Hindu
“Então Ele se deu conta, e disse: Eu sou a criação, pois Eu a retirei de
mim mesmo. Desse modo Ele se tornou a sua criação.
Em verdade, aquele que conhece isso se torna, nessa criação, um criador”.
(Upanishads)
Em verdade, aquele que conhece isso se torna, nessa criação, um criador”.
(Upanishads)
Hinduísmo. www.mitologiacomentada.blogspot.com.br.
I HINDUÍSMO. O Hinduísmo não separa o conhecimento em compartimentos estanques.
A filosofia, a mitologia e a espiritualidade nessa tradição estão integradas. O
mito tem grande importância porque procura uma maneira de apreender a essência
das coisas e fatos. Por isso descreve não apenas uma realidade, mas a percepção
humana de eventos e experiências da realidade. As filosofias da Índia se
concentram na essência da verdade última e fundamental. Consideram o pensamento
lógico inadequado e insuficiente para captar e expressar essa verdade. A
espiritualidade é vivenciada naturalmente, e o sagrado está presente no
cotidiano experimentado pelos adeptos do hinduísmo. Sem dúvida o coração
espiritual do mundo pulsa e vibra nessa tradição milenar que apresenta uma
concepção unificadora do sentido da vida, e de estar vivo.
COSMOLOGIA E TEOGONIA
O MITO PRIMAL
No vazio, infinitas possibilidades navegavam entre o ser e o não ser.
Brahman, Aquele que se expande, e que não tem início nem fim, Aquele que é e
que está além do tempo e do espaço, e de toda compreensão e definição, decide
criar.
Da sua vontade a energia criadora Brahma desabrocha. Brahma, que estava
em estado latente, adormecido nos infinitos azuis, aguardava o momento de
entrar em ação. Ele desperta e tem inicio a criação e manifestação
dos universos, das galáxias e dos mundos.
Quando Brahma desperta, o “OM”, o “Pranava” o som da criação desloca a
energia da qual todas as coisas são manifestações. De seus olhos emana a luz
que revela e do som a forma do universo, as miríades de galáxias, e sistemas
estelares. Assim nasce o Dia de Brahma, que terá a duração de 311 trilhões de
anos.
Quando o universo atinge o máximo de sua expansão começa a retrair-se e
desaparece. O vazio outra vez espera o momento do nascimento de mais um Dia de
Brahma ter início. Isso acontecerá quando pela vontade de Brahman outro
universo nascerá e assim sucessivamente.
É interessante lembrar que a mitologia hindu já falava de expansão e
retração do universo mais de cinco mil anos atrás. Hoje os astrônomos e
astrofísicos confirmam cientificamente as afirmações feitas pelos mitos hindus
da criação.
A seguir, Brahma, a energia criadora, faz surgir de si mesmo seu aspecto
feminino Saraswati, a deusa da sabedoria, a portadora do conhecimento e da
inspiração. A deusa, que detém em suas mãos os livros sagrados e a Vina, um
instrumento de cordas que ao serem tangidas libera o som do OM.
Na sequência, Vishnu, a energia mantenedora, surge deitado sobre a
serpente da eternidade navegando no oceano cósmico. Dele surge seu aspecto
feminino Lakshimi, a deusa da beleza, harmonia, criatividade e acolhimento. Ele
dorme e sonha, e o seu sonho se traduz como a manifestação material da vida.
Lakshimi, com amor, massageia seus pés suavemente para que ele não acorde, e
Maya, a ilusão, continue mantendo a realidade material, e a forma de todas as
coisas.
Shiva, a potência transformadora, dança a Tandava, a dança das
possibilidades, da transformação, então entra em ação. Ele é a
energia que movimenta a criação e destruição de tudo que existe. Shiva, assim
como Brahma e Vishnu, também estão no interior de todos os seres, que por sua
vez são partículas infinitesimais do universo e emanações de Brahman, O
Indecifrável e eternamente louvado.
COMENTÁRIO
Platão disse que a alma é um círculo e Deus é um ponto no centro do
círculo. Seguindo esse raciocínio, os mitos primais e a teogonia e cosmologia
hindus ensinam que do centro do círculo, Brahman, o ponto, emana sua vontade, e
sua vontade se revela como a criação, a manutenção e a transformação de tudo
que existe. É desse centro que provém a energia que tem como vestimenta sagrada
a natureza, e nos faz humanos e divinos ao mesmo tempo. Somos co-criadores,
mantenedores e transformadores, assim como os três aspectos da Trimurti,
Trindade. Quando rompemos os véus da ignorância, tomamos consciência da nossa
verdadeira identidade e origem. A partir daí acontece a conexão com o divino
pelo coração, e descobrimos que a transcendência é o esteio da sobrevivência, e
o espírito é o lustro e o lastro da razão. E assim atingimos a excelência
humana, usufruímos da vida sem empobrecê-la, e servimos a vida com reverência.
Desse modo nos capacitamos para a fusão com o divino, o centro do mistério do
nosso ser profundo.
UMA BREVE INTRODUÇÃO AO HINDUÍSMO
Há cerca de 3000 anos A.C. uma civilização muito adiantada habitava o
vale do Rio Indo, na Índia. Pouco se sabe ainda sobre essa civilização, mas as
ruínas de duas cidades denominadas Mohenjodaro e Harapa atestam que esse povo
possuía uma arquitetura preciosa, excelente traçado urbano, reservatórios de
água e sistema de saneamento básico, armazenagem de grãos sofisticados, e
anfiteatros para reuniões públicas e espetáculos artísticos. O povo que lá
vivia era chamado Drávida.
Esculturas e afrescos nas paredes das duas cidades evidenciam que os
Drávidas eram muito espiritualizados e que reverenciavam as forças da natureza,
e a Mãe Terra.
O culto a Shiva, o Senhor da Natureza, e a Shakti, a deusa, assim como à
serpente, ao touro e ao elefante era uma característica desse povo.
Por volta de 1500 A.C. povos nômades arianos chegaram ao vale do
rio Indo, vindos do nordeste da Ásia. Os Drávidas foram dominados pelos
invasores, mas sua cultura e religiosidade se entrelaçaram. Os arianos
trouxeram os Vedas, sua filosofia e mitologia, e os panteões mitológicos assim
como sistemas filosóficos se mesclaram. Dessa mistura nasceram os fundamentos
do hinduísmo.
O hinduísmo é mais do que uma religião, é também uma filosofia e uma
conduta de vida. Não se baseia num único livro sagrado, e sim em vários, todos
de igual relevância, e nos ensinamentos de vários mestres. Ele representa uma
cultura no mais amplo sentido do termo e, como tal, foi influenciado por outras
culturas que para ele convergiram. Dentre essas culturas e religiões que foram importantes
na formação do hinduísmo moderno destacam-se o Jainismo e o Islamismo. Não se
trata de uma religião politeísta nem mesmo panteísta como muitos julgam, mas,
monista. Baseia-se em um só Princípio que se revela em múltiplos aspectos, os
deuses e deusas.
SHAKTI – A DEUSA
Potência Realizadora
Potência Realizadora
Para o hinduísmo o idealizador do mundo, para realizar seu desejo,
precisa de um poder executivo, de uma energia que materialize sua intenção;
essa energia é a Shakti, sua primeira manifestação, seu complemento, nascido de
Si mesmo. Sem a Shakti, a Deusa, não há manifestação da criação. Num mundo
cuja essência é energia, é implícita a necessidade de dois polos aparentemente
opostos, mas que são complementares. Já que a matéria não é estável, pois é
pura energia organizada no espaço tempo. O masculino e o feminino, o poder
idealizador e o poder materializador. A deusa é a força de coesão, a força
centrípeta, que organiza a matéria. Ela é o receptáculo e o sustentáculo de
toda a criação manifestada.
COMENTÁRIO
Como energia que movimenta a vida manifestada, a deusa é una e é
múltipla. É por isso que ela tem muitos nomes e formas, que podem parecer
contrários, mas que são aspectos da unidade na diversidade das expressões de
seu poder. A deusa é a energia primordial em movimento, a Shakti, é também a
origem dos ciclos do tempo. O culto à serpente está ligado à Shakti Kundalini.
A Kundalini (serpente) é a energia adormecida e enrolada no início da coluna
vertebral e, quando se desenrola, abre os portais da percepção superior. Por
isso Shiva é sempre representado com serpentes em volta do pescoço, braços e
cintura, e Kali, um dos aspectos da deusa, em alguns lugares da Índia é
representada envolta em várias serpentes.
OS DEUSES
BRAHMA
Brahma, a energia criadora do Inominável. É deus todo impregnado da
Divina Essência de onde tudo flui e para onde tudo retorna. Essa essência,
embora seja invisível, está presente em todas as coisas. Depois de algum tempo,
várias lendas surgiram sobre o nascimento de Brahma como um deus personificado.
A mais conhecida delas narra que Brahma, enquanto energia sem forma, criou as
águas e nela deixou cair um ovo de ouro, chamado Hiranyagarba. Esse ovo de ouro
continha a potencialidade de todas as formas da matéria diferenciada, sendo a
origem da vida e da natureza, e de tudo que existe. A cosmologia hinduísta se
baseia no chamado Dias de Vida de Brahma. Quando ele desperta de seu sono
cósmico e abre os olhos, o universo é criado. A noite de Brahma é a retração do
universo. Um dia de Brahma é chamado Kalpa e dura 4.320.000 anos solares. Um
ano cósmico equivale a 360 desse dias e dessas noites. A vida completa de
Brahma atinge 100 desses anos (...).
A representação de Brahma é um homem com quatro rostos dos quais são
visíveis apenas três, já que a outra face está na parte posterior da cabeça. Os
rostos representam os 4 quadrantes do universo. Também tem quatro braços e
quatro mãos. Na mão direita carrega um recipiente com água, simbolizando a água
da vida, na mão direita superior traz um livro que simboliza o conhecimento, os
Vedas, Na mão esquerda superior segura uma flor de lótus, símbolo da pureza
espiritual, e a mão esquerda inferior abençoa ou traz um Japamala (um tipo de
terço) que simboliza o tempo. É apresentado montado no seu veículo animal, o
ganso ou o cisne, que são símbolos do discernimento. Algumas vezes é mostrado
dirigindo uma carruagem puxada por 7 gansos que representam os sete mundos. O
caráter abstrato do deus Brahma não foi assimilado pela maioria da população e
o seu culto por isso se diluiu no tempo, restando muito poucos templos
dedicados a ele.
VISHNU
Uma das escrituras sagradas do hinduísmo, o Padma Purana diz que o Ser
Supremo desejou manifestar-se e criar o universo e os mundos. Para tal em
primeiro lugar, criou a si mesmo, na forma de Brahma, a partir do seu lado
esquerdo. A seguir criou Vishnu de seu lado direito. Como havia criado, sentiu
a necessidade de preservar sua criação, e para a evolução de Sua obra, do
centro do seu corpo fez brotar Shiva, o poder responsável pela transformação e
renovação constante de tudo que existe. Sua vontade de preservar a criação se
manifestou com Vishnu Narayana. O deus Vishnu Narayana surgiu deitado nos anéis
do corpo da serpente Sesha e sonha, e assim preserva a existência navegando
pelo oceano cósmico. O sonho de Vishnu é toda a criação; enquanto sonha, do seu
umbigo surge o caule de uma flor de lótus, Quando a flor se abre, Brahma
senta-se no centro dela para viver seu Kalpa, o Dia de Brahma. Após esse
período, termina o sonho de Vishnu, a flor de lótus se fecha e o universo se
dissolve no vazio. A flor desaparece para aparecer no próximo sonho de Vishnu e
assim sucessivamente. Vishnu é representado com pele azul escuro. Possui quatro
braços e mãos. Veste-se com uma calça de seda da cor amarelo ouro e traz o
dorso nu adornado por joias. Na cabeça carrega uma coroa ricamente cravejada de
pedras preciosas. Carrega em suas mãos uma borduna de ouro, o Chakra (roda), um
grande búzio e uma flor de lótus. A borduna simboliza a luta pela vida, o
Chakra a energia que tudo permeia e movimenta, o búzio, representa o som
primordial que gera as formas da natureza, e a flor de lótus representa a
espiritualidade. No plano superior Vaikunta é a morada, o domínio particular de
Vishnu. Como o Senhor de Vaikunta ele é chamado Vaikuntanatta, e é representado
com quatro cabeças e oito braços, e simboliza a integração das polaridades, a
inteireza. Os avatares são aspectos do deus Vishnu. Esses seres são raios
divinos que assumem forma humana e são considerados encarnações terrenas de
Vishnu. Muitos templos são dedicados a Vishnu e estão espalhados por toda a
Índia.
Comentário. No hinduísmo temos deuses Védicos e deuses Purânicos. Os
deuses Védicos trazidos pelos arianos se mesclaram aos deuses preexistentes e
às crenças do povo local. Os Puranas são narrativas descritas e condensadas
sobre o nascimento, o complemento feminino, ou seja, a deusa Shakti do deus, as
funções e grandes aventuras e feitos épicos dos diversos deuses e heróis.
Alguns deuses Védicos foram incluídos nos Puranas, outros se fundiram em um
único deus com atributos mais amplos. Vishnu é um exemplo disso. Nos Vedas ele
não é um deus importante, porém durante o período épico ele foi identificado
com Krishna, o herói máximo do hinduísmo, considerado um deus vivo, e isso
redimensionou sua importância.
SHIVA
Shiva significa o bondoso e todo auspicioso. Nas ruínas de Mohenjo Dharo e Harapa cidades localizadas no vale do rio Indo foram encontradas imagens de 3000 anos representativas daquele que veio a ser Shiva, o Senhor dos Três Mundos. Nas esculturas e relevos encontrados ele tem três cabeças, está sentado na posição de iogue, e tem ao seu redor vários animais. Durante mais de 30 anos Shiva vem sendo adorado e várias narrativas purânicas o enaltecem sob diferentes aspectos. Esse deus provavelmente é o precursor de Shiva.
Os arianos Védicos não têm Shiva em seu panteão de deuses, mas Rudra, um
deus Védico foi assimilado no hinduísmo moderno como um aspecto violento de
Shiva. O deus enquanto Rudra é o Senhor das Tempestades, do desencadeamento
incontrolável das forças naturais, e é temido pelos outros deuses e visto como
o aspecto irado de Shiva. O deus apresenta um aspecto benevolente e um aspecto
violento. No Ramayana e no Mahabharata, duas epopeias sagradas do hinduísmo, o
deus é o todo poderoso Senhor dos Himalayas e Pashupathi o Senhor da Natureza
que tem nas mãos o Trishula, a arma mais poderosa do mundo. Essa arma é um
tridente que representa os três mundos, físico, astral e causal assim como os
três Gunas, qualidades inerentes a tudo que existe: Tamas, inércia, Rajas,
movimento, Satwa, essência pura.
O símbolo de Shiva é o Linga, ou Lingam, que significa falo (ou pênis).
O portador do mistério do principio criador que dá vida a novos seres e que
contém potencialmente toda a herança divina e a memória genética das espécies.
No Shiva Purana, Vidyeshvara Samhita, está escrito: Shiva disse: Não sou
diferente do falo. O falo é idêntico a mim. Ele aproxima de mim os fiéis,
portanto é preciso venerá-lo. Meus bem amados! Onde há um linga, estou
presente.
A união de Shiva Shakti é representada pelo Linga depositado na arguia,
o seu receptáculo. A união do Lingan e da Ione é a integração das polaridades
masculina e feminina, o universo e a natureza em eterna conjunção
amorosa. Segundo as escrituras sagradas existem lingans exteriores e interiores
e imateriais, não perceptíveis, porém reconhecíveis por aqueles que atingiram o
conhecimento superior. As vezes o lingan é representado como um obelisco, um
pilar erguido no pátio dos templos dedicados ao deus. Shiva é adorado por
milhões de devotos em inúmeros templos espalhados por todo o território
indiano.
Nataraja (O Senhor da Dança). Como Nataraja o deus executa sua dança
cósmica denominada Tandava e assim destrói e recria universos e mundos. Trás em
uma das mãos o tambor Damaru que tem a força de uma ampulheta, simbolizando a
criação do espaço tempo, e quando o deus bate o tambor o OM (a invocação
mística, mantra, mais importante) ressoa em todos os quadrantes do universo
criado. Na mão superior do lado direito ele carrega o fogo da transformação e
transmutação e a mão do braço inferior aponta para o joelho erguido enquanto
ele se equilibra num pé só e dança. Ele representa a possibilidade do êxtase da
superação dos limites do intelecto, para o contato com o divino para receber
mensagens de sabedoria. Como Lalatatilakam, ele tem oito ou dezesseis braços. E
tem um dos pés sobre o anão Apasmar, que simboliza o eu inferior, enquanto o
outro se ergue no alto.
Pashupati. O Senhor dos Animais. O rebanho de Shiva Rudra compreende
todos os seres vivos, inclusive a humanidade. Entre animais deuses e humanos a
diferença está nos papéis que representam e no nível de consciência. Como
Pashupati, Shiva vela pela natureza, pelos animais e pelos homens. Shiva criou
os gênios das florestas, os gnomos, as sílfides, sátiros, ninfas e devas
(anjos). Pashupati chefia esses gênios e se manifesta através deles no mundo
natural. O deus tem como função ensinar aos homens qual o seu verdadeiro lugar
e qual o seu papel na natureza. Ele ensina que os seres humanos são mais um
dentre os elementos de uma totalidade, e que essa totalidade é a obra de Deus.
Ardhanarishvara. O Divino Hermafrodita. O Princípio Universal.
Representado como homem do lado direito e mulher do lado esquerdo. O poder de
conceber e o poder de realizar, quando estão reunidos se manifestam no limite
entre o manifesto e o não manifesto, esse ponto se chama Bindu, é o ponto de
partida do espaço tempo. É desse ponto que surge Nada o som sagrado que é a
substância do universo. Interessante salientar que o espaço é o princípio
feminino e o tempo é o masculino. A divindade é feminina e masculina. O deus no
seu aspecto andrógino simboliza a superação dos opostos.
Sthanu. O Pilar de Sustentação. Nesse aspecto o deus é representado como
a coluna mestra do templo e sua energia é a coluna mestra que sustenta o
caráter dos homens e mulheres que o adoram.
Mahadeva. O Grande Deus. Nesse aspecto ele engloba Girisha, O Senhor da
Montanha, é Bhava, o rei, Sharva, o arqueiro, Shambhu o benévolo, Shankara, o
todo auspicioso, e todos os outros sob os quais se expressa.
Iogeshwara. Mahaiogue. Nesse aspecto Shiva ensina aos seres do mundo a
religação, o ioga, o caminho do autoconhecimento, da autorrealização e da
comunicação sutil com diferentes níveis de realidade.
Gajasura Murti. O Protetor dos Rituais. Nesse aspecto Shiva é retratado
com um pé sobre uma cabeça de elefante e uma perna erguida. Tem seis
braços. Do lado esquerdo carrega o tambor Damaru e uma flor de lótus no
superior esquerdo a mão espalmada voltada para o lado de fora. Nos braço
superior direito um pequeno machado e nos dois inferiores um Pasha um laço e
uma chama acesa. Protege os rituais oferecidos ao Lingan.
Bhairava. O Terrível. É representado de pé acompanhado de um cão. Tem os
cabelos eriçados e em chamas. Tem quatro braços nos dois do
lado esquerdo carrega uma naja e um tridente nos da direita o Pash, o laço e
uma cuia. Esse aspecto é reverenciado por marginais e pelos intocáveis.
Sadashiwa. O Eterno. Também é conhecido como Panchanana, o que tem cinco
faces. É retratado com cinco faces e dez braços. Nesse aspecto ele representa a
criação, a preservação, destruição o mistério e a redenção.
OS DEUSES VÉDICOS
Os arianos Védicos adoravam as forças da natureza e assim teve início o
culto animista entre eles, isso trouxe a visão da natureza animada e
inteligente. Os fenômenos naturais exerciam enorme influencia na vida exterior
e no universo interior desses povos. Como os fenômenos eram inexplicáveis e
assustadores foram criadas para eles personalidades individuais,
características, formas, égide e domínios para que pudessem ser invocados pelas
pessoas como entidades divinas. E assim os fenômenos naturais assumiram
gradualmente formas humanas, frutos da imaginação coletiva para poder
identificar os objetos de sua devoção, louvar e eventualmente aplacar sua ira.
A seguir vamos apresentar alguns dos principais deuses védicos.
A TRINDADE VÉDICA. Inicialmente
a divina trindade Védica se constituía dos deuses Agni, Indra e Surya. Porém
vários mitos da criação se referem a Projapati, como do deus
criador do universo, do mundo e de todos os deuses. Dyaus era o nome
do céu e Prithivi da Terra e também eram considerados os pais de todos os seres
e de todos os deuses.
AGNI. O fogo sagrado e sacrificial foi
personalizado como Agni, sendo considerado como o mensageiro luminoso entre os
homens e os deuses. Suas labaredas levam às intenções, os desejos, as orações e
os sacrifícios dos homens para o céu na esperança de receber graças. Ele é
representado com dois ou sete braços, duas cabeças e três pernas. Das duas
bocas saem chamas como línguas ardentes, e estas lambem a manteiga clarificada
Ghee oferecida a ele nos rituais. A manteiga clarificada simboliza a
purificação da mente. Nas gravuras e estátuas Agni aparece montado em um carneiro
ou dentro de uma carruagem puxada por cavalos de fogo. Seus atributos são o
machado que abate para recriar, a tocha do fogo transmutador, e a lança
flamejante que indica caminhos de transformação.
INDRA. Ele é senhor de todos os elementos
naturais, da fertilidade da terra e da chuva. Seus domínios são os céus. Sempre
que a seca avassala a terra e ameaça as populações com a fome e a sede Indra é
invocado para que envie as chuvas redentoras. Indra o senhor dos exércitos de
devas e elementais do ar comanda inúmeros seres mágicos que produzem sons
celestiais e organizam e formam as nuvens. Estas por sua vez trazem as chuvas
que eliminam os danos da estiagem. Ele é representado montado em um elefante
que possui três trombas e quatro presas. O deus tem quatro braços e seus
atributos são a espada que defende do mal e ceifa para transformar, o
arco e as flechas que indicam a intenção e a determinação, um cetro como
símbolo do seu poder e um Vajra curador. Interessante ressaltar que no Tibete o
Vajra já era e é utilizado através dos tempos nos rituais de cura tântrica,
trata-se de um objeto que simboliza a união das polaridades, Indra é retratado
algumas vezes com dois braços apenas e olhos por todo o corpo.
SURYA. O Deus Sol. É adorado como o criador do
universo e aquele que engendrou Yama e Yami as primeiras criaturas humanas
sobre a Terra. Os seres correspondentes a Adão e Eva na mitologia judaico
cristã. Surya também é conhecido como Savita. Ele percorre os céus
sentado em uma carruagem dourada, puxada por sete cavalos ou por um só cavalo com
sete cabeças. Ele é todo dourado e traz na cabeça uma coroa e atrás dele um
resplendor. É representado com duas mãos, em cada uma delas carrega uma flor de
lótus ou então com quatro braços e mãos, carregando nelas uma flor de lótus, um
disco que gira em velocidade (Chakra), um búzio e numa delas faz o Abaya Mudra,
o gesto que significa não tema. No hinduísmo moderno Surya ocupa uma posição
pouco significativa. Ele está entre os deuses associados aos planetas e
estrelas. Atualmente Surya vem sendo cada vez mais assimilado por Vishnu.
SOMA. O deus do êxtase. Soma rege a mente
humana e produz Amrita que é o alimento dos deuses. Ele é filho de
Varuna, o senhor dos oceanos que lhe ofereceu o posto de deus da lua. Os 36.000
deuses se alimentam da Amrita produzida por Soma durante um mês, e o fazem para
poder conservar sua imortalidade. Isso enfraquece muito o deus Soma seu corpo
diminui aos poucos até que ele definhe (as fases da lua). Então, Surya, o deus
Sol aquece os oceanos, e as águas vão até Soma como vapor hidratante e então as
suas forças são restituídas. E assim, ele volta a crescer e a produzir Amrita
um processo contínuo. Ele também é conhecido pelo nome de Chandra. É
representado sentado numa flor de lótus sobre uma carruagem prateada que tem a
forma de dois cornos (chifres), sendo puxada por um antílope. O deus tem dois
braços e com a mão esquerda abençoa enquanto a outra ergue um cetro, símbolo do
seu poder
VARUNA. Inicialmente era considerado o
regente da ordem cósmica. Seu olho único era o sol e sua respiração os ventos.
Reza o mito que depois de uma batalha entre os deuses os vencedores definiram
outra hierarquia e nova ordem de importância e regência, e a Varuna coube
apenas os oceanos, o que não é pouco, pois corresponde a setenta por cento do
planeta Terra. Ele é representado montado sobre o lombo de um monstro marinho
chamado Mekara, metade uma mistura de peixe, tartaruga e antílope. Tem três ou
quatro braços e seus atributos são a serpente, significando a sinuosidade das
águas do mar e o laço semelhante ao ANK egípcio simbolizando a trajetória do
homem na busca de si mesmo.
VAYU. O deus dos ventos, é também chamado
Vata, o purificador. Nos hinos Védicos ele é descrito como infinitamente belo.
Quando se locomove em sua carruagem celeste puxada com cem cavalos brancos, faz
muito ruído e vai limpando a atmosfera e renovando a vida permitindo que as
semente se espalhem e as colheitas seja abundantes. Vayu tem como
atributos dois estandartes brancos.
YAMA. O Deus da morte foi em princípio o
primeiro mortal. Foi morrendo que ele encontrou o mundo dos mortos, e desde
então é quem guia todos os seres depois da morte para o seu reino invisível.
Yama é também o deus que arbitra a morte, define dia, hora e maneira de cada
ser vivo morrer. Nas ilustrações ele é representado com a pele verde e as
vestes vermelhas. Está montado sobre um búfalo ou um touro preto, e tem dois
braços e duas mãos. Com uma das mãos faz o Mudra da ausência de medo e na outra
carrega uma borduna simbolizando a coragem e o destemor.
VISHVAKARMA. No panteão Védico é o criador de
todos os deuses e de todas armas, atributos e veículos usados por eles. Ele
criou o universo e todas as coisas vivas, e por isso, cuida delas e as protege.
Ele é o patrono dos artesãos, dos músicos e de todos os artistas. É
representado sentado num trono e em volta do espaldar do seu assento estão
representadas várias ferramentas e pincéis. Tem quatro braços e quatro mãos
numa mão inferior carrega um livro simbolizando o conhecimento. Na numa outra
carrega um jarro com água simbolizando as águas do oceano primordial, a água da
vida Nas mãos superiores ele sustenta uma flauta simbolizando o som criador e
um cetro símbolo do seu poder.
KUBERA. Nos Vedas ele é citado como o senhor
dos Yakshas, espíritos que guardam os tesouros terrestres. É o guardião dos
Ponteiros do Compasso com o qual foi desenhado o mundo. É o deus da riqueza
material da prosperidade e da abundância. Ele é representado sentado num trono
ricamente decorado, coberto de joias e trazendo uma coroa cravejada de pedras
preciosas na cabeça.Tem dois braços e duas mãos e seus atributos são um
mangusto, o animal imune ao veneno que simboliza a proteção contra a inveja,
uma borduna, simbolizando a luta pela sobrevivência, uma romã, símbolo de
abundância, um jarro d’água simbolizando a vida e um saco com moedas, a
riqueza.
OS DEUSES PURÂNICOS
Os Puranas são narrativas sobre determinado deus ou deuses, incluindo
seus complementos femininos, suas Shaktis. Falam também sobre a morada cósmica
dos deuses, os chamados planetas superiores. Narram seus ensinamentos,
suas encarnações, suas manifestações, seus poderes e feitos, As narrativas
também se referem a outros deuses que por ventura tenham feito parte das
façanhas do deus enfocado. Dos Puranas constam os deuses e deusas anteriores à
invasão ariana, embora o período Védico também esteja representado com deuses
de menor representatividade.
AS ENCARNAÇÕES DE VISHNU. OS AVATARES
Segundo as escrituras sagradas do hinduísmo, sempre que o planeta esteve
ou estiver sofrendo etapas de transformações ou sofrendo devido a ação das
forças negativas e maléficas, Vishnu encarnou e encarnará na Terra. Essas
encarnações são chamadas avatares. Algumas aconteceram e outras acontecerão em
diferentes períodos e estágios da evolução planetária e humana.
MATSYA. O Homem Peixe. Esta foi a primeira
encarnação de Vishnu. Foi Matsya quem orientou Manu, Adão bíblico, o ancestral
do gênero humano, na missão de proteger os animais e a humanidade, e
preservá-los por ocasião de um grande dilúvio que inundaria a Terra. Matsya
pediu que Manu construísse um grande barco e nele colocasse exemplares de
animais e humanos. Quando o dilúvio aconteceu, Matsya conduziu o grande barco e
salvou a vida no planeta. É impressionante a coincidência com a narrativa do
Gênesis 6. Ele é representado metade homem e metade peixe com quatro
braços e mãos que sustentam as égide, escudo, de Vishnu. Matsya protagoniza a
versão indiana do dilúvio bíblico.
KURO. Homem Tartaruga. Esta foi a segunda
encarnação de Vishnu. Nos primórdios, deuses e seres demoníacos viviam
batalhando constantemente, e em dado momento, os seres demoníacos tornaram-se
tão poderosos que os deuses, sentindo que perderiam a batalha pelo
enfraquecimento dos seus poderes, recorreram a Vishnu. O deus ordenou que os
demais deuses batessem o oceano até que ele se solidificasse, de maneira que
Amrita, o alimento dos deuses, pudesse ser nele depositado para que os deuses
se nutrissem e pudessem vencer a batalha. Para isso, Vishnu usou o monte
Mandara como batedeira, e assumiu a forma de uma tartaruga cujo casco serviu de
base para sustentar a montanha, evitando que ela soçobrasse. A seguir, Vishnu
assume a forma de uma linda mulher cuja beleza encanta os demônios e a luxúria
neles despertada, os enfraquece, permitindo assim que os deuses fortalecidos
saíssem vencedores. É representado metade homem e metade tartaruga, e tem nas
mãos a maça símbolo da luta pela sobrevivência, o livro símbolo do
conhecimento, o búzio do som primordial e o disco girante simbolizando a
energia que move a vida.
VARAHA. A terceira encarnação de Vishnu tem a
forma de um homem com cabeça de javali. Dos mitos anteriores, esse e os demais
falam sobre as sucessivas encarnações de Vishnu, referem-se aos ciclos de
evolução da vida no planeta. Varaha salva a deusa Prithivi, a Terra, quando ela
foi raptada por um demônio e levada para as profundezas do oceano. O homem
javali mergulha no oceano, luta com o demônio e sai vencedor. Traz a deusa de
volta e a torna outra vez capaz de abrigar a criação. Ele recria a natureza, e
todas as criaturas vivas, também redesenha continentes e montanhas. Varaha é
representado como um homem de pé com cabeça de javali, e suas grandes presas
sustentam o planeta Terra, ele tem quatro braços e nas mãos carrega os
atributos inerentes a Vishnu.
NARASIMHA. A quarta encarnação de Vishnu
apresenta-se como metade homem e metade leão. Como vemos as formas do deus
encarnado vão se tornando mais complexas a cada ciclo que se cumpre. Conta o
mito que um homem chamado Hiranyakashipu desacatou Vishnu e foi condenado pelo
deus a viver sua vida como um demônio. Apavorado, recorreu a Brahma e
dele recebeu uma graça. Brahma disse que ele estaria protegido e que não seria
ferido nem morto por nenhum tipo de arma ou animal nem de dia nem de noite, ao
ar livre ou em lugar fechado. Hiranyakashipu tornou-se tão vaidoso, pretensioso
e prepotente que passou a perturbar os deuses. Vishnu decidiu intervir. Assumiu
a forma de um homem com cabeça de leão (nem animal nem homem), ocultou-se atrás
de uma pilastra do palácio onde morava o demônio Hiranyakashipu e o agarrou na
hora do pôr do sol (nem dia nem noite) exatamente na soleira da porta (nem fora
nem dentro) e o matou com suas afiadas garras (sem armas). Como vemos, ninguém
foge dos desígnios e da ação da divindade.
VAMANA – A quinta encarnação de Vishnu
inicia um ciclo de formas humanas. Conta o mito que Hiranyakashipu, o demônio,
tinha um neto chamado Bali que tornou-se rei. Como rei ele era terrível, tão
poderoso que conseguiu se apoderar dos três mundos, e banir os deuses das
regiões celestiais. O povo rogou pela intervenção de Vishnu, o deus atendeu às
preces e assumiu a forma de um anão. Pediu uma audiência ao rei, foi recebido e
pediu que Bali lhe concedesse um terreno, cuja medida fosse apenas de três de
suas passadas, para que nele pudesse sentar e meditar. O rei concordou
debochando do pedido, então imediatamente o anão se transformou no gigante
Trivikrama. Com uma passada o gigante cercou o céu, com a segunda, a Terra, e
quando o rei viu que com a terceira passada o gigante cercaria o interior do
planeta, rendeu-se. Bali percebeu que tinha sido derrotado por Vishnu. O deus
então lançou-o no vazio para todo o sempre e assumiu o reinado. Vamana é
representado como um anão de pé carregando um guarda-sol aberto numa das mãos e
na outra uma jarro com água.
PARASHURAMA. É a sexta encarnação de Vishnu, e
desta vez como um homem normal. Reza o mito que numa época distante
existiam constantes conflitos entre os brâmanes, os sacerdotes e os Xátrias, os
guerreiros, as duas castas mais altas da sociedade hinduísta. Parashurama
acabou com essas desavenças. Por isso, ele é representado vestindo uma pele de
tigre como um asceta e carrega as armas de um guerreiro. Seus cabelos estão
penteados como os cabelos de um sacerdote e no rosto ostenta longas
barbas e bigodes, ele carrega numa das mãos um machado (Parashu) e na outra um
arco e flechas.
RAMA. É a sétima encarnação de Vishnu, e o
grande herói do épico Ramayana. A saga de Rama narrada no Ramayana traz ensinamentos
filosóficos e éticos e revela de modo poético a história de deuses, seres
demoníacos, homens e homens macacos e naves espaciais, os Vimanas. O rapto de
Sita, uma encarnação da deusa Lakshimi, é praticado por Ravana, um Asura (ser
demoníaco), que era o rei do Ceilão, Sri Lanka, e isso desencadeia uma batalha
chefiada por Rama. Nessa batalha ele conta com a ajuda de seu irmão Lakshmana e
de Hanuman, o homem macaco. Hanuman, ao libertar Sita do domínio de Ravana,
perde a cauda, que se incendeia, e dá um enorme salto, atravessando o mar de
volta para a Índia. Uma alegoria que pode ser interpretada com um salto
evolutivo. Rama derrota Ravana e quando de volta à floresta, agradece a Hanuman
por este ter resgatado Sita, dizendo-lhe que como recompensa lhe daria qualquer
coisa que pedisse. Hanuman responde que a maior recompensa seria poder estar
sempre aos pés de Rama, seu senhor. Por esta razão, Hanuman é considerado o
símbolo do devoto perfeito. Rama é o avatar que simboliza o Dharma, a Lei
cósmica em forma humana.
KRISHNA. A oitava encarnação de Vishnu.
Krishna vem à Terra para derrotar o rei demoníaco Kamsa no reino de Mathura.
Krishna nasce do ventre da princesa Devaki, irmã de Kamsa e tem como pai o
príncipe Vasudeva. Kamsa é avisado por um espírito que do ventre de Devaki
nasceria aquele que o mataria e por isso aprisiona a irmã e o cunhado numa cela
por anos e mata os filhos do casal assim que nascem. Quando nasce Krishna,
Vishnu aparece na cela e diz para Vasudeva sair da cela e levar a criança para
Nanda e Iashoda criarem. Vishnu liberta Vasudeva e este atravessa o rio e
entrega o filho a Nanda, o chefe de um clã abastado que acolhe o menino e o
cria como filho. O Bhagavata Purana narra com detalhes toda a vida de Krishna e
seus milagres. Krishna significa pele escura, por isso é representado com a
pele no tom azul escuro. No Mahabharata, a epopéia cósmica do homem sobre o
planeta, está inserida a Bhagavad Gita, A Canção do Senhor que narra a batalha
de Kurukshetra, e os ensinamentos universais de Krishna ao príncipe Arjuna. O
príncipe do clã dos Pandavas, diante do avatar guerreiro, representa a
humanidade. Krishna é adorado por milhões de pessoas na Índia e fora da Índia,
e é representado como criança, como adolescente e como adulto. Como criança
chama-se Bala Krishna; como adolescente Venugopala, o pastor que pastoreia o
gado tocando sua flauta chamada Murali; e como adulto é o rei guerreiro que
restaura o Dharma na Terra.
BUDHA. O Budha, o Iluminado, é tido no
hinduísmo como a nona encarnação de Vishnu. Diz o mito que Vishnu assumiu a
forma do príncipe Sidharta para pôr fim aos desmandos dos sacerdotes brâmanes e
purificar o hinduísmo das contaminações e desvios de princípios. Para isso, ele
ensinou o caminho do meio e como os seres humanos podem se livrar da roda de
Samsara, a roda de nascimentos e mortes. É representado como um homem jovem e
esbelto sentado sobre uma flor de lótus, com o rosto sereno e os olhos semi
abertos, em profunda meditação. Sua vestimenta é amarela e despojada, e não usa
nenhum adorno.
KALKI. Esta que será a décima encarnação de
Vishnu, ainda não aconteceu. Segundo o Vishnu Purana, na presente era a
humanidade será envolvida por energias trevosas. Os valores morais, éticos e
espirituais serão ignorados, e a Terra conhecerá o desespero e a confusão
generalizada. Então, será o momento de Vishnu voltar a encarnar no planeta. Na
ocasião ele assumirá a forma de Kalki, o Avatar. Kalki chegará brilhante com
uma estrela, e trará a restauração do Dharma, dos princípios e valores humanos.
Ele restabelecerá a lei e a justiça para salvar a raça humana e o planeta.
Kalki é representado como um jovem ricamente vestido e adornado montando um
cavalo branco e empunhando uma espada.
MAHADEVI – A GRANDE DEUSA
A DEUSA E SEUS DIVERSOS ASPECTOS
O Princípio Feminino Cósmico é identificado como Devi (deusa) e Mahadevi
é a Grande Deusa, a Mãe Divina. A deusa se apresenta sob os vários aspectos da
manifestação do feminino. A potência feminina se revela como fonte e berço de
todas as formas vivas, e por isso traz em si o poder de criação,
manutenção e destruição da vida. A deusa é uma e é múltipla, embora tenha
muitos nomes e formas. A Grande Mãe está presente em todos os seres, é o elo
que nos liga à matéria, e ao mesmo tempo é através dela que nos libertamos dos
apegos que nos prendem ao mundo. www.mitologiacomentada.blogspot.com.br.
Abraço. Davi
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