Om (...).
Que Brahman nos proteja.
Que ele nos guie.
Que nos dê força e
entendimento correto.
Que o amor e a harmonia
estejam com todos nós.
Om (...) Paz - paz – paz.
Hinduísmo.
Upanishad. Katha De acordo com a versão inglesa de Swami Prabhavananda e
Frederick Manchester. “Em determinada
ocasião, Vajasrabasa, esperando obter um favor divino, executou um ritual que
exigia que ele se desfizesse de todos os seus bens. Ele teve cuidado, porém de sacrificar somente o seu
gado e, dele, somente os animais inúteis – os velhos, os estéreis, os cegos e
os aleijados. Ao observar essa avareza, Nachiketa, seu filho mais novo, cujo
coração havia recebido a verdade ensinada nas escrituras, disse para si mesmo.
“Certamente, um devoto que ousa levar presentes tão inúteis está destinado à
total escuridão!” Refletindo assim, dirigiu-se ao pai e falou: Pai, eu também
vos pertenço: para quem me dareis? Seu pai não respondeu, porém, quando
Nachiketa repetiu a pergunta uma e outra vez, ele replicou impacientemente. Eu
vos darei a Morte! Nachiketa disse então para si mesmo. Sou de fato o melhor
dentre os filhos e discípulos de meu pai, ou estou, pelo menos, na categoria
intermediária, não na pior, porém, de que valor serei para o Rei da Morte?
Estando, porém, determinado a seguir a palavra do pai, disse: Pai, não vos
arrependais da vossa promessa! Considerai como tem acontecido com aqueles que
partiram antes, e como será com aqueles que vivem agora. Como o milho, um homem
amadurece e cai ao solo, como o milho, ele brota novamente na estação propícia.
Após falar assim, o rapaz viajou para a casa da Morte. Porém o deus não estava
em casa, e Nachiketa esperou durante três noites. Quando finalmente o Rei da
Morte voltou, seus servos lhe disseram: Um Brahmin, parecido com uma chama de
fogo, chegou à vossa casa como hóspede, e vós não estáveis aqui. Desse modo,
uma oblação (oferenda a Deus) deverá ser feita a ele. Oh! Rei, devereis receber
vosso hóspede com todos os rituais costumeiros, pois se o chefe de uma casa não
mostrar a devida hospitalidade a um Brahmin, perderá o que mais preza, os
méritos das suas boas ações, sua integridade, seus filhos e seu gado. O Rei da
Morte, então, aproximou-se de Nachiketa e deu-lhe as boas vindas com palavras
polidas. O Brahmin, disse ele: Eu vos saúdo. Vós sois de fato um hóspede digno
de todo respeito. Permiti, eu vos imploro, que nenhum mal cais sobre mim!
Passastes três noite em minha casa e não recebestes minha hospitalidade: pedi,
portanto, três dádivas, uma para cada noite. Oh! Morte, replicou Nachiketa, que
assim seja. E como primeira dessas dádivas peço que meu pai não fique ansioso a
meu respeito, que sua ira se acalme, e que, quando me mandardes de volta, ele
me reconheça e me dê as boas vindas. Pela minha vontade, declarou a Morte,
vosso pai vos reconhecerá e vos amará como antes, e, ao ver-vos vivo novamente,
ficará com a mente tranquila, e dormirá em paz. Nachiketa então disse: No céu
não há medo de modo algum. Vós, O Morte, não estais lá, nem naquele lugar onde
o pensamento de ficar velho faz com que a pessoa estremeça. Lá, livres da fome
e da sede, e longe do alcance da dor, todos rejubilam e são felizes. Vós
conheceis, O Rei, o sacrifício do fogo que leva ao céu. Ensinai-me esse
sacrifício, pois estou cheio de fé. Esse é o meu segundo desejo. Consentindo,
então, a Morte ensinou ao rapaz o sacrifício do fogo, e todos os rituais, e
todos os rituais e cerimoniais que o acompanhavam. Nachiketa repetiu tudo o que
havia aprendido, e a Morte, satisfeita com ele, disse: Vou conceder-vos uma dádiva
adicional. A partir de hoje esse sacrifício será denominado Sacrifício
Nachiketa, em vossa homenagem. Escolhei agora vossa terceira dádiva. Nachiketa,
então, pensou consigo mesmo, e disse: Quando um homem morre, há esta dúvida.
Alguns dizem que ele existe, outros dizem que ele não existe. Se vós me
ensinásseis, eu conheceria a verdade. Esse é o meu terceiro desejo. Não,
replicou a Morte, mesmo os deuses certa vez ficaram intrigados com esse
mistério. A verdade com relação a isso é realmente sutil, não é fácil de ser
compreendida. Escolhei alguma outra dádiva, Oh! Nachiketa. Porém, Nachiketa não
quis aceitar a recusa. Vós dizeis, OH! Morte, que mesmo os deuses certa vez
estiveram intrigados com esse mistério, e que ele não é fácil de ser
compreendido. Certamente, não há melhor mestre para explica-lo do que vós, e não existe outra dádiva igual a
essa. O deus replicou, mais uma vez tentando Nachiketa. Pedi filhos e netos que
viverão cem anos. Pedi gado, elefantes, cavalos, ouro. Escolhei para vós um
poderoso reino. Ou, se não puderdes imaginar algo melhor, pedi isto não apenas
doces prazeres, mas também o poder, além de qualquer pensamento, para
experimentar sua doçura. Sim verdadeiramente, farei de vos o supremo
desfrutador de todas as coisas boas. Donzelas celestiais, de beleza
excepcional, que não foram destinadas a mortais, mesmo essas, com suas
carruagens e seus instrumentos musicais, eu vos darei, para vos servirem. Não
me peçais, porém, Oh! Nachiketa o mistério da morte. Nachiketa, contudo,
manteve-se firme e disse: Essas coisas durarão somente até o dia seguinte. OH!
Destruidor da Vida, e os prazeres que elas conferem desgastam os sentidos.
Ficai, portanto, com os cavalos e as carruagens, com a dança e a música, para
vós mesmo! Como poderá desejar a riqueza. Oh! Morte, aquele que uma vez já viu
a vossa face? Não, apenas a dádiva que escolhi , somente isso eu peço. Tendo
descoberto a companhia do imperecível e do imortal, como quando vos conheci,
como poderei eu, sujeito à decadência e à morte, e conhecendo bem a vaidade da
carne, como poderei desejar vida longa? Contai-me, Oh! Rei, o supremo segredo
com relação ao qual os homens mantem dúvida. Não solicitarei qualquer outra
dádiva. Com o que, o Rei da Morte, bem satisfeito em seu coração, começou a
ensinar a Nachiketa o segredo da imortalidade. O Rei da Morte. O bem é uma
coisas, o prazer é outra. Esses dois, diferindo em seus propósitos, incitam à
ação. Abençoados são aqueles que escolhem o bem, aqueles que escolhem o prazer
não atingem o objetivo. Tanto o bem como o prazer se apresentam ao homem. Os
sábios, após examinarem ambos, distinguem um do outro. Os sábios preferem o bem
ao prazer, os tolos, levados por desejos carnais, preferem o prazer ao bem.
Vós, Oh! Nachiketa, após haverdes observado os desejos carnais, agradáveis aos
sentidos, renunciastes a todos eles. Vós vos desviastes do caminho lamacento no
qual muitos homens se atolam. Distantes um do outro, e levando a diferentes
desígnios, encontram-se a ignorância e o conhecimento. Eu vos considero, Oh!
Nachiketa, como alguém que anseia pelo conhecimento, pois uma infinidade de
objetos agradáveis foram incapazes de tentar-vos. Vivendo no abismo da
ignorância, embora julgando-se sábios, tolos iludidos dão voltas e voltas,
cegos levados por cegos. Ao jovem irrefletido, enganado pela vaidade das posses
terrenas, não é mostrado o caminho que leva à morada eterna. Somente este mundo
é real: não existe depois, pensando assim, ele cai uma e outra vez, nascimento
após nascimento, dentro das minhas mandíbulas. A muitos não é concedido ouvir
sobre o Eu. Muitos, embora ouçam a respeito dele, não o compreendem.
Maravilhoso é aquele que fala a respeito do Eu. Inteligente é aquele aprende a
respeito do Eu. Abençoado é aquele que, tendo aprendido com um bom mestre, é capaz
de compreendê-lo. A verdade do Eu não pode ser completamente compreendida
quando ensinada por um homem ignorante, pois as opiniões a respeito dele, não
fundamentadas no conhecimento, variam de um para outro. Mais sutil do que o
mais sutil é esse Eu, e além de toda lógica. Ensinado por um mestre que saiba
que o Eu e Brahman são um só, um homem deixa para trás a vã teoria e atinge a verdade. O despertar que
conhecestes não vem do intelecto, e sim, totalmente, dos lábios dos sábios. Bem
amado Nachiketa, Abençoado, abençoado sois vós, porque procurais o Eterno.
Quisera eu ter mais discípulos como vós! Bem sei que os tesouros terrestres
duram pouco. Pois não fiz eu mesmo, desejando ser o Deus da Morte, o sacrifício
com o fogo? O sacrifício, porém, foi uma coisa efêmera, realizada com objetos
fugazes, e pequena é minha recompensa, considerando que meu reino só durará por
um momento. A finalidade do desejo mundano, os objetos fulgurantes que todos os
homens almejam, os prazeres celestiais que esperam obter através de rituais
religiosos, tudo isso esteve ao vosso alcance. Porém, a tudo isso renunciastes,
com firme resolução. O antigo, fulgurante ser, o Espírito que habita
interiormente, sutil, profundamente oculto no lótus do coração, é difícil de
ser conhecido. Porém, o homem sábio, que segue o caminho da meditação,
conhece-o, e se torna liberto tanto do prazer como da dor”. Do Livro Os
Upanishads. O Sopro Vital do Eterno. Abraço. Davi.
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