Confucionismo.
www.https//rt.br. OS ANALECTOS – LIVRO IX.
1. As ocasiões em que o Mestre falava sobre lucro, Destino e benevolência eram
raras. 2. Um homem de um vilarejo em Ta Hsiang disse: “Grande é Confúcio (551
AC 479)! Ele acumulou muito conhecimento, mas não se sobressaiu pessoalmente em
campo nenhum”. O Mestre, ao ouvir isso, disse aos seus discípulos: “Em que
deveria eu tornar-me proficiente? Em dirigir? Ou no arco? Acho que preferiria
dirigir”. 3. O Mestre disse: “Os ritos prescrevem um boné cerimonial de linho.
Hoje, usamos seda preta no lugar. Isso é mais frugal, e eu sigo a maioria. Os
ritos prescrevem que a pessoa se prostre antes de subir os degraus. Hoje faz-se
isso após tê-los descido. Isso é casual, e, embora indo de encontro à maioria,
sigo a prática de prostrar-me antes de subir”. 4. Havia quatro coisas com as
quais o Mestre recusava ter qualquer relação: recusava-se a fazer conjecturas
[99] ou a ser dogmático; recusava-se a ser inflexível ou egocêntrico. 5. Quando
estava em estado de sítio em K’uang, o Mestre disse: “Com o rei Wen morto, a
civilização (wen) não depende agora de mim? Se o Céu quer que a civilização
seja destruída, aqueles que vierem depois de mim não terão qualquer coisa a ver
com ela. Se o Céu não quer que esta civilização seja destruída, então o que os
homens de K’uang podem fazer contra mim?”. 6. O t’ai tsai [100] perguntou a
Tzu-kung: “Com certeza o Mestre é um sábio, não é mesmo? De outra forma, por
que teria ele tantas habilidades?”. Tzu-kung disse: “É verdade, o Céu colocou-o
no caminho da sabedoria. Entretanto, ele tem vários outros talentos”. O Mestre,
ao ouvir isso, disse: “Como o t’ai tsai me conhece bem! Eu era de origem
humilde quando jovem. É por isso que tenho várias habilidades manuais. Mas
deveria um cavalheiro ter várias habilidades? Não, de modo algum”. 7. Lao [101]
disse: “O Mestre disse ‘Nunca recebi um cargo oficial. É por isso que sou um
faz-tudo’”. 8. O Mestre disse: “Possuo conhecimento? Não, não possuo. Um
camponês me fez uma pergunta, e minha mente ficou completamente vazia. Revirei
a pergunta por todos os lados até que consegui extrair tudo dela”. [102] 9. O
Mestre disse: “A fênix não aparece, tampouco o rio revela um mapa. [103] É o
meu fim”. 10. Quando o Mestre encontrava homens que estavam de luto ou de
chapéu e trajes cerimoniais, ou que eram cegos, ele punha-se de pé, mesmo que
fossem mais jovens do que ele, e, ao passar por eles, apressava o passo. [104]
11. Yen Yüan, suspirando, disse: “Quanto mais o observo, mais alto ele parece.
Quanto mais o pressiono, mais duro ele se torna. Vejo-o à minha frente. De
repente, está atrás de mim. “O Mestre é bom em conduzir alguém passo a passo.
Ele me estimula com a literatura e me traz de volta às coisas essenciais por
meio dos ritos. Eu não conseguiria desistir nem que quisesse, mas, uma vez que
dei o melhor que pude, ele [105] parece levantar-se acima de mim e não consigo
segui-lo, por mais que eu queira.” 12. O Mestre estava muito doente. Tzu-lu
disse a seus discípulos para servirem de empregados. [106] Quando sua saúde
melhorou, o Mestre disse: “Yu vem enganando há muito tempo. Ao fingir que eu
tinha empregados quando não os tinha, a quem ele estaria enganando? Estaríamos
enganando os céus? Além disso, não preferiria eu morrer nas mãos de vocês, meus
amigos, do que nas mãos de empregados? E, mesmo que não me fossem dados
funerais requintados, eu não morreria em negligência”. 13. Tzu-kung disse: “Se
tivesse um belo pedaço de jade, você o guardaria com cuidado em uma caixa ou
tentaria vendê-lo por um bom preço?”. O Mestre disse: “Claro que o venderia.
Claro que o venderia. Estou apenas esperando pela oferta certa”. 14. O Mestre
queria se estabelecer entre as nove tribos bárbaras do Leste. Alguém disse:
“Mas o senhor conseguiria suportar seus modos selvagens?”. O Mestre disse: “Uma
vez que um cavalheiro se estabelecesse entre eles, que selvageria ainda
existiria?”. 15. O Mestre disse: “Foi depois da minha volta de Wei para Lu que
a música voltou à ordem, com o ya e o sung [107] sendo designados para os
devidos lugares”. 16. O Mestre disse: “Servir a altos oficiais quando no
exterior e àqueles mais velhos que eu quando em casa; ao preparar funerais, não
poupar a mim mesmo e beber pouco – essas são as coisas comuns que não me causam
problema algum”. 17. Certa vez de pé, junto a um rio, o Mestre disse: “Tudo o
que passa é, talvez, como este rio. Dia e noite, ele nunca desacelera”. 18. O
Mestre disse: “Ainda estou para conhecer o homem que tenha tanta afeição pela
virtude quanto pela beleza feminina”. [108] 19. O Mestre disse: “É como fazer
um monte: se paro antes de encher a última cesta de terra, então não chegarei
ao fim. É como aterrar o chão: se sigo adiante apesar de ter nivelado apenas o
conteúdo de uma cesta de terra, então farei progressos”. 20. O Mestre disse:
“Se há alguém que consegue me ouvir com atenção incansável, trata-se de Hui,
suponho”. 21. O Mestre disse sobre Yen Yüan: “Vi-o progredir, mas não o vi dar
completa vazão ao seu potencial. Que pena!”. 22. O Mestre disse: “Há, não é
verdade?, plantas jovens que não conseguem produzir botões, e botões que não
conseguem produzir frutas?”. 23. O Mestre disse: “Deve-se admirar os jovens.
Como podemos ter certeza de que as gerações futuras não serão iguais à
presente? Creio que apenas quando um homem atinge a idade de quarenta ou
cinquenta anos sem se destacar de nenhuma maneira pode-se dizer que ele não
merece ser admirado”. 24. O Mestre disse: “Não se pode senão concordar com
palavras exemplares, mas o importante é retificar a si mesmo. Não se pode senão
ficar satisfeito com palavras elogiosas, mas o importante é reformar a si
próprio. Nada posso fazer com o homem que concorda com esses preceitos mas que
não retifica a si próprio, ou com o homem que fica lisonjeado mas que não
reforma a si próprio”. 25. O Mestre disse: “Fazer o melhor pelos outros e ser
coerente com o que diz: faça disso o seu princípio norteador. Não aceite como
amigo ninguém que não seja tão bom quanto você. Quando cometer um erro, não
tenha medo de corrigilo”. [109] 26. O Mestre disse: “Pode-se privar os Três
Exércitos do seu comandante, mas nem mesmo um homem comum pode ser privado do
seu livre-arbítrio”. 27. O Mestre disse: “Se há alguém que pode usar um gorro
surrado e remendado com velhos fios de seda e ainda assim conseguir permanecer
junto a um homem que veste pele de raposa ou de texugo sem se sentir
envergonhado, este é, creio, Yu. Nem invejoso nem ambicioso, Que pode ser ele,
senão Bom?”. [110] Portanto, Tzu-lu constantemente recitava esses versos. O
Mestre comentava: “O caminho resumido nesses versos dificilmente tornará alguém
bom”. 28. O Mestre disse: “Apenas quando chega o frio percebe-se que o pinheiro
e o cipreste são os últimos a perder as folhas”. 29. O Mestre disse: “O homem
sábio nunca fica indeciso; [111] o homem benevolente nunca fica aflito; [112] o
homem corajoso nunca tem medo”. [113] 30. O Mestre disse: “Um homem apropriado
para ser o parceiro de alguém nos estudos não é, necessariamente, apropriado
como o parceiro na busca pelo Caminho; um homem apropriado para ser um parceiro
na busca pelo Caminho não é, necessariamente, apropriado como alguém com quem
compartilhar um compromisso; um homem apropriado como alguém com quem
compartilhar um compromisso não necessariamente é apropriado como parceiro para
o exercício da excelência moral”. 31. As flores da cerejeira, Como ondulam no
ar! Não é que eu não pense em você, Mas sua casa fica longe demais. [114] O
Mestre comentou: “Ele não a amava de verdade. Se amasse, não existiria algo
como ‘longe demais’”. www.https//rt.br.
Abraço. Davi
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