quarta-feira, 5 de setembro de 2018

i. A COSMOLOGIA DO CANDOMBLÉ.


Religião Afrodescendente. Candomblé. Secretaria da Educação do Paraná - Brasil. Trabalho Acadêmico de Mirian de Fátima Ferreira e José Henrique Rollo Gonçalves. I. A COSMOLOGIA DO CANDOMBLÉ. RESUMO: O Candomblé cultuado no Brasil é uma síntese de diversas manifestações diferentes da África, unindo preceitos e práticas que no continente negro africano se manifestam em povos isolados. Isso se dá pelo fato da cultura negra ter homogeneizado um pouco em função do estado de escravidão a que seus representantes foram submetidos, ao serem trazidos a força para cá. Há, porém, uma corrente predominante, a dos iorubas ou nagôs. Sua visão do mundo material e sobrenatural foi a que mais se espalhou e os Orixás mais populares são dela originados. Na visão cosmológica destes povos, os Orixás são vibrações de energia, com os quais os seres humanos se identificam, o que justifica a existência de filhos de diferentes Orixás. Na verdade, observa-se que os Orixás são divindades a serem respeitadas e cultuadas por seus filhos, que com eles entrariam em contato através de diferentes rituais disseminados no culto do Candomblé, que melhor representa a cultura negra africana dos iorubas. INTRODUÇÃO: A África é o berço de um leque diverso de culturas humanas, embora não se possa falar de algo que seja genuíno ou universalmente africano. Ela possui vários tipos de sociedades (algumas patrilineares, outras matrilineares) e de organizações políticas (de impérios e reinos teocráticos até repúblicas democraticamente constituídas). Seus sistemas sociais vão de sociedades estratificadas, algumas ainda praticando a escravidão, até comunidade sem classes. No entanto, existem no continente características culturais difundidas generalizadamente. Uma delas é a religião baseada no culto dos antepassados e divindades (os orixás, voduns e inquices). Podemos compreender as religiões africanas levando em conta dois aspectos inseparáveis. O primeiro se refere aos ensinamentos que emanam dos princípios fundadores, princípios que podem ser identificados quando a tradição oral possui uma estrutura e um conteúdo estáveis. O segundo é a religiosidade concreta, ou seja, o conjunto de atitudes, de condutas e de comportamentos mediante os quais o homem religioso africano exterioriza sua fé, ou seja, exprime o que o constitui desde o seu “interior”. Como ter acesso a esse “interior”? Ele deve ser buscado em três direções: a) na tradição oral; (b) no dinamismo sempre atual e criador das práticas religiosas (orações, encantamentos, pregações, etc); (c) nas práticas culturais, tanto individuais com coletivas, tanto privadas como públicas, sagradas, profanas etc. Este tipo de crença torna-se patente, sobretudo entre os falantes de línguas níger-congo e os povos influenciados por eles. Em certos casos, como entre os iorubas da Nigéria, a elevação de algum antepassado de estirpe real ou de algum herói a uma categoria elevada especial conferiu à religião básica, centrada no culto aos antepassados, a dimensão de uma espécie de politeísmo. E ainda dentro deste leque cultural há os africanos cristianizados ou islamizados. Portanto, não há como definir o culto do Candomblé, como culto de matriz africana, mas como identificação de nações étnicas africanas, a exemplo dos iorubas. Entre as principais etnias africanas que vieram para o Brasil estão os Sudaneses (África Ocidental) e os Bantos (África centro-meridional e oriental). Os primeiros Sudaneses abrangiam os territórios da Nigéria; Benin (ex-Daomé) e Togo. Estavam organizados em vários grupos subdivididos em pequenas nações como: Iorubas ou Nagô (subdivididos em kêto, ijexá, egbá, etc.) Jeje (subdivididos em ewe ou fon) Fanti-ashanti. Nações Islamizadas (haussá; tapa; peul; fula e mandinga). Já os segundos eram provenientes dos territórios do Congo; Angola (subgrupos de caçanjes, benguelas e outros), e Moçambique. A origem social dos povos iorubas/ ou nagô (kêto, ijexá, egbá, ifé, entre outros) ainda é um mistério e é difícil chegar-se a uma conclusão final. Como não existem registros escritos pelos antepassados dos iorubas, somente através da tradição oral do “mito iorubano” narrado sobre a origem do mundo – Ilê-Ifé, é possível perceber o valor da oralidade no sentido de preservação de uma memória religiosa/teológica passado de geração à geração. Alguns historiadores africanos e africanistas em seus estudos procuram explicar a origem social dos povos iorubas; com sustenta o historiador Adéoyè, que os iorubas vieram do leste com Odudua, até Ilê-Ifé, já reconhecido pelo nome ioruba.Já o historiador Atànda em seus estudos afirma que foi de Ilê-Ifé, que os iorubas partiram para outras regiões da África Ocidental, ocupando uma vasta área a sudeste da Nigéria; regiões de Daomé (atual Benin); do Togo; Costa do Ouro(atual Gana) e Serra Leoa. Essa região ficou conhecida com terra dos iorubas. Entre as mais variantes procedências dos iorubas, o mais comum, é a explicação através do mito iorubano, segundo o qual o mundo, e não apenas a monarquia, representada pelo obá Odudua foi criado em Ilê-Ifé (Terra) por Olodumaré/e ou Olorum (deus criador).Ilê-Ifé teria sido o umbigo do universo, a fonte de todas as coisas, o lugar de onde os homens se espalharam sobre a terra.No império dos iorubas, os obas continuariam a ir buscar os símbolos: adés (coroas de contas com franjas que cobrem o rosto) que os legitimavam; e cada um dos orixás (ori=cabeça;xás=exclusivo) conhecidos tinha permanentemente um chefe político a seu serviço. . Para dar uma ideia da maneira em que às religiões africanas narram à criação do mundo. Temos os mitos e lendas, preocupadas pelo essencial, e os textos preocupados em proporcionar o maior número de detalhes [...] diz-se que Olodumaré ou Olorum, o deus supremo, lançou, do céu até as águas ou pântanos que lhe ficavam abaixo, uma corrente, pela qual fez descer Odudua, com um pouco de terra num saco ou numa concha de caracol, uma galinha e um dendezeiro. Odudua derramou sobre a água a terra, e nesta colocou a palmeira e a ave. A galinha começou imediatamente a ciscar o solo e a espalhá-lo aumentando cada vez mais a extensão da terra. Daí o nome que tomou o lugar onde isto se deu: Ifé, o que é vasto, o que se alarga. (SILVA, 1996, p. 453). Para dar uma ideia da maneira em que às religiões africanas narram à criação do mundo. Temos os mitos e lendas, preocupadas pelo essencial, e os textos preocupados em proporcionar o maior número de detalhes. O mito Ioruba (Nigéria) – Quando em sua benevolência o Ser supremo (Olorum) criou o mundo (Ayé), confiou esta importante missão à Odudua. Assim entregou ao seu enviado um lenço feminino de cabeça que continha terra e uma galinha. Naquela época tudo estava recoberto por água. Havendo descido do céu em sua piragua, Odudua só teve que desatar o lenço e fazer cair o conteúdo. Então soltou ali mesmo a galinha que com seus pés (ciscou), espalhou a terra em todas as direções, fazendo assim, que apareceu a Terra a ser habitável. O mito Ioruba se preocupa menos em explicar de forma radical a criação do mundo por um Ser supremo, mas sim, em explicar através de Odudua a ordem da criação. Este mundo só é novo de maneira relativa: o lenço feminino de cabeça implica na existência da mulher, assim como a terra que Odudua providenciou para lançar e cumprir sua missão são elementos tomados de um mundo necessariamente antigo, ou pelo menos já criado, para daí se criar o mundo novo. Na realidade, cada língua, e por tanto, cada etnia e cada cultura, corresponde-se com um universo fechado sobre seus próprios componentes. Assim, na língua ioruba, os dois verbos que traduz espontaneamente o verbo “criar” – significando o primeiro “cortar” e o segundo “separar”. Para dizer que o Ser supremo criou o mundo e criou o homem, se utiliza o verbo “cortar”. Criar no sentido restrito, equivalente o da criação. Os iorubas traduzem o fenômeno de reencarnação – que supõem ser uma forma atenuada de criação, uma criação relativa, mediante o verbo ser. De maneira que um indivíduo pode reconhecer que tem sido criado pelo Ser supremo e sustentar ao mesmo tempo, que tem sido chamado à existência (ser) por um antepassado. • As Oferendas – Na sociedade africana tradicional, a oferenda aos deuses se acha em locais tão afastados dos altares dos deuses, que até parece perder seu caráter religioso. Assim, os deuses podem receber como oferendas produtos mais ou menos elaborados, como o que pode ser encontrado nos mercados africanos. Também são oferecidas telas,( às vezes de grande valor) e cauris (conchas) que simbolizam a fortuna. Contudo, as oferendas por excelência são: a água, o azeite, as bebidas alcoólicas (cerveja ou aguardente) e sangue. O primeiro que sempre se oferece a uma divindade é a água. Seu frescor simboliza a paz, e sua unidade significa – inseparável da vida. O azeite (ou às vezes o leite) se oferece as divindades simbolizando aquilo que alimenta. Grandes números de altares estão tão frequentemente recobertos de azeite que até parece ser o produto principal de oferenda. O azeite em contato com a divindade e que por tanto abençoado é quase sempre oferecido aos fiéis para que lhes sirva de portador do bem-estar, de proteção e em ocasiões de unguento de virtudes mais ou menos milagrosas. As bebidas alcoólicas se oferecem aos deuses, primeiro pela alegria e o júbilo que provoca seu consumo. Oferece-las a divindade é, portanto, convidar ele a participar da alegria de seus adoradores e a presidir. Mas o álcool possui outra virtude: a de intensificar a agilidade e forças do espírito, necessários para realizar grandes coisas. O sangue, finalmente, é uma oferenda resultado inseparável do sacrifício, no mesmo momento em que o sacrifício reúne os efeitos da consagração e as virtudes misteriosas da energia vital que passa do corpo da vítima ao altar do deus. Porém, nem todos os tipos de sangue têm o mesmo valor. É a natureza da vítima imolada, que determina o valor do sangue oferecido. E às vezes o sangue humano figura entre os tipos de sangue oferecidos, mas, porém, não há que reduzir esses sacrifícios humanos a uma vulgar antropofagia. O Sacrifício – está vinculado à natureza ou a personalidade da divindade que vai se oferecer, ou seja, um determinado deus só recebe cão, um outro prefere cabra, e assim sucessivamente. Entretanto é no oráculo que vai saber através da adivinhação/ou adivinho, que tipo da maioria dos sacrifícios. O sacrifício não se improvisa, forma parte da relação que une o adorador com sua divindade e traves deste como uma via de salvação. Na língua ioruba, por exemplo, a palavra êbô serve para designar o sacrifício, expressa bem o feito que o sacrifício do momento que faz do percurso religioso, ou seja, está relacionado com a ideia de desnudar, de liberar, de sair de algo, de ser um beco sem saída. É extremamente raro acontecer sacrifício que não seja em solenidade, inclusive quando é por sua própria conta, o sacrificador raramente fica só diante de seu Deus. Outra constante é estar presente ao altar do deus onde acontece o sacrifício: aqueles que desejam cumprir com seu dever de sacrificar, às vezes são obrigados a vir de muito longe para chegar ao templo onde se encontra o altar da divindade indicada pelo adivinho. Seja qual for o uso feito da vítima imolada, sua função é de intercessor todas às vezes e em todas as partes em evidência. • A INICIAÇÃO – O primeiro sentido da iniciação está em situar tudo o que concorre para dotar ao crente dos conhecimentos teóricos e práticos relacionados com sua fé. Alguns dos conhecimentos veiculados pela iniciação são quase da ordem profano. Outros são considerados como sagrados e sua comunicação e sua comunicação é cuidadosamente protegida. Nas práticas religiosas, os gestos habituais necessários no sacrifício constituem o objeto de uma iniciação esotérica, pública, e por tanto acessível a todos, inclusive a aqueles que não são adeptos. Porém, somente um iniciado pode saber o que entra na confecção do altar de um deus, que palavras à pronunciar, em que momento do rito e mediante de que gestos e atos que acompanham essas palavras. Essa iniciação não está ao alcance do primeiro que chega. A formação, em especial dos sacrificadores e dos sacerdotes se realiza segundo um rito e uns conhecimentos rigorosamente secretos que os são comunicados. A iniciação é, por tanto a ocasião para uma transação com as forças transcendentes, cuja manipulação depende de conhecimentos elevados e cujo aproxima mento descansa fundamentalmente em um ato de fé. • A POSSESSÃO – Estado último da iniciação, a possessão é uma manifestação sempre pública e coletiva. É o grupo dos crentes o qual atua, de acordo a uma disciplina que supervisiona os sacerdotes, para que os adeptos – nem sempre preparados – sejam possuídos pela divindade. Os ritos relacionados com a possessão estão sempre igualmente marcados pela utilização da música sob a forma de ritmo dos tambores, cantos e danças. Os cantos, os toques dos tambores, as palavras compassadas e as danças parecem ter como função fazer vibrar individual e coletivamente aos participantes, de maneira que os conduz pouco a pouco em torno da consciência e da sensibilidade, aptos para fazer aparecer à possessão. Através do corpo do crente que se concretiza a adoração/ possessão de um deus. Somente pelas condutas das pessoas possuídas que se consegue reconhecer a divindade incorporada. O fenômeno da possessão não se limita ao culto dispensado a uma só divindade. Quase todos os cultos, nas religiões negro-africanas, levam uma possessão: Pode-se observar isto, nos cultos aos orixás, e voduns, ou durante certas cerimônias das diferentes formas do cristianismo africano atualmente em moda. Seja como for a manifestação de poderes temporais como a vidência, o dom da cura ou simplesmente uma agilidade corporal e uma flexibilidade que evocam a presença do deus serpente, a possessão mostra o caráter manipulável da personalidade ou de maneira mais positiva, seu dinamismo, sua maleabilidade. A ANCESTRALIZAÇÃO: Os Funerais Se a morte em si mesma comunica a impureza, os ritos funerários pretendem em primeiro lugar, purificar a morte de depois o meio em que se tem vivido. Em alguns cantos funerários, os primeiros momentos, coloca o manifesto que a família chore a sua dor e a dor do defunto subitamente separado dos seus, a ser este projetado a um plano cujas leis ignora e da qual parece que não pode fazer nada para sair. Uma das funções dos ritos funerários é por tanto, tirar a alma do morto de um estado de impureza manifesta. Porém, o que é purificado não resulta ainda necessariamente sagrado. Para expressar o advento do sagrado em uma coisa ou em um ser, os fons dizem que são convertidos em vodum, e os iorubas em orixá. -- O CULTO DOS ANTEPASSADOS: O papel da pureza e da sacralização na ancestralização mostra de sobra que uma canonização não acrescentaria nada. Porque, uma vez que o defunto se converte em ancestral, graças a purificação pelos ritos e ainda ter se convertido em sagrado e além do mais sendo para eles, considerado como um verdadeiro santo (divindade), dispensador de paz e de bem-estar para os seus. Os ritos funerários são iguais aos ritos do culto dos antepassados, acrescidos de saberes preciosamente conservados, transmitidos de geração a geração. Esses saberes implicam às vezes diferenças bastante grandes de uma família ou de um clã a outro. A vida após a morte para os africanos é concebida como essencialmente comunitária, encontrar-se só na mesma é estar condenado e vice-versa. Naturalmente, a principal função dos funerais, pequenos ou grandes, consistem em ajudar a alma do defunto a reunir com a com a comunidade dos outros defuntos da família - os ancestrais. Pode se dizer que a noção africana de família engloba também sobre todos os vivos e mortos. -- A MULHER NO MOMENTO DA CRIAÇÃO: O mito ioruba supõe a existência da mulher no momento da criação, enquanto que a existência do homem não é ainda mencionada. Foi resultado com um lenço de cabeça feminino com o qual o deus Obatala envolveu a terra, assim como a galinha, necessários para a criação do planeta Terra. Quando, mais a frente, o Ser supremo ordenou a Obatala para dar forma aos homens, o mito não distingue entre homens e mulheres, deve supor, contudo, que o ser humano foi criado como homem e mulher; posto que inválidos, defeituosos físicos ou má formação, se refere tanto homens como mulheres. O mito não evidencia em lugar nenhum a vontade de estabelecer uma superioridade do homem sobre a mulher. Sublinha claramente sua diferença, assim como sua necessidade igual em relação com a procriação do gênero humano. A MULHER, A SEXUALIDADE E A PROCRIAÇÃO: São muitos os mitos que nos revelam as características mais antigas da feminilidade. Porém, nem todos os mitos africanos mencionam como aparecem as primeiras regras das mulheres. Contudo em todas as partes da África, as regras são consideradas como um período de impureza do que se protege ao entorno e do que a mulher deve liberar-se periodicamente mediante ritos apropriados como: cada vez que começa a surgir o sangue menstrual, a mulher deve ir morar em uma casa separada de todos os demais. Ali, cozinha e a comida por ela preparada não pode ser comida pelas demais pessoas. Quando chega o fim da regra, a mulher deverá tomar um banho ritual destinado a lavar-se de toda a impureza, antes de regressar a sua casa familiar. A impureza está longe de ser próprio da mulher, posto que o contato com um cadáver humano, como já vimos, converte em impuros o homem ou a mulher indistintamente. Porém, pese a todos, tanto no homem como na mulher, o estado de impureza, seja qual for a causa, é um estado passageiro, ou seja, sempre é possível sair do mesmo. Quase em todas as partes da África, a maioria dos ritos religiosos a ser realizados, vêm precedidos por uma série de abstinências, entre as quais figura principalmente a abstinência sexual. A abstinência alimentícia (certos alimentos), ou como o da palavra, antes de realizar um rito concreto, tem menor proibição do que as relações sexuais. Assim, todo adorador de uma divindade, sabe que antes de apresentar-se ante ao altar ele está rigorosamente proibido de ter relações sexuais às vésperas. Não dá para afirmar/sustentar que as religiões negro-africanas desacreditam à mulher de atuar em cargos religiosos, por causa de sua feminilidade. Em numerosos cultos domésticos ou familiares regularmente observados na África, são com frequência celebrada por mulheres aparecem nos termos que servem. Não obstante, salvo casos excepcionais, as sacerdotisas são a princípio as mulheres que já tenham alcançado a menopausa. A MULHER E A MATERNIDADE: A maternidade não é vista na mulher como impureza, como sucede com as regras. Os cuidados com uma mulher que acaba de trazer alguém ao mundo, não tem como finalidade fazer desempenhar um papel religioso particular. Porém, em alguns ritos, a placenta, sinal palpável do vínculo que une a mãe ao seu filho, é sempre objeto de uma atenção particular, já que todas as funções mágico-religiosas que se supõe realizar, podendo estar relacionadas tanto com o filho como com a mãe. No entanto, é enterrada em lugar fresco e úmido necessariamente conhecido pela mãe, que se converte desta maneira, em sua guardiã. Se existe um poder relacionado com a maternidade e que resulta indiscutivelmente a natureza religiosa, é o de bem dizer (abençoar) ou mal dizer (amaldiçoar) a sua primogenitura, que possuem todas as mães africanas. -- A s Religiões Africanas e Seu Desenvolvimento: Entre os elementos míticos onde se arraigam as crenças religiosas, há que colocar em evidência a ocupação do espaço por cada uma das religiões africanas. Para a mentalidade africana, afetivamente, o espaço não é um contínuo indiferenciado, mas em algo heterogêneo, contudo, unificado e vitalizado. E é aí onde passam a intervir as religiões negro-africanas e seus panteões. No caso dos iorubas, as cidades ilustram a maneira em que é ocupado religiosamente o espaço: Ife, que sempre foi uma cidade religiosa e a que os iorubas consideram o umbigo do mundo. Ali que Deus começou tudo, foi donde os deuses vieram a terra e onde se encontram, até nos dias de hoje, alguns dos vestígios de sua passagem. Para cada um dos grupos africanos tradicionais, a sociedade teria inicialmente um sentido em relação consigo mesmo e em referência ao seu território ocupado por seus deuses, entre os quais os antepassados ocupam o lugar que já se sabe. Salientamos finalmente que para os negro-africanos, o porvir das coisas é uma espécie de presente total. Devidamente interpretado, o desenvolvimento, da mesma maneira que a vida humana, aparece antes de tudo como uma tarefa e dizer algo que se sabe, que deve fazer e que se vai fazer, porém, o que se sabe ao mesmo tempo que não será fácil. Secretaria da Educação do Paraná - Brasil. Trabalho acadêmico de Miriam de Fátima Ferreira e José Henrique Rollo Gonçalves. Abraços. Davi

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