Cristianismo.
Texto de Watchmann Nee (1903-1972). Capítulo Quatro. A MISSÃO DOS PAIS. Conduza
seus filhos ao Senhor. Um dos meios de levar os filhos ao Senhor é levantar um altar da
família eficaz. No Velho Testamento a tenda e o altar permaneciam unidos. Em
outras palavras, a família e a congregação fazem um todo; a oração da família
unida e a leitura da Bíblia em conjunto são indispensáveis. 1 – Realize o culto
doméstico ao nível dos filhos. Alguns dos assim chamados cultos domésticos são
um fracasso, ou por serem longos demais ou profundos demais. Os filhos ficam
sentados em saber o que se está passando. Não concordo com as famílias que nos
convidam para pregar verdades profundas a elas com a presença dos filhos. A
reunião se prolonga as vezes por uma ou duas horas e tudo o que é
estudado se baseia em verdades profundas. Isto se torna realmente uma tortura
para os filhos, e algumas vezes os pais não são nada sensíveis à situação. Os
filhos devem ser considerados em primeiro lugar numa reunião de família. A
reunião não é para você, porque você pode render culto com a igreja. Nunca
force o seu nível de conhecimento nas reuniões familiares. Tudo o que for feito
em conjunto na família deve ficar ao nível dos filhos, sendo sempre aquilo que
se adapte melhor ao gosto deles. 2 – Estimule e atraia seus filhos. Outra
finalidade na reunião da família é a falta de amor. Os filhos não são atraídos
para a reunião pelo pai ou pela mãe, mas pela vara. Eles não querem participar;
eles só se apresentam por temer a vara. Isto jamais funcionará. Procure
atraí-los e não açoitá-los. Medite nos meios de estimulá-los. Espero que os
novos crentes não batam em seus filhos por deixarem de assistir o culto
doméstico. Mesmo que você bata neles uma única vez, o resultado negativo pode
afetar toda a vida de seus filhos. Portanto, na reunião da família, vocês que
são pais devem tentar atrair seus filhos, jamais os forçando a participar. 3 –
Realize o culto doméstico duas vezes por dia. Nós sugerimos que se faça o culto
doméstico duas vezes ao dia: uma pela manhã e outra à noite. Uma sugestão seria
o pai dirigir o da manhã e a mãe o da noite. Os pais terão de levantar-se mais
cedo pela manhã a fim de ter tempo para a devoção depois do café e antes que os
filhos vão para a escola. O culto não deve ser longo, não mais de quinze
minutos. Peça a cada um para ler um versículo. Depois encerre o período com uma
oração feita pelo pai ou pela mãe. Peça a Deus para abençoá-lo. Não ore por
coisas profundas demais para a compreensão deles. Não faça uma oração muito
longa. Ore de maneira simples e que os filhos possam entender. À noite o
período pode ser um pouco mais longo. Que a mãe dirija esta parte. Não há
necessidade de ler a Bíblia, mas a oração é absolutamente necessária. A mãe
deve reunir os filhos ao seu redor e conversar com eles. O pai pode sentar-se
ao seu lado. A mãe deve tentar fazer com que os filhos falem. Deixe que contem
se tiverem algum problema durante o dia, se brigaram, ou se há lago em seus
corações que os está inquietando. Alguma coisa está completamente errada se a
mãe não conseguir fazer com que os filhos falem. É uma falha da parte da mãe
quando existe distância entre ela e seus filhos. A mãe deve ser a confidente
dos filhos. Procure tirar algo deles. Deixe-os orar um pouco. Ensine algumas
palavras a eles. Tal período deve ser vivo. Leve-os a confessar, mas não os
force. Seja bem natural e evite toda pretensão. Deixe que seus filhos sejam
espontâneos. Se houver algo para confessar, que confesse; se não, deixe-o. A
hipocrisia de muitos filhos é resultado de pais severos. Eles não querem
mentir, mas são forçados pelos pais. Conclua o período da noite com uma curta
oração para que os filhos não fiquem cansados. 4 – Conduza os filhos ao
arrependimento. Você precisa mostrar aos seus filhos o que é o pecado. Observe
se eles estão arrependidos. Leve-os ao Senhor. Quando o tempo chegar, ajude-os
a aceitar o Senhor de forma definitiva. Leve-os então â igreja para que tenham
parte na vida da mesma. Desta forma você conduzirá seus filhos ao verdadeiro
conhecimento de Deus. Estimule um ambiente de amor no lar. A atmosfera dá
família é uma atmosfera de amor. A falta de comunicação na família é devida à
ausência desse ingrediente. A condição futura dos filhos depende grandemente do
ambiente familiar. Se os filhos não são alimentados com amor enquanto pequenos,
logo desenvolverão uma atitude áspera, solitária e rebelde. Muitas pessoas não
conseguem se associar a outros porque quando crianças não tiveram amor em suas
famílias. Se na família as brigas e discussões são frequentes, os filhos não
crescem normalmente. Eles se afastam. Desprezam os outros porque têm complexo
de inferioridade. Os que têm inferioridade lutam para exaltarem-se a fim de se
compararem aos demais. Muitos dos que ficam à margem da sociedade – tais como
os bandidos e os rebeldes – nunca experimentaram amor em suas famílias. Como
resultado, sua natureza humana sofreu uma mudança; não são normais. Quando
pessoas assim dão entrada na igreja muitos ajustes terão de ser feitos. Sempre
penso que a metade do trabalho da igreja devia ter sido feito por bons pais.
Devido à falta dos pais, um pesado encargo cai sobre a igreja. Para evitar
isto, os novos crentes precisam ser instruídos a tratar bem os filhos. Deve
haver alegria, amabilidade e amor na família. Uma família assim produz filhos
normais. Os pais devem aprender a ser amigos dos filhos. Não permita que seus
filhos sejam estranhos para você. Lembre-se, a amizade é cultivada e não
herdada. Aprenda a ficar próximo de seus filhos, sempre disposto a ajudar;
assim, quando tiverem problemas eles procurarão você em primeiro lugar; quando
estiverem fracos buscarão sua ajuda. Não deixe que procurem outras pessoas
quando estiverem em dificuldade. Torne possível que procurem você seja no
sucesso ou no fracasso. Um amigo é aquele com quem é fácil falar e se
aproximar. Seja um amigo para seus filhos. Não se assente no trono e julgue,
mas procure ajuda-lo em suas fraquezas. Sente-se ao lado deles e discuta o
problema em conjunto. Que eles busquem você como buscariam seus colegas. Se os
pais puderem ser amigos dos filhos, eles são bons pais. Cultive esta amizade
enquanto seus filhos forem pequenos. Permita que lhe falem com franqueza: a
proximidade e intimidade entre pais e filhos dependem da maneira como você trata
a estes durante os primeiros vinte anos. É impossível que seus filhos fiquem
distantes durante os primeiros vinte anos e depois disso se aproximem de você.
À medida que os anos passarem, se houver distância, ela geralmente se torna
maior. Muitos filhos não têm admiração por seus pais e nenhuma amizade por
eles. Quando estão em dificuldade, eles vão aos pais como se fossem a um juiz.
Este não deve ser o seu caso. Quando seus filhos tiverem problemas, você deve
ser o primeiro a ser procurado por eles para se aliviarem de sua carga.
Famílias assim têm poucos problemas e os poucos que surgem podem ser todos
resolvidos. Discipline seus filhos com sabedoria. Quando os filhos erram devem
ser disciplinados. Não disciplinar um filho é errado. 1 – Tenha medo de não
tenha medo de disciplinar sabiamente. Disciplinar entretanto é muito difícil.
Os pais devem temer fustigar seus filhos como temeriam fustigar seus próprios
pais. Nenhum filho pode bater em seus pais. Todavia seria mais fácil para os
pais de alguém perdoar tal sova (surra) do que seria para os filhos de alguém
conceder perdão. Aprenda, portanto, a ter medo de fustigar seus filhos. 2 – Use
a vara quando necessário. Todavia, os filhos precisam ser castigados.
Provérbios 13,24 “O que poupa a vara a seu filho o odeia: mas aquele que o ama,
a seu tempo o castiga”. Esta é a sabedoria de Salomão. Os pais devem aprender a
usar a vara, pois isto é necessário. 3 – Castigue com amor seu filho. Porém, o
castigo deve ser aplicado justamente. Nunca bata em seu filho porque você
perdeu o controle ou quando estiver indisposto. Se bater quando estiver irado,
isso será um erro. Você não está qualificado para castigar seu filho. Precisa
primeiro acalmar sua ira diante de Deus. 4 – Mostre aos filhos sua falta. Em
alguns casos é necessário bater. Mas você deve mostrar a seu filho porque
merece o castigo. Ele sem dúvida precisa ser castigado, mas ainda assim deve
saber onde falhou. Cada vez que você castigar um filho, diga-lhe qual foi a sua
falta. 5 – Considere o ato de bater uma coisa grande. Não considere a surra
como coisa pequena, mas grande. Reúna a família toda e faça todos saberem. Para
o pai ou a mãe bater num filho é agir como o cirurgião que opera o paciente.
Não se trata de ter sido provocado à ira, mas porque o corte é necessário a fim
de tratar com a dificuldade. Da mesma forma, o pai ou a mãe, ao disciplinar
deve estar absolutamente calmo. Nenhum pai deve bater no filho quando ele mesmo
está sob a ação da ira. Como isso deveria ser feito? Tenho uma sugestão: quando
um filho comete um erro muito sério que exija uma surra, você pode pedir ao
irmão dele para preparar uma bacia com água fria e à irmã dele que vá buscar a
toalha. Depois você mostra ao filho onde ele errou e lhe diz que tal erro
precisa ser seriamente punido. Diga-lhe que fugir do castigo também está
errado. As pessoas que têm coragem de pecar devem ter coragem pra aceitar a
punição. Depois de explicar isto a ele, você bate em sua mão duas ou três
vezes. Isto pode machucar a mão dele e fazê-la inchar. Chame o irmão para ajudar
a mergulhar a mão dele na água fria a fim de evitar o inchaço. Depois peça à
irmã para enxugar com cuidado a mão dele com a toalha. O ato todo é semelhante
ao de um ritual. Isto vai mostrar a eles que só existe amor e não ódio na
família. Muitos castigos hoje são indício de ira ou ódio, não de amor. Você diz
que ama seus filhos, mas quem pode acreditar em você? Eu não posso. Você deve
mostrar a seus filhos onde eles estão errados, pois, precisam saber que você
não nutre ódio algum ao bater neles. Se o caso for muito sério, então, o pai ou
a mãe pode receber um pouco da surra por eles. Isto vai impressioná-los com a
seriedade do caso, e será de ajuda para que se lembrem sempre de que não devem
pecar descuidadamente. Essa será então a admoestação do Senhor e não a de seu
temperamento. A admoestação do Senhor e não da sua ira. Sou contrário aos pais
perderem o controle. O mau gênio dos pais pode estragar o futuro dos filhos.
Numa família cristã os pais devem aprender tanto a amar como a castigar. Grandes
filhos vêm de grandes pais. Finalmente quero dizer que muitos dos grandes
servos de Deus vieram de grandes pais. Desde os dias de Timóteo, muitos
daqueles que foram usados por Deus descenderam de grandes pais. John Wesley
(1703-1791), por exemplo, foi um deles: John Newton (1725-1807) outro; John
Gibson Paton (1824-1907), um dos mais ilustres missionários do mundo, um
terceiro. Poucos pais eram como os pais de John G. Paton. Quando John atingiu
uma idade avançada, ele ainda se lembrava de como, quando tentado a pecar,
imediatamente lhe vinha à memória a imagem do pai e das orações que fazia a seu
favor. John era de uma família pobre. Só havia um quarto, cozinha, e outro
cômodo, pequeno em sua casa. Sempre que ouvia o pai orando e soluçando naquele
pequeno cômodo, ele tremia. Ele sabia que o pai estava agonizando pelas almas
dos filhos. Mesmo quando homem feito, John podia lembrar-se dos soluços do pai.
Como ele agradecia a Deus por lhe ter concedido tal pai para que não pecasse.
Se pecasse, não ofendia somente o Pai que estava no céu, mas também o pai que
estava na Terra. Raros são os pais como o de John, e raros os filhos notáveis
como John. Se em nossa geração os pais aprenderem a ser bons pais, quantos
irmãos fortes e vigorosos terão na geração que virá! Sou com frequência levado
a dizer que o futuro da igreja depende dos pais. É necessário que haja pessoas
a quem Deus possa levantar quando Ele deseja abençoar sua igreja. É necessário
que haja mais Timóteo, para que ele não tenha de trazer pessoas do mundo, mas possa
acrescentar aqueles que vêm das famílias cristãs. Livro Família Cristã Normal.
Abraço. Davi.
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