e da idolatria encontradas no sistema do qual saiu,
infelizmente ainda conserva alguns de seus erros. Apesar das Escrituras
ensinarem o sacerdócio de todos os cristãos (1 Pedro 2:5,9), a maior parte do
moderno cristianismo o nega na prática. O que vemos em grande parte hoje nas
igrejas é o ministério de apenas um ou, quem sabe, de uns poucos indivíduos
escolhidos, ao passo que a maioria permanece como passiva observadora.
Compreende-se perfeitamente o fato de geralmente não rotularem de “o sacerdote”
a condição reinante entre os grupos cristãos. Seria um termo manifestamente
antibíblico. Em substituição, temos outros títulos, tais como os de “pastor”,
“reverendo,” “apóstolo” etc. Contudo, a função dessas pessoas é, normalmente,
quase igual ao serviço desempenhado pelo sacerdote levita. São eles que “ouvem
de Deus”, transmitem a maior parte dos ensinamentos e do aconselhamento, cuidam
da organização etc. É lamentável, mas a verdade é que em muitos casos o
“pastor” é obrigado a fazer quase tudo. Já que essa é a situação predominante
nos grupos cristãos hoje em dia e, ao que parece, universalmente aceita,
muitos, talvez, perguntarão o que haveria de errado em tudo isso. Para
chegarmos à resposta, devemos, primeiramente, abandonar nosso gosto e
concepções pessoais e ter uma reverência genuína pelos interesses e objetivos
divinos. Se o homem fosse a única parte em jogo nessa situação, nossa discussão
não precisaria ser levada tão a sério. Olha, acontece que estamos aqui
procurando entender e satisfazer as exigências de Deus e, por essa razão,
devemos abordar o assunto com reverência e temor. Mas isso não é tudo. Deveria
estar patente para nós que Suas intenções visam, também, o nosso próprio bem.
Em verdade, quanto mais enxergarmos a vontade de Deus, mais perceberemos que
Suas diretrizes e exigências não objetivam apenas Sua própria conveniência, mas
destinam-se, igualmente, ao nosso eterno benefício. O plano de Deus para a
Igreja é duplo. Primeiro, Ele nos instruiu a levar as boas novas até os confins
da terra. Em segundo lugar, quer que sejamos transformados à Sua imagem. Pois
bem, se formos cumprir essas instruções total e eficazmente para atingir tais
objetivos, precisaremos antes ser pessoas íntimas de Deus! Cada um de nós tem
que entrar num relacionamento próximo e pessoal com o Criador e preservá-lo.
Todos fomos convocados para ser sacerdotes. Desse relacionamento, então,
brotará o ministério sacerdotal em nós, permitindo que os desígnios de Deus
sejam atingidos. Jamais deveríamos depender de líderes ou de indivíduos dotados
para darem conta de tudo. Não deveríamos apoiar-nos em organizações humanas,
nem em animadas campanhas. Todos nós arcamos com uma parte dessa
responsabilidade. A verdade é que se não estivermos ativamente engajados no
trabalho de servir aos outros, quer pela pregação do evangelho, quer pelo
exercício de nossos talentos espirituais, já caímos no erro. Deus espera que
cada um de Seu povo esteja empenhado em Seu trabalho. Somos todos “ministros” e
todos fomos chamados e ordenados por Ele para realizar um trabalho do serviço
sacerdotal até a Sua volta (João 15:16). Quando Jesus Cristo ascendeu ao Pai,
deu dons à Sua Igreja. Esses talentos ou dons espirituais não foram só a uns
poucos escolhidos, mas a todos (1 Coríntios 12:7). Cada função e cada parte é
vital, à semelhança do que acontece com nossos diferentes órgãos e membros do
corpo físico. Quando uma parte aparentemente pequena ou insignificante não está
funcionando normalmente, todo o resto sofre. Dá-se o mesmo com a Igreja hoje.
Quando todo o trabalho é feito pelos superdotados, talentosos ou treinados,
existe uma grande perda para o corpo de Cristo e para Deus. Deveríamos nos
interessar seriamente por essa verdade. Pouco importa o que você pensa de si
mesmo ou de suas habilidades espirituais. Também não têm importância as
diferenças existentes entre você e os demais. Mesmo aqueles que possuem um só
talento são e serão solicitados por Deus a usá-lo ao máximo (Mateus 25:14-30).
Se nos acovardarmos, comparando-nos com outros, ou se ficarmos temerosos e não
fizermos nada, teremos de prestar contas um dia ao nosso Criador. Temos, é
certo, o privilégio, mas também a séria responsabilidade de descobrir diante de
Deus a que trabalho Ele nos chamou a realizar, para então começar a aprender
pelo Espírito Santo a nos exercitar na função que nos foi confiada. Sem esse
tipo de ministério não cresceremos adequadamente. Sim, talvez obtenhamos algum
progresso principalmente no início, mas, para que de fato atinjamos a
maturidade, nós mesmos precisamos começar a ministrar. À medida que dermos,
mais nos será dado. Trata-se de uma lei espiritual. Se somos meros recebedores
– semana após semana escutando de outros que, é esperado, gastaram seu tempo na
presença de Deus – nosso conhecimento provavelmente aumentará, mas nossas vidas
não serão mudadas. Essa é a infeliz condição de muitos e muitos na Igreja de
hoje. Temos nossos “super astros,” talvez famosos e ocupados dia e noite, mas
temos igualmente a “maioria passiva” a depender de outros para a realização do
trabalho. As consequências danosas desse fenômeno às vezes não estão evidentes
à primeira vista, principalmente numa organização “bem lubrificada”; contudo,
elas estão ali ocultas. Inúmeras reuniões cristãs estão repletas de bebês
espirituais super alimentados que permanecem inativos. Eles vêm semanalmente
para receber e imaginam que, porque ouvem uma boa mensagem, estão bem com Deus.
Não raras vezes, entretanto, tais indivíduos ainda possuem pecados escondidos e
sérios desvios de caráter. Ao procurarmos servir aos outros, essas falhas ficam
expostas. Quando começamos a ministrar, percebemos o quanto nossas vidas
precisam de transformação e isso nos estimula a buscar o Senhor para nos
libertar. Se desejamos verdadeiramente avançar em direção à maturidade, é
essencial que todos nos tornemos sacerdotes: sacerdotes que estejam exercendo
suas funções na casa de Deus. O ministério espiritual não tem como finalidade
apenas o nosso crescimento, mas também o progresso dos demais. Não importa
quais sejam as suas funções espirituais no corpo, existem sempre pessoas que
precisam do que você tem. Quer seja uma pequena ou grande porção, é
absolutamente indispensável. Em algum lugar, entre os cristãos que você conhece
ou no mundo à sua volta, existem pessoas para as quais sua porção é muito
importante. Por exemplo, os cristãos com quem você se relaciona podem estar
buscando aquela porção específica de discernimento espiritual que você possui.
É possível que muitos que você conhece estejam sofrendo porque você não
reservou um tempo para orar por libertação, nem buscou uma palavra de Deus para
encorajar ou admoestá-los, nem deu atenção às suas necessidades. É sempre mais
fácil criticar ou fazer fofoca, do que orar ou auxiliar. Sua porção é
certamente essencial para o crescimento e bem-estar espiritual dos outros. Deus
a entregou a você por causa deles, sendo, portanto, importante exercitá-la. Em
Sua sabedoria, nosso Pai construiu a Igreja de tal sorte que cada membro
depende dos demais. Assim sendo, para que “todos cheguemos” à maturidade
(Efésios 4:13), a colaboração de cada parte é indispensável. MAS, QUAL É O
PAPEL DOS “LÍDERES”? A esta altura, alguém perguntaria: “Qual é o papel dos
líderes?” Sem dúvida a liderança tem base nos ensinamentos bíblicos e é
necessária para uma condição saudável da igreja. Muitas vezes, entretanto, é
também mal compreendida. O papel do líder é liderar. Isso não significa dominar
ou controlar os outros, mas sim tomar a dianteira e avançar! Os demais irão
notá-lo e segui-lo. As palavras “presidir” e “guias” encontradas em 1 Timóteo
5:17 e Hebreus 13:7,17 e 24, da tradução de Almeida, talvez tenham sido a fonte
de muitos mal-entendidos. Estas palavras vêm do grego PROESTEMI e deveriam ser
traduzidas como “andar em frente” ou “preceder”. Isso não tem nada a ver com
“controlar” ou “organizar”. A função de um verdadeiro líder não é o de dirigir
a igreja, mas sim o de auxiliar os outros a cumprirem o seu ministério,
crescendo em tudo o que Deus lhes preparou. Tais líderes são facilmente
reconhecíveis, pois sempre terão como prioridade os interesses e o progresso
espiritual dos outros. Infelizmente, a tendência humana é outra. O anseio por
estrelismo, destaque, fama, poder, etc., é, não somente permitido, mas
considerado bom na igreja de hoje. Muitos estão impelidos, por ambição própria
ou pelos outros, a buscar posições de autoridade sobre os outros e a liderança.
Mas tudo isso é proibido por nosso Mestre Jesus. Ele disse: “Os reis dos povos
dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores. Mas
vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e
aquele que dirige seja como o que serve” (Lucas 22:25-26). Os “líderes” que
estão apenas alimentando a si mesmos (edificando seu próprio ministério,
forrando seu próprio ninho financeiro etc.) e, como consequência, mantendo
passivos aqueles que estão sob seus cuidados, enfrentarão o julgamento divino.
Os que se exaltam e impedem o progresso dos demais, objetivando a sua própria
posição, segurança e autoridade, enfrentarão juízo ainda mais severo. Quem
abusou de seus conservo vai ser castigado com muitos açoites (Mateus 24:49-51).
A verdadeira liderança sempre é, na realidade, algo que Deus faz. É somente Ele
movendo por meio de Seu povo que providencia liderança real que beneficia Seu
povo. Se a obra de quem está “liderando” é um resultado apenas de instrução
teológica, de designação para um cargo ou de ambição pessoal, por certo se
constituirá num obstáculo para o progresso espiritual. A ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA
HUMANA. A organização religiosa e rígida também é um empecilho para o
cumprimento dos desejos de Deus. Quando uma pessoa ou até algumas pessoas estão
dando conta de todas as tarefas – e por consequência disso, mantendo todas as
outras inativas – isso resulta em imaturidade espiritual. Muitas vezes, uma
organização religiosa abafa o desenvolvimento dos ministérios dos membros dela.
Se a obra que Deus chamou você não encaixa bem na organização do qual você
pertence, vai precisar servir os outros fora desta restrição. Talvez você
esteja se reunindo com um grupo de cristãos onde não existe qualquer
encorajamento ou oportunidade para que você cresça em sua função. É provável
que nesse grupo a experiência seja a de ter “um homem em evidência” ou de ter
tudo tão organizado sem a orientação do Espírito que o funcionamento de cada
membro não está em evidência. O seu talento pode estar sendo negligenciado, mal
utilizado, ridicularizado ou até desencorajado. Nada disso, contudo, poderá
servir de desculpa à passividade. Quando você estiver diante do Rei, já não
haverá ninguém mais para levar a culpa pelo descumprimento de suas funções
sacerdotais. Não deve esperar até um grupo reconhecer seus dons e liberar um
espaço para você. Não pode depender de outros homens para dar uma abertura ou
“força” para você começar a servir. Fica você incumbido em seguir a liderança
do seu Mestre. Comece onde Ele abre as portas e continue seguindo Seu Espírito.
É essencial aprender a não depender dos homens, mas saber seguir Jesus. Nosso
serviço no corpo dele tem que ser liderado por Ele também. Em Seu plano, a
programação humana é substituída por ministérios espirituais, levantados por
Ele em nosso meio. Planos futuros decorrem de Sua orientação e a autoridade
organizacional ou posicional é substituída pela verdadeira autoridade dele, que
é espiritual. A tarefa à mão não consiste em desenvolver grandes ministérios
“bem-sucedidos” ou ter pessoas comparecendo às centenas. Tudo isso pode ser
alcançado sem que a vontade de Deus tenha jamais sido atendida. Nosso papel é,
na simplicidade, obedecer a Jesus. Vamos colocar de lado toda ambição, desejo
por reconhecimento e fama. Vamos abandonar qualquer cheiro de ego humano e
autosserviço. Vamos nos humilhar, como Jesus fez, e nos vestir com a toalha.
Vamos começar lavando os pés daqueles ao nosso redor que precisa do que Deus
tem nos dados. Nossa recompensa não será aqui, nesse mundo. Não será que as
multidões vão nos apreciar. Servir Jesus por meio de servir o corpo Dele,
significa que vamos nos tornar escravos, servindo em obediência sem motivo
próprio. Considerando que Deus o preparou e chamou, Ele também irá prover uma
forma de você começar a servir. Por exemplo, você poderá orar em qualquer
lugar, a toda hora. Você pode proporcionar ajuda material sem precisar de uma
permissão “oficial” de alguém. Pode ensinar e aconselhar. Quando você realmente
começar a agir na função para a qual Deus o designou, as portas se abrirão
diante de você e as pessoas reconhecerão a mão divina em sua vida.
Provavelmente tudo começará aos poucos e poderá até parecer pequeno e insignificante
(Zacarias 4:10). Todavia, à medida que você exercitar os talentos que Deus lhe
deu, fiel e diligentemente, estes crescerão e você igualmente crescerá. Não
fique surpreso se, com o passar de tempo, você encontra oposição. Se o que está
fazendo é de Deus, isso vai acontecer. Quando Deus começa a usar você, o
inimigo vai tentar lhe derrubar. Usando outras pessoas que se sentem ameaçadas,
enciumadas ou competitivas, o diabo, com certeza, vai levantar dificuldades e
barreiras tentando -lhe desanimar. Isso é normal. Faz parte de ser um servo do
Altíssimo. Mas, se somos servos fiéis, precisamos continuar em fé, não
desanimando por causa de outros homens, e cumprir a obra que Deus nos concedeu.
É a Ele que vamos prestar contas naquele Dia. A vontade de Deus é que sejamos,
para Ele, reino de sacerdotes. Somos todos Seus profetas (Apocalipse 1:5-6 e 1
Coríntios 14:1,31). Cada um de nós possui um ministério para ser desempenhado e
serviços espirituais para realizar, os quais ninguém mais conseguirá levar a
cabo da mesma forma que nós o faríamos. Quando aparecermos perante Ele, teremos
de prestar contas de nossas obras (Apocalipse 2:23). Naquele dia, aquilo que
realizamos testificará a nossa verdadeira condição espiritual. Não poderemos
dizer que não conhecíamos as necessidades ou que não estávamos qualificados.
Não poderemos culpar outros por não nos “deixar” exercitar nosso serviço em um
determinado lugar ou ambiente. Lembre-se que foi Deus que chamou você. É Ele
que abre as portas que ninguém fecha (Apocalipse 3:7). O mesmo Deus que operou
poderosamente nos apóstolos e profetas vive também em cada um dos Seus filhos.
Ele é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos
se apenas O obedecermos. Precisamos encarar essas considerações com seriedade.
Devemos analisar nossas próprias vidas e ver se somos trabalhadores realmente
ativos para o nosso Rei ou se somente somos passivos observadores. Teríamos
acaso estabelecido uma distância “segura” entre nós e Deus e deixado que outros
assumissem a responsabilidade em nosso lugar? Será que nos retraímos em
decorrência do medo ou da incapacidade humana e permitimos que outros
realizassem o trabalho? Em caso positivo, paremos por um momento e
arrependamo-nos diante Dele. Entreguemos novamente toda a nossa vida a Deus.
Digamos-Lhe que, de agora em diante, estamos totalmente dispostos a nos tornar
um vaso para o Seu serviço. Depois disso, à medida que Ele nos dirigir,
cooperemos com Ele diligentemente em Sua vinha. Todos nós somos chamados para
ser sacerdotes. www.graodetrigo.com. Abraço. Davi
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