Religião
Afrodescendente. Candomblé. Secretaria da Educação do Paraná - Brasil. Trabalho
Acadêmico de Mirian de Fátima Ferreira e José Henrique Rollo Gonçalves. I. A
COSMOLOGIA DO CANDOMBLÉ. RESUMO: O Candomblé cultuado no Brasil é uma síntese
de diversas manifestações diferentes da África, unindo preceitos e práticas que
no continente negro africano se manifestam em povos isolados. Isso se dá pelo
fato da cultura negra ter homogeneizado um pouco em função do estado de
escravidão a que seus representantes foram submetidos, ao serem trazidos a
força para cá. Há, porém, uma corrente predominante, a dos iorubas ou nagôs.
Sua visão do mundo material e sobrenatural foi a que mais se espalhou e os
Orixás mais populares são dela originados. Na visão cosmológica destes povos,
os Orixás são vibrações de energia, com os quais os seres humanos se
identificam, o que justifica a existência de filhos de diferentes Orixás. Na
verdade, observa-se que os Orixás são divindades a serem respeitadas e
cultuadas por seus filhos, que com eles entrariam em contato através de
diferentes rituais disseminados no culto do Candomblé, que melhor representa a
cultura negra africana dos iorubas. INTRODUÇÃO: A África é o berço de um leque
diverso de culturas humanas, embora não se possa falar de algo que seja genuíno
ou universalmente africano. Ela possui vários tipos de sociedades (algumas
patrilineares, outras matrilineares) e de organizações políticas (de impérios e
reinos teocráticos até repúblicas democraticamente constituídas). Seus sistemas
sociais vão de sociedades estratificadas, algumas ainda praticando a
escravidão, até comunidade sem classes. No entanto, existem no continente
características culturais difundidas generalizadamente. Uma delas é a religião
baseada no culto dos antepassados e divindades (os orixás, voduns e inquices).
Podemos compreender as religiões africanas levando em conta dois aspectos
inseparáveis. O primeiro se refere aos ensinamentos que emanam dos princípios
fundadores, princípios que podem ser identificados quando a tradição oral
possui uma estrutura e um conteúdo estáveis. O segundo é a religiosidade
concreta, ou seja, o conjunto de atitudes, de condutas e de comportamentos
mediante os quais o homem religioso africano exterioriza sua fé, ou seja,
exprime o que o constitui desde o seu “interior”. Como ter acesso a esse “interior”?
Ele deve ser buscado em três direções: a) na tradição oral; (b) no dinamismo
sempre atual e criador das práticas religiosas (orações, encantamentos,
pregações, etc); (c) nas práticas culturais, tanto individuais com coletivas,
tanto privadas como públicas, sagradas, profanas etc. Este tipo de crença
torna-se patente, sobretudo entre os falantes de línguas níger-congo e os povos
influenciados por eles. Em certos casos, como entre os iorubas da Nigéria, a
elevação de algum antepassado de estirpe real ou de algum herói a uma categoria
elevada especial conferiu à religião básica, centrada no culto aos
antepassados, a dimensão de uma espécie de politeísmo. E ainda dentro deste
leque cultural há os africanos cristianizados ou islamizados. Portanto, não há
como definir o culto do Candomblé, como culto de matriz africana, mas como
identificação de nações étnicas africanas, a exemplo dos iorubas. Entre as
principais etnias africanas que vieram para o Brasil estão os Sudaneses (África
Ocidental) e os Bantos (África centro-meridional e oriental). Os primeiros
Sudaneses abrangiam os territórios da Nigéria; Benin (ex-Daomé) e Togo. Estavam
organizados em vários grupos subdivididos em pequenas nações como: Iorubas ou
Nagô (subdivididos em kêto, ijexá, egbá, etc.) Jeje (subdivididos em ewe ou
fon) Fanti-ashanti. Nações Islamizadas (haussá; tapa; peul; fula e mandinga).
Já os segundos eram provenientes dos territórios do Congo; Angola (subgrupos de
caçanjes, benguelas e outros), e Moçambique. A origem social dos povos iorubas/
ou nagô (kêto, ijexá, egbá, ifé, entre outros) ainda é um mistério e é difícil
chegar-se a uma conclusão final. Como não existem registros escritos pelos
antepassados dos iorubas, somente através da tradição oral do “mito iorubano”
narrado sobre a origem do mundo – Ilê-Ifé, é possível perceber o valor da
oralidade no sentido de preservação de uma memória religiosa/teológica passado
de geração à geração. Alguns historiadores africanos e africanistas em seus
estudos procuram explicar a origem social dos povos iorubas; com sustenta o
historiador Adéoyè, que os iorubas vieram do leste com Odudua, até Ilê-Ifé, já
reconhecido pelo nome ioruba.Já o historiador Atànda em seus estudos afirma que
foi de Ilê-Ifé, que os iorubas partiram para outras regiões da África
Ocidental, ocupando uma vasta área a sudeste da Nigéria; regiões de Daomé
(atual Benin); do Togo; Costa do Ouro(atual Gana) e Serra Leoa. Essa região
ficou conhecida com terra dos iorubas. Entre as mais variantes procedências dos
iorubas, o mais comum, é a explicação através do mito iorubano, segundo o qual
o mundo, e não apenas a monarquia, representada pelo obá Odudua foi criado em
Ilê-Ifé (Terra) por Olodumaré/e ou Olorum (deus criador).Ilê-Ifé teria sido o
umbigo do universo, a fonte de todas as coisas, o lugar de onde os homens se
espalharam sobre a terra.No império dos iorubas, os obas continuariam a ir
buscar os símbolos: adés (coroas de contas com franjas que cobrem o rosto) que
os legitimavam; e cada um dos orixás (ori=cabeça;xás=exclusivo) conhecidos
tinha permanentemente um chefe político a seu serviço. . Para dar uma ideia da
maneira em que às religiões africanas narram à criação do mundo. Temos os mitos
e lendas, preocupadas pelo essencial, e os textos preocupados em proporcionar o
maior número de detalhes [...] diz-se que Olodumaré ou Olorum, o deus supremo,
lançou, do céu até as águas ou pântanos que lhe ficavam abaixo, uma corrente,
pela qual fez descer Odudua, com um pouco de terra num saco ou numa concha de
caracol, uma galinha e um dendezeiro. Odudua derramou sobre a água a terra, e
nesta colocou a palmeira e a ave. A galinha começou imediatamente a ciscar o
solo e a espalhá-lo aumentando cada vez mais a extensão da terra. Daí o nome
que tomou o lugar onde isto se deu: Ifé, o que é vasto, o que se alarga.
(SILVA, 1996, p. 453). Para dar uma ideia da maneira em que às religiões
africanas narram à criação do mundo. Temos os mitos e lendas, preocupadas pelo
essencial, e os textos preocupados em proporcionar o maior número de detalhes.
O mito Ioruba (Nigéria) – Quando em sua benevolência o Ser supremo (Olorum)
criou o mundo (Ayé), confiou esta importante missão à Odudua. Assim entregou ao
seu enviado um lenço feminino de cabeça que continha terra e uma galinha.
Naquela época tudo estava recoberto por água. Havendo descido do céu em sua
piragua, Odudua só teve que desatar o lenço e fazer cair o conteúdo. Então
soltou ali mesmo a galinha que com seus pés (ciscou), espalhou a terra em todas
as direções, fazendo assim, que apareceu a Terra a ser habitável. O mito Ioruba
se preocupa menos em explicar de forma radical a criação do mundo por um Ser
supremo, mas sim, em explicar através de Odudua a ordem da criação. Este mundo
só é novo de maneira relativa: o lenço feminino de cabeça implica na existência
da mulher, assim como a terra que Odudua providenciou para lançar e cumprir sua
missão são elementos tomados de um mundo necessariamente antigo, ou pelo menos
já criado, para daí se criar o mundo novo. Na realidade, cada língua, e por
tanto, cada etnia e cada cultura, corresponde-se com um universo fechado sobre
seus próprios componentes. Assim, na língua ioruba, os dois verbos que traduz
espontaneamente o verbo “criar” – significando o primeiro “cortar” e o segundo
“separar”. Para dizer que o Ser supremo criou o mundo e criou o homem, se
utiliza o verbo “cortar”. Criar no sentido restrito, equivalente o da criação.
Os iorubas traduzem o fenômeno de reencarnação – que supõem ser uma forma
atenuada de criação, uma criação relativa, mediante o verbo ser. De maneira que
um indivíduo pode reconhecer que tem sido criado pelo Ser supremo e sustentar
ao mesmo tempo, que tem sido chamado à existência (ser) por um antepassado. •
As Oferendas – Na sociedade africana tradicional, a oferenda aos deuses se acha
em locais tão afastados dos altares dos deuses, que até parece perder seu
caráter religioso. Assim, os deuses podem receber como oferendas produtos mais
ou menos elaborados, como o que pode ser encontrado nos mercados africanos.
Também são oferecidas telas,( às vezes de grande valor) e cauris (conchas) que
simbolizam a fortuna. Contudo, as oferendas por excelência são: a água, o
azeite, as bebidas alcoólicas (cerveja ou aguardente) e sangue. O primeiro que
sempre se oferece a uma divindade é a água. Seu frescor simboliza a paz, e sua
unidade significa – inseparável da vida. O azeite (ou às vezes o leite) se
oferece as divindades simbolizando aquilo que alimenta. Grandes números de
altares estão tão frequentemente recobertos de azeite que até parece ser o
produto principal de oferenda. O azeite em contato com a divindade e que por
tanto abençoado é quase sempre oferecido aos fiéis para que lhes sirva de
portador do bem-estar, de proteção e em ocasiões de unguento de virtudes mais
ou menos milagrosas. As bebidas alcoólicas se oferecem aos deuses, primeiro
pela alegria e o júbilo que provoca seu consumo. Oferece-las a divindade é,
portanto, convidar ele a participar da alegria de seus adoradores e a presidir.
Mas o álcool possui outra virtude: a de intensificar a agilidade e forças do
espírito, necessários para realizar grandes coisas. O sangue, finalmente, é uma
oferenda resultado inseparável do sacrifício, no mesmo momento em que o
sacrifício reúne os efeitos da consagração e as virtudes misteriosas da energia
vital que passa do corpo da vítima ao altar do deus. Porém, nem todos os tipos
de sangue têm o mesmo valor. É a natureza da vítima imolada, que determina o
valor do sangue oferecido. E às vezes o sangue humano figura entre os tipos de
sangue oferecidos, mas, porém, não há que reduzir esses sacrifícios humanos a
uma vulgar antropofagia. O Sacrifício – está vinculado à natureza ou a
personalidade da divindade que vai se oferecer, ou seja, um determinado deus só
recebe cão, um outro prefere cabra, e assim sucessivamente. Entretanto é no
oráculo que vai saber através da adivinhação/ou adivinho, que tipo da maioria
dos sacrifícios. O sacrifício não se improvisa, forma parte da relação que une
o adorador com sua divindade e traves deste como uma via de salvação. Na língua
ioruba, por exemplo, a palavra êbô serve para designar o sacrifício, expressa
bem o feito que o sacrifício do momento que faz do percurso religioso, ou seja,
está relacionado com a ideia de desnudar, de liberar, de sair de algo, de ser
um beco sem saída. É extremamente raro acontecer sacrifício que não seja em
solenidade, inclusive quando é por sua própria conta, o sacrificador raramente
fica só diante de seu Deus. Outra constante é estar presente ao altar do deus
onde acontece o sacrifício: aqueles que desejam cumprir com seu dever de
sacrificar, às vezes são obrigados a vir de muito longe para chegar ao templo
onde se encontra o altar da divindade indicada pelo adivinho. Seja qual for o
uso feito da vítima imolada, sua função é de intercessor todas às vezes e em
todas as partes em evidência. • A INICIAÇÃO – O primeiro sentido da iniciação
está em situar tudo o que concorre para dotar ao crente dos conhecimentos
teóricos e práticos relacionados com sua fé. Alguns dos conhecimentos
veiculados pela iniciação são quase da ordem profano. Outros são considerados
como sagrados e sua comunicação e sua comunicação é cuidadosamente protegida.
Nas práticas religiosas, os gestos habituais necessários no sacrifício
constituem o objeto de uma iniciação esotérica, pública, e por tanto acessível
a todos, inclusive a aqueles que não são adeptos. Porém, somente um iniciado
pode saber o que entra na confecção do altar de um deus, que palavras à
pronunciar, em que momento do rito e mediante de que gestos e atos que
acompanham essas palavras. Essa iniciação não está ao alcance do primeiro que
chega. A formação, em especial dos sacrificadores e dos sacerdotes se realiza
segundo um rito e uns conhecimentos rigorosamente secretos que os são
comunicados. A iniciação é, por tanto a ocasião para uma transação com as
forças transcendentes, cuja manipulação depende de conhecimentos elevados e
cujo aproxima mento descansa fundamentalmente em um ato de fé. • A POSSESSÃO –
Estado último da iniciação, a possessão é uma manifestação sempre pública e
coletiva. É o grupo dos crentes o qual atua, de acordo a uma disciplina que
supervisiona os sacerdotes, para que os adeptos – nem sempre preparados – sejam
possuídos pela divindade. Os ritos relacionados com a possessão estão sempre
igualmente marcados pela utilização da música sob a forma de ritmo dos
tambores, cantos e danças. Os cantos, os toques dos tambores, as palavras
compassadas e as danças parecem ter como função fazer vibrar individual e
coletivamente aos participantes, de maneira que os conduz pouco a pouco em
torno da consciência e da sensibilidade, aptos para fazer aparecer à possessão.
Através do corpo do crente que se concretiza a adoração/ possessão de um deus.
Somente pelas condutas das pessoas possuídas que se consegue reconhecer a divindade
incorporada. O fenômeno da possessão não se limita ao culto dispensado a uma só
divindade. Quase todos os cultos, nas religiões negro-africanas, levam uma
possessão: Pode-se observar isto, nos cultos aos orixás, e voduns, ou durante
certas cerimônias das diferentes formas do cristianismo africano atualmente em
moda. Seja como for a manifestação de poderes temporais como a vidência, o dom
da cura ou simplesmente uma agilidade corporal e uma flexibilidade que evocam a
presença do deus serpente, a possessão mostra o caráter manipulável da
personalidade ou de maneira mais positiva, seu dinamismo, sua maleabilidade. A
ANCESTRALIZAÇÃO: Os Funerais Se a morte em si mesma comunica a impureza, os
ritos funerários pretendem em primeiro lugar, purificar a morte de depois o
meio em que se tem vivido. Em alguns cantos funerários, os primeiros momentos,
coloca o manifesto que a família chore a sua dor e a dor do defunto subitamente
separado dos seus, a ser este projetado a um plano cujas leis ignora e da qual
parece que não pode fazer nada para sair. Uma das funções dos ritos funerários
é por tanto, tirar a alma do morto de um estado de impureza manifesta. Porém, o
que é purificado não resulta ainda necessariamente sagrado. Para expressar o
advento do sagrado em uma coisa ou em um ser, os fons dizem que são convertidos
em vodum, e os iorubas em orixá. -- O CULTO DOS ANTEPASSADOS: O papel da pureza
e da sacralização na ancestralização mostra de sobra que uma canonização não
acrescentaria nada. Porque, uma vez que o defunto se converte em ancestral,
graças a purificação pelos ritos e ainda ter se convertido em sagrado e além do
mais sendo para eles, considerado como um verdadeiro santo (divindade),
dispensador de paz e de bem-estar para os seus. Os ritos funerários são iguais
aos ritos do culto dos antepassados, acrescidos de saberes preciosamente
conservados, transmitidos de geração a geração. Esses saberes implicam às vezes
diferenças bastante grandes de uma família ou de um clã a outro. A vida após a
morte para os africanos é concebida como essencialmente comunitária,
encontrar-se só na mesma é estar condenado e vice-versa. Naturalmente, a
principal função dos funerais, pequenos ou grandes, consistem em ajudar a alma
do defunto a reunir com a com a comunidade dos outros defuntos da família - os
ancestrais. Pode se dizer que a noção africana de família engloba também sobre
todos os vivos e mortos. -- A MULHER NO MOMENTO DA CRIAÇÃO: O mito ioruba supõe
a existência da mulher no momento da criação, enquanto que a existência do
homem não é ainda mencionada. Foi resultado com um lenço de cabeça feminino com
o qual o deus Obatala envolveu a terra, assim como a galinha, necessários para
a criação do planeta Terra. Quando, mais a frente, o Ser supremo ordenou a
Obatala para dar forma aos homens, o mito não distingue entre homens e
mulheres, deve supor, contudo, que o ser humano foi criado como homem e mulher;
posto que inválidos, defeituosos físicos ou má formação, se refere tanto homens
como mulheres. O mito não evidencia em lugar nenhum a vontade de estabelecer
uma superioridade do homem sobre a mulher. Sublinha claramente sua diferença,
assim como sua necessidade igual em relação com a procriação do gênero humano.
A MULHER, A SEXUALIDADE E A PROCRIAÇÃO: São muitos os mitos que nos revelam as
características mais antigas da feminilidade. Porém, nem todos os mitos
africanos mencionam como aparecem as primeiras regras das mulheres. Contudo em
todas as partes da África, as regras são consideradas como um período de
impureza do que se protege ao entorno e do que a mulher deve liberar-se
periodicamente mediante ritos apropriados como: cada vez que começa a surgir o
sangue menstrual, a mulher deve ir morar em uma casa separada de todos os
demais. Ali, cozinha e a comida por ela preparada não pode ser comida pelas
demais pessoas. Quando chega o fim da regra, a mulher deverá tomar um banho
ritual destinado a lavar-se de toda a impureza, antes de regressar a sua casa
familiar. A impureza está longe de ser próprio da mulher, posto que o contato
com um cadáver humano, como já vimos, converte em impuros o homem ou a mulher
indistintamente. Porém, pese a todos, tanto no homem como na mulher, o estado
de impureza, seja qual for a causa, é um estado passageiro, ou seja, sempre é
possível sair do mesmo. Quase em todas as partes da África, a maioria dos ritos
religiosos a ser realizados, vêm precedidos por uma série de abstinências,
entre as quais figura principalmente a abstinência sexual. A abstinência
alimentícia (certos alimentos), ou como o da palavra, antes de realizar um rito
concreto, tem menor proibição do que as relações sexuais. Assim, todo adorador
de uma divindade, sabe que antes de apresentar-se ante ao altar ele está
rigorosamente proibido de ter relações sexuais às vésperas. Não dá para
afirmar/sustentar que as religiões negro-africanas desacreditam à mulher de
atuar em cargos religiosos, por causa de sua feminilidade. Em numerosos cultos
domésticos ou familiares regularmente observados na África, são com frequência
celebrada por mulheres aparecem nos termos que servem. Não obstante, salvo
casos excepcionais, as sacerdotisas são a princípio as mulheres que já tenham
alcançado a menopausa. A MULHER E A MATERNIDADE: A maternidade não é vista na
mulher como impureza, como sucede com as regras. Os cuidados com uma mulher que
acaba de trazer alguém ao mundo, não tem como finalidade fazer desempenhar um
papel religioso particular. Porém, em alguns ritos, a placenta, sinal palpável
do vínculo que une a mãe ao seu filho, é sempre objeto de uma atenção
particular, já que todas as funções mágico-religiosas que se supõe realizar,
podendo estar relacionadas tanto com o filho como com a mãe. No entanto, é
enterrada em lugar fresco e úmido necessariamente conhecido pela mãe, que se
converte desta maneira, em sua guardiã. Se existe um poder relacionado com a
maternidade e que resulta indiscutivelmente a natureza religiosa, é o de bem
dizer (abençoar) ou mal dizer (amaldiçoar) a sua primogenitura, que possuem
todas as mães africanas. -- A s Religiões Africanas e Seu Desenvolvimento:
Entre os elementos míticos onde se arraigam as crenças religiosas, há que
colocar em evidência a ocupação do espaço por cada uma das religiões africanas.
Para a mentalidade africana, afetivamente, o espaço não é um contínuo indiferenciado,
mas em algo heterogêneo, contudo, unificado e vitalizado. E é aí onde passam a
intervir as religiões negro-africanas e seus panteões. No caso dos iorubas, as
cidades ilustram a maneira em que é ocupado religiosamente o espaço: Ife, que
sempre foi uma cidade religiosa e a que os iorubas consideram o umbigo do
mundo. Ali que Deus começou tudo, foi donde os deuses vieram a terra e onde se
encontram, até nos dias de hoje, alguns dos vestígios de sua passagem. Para
cada um dos grupos africanos tradicionais, a sociedade teria inicialmente um
sentido em relação consigo mesmo e em referência ao seu território ocupado por
seus deuses, entre os quais os antepassados ocupam o lugar que já se sabe.
Salientamos finalmente que para os negro-africanos, o porvir das coisas é uma
espécie de presente total. Devidamente interpretado, o desenvolvimento, da
mesma maneira que a vida humana, aparece antes de tudo como uma tarefa e dizer
algo que se sabe, que deve fazer e que se vai fazer, porém, o que se sabe ao
mesmo tempo que não será fácil. Secretaria da Educação do Paraná - Brasil. Trabalho
acadêmico de Miriam de Fátima Ferreira e José Henrique Rollo Gonçalves.
Abraços. Davi
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