Hare Krishna. www.chandramukhaswuami.com.br.
Texto de Chandramukha Swuami. ENTENDENDO O EU VERDADEIRO. O Eu verdadeiro é a
alma. Ela é inconcebível, pois está além do alcance de qualquer experiência
humana. Exceto pelo estudo dos Vedas acompanhado da prática do Yoga, não há
outra fonte segura para se compreendê-la. No capítulo 2 da Gītā, encontramos
várias afirmações altamente esclarecedoras sobre sua natureza. Lá se diz que a
alma é invisível e imutável. Embora seja eterna, ela é a consciência que habita
temporariamente um corpo específico e dá vida a ele. Diferentemente do corpo
material, que é por natureza temporário, a existência da alma nunca pode ser
interrompida. UMA EXISTÊNCIA RELATIVA. Rigorosamente
falando, o que existe verdadeiramente existe sempre. Por outro lado, o que não
possui continuidade é uma ilusão e, num sentido, não existe. Isso nos ajuda a
entender a diferença fundamental entre alma e corpo. A alma é real, pois existe
eternamente, enquanto o corpo tem uma existência relativa. Sendo eterna, a alma
existia, existe e existirá sempre. Quanto ao corpo, houve um tempo que ele não
existiu, assim como deixará de existir em breve. Diferentemente do corpo, que
está em constante transformação e passa pelas três fases – infância, juventude
e velhice –, a alma é imutável, individual e continua existindo mesmo após a
destruição do corpo. É por um arranjo divino e complexo da natureza que ela
acaba sendo transferida para um próximo corpo. Mas, é preciso que sejamos
iluminados com o conhecimento védico para conseguirmos a ver as coisas com os
olhos do conhecimento e, assim, entendê-la verdadeiramente. Segundo os
ensinamentos da Bhagavad-gītā, a alma, ou o Eu verdadeiro, é uma energia
superior do Absoluto. Sua natureza e características são tão místicas e
misteriosas que, por esforço próprio, somos incapazes de entendê-la plenamente.
Como um átomo espiritual, ela é menor que os átomos materiais. Como um
princípio vivo, sua influência se faz sentir por todo o corpo, assim como o
princípio ativo de um remédio se expande por todo o corpo. Esse fato serve como
prova da sua existência. Mesmo um leigo é capaz de entender que, sem a presença
da alma, o corpo material não tem consciência e, portanto, está morto. Nesse
caso, não há nenhum método material capaz de revivê-lo. Logo, deve ser
descartada a teoria infundada de que a consciência passa a existir devido a
alguma quantidade de combinação material. Ela existe unicamente devido à
presença da alma espiritual. UMA PARTÍCULA ATÔMICA E INFINITESIMAL. Assim como
as inúmeras moléculas do brilho do sol, a alma é uma partícula atômica e
infinitesimal do Espírito Absoluto. Em sânscrito, ela é denominada como prabhā, uma
centelha espiritual situada no coração do ser vivo. Porque a medida da alma é
atômica, ela está além do alcance do método empírico e além do poder
comprobatório da ciência material. Sendo assim, os filósofos e acadêmicos
costumam rejeitar a sua existência. Os Vedas afirmam que alma não está sozinha
no coração do se vivo, mas tem a companhia transcendental da Superalma, uma
manifestação do Absoluto que a acompanha internamente, a quem os mais
elevados yogis se
conectam amorosamente. É a alma atômica individual também que supre energia
para o corpo e permite a existência de diferentes movimentos corpóreos. Os
corpúsculos que transportam o oxigênio dos pulmões, por exemplo, obtêm energia
da alma. A prova disso é que, tão logo a alma abandona o corpo, as atividades
do sangue que geram fusão são cessadas. Curiosamente, embora não consiga
comprovar que a fonte da energia é a alma, a ciência médica admite que o
coração é a sede de todas as energias do corpo. Ela é tão pequena que ninguém
tem ideia de como medir sua dimensão. Com efeito, nem pode a alma ser morta,
nem pode o corpo material ser permanentemente protegido. Logo que a alma
espiritual sai do corpo, este invariavelmente acaba se decompondo. É a alma,
portanto, que mantém o corpo, o qual, por sua vez, não tem tanta verdadeira
importância sem sua presença. A transferência da alma individual atômica
para outro corpo torna-se possível pela graça da Superalma que satisfaz o
desejo da alma individual, assim como um amigo satisfaz o desejo do outro. A ALMA
E A SUPER ALMA. Os Vedas comparam a alma e a Super alma a dois pássaros pousados
na mesma árvore. Enquanto um deles (o pássaro da alma individual) come os
frutos de uma árvore, o outro (a Superalma) apenas observa Seu amigo. Um
pássaro está atraído pelos frutos – ora doces, ora amargos – da “árvore” da
vida material, enquanto o outro apenas presencia e testemunha as atividades de
Seu amigo. Embora sejam amigos, a Super alma é autossuficiente e, portanto,
ocupa a posição de absoluto predominador. O pássaro da alma individual, por sua
vez, é subordinada e dependente. É somente porque dá as costas para a Superalma
que a alma individual se vê forçada pela natureza a mudar-se de um corpo para
outro, ou de uma “árvore” para outra. Enquanto se mantém na árvore do corpo
material, aluta empreendida pela alma individual é extremamente árdua. Mas,
através do êxito no processo do Yoga, basta que ela busque a conexão com a Super alma.
Feito isso com sucesso e, aceitando-A como seu mestre, o pássaro subordinado deverá
passe a acatar voluntariamente Suas instruções para que, assim, se liberte de
todos os problemas e lamentações. Por serem eternas e atômicas, as almas têm a
tendência de se afastar da associação do Senhor, assim como as centelhas do
fogo tendem a se apagar quando se distanciam dele. A INDIVIDUALIDADE É ETERNA. Segundo
os ensinamentos transmitidos por Krishna a Arjuna, mesmo após livrar-se da
ilusão, o ser vivo mantém sua individualidade. O melhor exemplo disso é o
próprio guerreiro Arjuna que nunca se tornou uno com Krishna, mesmo tendo
alcançado a perfeição: “Para a alma, em tempo algum existe nascimento ou morte.
Ela não passou a existir, não passa a existir e nem passará a existir. Ela é
não nascida, eterna, sempiterna e primordial. Ela não morre quando o corpo
morre”. DIFERENTEMENTE DA ALMA IMUTÁVEL, O CORPO ESTÁ EM CONSTANTE
TRANSFORMAÇÃO. O corpo está sujeito a seis tipos de transformações. Ele nasce
do ventre do corpo da mãe, permanece por algum tempo, cresce, produz alguns
efeitos, definha gradualmente, e acaba caindo no esquecimento. A alma,
entretanto, não passa por essas mudanças. A alma não nasce, nem morre. O fato
dela aceitar um corpo material é o responsável por criar condições para que
este se desenvolva. Tudo o que nasce também morre. E porque não tem nascimento,
a alma, portanto, não tem passado, presente ou futuro. Ela é eterna, sempiterna
e primordial; isto é, não há na história indício de quando foi que ela veio a
existir. Ao contrário do corpo, a alma jamais fica velha. É por isso que os
assim chamados anciãos sentem que existem com o mesmo alento de sua infância ou
juventude. As mudanças do corpo não afetam a alma. A alma não se deteriora como
uma árvore ou alguma entidade material. Tampouco tem a alma algum subproduto.
Os subprodutos do corpo, a saber, os filhos, são também almas individuais
diferentes, que, devido ao corpo, aparecem como filhos de um homem em
particular. O corpo se desenvolve devido à presença da alma, mas a alma não tem
ramificações nem sofre mudanças. Portanto, a alma está livre das seis mudanças
corpóreas mencionadas, a saber: nascimento, permanência temporária,
crescimento, produção de alguns subprodutos, definhamento e queda. Segundo a
sabedoria dos Vedas, encontramos consciência em todos os corpos – seja homem ou
animal – e assim podemos entender a presença da alma em todos eles. Essa
consciência da alma é, porém, limitada e, portanto, é diferente da consciência
do Supremo que conhece tudo – passado, presente e futuro. Como a alma
individual tende a esquecer-se da sua situação espiritual, a cada nascimento
ela precisa obter internamente instrução da Superalma, a qual nunca sofre a
influência do tempo e, portanto, não se esquece de nada. A perfeição do Yoga; a
saber, o Samadhi, é, portanto, a fase em que a alma purificada e iluminada
estabelece sua relação interna e amorosa com o Absoluto, o que é chamado
de prema-bhakti. www.chandramukhaswami.com.br.
Abraço. Davi
Nenhum comentário:
Postar um comentário