Budismo Nitiren
Daishonin. www.maisbelashistoriasbudistas.com.brPor Daisaku Ikeda (1928- ). LIDANDO COM O ESTRESSE. Nós vivemos numa era cheia de
estresse. A sociedade humana em todos os lugares está mudando rapidamente e a
tendência para mudanças parece estar aumentando. As mudanças e incertezas são
sempre uma fonte de estresse. Paralelamente, a sociedade está se tornando
extremamente competitiva – e mesmo as crianças sentem necessidade de competir
por boas notas na escola. E, a medida que as sociedades se modificam, as
relações humanas que são fundamentais para sustentar as pessoas estão se
enfraquecendo. Um psicólogo americano classificou os eventos mais estressantes da vida.
Na escala mais alta estava a morte de um cônjuge, seguido de divórcio,
separação e prisão. Mesmo situações agradáveis podem ser fontes de estresse – o
casamento se situa como o sétimo evento mais estressante, posição situada entre
insulto ou doença e perda do emprego. O estresse também provoca doenças.
Alergias, desordens cutâneas, asma, úlceras e câncer são relacionadas ao
estresse, mostrando o íntimo laço existente entre o corpo e a mente. O estresse
é conhecido como a diminuição da resistência do corpo, tornando-nos vulneráveis
a uma série de problemas. Além disso, em certas ocasiões, a resposta do
indivíduo ao estresse, como a bebida ou o excesso de comida, podem ser tão
nocivos quanto o próprio estresse. Em geral, certas qualidades positivas
para uma pessoa – tal como um senso de responsabilidade ou desejo por perfeição
– podem realmente aumentar o estresse que o indivíduo irá enfrentar. Aqueles
que estão sempre preocupados com o que os outros pensam sobre a sua pessoa,
acabarão criando um enorme e desnecessário estresse em suas próprias vidas. O que é vital é ser
autêntico consigo mesmo, e não sempre se comparar com os outros ao seu redor.
Cada um de nós é uma estrela com sua própria história de vida e o melhor caminho
para viver é tomar as nossas próprias decisões e seguir nossas próprias
convicções. Cada um de nós, deve ser livre para ser si mesmo. As pessoas que
não conseguem expressar suas verdadeiras opiniões e sentimentos têm-se mostrado
extremamente vulneráveis ao estresse. A insegurança e ansiedade, ao invés
do mero ato de estar ocupado, são o que destrói a saúde física e mental. É dito
que uma máquina não quebra devido ao uso contínuo, mas pela constante fricção
que eventualmente a faz parar. Assim, a preocupação e o estresse são a
“fricção” da vida humana. Alguns anos atrás, eu me encontrei
com o Dr. Anthony Marsella (1961- ), da Universidade do Havaí. Ele propôs
algumas ideias para se lidar com o estresse dentre os quais se destaca: uma
vida diária bem regulada; pensar de modo positivo e construtivo; não protelar
coisas que precisam de sua atenção imediata; ter um tempo para orar, meditar ou
auto refletir; manter uma dieta apropriada; exercitar-se; dormir e manter-se em
comunicação com os membros da comunidade local. Esta última
observação me faz lembrar de um texto que li sobre a cidade de Roseto,
localizada no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, onde havia um baixo e
inusitado nível de doenças coronárias – comumente relacionadas com o estresse.
Roseto foi fundada por imigrantes italianos e a maioria da sua população era
generosa em suas refeições. A dieta dos seus habitantes consistia de uma grande
quantidade de alimentos gordurosos e carne; além disso, muitos eram fumantes.
Os pesquisadores tentaram descobrir a razão da população local se manter
saudável.Eles descobriram que a cidade era como uma grande e feliz família,
unidas por um espírito de auxílio mútuo e profunda relação interpessoal entre
os vizinhos. Havia inúmeras chances para as pessoas se comunicarem e desfrutar
da companhia dos amigos. Mas, o tempo passou e o laço de cada indivíduo com a
comunidade se enfraqueceu. Como resultado, embora a dieta permanecesse a mesma,
o nível de doenças coronárias gradualmente aumentou para a média norte-americana. Ter um bom amigo,
alguém na qual possamos falar sobre tudo, compartilhando todas as nossas
alegrias e tristezas com completa confiança e abertura, capacita-nos a obter um
equilíbrio interior. O bom humor e o riso são também importantes formas de
combater o estresse. Simples medidas como um sono relaxante, boa alimentação, banho quente ou
exercícios leves podem ajudar também. O segredo é utilizar o seu tempo de modo
sábio e encontrar maneiras de proporcionar a si mesmo uma mudança de rumo. Nós
todos devemos reservar um tempo diário para relaxar, ouvir uma música ou andar
despreocupadamente – em suma, qualquer atividade que combine conosco – mesmo
que seja por 10 ou 15 minutos. Quando estamos sofrendo uma situação
estressante, é fácil sentir pena de si mesmo, imaginando que não há ninguém
mais infeliz do que nós. As pessoas que passam por um profundo estresse e
ansiedade geralmente tendem a se isolar e ruminar sobre o seu próprio
sofrimento. Um médico disse-me que um dos métodos de tratamento é reunir um
grupo de pessoas com tais características e direcioná-los a dispender todas as
suas energias em pensamentos e ações que direcionem ao bem estar dos outros.
Aparentemente este tipo de terapia tem obtido bons resultados. De modo semelhante,
quando nós rompemos a barreira do isolamento e agimos de modo concreto em prol
de outros, podemos encontrar novas fontes de esperança e vitalidade dentro de
si. Assim, mesmo que pareça estranho, simplesmente relaxar e não fazer nada
pode não ser necessariamente o melhor caminho para se livrar do estresse.
Algumas vezes, achar algo novo e interessante, algo na qual possa direcionar
todas as suas energias, possa ser um modo mais efetivo para “curar” do
estresse. Felizmente, a vida é naturalmente comtemplada com a capacidade de converter
mesmo o negativo em algo positivo. Com relação ao estresse, a questão é se nós
somos habilitados a usá-lo como um vento benéfico que impulsionará nossas asas
a voar mais alto pelo céus, ou se permitidos a sermos soprados por ele. Cada um
de nós tem a capacidade de decidir sobre isto. Eu, de modo convicto, acredito
que assim como o budismo ensina, nossa vida em seu nível mais profundo é
moldada por nossa própria determinação pessoal, nossa condição mental. Um avião não poderá
voar sem a resistência do ar que o faz subir. Paralelamente, se nós não
tivermos nenhuma resistência em nossas vidas, nenhum problema ou desafio,
poderemos perder nosso foco e senso de direção. Assim, tudo depende se somos
capazes de usar o “vento” de modo positivo. Enquanto estivermos vivos, haverá
algum momentos de estresse em nossas vidas. O mais importante é aprendermos a
lidar com ele e usá-lo como um impulso para o nosso crescimento, para ampliar
os nossos horizontes e encontrar uma felicidade ainda maior.http://www.maisbelashistoriasbudistas.com.br.
Abraço. Davi.
Fonte: Mirror
Weekly, 27 de junho de 1998.
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