Judaísmo. www.morasha.com.br. Texto
de Maimônides (1138-1204). OS TREZE PRINCÍPIOS DA FÉ JUDAICA. São uma das declarações mais claras e concisas
da crença judaica. São, de fato, sua pedra fundamental. Maimônides foi o maior
codificador e filósofo na História Judaica. Também conhecido como Rambam
(Rabenu Moshe ben Maimon), Maimônides estudou a totalidade da literatura judaica
sagrada e codificou os princípios do judaísmo. O Povo Judeu aceitou esses
princípios como a crença clara e inequívoca do judaísmo. Nosso propósito
aqui é apresentar e discutir brevemente cada um dos Treze Princípios de Fé de
Maimônides. Esses treze enunciados são a essência da crença judaica. Ao
estudá-los, aprendemos sobre o que torna único o judaísmo: aquilo no que nós,
judeus, cremos; por que cremos no que cremos; e porque não é possível para o
Povo Judeu adotar as crenças e práticas de outras religiões. Os Treze
Princípios de Fé Judaica. Primeiro Princípio: Creio com plena fé que
D’us é o Criador de todas as criaturas e as dirige. Só Ele fez, faz e fará
tudo”. O Primeiro Princípio de Maimônides é a crença na existência de D’us.
Este é o princípio fundamental do judaísmo, o pilar de todos os demais. O
judaísmo se inicia e termina em D’us. Como escreve Maimônides: “A
base fundamental e pilar da sabedoria é a compreensão de que há um Ser inicial
que fez todo o restante existir”. Tudo o mais nos Céus e na terra apenas existe
como resultado da realidade de Sua existência (Yad, Yesodey HaTorah 1:1).
Segundo o judaísmo, D’us é a origem, essência e vida de tudo. D’us não é apenas
um conceito religioso, mas a Realidade Absoluta. O judaísmo ensina que somente
D’us é real, e a existência de tudo é tênue e condicionada à Vontade d’Ele.
Muitas pessoas têm certeza de sua própria existência, mas questionam a
existência Divina. O judaísmo nos ensina que a existência Divina é certa e
absoluta, ao passo que a de todo o restante é questionável. Ademais, o judaísmo
afirma que D’us é completamente independente de toda a Sua criação, ao passo
que tudo o que existe é completa e incessantemente dependente d’Ele. Isto
significa que D’us não apenas criou tudo o que existe, mas Ele também o mantém,
constantemente. Nos livros sagrados judaicos encontramos com frequência
que um dos nomes de D’us é HaMakom – “O Lugar”. A razão
para essa denominação, segundo o Midrash, é que “D’us é o lugar do
mundo, mas o mundo não é o lugar de D’us”. Isso significa que o mundo existe
dentro de D’us, e não que há um D’us nos reinos espirituais e um universo
físico que existe fora d’Ele. A Cabalá ensina que o maior milagre de todos,
possibilitado por um D’us onipotente, é que um mundo finito existe dentro de um
Ser Infinito sem se tornar inexistente pela infinitude. O mandamento de
acreditar em D’us é o primeiro dos Dez Mandamentos: “Eu sou o Eterno, teu
D’us…”. Segundo Princípio: “Creio com plena fé que o Criador é Único.
Não há unicidade igual à d’Ele. Só ele é nosso D’us; Ele sempre existiu, existe
e existirá”. A proclamação fundamental da fé judaica, que os judeus devem recitar
diariamente, duas vezes ao dia, é o Shemá Israel, “Escuta, Israel!
O Eterno é nosso D’us, o Eterno é um só!” (Deuteronômio, 6:4). Ao recitar
o Shemá, afirmamos nossa fé em D’us e proclamamos Sua unicidade. A
unicidade Divina é um princípio central do judaísmo. A existência e a
unidade de D’us andam lado a lado. O judeu que não crê na unidade absoluta de
D’us, na verdade não crê em D’us, ou melhor, crê em um deus que não existe. A
unicidade de D’us é um tema complexo, muito além do escopo deste trabalho; mas
é essencial observar o seguinte. Crer na unidade Divina significa não atribuir
poder a nada ou ninguém a não ser a D’us. Ele é o único Mestre do Universo. Não
podemos sequer atribuir poder independente a anjos, muito menos a objetos
inanimados, tais como os corpos celestiais, ou a seres humanos. Muitas
religiões creem em D’us, mas também em outras forças independentes no universo,
ou possuem um conceito diferente da unidade Divina. Cada nação tem seu próprio
caminho para chegar a D’us e sua própria maneira de se relacionar com Ele.
Contudo, como D’us Se revelou a todo o Povo Judeu no Monte Sinai e lhes deu a
Sua Torá, Ele exige do Povo Judeu que acredite em Sua unicidade absoluta e
incomparável. O judaísmo ensina que a unidade de D’us não é como a de uma
espécie, que engloba muitos indivíduos. Para um judeu atribuir a D’us qualquer
tipo de divisão – mesmo entre as Sefirot – é pura idolatria. E
este é um dos poucos pecados que um judeu não pode cometer nem ao custo de sua
própria vida. A unicidade de D’us significa que Ele é uno, singular e
indivisível. Significa que Ele é a única Realidade e fonte de poder no mundo.
Nada se compara a Ele, nem o anjo mais elevado nem o mais santo entre os
humanos. Um judeu que questiona a unidade Divina viola o segundo dos Dez
Mandamentos: “Não terás outros deuses diante de Mim” (Êxodo, 20:3). Terceiro
Princípio: “Creio com plena fé que o Criador não possui um corpo. Conceitos
físicos não se aplicam a Ele. Não há nada que se assemelhe a Ele”. O
Terceiro Princípio é que D’us não é físico, não tem corpo. Como D’us é
infinito, os conceitos de fisicalidade não se aplicam a Ele, em hipótese
alguma, pois tudo o que é físico é, por definição, finito. O universo, por
exemplo, em sua imensidão, é finito. O conceito de infinitude, portanto, apenas
se aplica a D’us. É importante observar que a Torá fala, com frequência, de
D’us como se Ele tivesse atributos físicos (como “os olhos de D’us”) e como se
Ele tivesse reações humanas (D’us “se recorda”, ou “se zanga”). Quando se
refere a D’us, a Torá emprega metáforas para que até mesmo uma criança possa
relacionar-se com seus ensinamentos. Se, em vez de dizer, “D’us se zangou”, a
Torá dissesse que “o Atributo de Guevurá Divina foi
despertado”, muitos de nós não entenderíamos o que a Torá estava a nos
transmitir. Podemos perguntar, “Se D’us é Onipotente, o que o
impede de assumir forma física ou humana?” Na verdade, o princípio de que
a fisicalidade não se aplica a D’us parece desafiar o conceito de que D’us é
onipotente. Diante de tais paradoxos, devemos ter em mente que, pelo fato de
D’us estar acima de quaisquer limitações, não podemos empregar a lógica humana
para O entender. Isso não significa que a crença em D’us é ilógica.
Significa que como um ser finito não pode entender o Infinito, tudo o que
podemos conhecer acerca de D’us é o que Ele nos fez conhecer através de
Sua Torá. Quanto a questionar se D’us pode assumir forma física ou
humana, isso não é nada diferente do que perguntar se D’us pode cometer
suicídio ou criar uma divindade mais forte do que Ele ou mesmo uma pedra que
Ele mesmo não consiga levantar. Esses paradoxos não se aplicam a um Ser
Onipotente e, de fato, são insolúveis e intermináveis. Considerem o seguinte:
como D’us é Onipotente, Ele pode, sim, criar uma pedra que Ele Próprio não
consiga levantar, mas, como Ele é Onipotente, após ter criado essa tal pedra,
ele consegue levantá-la. A mente humana, finita e falível, conhece apenas uma
parte infinitesimal acerca do universo finito em que habitamos. Muito menos é o
que sabemos sobre D’us. O pouco que sabemos é o que D’us nos revelou através de
Sua Torá. Na Torá, Ele nos diz que Ele não muda. Isso é fácil de entender: como
D’us é atemporal, e a mudança é uma função do tempo, o conceito de mudança não
se aplica a D’us. Portanto, Ele, por definição, não faz nada que possa causar
uma mudança em Si mesmo. Sua infinitude, Sua onipotência, Sua unicidade, Sua
eternidade e Sua não-fisicalidade, entre todos os Seus demais atributos, são
atemporais e, portanto, eternos e imutáveis. Quarto Princípio: “Creio
com plena fé que o Criador é o primeiro e o último”. O Quarto Princípio envolve
a eternidade absoluta de D’us. Nada mais compartilha Sua qualidade Eterna. A Torá
discute esse ponto repetidamente. No Terceiro Princípio acima, vimos que D’us é
um Ser atemporal: os conceitos de tempo não se aplicam a Ele. Ele é o primeiro
e o último, no sentido de que como Ele está além do tempo, os conceitos de
antes, durante e depois não se aplicam a Ele. Ele não teve começo e não tem
fim. Muitas pessoas perguntam: “D’us criou tudo, mas quem O criou?”. A
resposta, obviamente, é: ninguém. A criação implica em um início, que é uma
função de tempo. E D’us é atemporal, eterno: Ele sempre existiu e sempre
existirá. Portanto, D’us não teve origem nem criador. O universo, no entanto,
teve um início, e sua origem é D’us. A Teoria da Relatividade nos ensina que o
espaço e o tempo são atributos da matéria. Isso significa que quando D’us criou
um universo físico, Ele também criou o espaço e o tempo. Como D’us precede a
Sua criação, os conceitos de matéria, espaço e tempo não se aplicam a Ele, de
forma alguma. Muitos perguntam: “Quanto tempo D’us esperou antes de criar
o universo?”. A resposta, novamente, é que antes da criação do universo, o
conceito de tempo não existia. Não se pode falar de tempo antes da
Criação. D’us criou tudo o que existe, inclusive o conceito de tempo, e
continua a manter toda a Criação, incessantemente. Quinto Princípio: “Creio
com plena fé ser adequado orar somente ao Criador. Não se deve rezar para
ninguém ou nada mais”. O Quinto Princípio nos ensina que é absolutamente
proibido orar a qualquer outro que não seja D’us. Para o judeu, é pura
idolatria orar até mesmo aos mais elevados anjos Divinos. Como D’us é a
Realidade Absoluta – pois Ele é uno, ilimitado e Eterno – não há lugar para
qualquer outro poder independente no universo. Como D’us é Infinito, está em
toda parte e prontamente acessível a qualquer um. Por ser a única Realidade no
universo, não apenas seria profano, mas também ilógico orar a qualquer outro
que não Ele. O judaísmo proíbe totalmente que haja um intermediário entre um
judeu e D’us. Podemos pedir que alguém nos abençoe e mesmo que ore por nós, mas
não oramos a nenhum intermediário – nem a um anjo, nem a outro ser humano,
independentemente de quão santificado possa ser. Podemos pedir a outros que
orem por nós, mas isso também não nos isenta de nossa obrigação diária de orar
a D’us. Sexto Princípio: “Creio com plena fé que todas as palavras dos
profetas são autênticas”. O Sexto Princípio refere-se à profecia. A profecia é
um elemento necessário da religião, porque para que D’us Infinito e o homem
finito tenham um relacionamento significativo, há que haver alguma forma de
comunicação entre os mesmos. O homem não pode viver de acordo com a Vontade
Divina a menos que D’us a revele a ele. A função do profeta é transmitir as
mensagens Divinas, seja ao indivíduo seja às nações. É importante observar que
uma pessoa que realiza milagres ou prevê com precisão o futuro não é,
necessariamente, um profeta. Os feiticeiros do Faraó também conseguiam realizar
milagres – fazer a água virar sangue, entre outros – e, com certeza, não eram
profetas de D’us. Um verdadeiro profeta judeu não é simplesmente alguém que
consegue realizar milagres – mas um servo de D’us, totalmente devotado à Torá e
a seus mandamentos. A função de um profeta judeu é fortalecer a fé do povo no
Todo Poderoso e em Sua Torá. Se alguém alegando ser profeta se opõe à Torá de
qualquer maneira que seja, ele é um falso profeta, não importa quantos milagres
consiga realizar. Sétimo Princípio: “Creio com plena fé que a profecia
de Moshé Rabenu é verdadeira. Ele foi o mais importante de todos os profetas,
antes e depois dele”. Diferentemente das demais religiões, o judaísmo não
atribui poder divino algum a seus fundadores, profetas e líderes. A Torá ensina
que Moshé, o maior de todos os profetas, era um simples ser humano, nascido de
pais humanos como qualquer um de nós. Ele era o mais humilde dos homens e
chegou ao mais elevado nível espiritual que um ser humano pode atingir. Ele
soube compreender a Divindade em um grau que superou qualquer ser que existiu. Diferentemente
dos demais profetas, antes e depois dele, Moshé falou com D’us “face a face”,
como amigos que conversam entre si. Ele foi, portanto, o canal usado por D’us
para transmitir Sua Torá ao Povo Judeu. Moshé apenas repetiu o que D’us lhe
disse, e, portanto, qualquer profeta que contradissesse suas palavras, estaria
contradizendo as palavras do Altíssimo. É fundamental observar, como ensina
Maimônides, que o Povo Judeu não acredita em Moshé por causa dos milagres que
realizou. Milagres não comprovam nada: feiticeiros e idólatras também conseguem
realizar atos sobrenaturais. Acreditamos em Moshé não por causa das 10
Pragas e da Divisão do Mar, mas pelo ocorrido no Monte Sinai. A Revelação
Divina no Sinai é a única prova real de que a profecia de Moshé foi verdadeira.
A Torá ensina que D’us disse a Moshé: “Eis que Eu venho a ti, na espessura da
nuvem, para que o povo ouça enquanto Eu falo contigo, e também em ti crerão
para sempre” (Êxodo, 19:9). Milhões de judeus testemunharam essa Revelação
Divina, que finalmente consolidou a alegação de Moshé de que ele era emissário
de D’us. Como ele foi o maior de todos os profetas – nem mesmo o Mashiach será
um profeta de seu calibre – não aceitamos que qualquer pessoa que alegue ser
profeta tente refutar sua profecia. Não o aceitaríamos, independentemente de
quão grandes fossem seus milagres. Como cremos em Moshé devido à Revelação
Divina no Sinai, e não devido aos milagres que realizou, os milagres realizados
por outra pessoa não têm precedência sobre a Torá, em hipótese alguma. Oitavo
Princípio: “Creio com plena fé que toda a Torá que se encontra em nosso
poder foi dada a Moshé Rabenu”. O Oitavo Princípio significa que a Torá que nos
foi entregue por Moshé foi originada por D’us. A Torá é a “Palavra de D’us”,
não de Moshé. D’us transmitiu a Torá a Moshé, letra por letra, e ele meramente
as escreveu como um secretário que ouve um ditado. Ele foi o “secretário” de
D’us. Segundo o judaísmo, a Torá é a Sabedoria Divina. Como seu Autor é
perfeito e eterno, assim é a Torá. Se um ser humano tivesse escrito a Torá, até
alguém tão sagrado quanto Moshé, estaria sujeita a correções e mudanças. Como
foi escrita por D’us, é imutável. É por isto que, segundo a Lei Judaica, um
pergaminho de Torá não pode conter erro algum: se apenas uma única letra
estiver faltando ou incorreta, todo o Sefer Torá fica
invalidado. Cada letra, palavra ou versículo da Torá são igualmente sagrados. O
judeu que diz que D’us deu a Torá toda à exceção de uma única palavra, que foi
composta por Moshé e não por D’us, é um cético da pior espécie. Cada mandamento
dado a Moshé no Monte Sinai foi entregue juntamente com uma explicação. Pois
está escrito: (Sobe a Mim, ao monte…); e dar-te-ei as tábuas de pedra, a Torá e
instruções” (Êxodo, 24:12). “Torá” refere-se à Torá Escrita, enquanto
“instruções” são sua interpretação. A Torá Escrita não pode ser entendida sem
sua interpretação. Essa interpretação é o que chamamos de Torá Oral. Nono
Princípio: “Creio com plena fé que esta Torá não será alterada, e que
nunca haverá outra dada pelo Criador”. O Nono Princípio é o que verdadeiramente
diferencia o judaísmo de todas as demais religiões. Esse princípio ensina que a
Torá é permanente e imutável. Por esta razão os judeus não se podem converter a
nenhuma outra religião – porque o judaísmo não aceita que se mude a Torá –
Escrita e Oral – de forma alguma. D’us nos diz em Sua Torá: … “Não
acrescentareis nem subtraireis nada disso” (Deuteronômio, 13:1). A Torá tem 613
mandamentos. Nenhum ser humano, nem mesmo um grande profeta pode agregar,
subtrair ou mudar qualquer um deles. Todas as leis rabínicas instituídas por
nossos Sábios têm que ser uma ramificação de um desses 613 mandamentos –
não um novo mandamento em si mesmo. A Torá e seus mandamentos são a
Constituição do Povo Judeu. Nossos sábios e juízes podem interpretar a Lei e
reforçá-la. Contudo, não podem adulterá-la. Por exemplo, ninguém – nem um
rabino nem mesmo um profeta – pode decretar que as leis de cashrut não
mais se aplicam ou então mudar o dia em que guardamos o Shabat. É
permissível decretar leis rabínicas para fortalecer as leis bíblicas, mas está
além do poder de qualquer ser humano modificar lei alguma da Torá. D’us deu a
Torá apenas ao Povo Judeu. Outras religiões adaptaram-na ou a modificaram. Isso
pode ser aceitável para eles, mas certamente não para o Povo Judeu.
Alguém que alega ser profeta e tente mudar um pingo da Torá para o Povo Judeu,
é um falso profeta. O mesmo se aplica se essa pessoa tentasse ensinar que os
mandamentos dados ao Povo de Israel são temporários, e não perpétuos. A Torá –
Sabedoria e Vontade de D’us – é inalterável e intocável. Tentar encontrar
falhas nela – mudá-la de alguma forma – é buscar falhas em seu Autor. Assim
como D’us é Eterno e Imutável, também o é a Torá. As circunstâncias que
determinam as leis da Torá podem mudar – por exemplo, na ausência do Templo
Sagrado, somos incapazes de cumprir muitos dos mandamentos da Torá. Da mesma
forma, durante a Era Messiânica – uma era de paz e prosperidade universal –
muitas das leis da Torá, tais como as relativas ao roubo e homicídio, deixarão
de ser válidas. Mas isso não significa que a Torá mudará, e sim, que algumas de
suas leis não mais serão aplicáveis. Há uma declaração no Livro de Isaías sobre
a entrega de uma nova Torá, no futuro. Isso significa que na Era Messiânica,
nossa compreensão da Torá será tão mais profunda do que é hoje – já que a
Sabedoria Divina cobrirá a Terra – que aparentará ser uma nova Torá. No
entanto, será a mesma Torá, porque, apesar de ter mudado o mundo, D’us e Sua
Sabedoria não mudarão. Décimo Princípio:
“Creio com plena fé que o Criador conhece todos os atos e pensamentos do ser humano. Como está escrito (Salmos, 33:15), “Ele analisa os corações de todos e perscruta todas as suas obras”. O Décimo Princípio diz que D’us é Onisciente: Ele sabe tudo o que ocorre no universo e tudo o que os homens fazem. Esse princípio nega a opinião daqueles que alegam que... “O Eterno abandonou o Seu mundo…” (Ezequiel 9:9). Esse princípio é fundamental não apenas para o judaísmo, mas para qualquer religião, pois um D’us que não é onisciente não é D’us. Não conhecer todos os atos e pensamentos humanos implica em falibilidade e limitações, e D’us é infalível e ilimitado. Para poder julgar o homem com justiça, D’us precisa conhecer seus pensamentos, palavras e atos. Décimo-primeiro Princípio:
“Creio com plena fé que o Criador recompensa aqueles que cumprem Seus preceitos e pune quem desobedecem”. O Décimo-primeiro Princípio nos ensina que D’us não é apenas o Criador do Universo e seu Legislador, mas também seu Juiz. O judaísmo rejeita, com veemência, o conceito do Deísmo – de que D’us criou o mundo e depoos is o abandonou. Sabemos perfeitamente que a justiça humana falha – vemos pessoas justas sofrerem e pessoas más prosperarem – mas o judaísmo nos ensina que, no fim das contas, nesta vida ou na outra, D’us aplica a justiça. É importante notar que como D’us é infinito e eterno, atemporal, também o são Suas recompensas e punições. A maior recompensa Divina possível é o Mundo Vindouro, ao passo que o maior castigo possível é ser banido do mesmo. Portanto, D’us pode recompensar alguém com júbilo infinito ou sofrimento. Aqueles que perpetram a maldade neste mundo devem saber que, um dia, D’us os responsabilizará por seus atos e os punirá, de acordo. É importante que não interpretemos o conceito de recompensa e castigo do judaísmo de maneira infantil. Recompensa é a consequência direta de se ligar à Origem de Toda a Vida, ao passo que a punição é o sofrimento que se segue ao distanciamento da pessoa de D’us. Cada vez que um ser humano realiza um ato de bondade, de nobreza ou de santidade, ele fortalece sua conexão com D’us. Por outro lado, cada vez que ele comete uma ação reprovável ou viola a Vontade Divina, ele enfraquece essa conexão. O propósito dos mandamentos da Torá é fortalecer nosso vínculo com D’us. Décimo-segundo Princípio: “Creio com plena fé na vinda de Mashiach. Mesmo que demore, esperarei por sua vinda a cada dia”. A crença na vinda do Mashiach é um dos princípios fundamentais do judaísmo. Infelizmente, esse conceito criou muitas divisões e disputas entre indivíduos, nações e religiões. Cada pessoa e cada grupo religioso têm direito a ter suas próprias opiniões, inclusive sobre a identidade do Messias, sobre quando ele virá e sobre o que ocorrerá na Era Messiânica. No entanto, é importante observar o seguinte: o judaísmo apresentou ao mundo o conceito do Mashiach. Portanto, se buscamos conhecer objetivamente o assunto, temos que procurar em sua fonte original. Segundo o judaísmo, para que um homem seja o Messias, é necessário que preencha as seguintes condições: seus pais precisam ter sido judeus e ele precisa ser descendente da Casa de David. Portanto, o Messias e todos os seus antepassados paternos têm que pertencer à tribo de Yehudá. Um Cohen ou Levi, por exemplo, não pode ser o Messias. O Mashiach será um grande líder e um profeta, um Tzadik e um Sábio que irá seguir meticulosamente a Torá Escrita e a Torá Oral. Ele irá liderar todos os judeus de volta ao caminho do judaísmo e fortalecerá o cumprimento de suas leis. Além de possuir tais qualidades, há certas coisas que o Messias precisa fazer para comprovar ser quem é. Precisa construir o Templo Sagrado de Jerusalém e reunir todos os judeus que vivem na Diáspora e levá-los à Terra de Israel. Ele, então trará uma era de paz para todo o mundo. Liderará este mundo à sua perfeição e levará todos os seres humanos – judeus ou não – a servirem a D’us em unidade. Na Era Messiânica, não haverá idolatria, roubo nem injustiça. Não haverá guerras nem fome. A inveja e a competição deixarão de existir, pois todas as coisas boas abundarão e todos os tipos de delícias serão comuns como o pó da terra. A principal ocupação da humanidade será conhecer D’us. Nas palavras do profeta Isaías: “… porque a Terra estará repleta do conhecimento do Eterno, como as águas cobrem o mar” (Isaías, 11:9). Décimo-terceiro Princípio: “Creio com plena fé na Ressurreição dos Mortos que ocorrerá quando for do agrado do Criador”. O Décimo-terceiro Princípio envolve a ressurreição dos mortos. A importância desse conceito é nos ensinar que na Era Messiânica D’us aperfeiçoará o mundo, mesmo retroativamente. Além de ninguém morrer, mesmo os já falecidos voltarão à vida. A ressurreição dos mortos é um dos fundamentos do judaísmo. O Décimo-terceiro Princípio nos ensina que apesar do histórico de guerras e sofrimento do mundo, tudo terminará com um final feliz. D’us recompensará os justos do mundo, judeus ou não, com uma recompensa eterna. Conclusão. Neste trabalho, explicamos muito brevemente os Treze Princípios de Fé de Maimônides. Eles constituem os pilares do judaísmo. Antes de concluir, temos de fazer a seguinte observação. O judaísmo pertence exclusivamente ao Povo Judeu. Os Treze Princípios de Fé de Maimônides, portanto, apenas têm relevância para os judeus. Outras religiões têm seus próprios profetas, livros sagrados e ideias sobre D’us. O judaísmo ensina que não é necessário ser judeu para conseguir ligar-se a D’us, receber a recompensa Divina e ter um lugar no Mundo Vindouro. Basta ser uma pessoa justa e viver uma vida de integridade, justiça e bondade. D’us tem muitos filhos, e Ele tem diferentes expectativas de Seus filhos. O cristianismo é o caminho certo para os cristãos, o Islã é o caminho certo para os muçulmanos e o judaísmo é o único caminho para os judeus. É fundamental para todos os judeus entenderem e praticarem o judaísmo. Os Treze Princípios de Fé de Maimônides resumem a sua essência: aquilo em que nós, judeus, cremos, e por que o Povo Judeu deve permanecer fiel, para sempre, à Torá e a seus mandamentos. www.morasha.com.br. Abraço. Davi.
“Creio com plena fé que o Criador conhece todos os atos e pensamentos do ser humano. Como está escrito (Salmos, 33:15), “Ele analisa os corações de todos e perscruta todas as suas obras”. O Décimo Princípio diz que D’us é Onisciente: Ele sabe tudo o que ocorre no universo e tudo o que os homens fazem. Esse princípio nega a opinião daqueles que alegam que... “O Eterno abandonou o Seu mundo…” (Ezequiel 9:9). Esse princípio é fundamental não apenas para o judaísmo, mas para qualquer religião, pois um D’us que não é onisciente não é D’us. Não conhecer todos os atos e pensamentos humanos implica em falibilidade e limitações, e D’us é infalível e ilimitado. Para poder julgar o homem com justiça, D’us precisa conhecer seus pensamentos, palavras e atos. Décimo-primeiro Princípio:
“Creio com plena fé que o Criador recompensa aqueles que cumprem Seus preceitos e pune quem desobedecem”. O Décimo-primeiro Princípio nos ensina que D’us não é apenas o Criador do Universo e seu Legislador, mas também seu Juiz. O judaísmo rejeita, com veemência, o conceito do Deísmo – de que D’us criou o mundo e depoos is o abandonou. Sabemos perfeitamente que a justiça humana falha – vemos pessoas justas sofrerem e pessoas más prosperarem – mas o judaísmo nos ensina que, no fim das contas, nesta vida ou na outra, D’us aplica a justiça. É importante notar que como D’us é infinito e eterno, atemporal, também o são Suas recompensas e punições. A maior recompensa Divina possível é o Mundo Vindouro, ao passo que o maior castigo possível é ser banido do mesmo. Portanto, D’us pode recompensar alguém com júbilo infinito ou sofrimento. Aqueles que perpetram a maldade neste mundo devem saber que, um dia, D’us os responsabilizará por seus atos e os punirá, de acordo. É importante que não interpretemos o conceito de recompensa e castigo do judaísmo de maneira infantil. Recompensa é a consequência direta de se ligar à Origem de Toda a Vida, ao passo que a punição é o sofrimento que se segue ao distanciamento da pessoa de D’us. Cada vez que um ser humano realiza um ato de bondade, de nobreza ou de santidade, ele fortalece sua conexão com D’us. Por outro lado, cada vez que ele comete uma ação reprovável ou viola a Vontade Divina, ele enfraquece essa conexão. O propósito dos mandamentos da Torá é fortalecer nosso vínculo com D’us. Décimo-segundo Princípio: “Creio com plena fé na vinda de Mashiach. Mesmo que demore, esperarei por sua vinda a cada dia”. A crença na vinda do Mashiach é um dos princípios fundamentais do judaísmo. Infelizmente, esse conceito criou muitas divisões e disputas entre indivíduos, nações e religiões. Cada pessoa e cada grupo religioso têm direito a ter suas próprias opiniões, inclusive sobre a identidade do Messias, sobre quando ele virá e sobre o que ocorrerá na Era Messiânica. No entanto, é importante observar o seguinte: o judaísmo apresentou ao mundo o conceito do Mashiach. Portanto, se buscamos conhecer objetivamente o assunto, temos que procurar em sua fonte original. Segundo o judaísmo, para que um homem seja o Messias, é necessário que preencha as seguintes condições: seus pais precisam ter sido judeus e ele precisa ser descendente da Casa de David. Portanto, o Messias e todos os seus antepassados paternos têm que pertencer à tribo de Yehudá. Um Cohen ou Levi, por exemplo, não pode ser o Messias. O Mashiach será um grande líder e um profeta, um Tzadik e um Sábio que irá seguir meticulosamente a Torá Escrita e a Torá Oral. Ele irá liderar todos os judeus de volta ao caminho do judaísmo e fortalecerá o cumprimento de suas leis. Além de possuir tais qualidades, há certas coisas que o Messias precisa fazer para comprovar ser quem é. Precisa construir o Templo Sagrado de Jerusalém e reunir todos os judeus que vivem na Diáspora e levá-los à Terra de Israel. Ele, então trará uma era de paz para todo o mundo. Liderará este mundo à sua perfeição e levará todos os seres humanos – judeus ou não – a servirem a D’us em unidade. Na Era Messiânica, não haverá idolatria, roubo nem injustiça. Não haverá guerras nem fome. A inveja e a competição deixarão de existir, pois todas as coisas boas abundarão e todos os tipos de delícias serão comuns como o pó da terra. A principal ocupação da humanidade será conhecer D’us. Nas palavras do profeta Isaías: “… porque a Terra estará repleta do conhecimento do Eterno, como as águas cobrem o mar” (Isaías, 11:9). Décimo-terceiro Princípio: “Creio com plena fé na Ressurreição dos Mortos que ocorrerá quando for do agrado do Criador”. O Décimo-terceiro Princípio envolve a ressurreição dos mortos. A importância desse conceito é nos ensinar que na Era Messiânica D’us aperfeiçoará o mundo, mesmo retroativamente. Além de ninguém morrer, mesmo os já falecidos voltarão à vida. A ressurreição dos mortos é um dos fundamentos do judaísmo. O Décimo-terceiro Princípio nos ensina que apesar do histórico de guerras e sofrimento do mundo, tudo terminará com um final feliz. D’us recompensará os justos do mundo, judeus ou não, com uma recompensa eterna. Conclusão. Neste trabalho, explicamos muito brevemente os Treze Princípios de Fé de Maimônides. Eles constituem os pilares do judaísmo. Antes de concluir, temos de fazer a seguinte observação. O judaísmo pertence exclusivamente ao Povo Judeu. Os Treze Princípios de Fé de Maimônides, portanto, apenas têm relevância para os judeus. Outras religiões têm seus próprios profetas, livros sagrados e ideias sobre D’us. O judaísmo ensina que não é necessário ser judeu para conseguir ligar-se a D’us, receber a recompensa Divina e ter um lugar no Mundo Vindouro. Basta ser uma pessoa justa e viver uma vida de integridade, justiça e bondade. D’us tem muitos filhos, e Ele tem diferentes expectativas de Seus filhos. O cristianismo é o caminho certo para os cristãos, o Islã é o caminho certo para os muçulmanos e o judaísmo é o único caminho para os judeus. É fundamental para todos os judeus entenderem e praticarem o judaísmo. Os Treze Princípios de Fé de Maimônides resumem a sua essência: aquilo em que nós, judeus, cremos, e por que o Povo Judeu deve permanecer fiel, para sempre, à Torá e a seus mandamentos. www.morasha.com.br. Abraço. Davi.
BIBLIOGRAFIA
Rabi Kaplan, Aryeh, Maimonides Principles: The Fundamentals of Jewish Faith, Mesorah Publications Ltd. Rabi Shneur Zalman M’Liadi, Shaar HaYichud VeHaemunah. Rabi Dr. Schochet, Jacob Immanuel, Judaism: Discourse - Questions and answers with Immanuel Schochet - www.youtube.com Rabi Dr. Schochet
Rabi Kaplan, Aryeh, Maimonides Principles: The Fundamentals of Jewish Faith, Mesorah Publications Ltd. Rabi Shneur Zalman M’Liadi, Shaar HaYichud VeHaemunah. Rabi Dr. Schochet, Jacob Immanuel, Judaism: Discourse - Questions and answers with Immanuel Schochet - www.youtube.com Rabi Dr. Schochet
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