As Eras Mais Primitivas da Terra. Parte I
Teosofia. Ao longo de alguns textos refletirei sobre um famoso livro considerado
um clássico da literatura cristã chamado As Eras Mais Primitivas da
Terra, Tomo II. Essa obra é do teólogo e erudito inglês G. H. Pember
(1836-1910) e nosso objeto de ponderação se restringirá ao capítulo 13
que tem por título: Teosofia. Antes de começar a discutir esse assunto é
necessário trazer a luz alguns importantes esclarecimento. Primeiro não
será questionado a pessoa do autor, pois sabe-se que em vida teve um
reputação louvável, um caráter apreciável e contribui para a evolução do
pensamento cristão moderno. Segundo não tenho interesse algum em
menosprezar ou diminuir as teses e doutrinas que ele levanta quanto ao
tema abordado. Terceiro reconheço que ele não é a única autoridade com
voz ativa a falar sobre o assunto, pois os argumentos que ele defende
são pessoais e em nenhum momento reivindica a cobertura de alguma
instituição religiosa ou espiritual quando faz sua explanação. Quarto
sua linha de raciocínio um século depois de sua morte pode não
representar unanimemente as postulações dos teóricos e hermeneutas
cristãos relacionados a esse assunto, principalmente quando percebemos a
realidade do cristianismo atual multifacetado entre conservadores,
progressistas, ortodoxos, pentecostais e neo pentecostais além das
milhares de denominações e facções modernas. Quinto Pember usa quatro
livros da Sociedade Teosófica para apresentar seus argumentos: Ísis sem
Véu. O Caminho Perfeito. O Budismo Esotérico. O Mundo Oculto. Diante
dessa introdução começo as ponderações sobre o tema. Para facilitar a
compreensão enumerarei os tópico desse capítulo e usarei algumas frases
para emitir minha opinião dentro daquilo que entendo sobre os
argumentos defendidos por G. H. Pember. (1). Um Renascimento da
Filosofia Comunicada Pelos Nefilin. Nesse tópico não tive interesse em
abordar nenhum assunto. (2). A Sociedade dos Irmãos e Seus Objetivos.
Aqui dou iniciou aos meus comentários. Na página 396 é dito
"Posteriormente, um quinto objetivo foi revelado a destruição do
cristianismo". Segundo Pember um dos objetivos da Sociedade Teosofica
fundada por Helena P. Blavatsky (1831-1891) era destruir o cristianismo.
Isso é inverossímil, falacioso, infelizmente Pember não leu o livro As
Revelações Secretas da Religião Cristã de Anne Besant (1847-1933) onde
ela postula o revigorar dos ensinamentos exotéricos comprometido com os
mistérios da sabedoria divina dada aos cristãos primitivos e um
engajamento esóterico para a evolução dos membros iniciados nas
comunidades locais. "Mais tarde determinou-se espalhar entre os pobres
pagãos incultos tantas evidências quantos fossem necessárias (...)
dentre as quais os missionários trabalhavam". Aqui insinua-se que as
lojas teosóficas nos países da Ásia oriental semeavam contenda e
confusão contra os missionários. Um comentário duvidoso e calunioso, mas
naquela época já eram conhecida as atividades ilegais e colonialistas
que os missionários (Companhia das Índias Ocidentais) cometeram contra
negros e índios no século XV escravizando-os e convertendo-os
forçosamente ao cristianismo. Nessa época ainda não era reconhecido
formalmente a alma humana entre os negros e índios. "Em um livro
intitulado Budismo Esotérico ainda mais notável (...) O Perfeito
Caminho reivindicava inspiração (...) embora, no caso das Escrituras em
hebraico e grego". Pember sarcasticamente compara esses livros da
teosofia com as Sagradas Escrituras Cristãs sugerindo que a Sociedade
Teosofica não as tem com relevância. (3). A Doutrina da Evolução da
Alma. Na página 398 fala-se: "Agora, a teoria fundamental presente em
todos esses livros, apesar de diferirem em si (...) doutrina da evolução
da alma (...) repetidas reencarnações". Não entrarei no mérito desses
dois sub tópicos (evolução e reencarnação), pois precisaria de muito
tempo e nosso propósito de pensar o capítulo como um todo ficaria
prejudicado, mas esta página mostra o uso de uma linguagem dogmática e
excludente baseada em argumentos fechados e intolerantes. Se lerem o
livro neste ponto perceberão também a inveja (espiritual) de G. H.
Pember por reconhecer já em seu tempo a superficialidade e baixeza da
teologia cristã tradicional. Um ensinamento religioso exotérico
imediatista e contaminado por um secularismo idealista, materialista e
consumista. Na página 400 é falado "O sistema todo é condenado pela
resposta: o casamento é proibido ao neófito, que deve abster da carne e
do álcool". Não existe nenhuma recomendação de proibição de casamento
como é insinuado por Pember na doutrina exotérica teosófica. Chamar de
apostasia o abster-se de carne e álcool é uma absurda insensatez. O
vegetarianismo é reconhecidamente saudável e menos agressivo ao nosso
organismo sendo um hábito alimentar praticado hoje por muitas pessoas
pelo mundo. "Declarando, então, que sua informação foi obtida por meio
da memória intuitiva". Pember critica a memória intuitiva como
armazenadora de informações, mas é infundada sua observação pois a
neurociência constatou que ela funciona como uma das camadas do
consciente intelectivo. A memória intuitiva tem entre suas funções
armazenar as recordações passadas fazendo o indivíduo se reconhecer no
mundo da realidade e no da aparência. A crítica nesse caso é
improcedente, pois a ciência testemunha a favor do pensamento teosófico.
"O éter interplanetário, conhecido na terminologia ocultista como
fluido astral". O filósofo grego Aristóteles (384 AC 322) na Grécia
Antiga falava de quatro elementos primordiais na natureza a terra, a
água, o fogo e o ar, mas já nessa época falava-se no éter o quinto
elemento que em sua composição fluida transmitia eletromagnetismo e luz
sendo um dos constituintes das estrelas. Pember desacreditava da
existência desse elemento e novamente erra no prognóstico, pois
confirmando as observações dos filósofos gregos a física quântica tem
provado experimentalmente em laboratório através da abstração e cálculos
matemáticos que o éter realmente existe e que suas nano partículas
transmigram substâncias atômicas de prótons e elétrons. Na página 400
fala-se "A forma na qual a Substância se manifesta é a evolução de sua
Trindade". Nesse trecho do livro e em alguns parágrafos mais adiante há
uma forte desconfiança quanto ao legado das tradições filosóficas e
espiritualista dos povos orientais. Faz-me lembrar de sábios como
Giordano Bruno (1548-1600), Nicolau Copérnico (1473-1543) e Galileu
Galilei (1564-1642) que por pensarem diferentemente da doutrina
eclesiástica da igreja foram ameaçados, presos e alguns queimados como
bruxos na fogueira da inquisição. O caso de Giordano Bruno (1548-1600) é
interessante pois pesavam sobre ele as seguintes acusações: sustentar
opiniões contrárias a fé católica e falar dela a seus ministros,
discordar da doutrina da trindade bem como da divindade de Cristo e sua
encarnação, divergir sobre a virgindade de Maria mãe de Jesus, não
concordar com a transubstanciação dos sacramentos na missa, reivindicava
uma pluralidade de mundos pela eternidade, acreditar em metempsicose e
na transmigração da alma humana. Sua execução ocorreu no dia 17 de
fevereiro de 1600, primeiro silenciado com um instrumento cortante
depois queimado na fogueira "No plano intelectual, encontram-se a Vida, a
Substância e o Fenômeno". A ciência tem evoluído na direção de que há
um único princípio ativo nos minerais, vegetais, animais e humanos.
Continuamos na parte II. Abraço. Davi.
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